terça-feira, 28 de setembro de 2010

CARTA AO PR. SILAS MALAFAIA por Eliel Vieira

SOBRE O DESSERVIÇO QUE ELE TEM PRESTADO PARA A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA DOS EVANGÉLICOS
Prezado Pastor Silas Malafaia,
       A primeira vez que lhe escrevi diretamente, o fiz no intuito de criticar a aliança que fizeste com o que chamo (não forma não tão irônica) de “Teologia de Satanás”, a teologia do “Todos estes reinos serão teus, se prostrado me adorares” (Mateus 4:9). O Sr.respondeu à minha carta, apresentando alguns motivos pelos quais crê na “unção financeira dos últimos tempos” e, apesar de não concordar com patavinas das justificativas apresentadas pelo Sr., e apesar do Sr. ter dito que minha mente está “envenenada”, apreciei e considerei louvável sua postura de apresentar uma resposta a este crítico que novamente te escreve.



       Não escrevo desta vez para comentar sobre alguma peripécia teológica de sua parte. Não escrevo para comentar sobre o seu “clubinho dos salvos”, ou sobre a macumba do trízimo para prosperidade dos desempregados, ou sobre as recentes investidas de Morris Cerullo e Mike Murdock em solo tupiniquim para arrancar dinheiro dos iludidos fieis para enriquecer o seu ministério. Não! Escrevo desta vez para lhe advertir sobre o desserviço que o Sr. tem prestado no que se refere à conscientização política de nossa nação. 

       Estamos em período eleitoral e, como é normal durante este período, acusações, críticas e novos posicionamentos de todas as espécies surgem quase que diariamente. Todo um quadro político pode mudar em poucos dias, ou até mesmo horas. O Sr. deve concordar comigo quanto a isto, afinal na última sexta feira (24/9) o Sr. declarou voto à candidata do PV à presidência Marina Silva e ontem (27/9) mudou sua posição, declarando apoio à candidatura do tucano José Serra. 



       O Sr. deixou claro o motivo pelo qual mudou de ideia quanto ao voto para presidente, e este motivo está relacionado com meu objetivo em escrever-lhe. Não se trata, antes que você pense ser este o caso, de o Sr. ter mudado de ideia quanto ao seu voto (o Sr. tem liberdade de votar em quem o Sr. quiser, mesmo que isto implique em mudança de opinião), e também não se trata de o Sr. ter negado voto a uma “irmã” (o fato de alguém ser cristão não diz nada sobre a capacidade desta pessoa de trabalhar a favor povo). Não! Trata-se (e é isto que eu chamo de desserviço) de tratar (e incentivar os seus ouvintes a pensar de igual modo) a questão do aborto e do casamento homossexual como se estas fossem as únicas questões pertinentes sobre as quais um cristão deve pensar ao decidir seu voto. 

       O povo brasileiro é, por si mesmo, um povo apolitizado. O povo brasileiro não tem consciência política. Não seria exagero nenhum afirmar que o povo brasileiro é politicamente analfabeto. O povo não é de todo culpado deste quadro, afinal, basicamente o único veículo de “conscientização” pública das últimas décadas tem sido a TV, que, acho que o Sr. concorda comigo aqui, traz muito pouco além de manipulação à massa que lhe consome. O povo não é ensinado a pensar sobre política, e quanto mais o povo for assim, melhor para aqueles que tentam se perdurar no poder. (Felipe Neto fala muito sobre isto aqui.)
       Agora, que desânimo que dá quando vemos pastores tão influentes quanto o Sr. contribuindo para que o marasmo político de grande parcela da população se perdure! Que vergonha! O que o Sr. e Pr. Paschoal Piragine Jr (e outros vários) têm feito recentemente ao dizer (de forma clara ou subliminar) que o cristão deve considerar primordial a questão do aborto e do casamento homossexual ao definir seu voto, é uma tremenda ajuda ao retrocesso.
       De onde veio a idéia a absurda que a questão do aborto é mais importante, por exemplo, que segurança pública, desemprego, saúde, educação e meio ambiente, apenas para citar alguns poucos exemplos. Será que um cristão deve ignorar todas estas questões políticas importantes e basear seu voto levando em conta apenas qual é a posição de certo candidato em relação ao aborto, ou ao casamento homossexual, como o Sr. (juntamente com sua trupe) tem ensinado?
       O Sr. declarava até sexta feira passada voto a Marina Silva, porque ela é “irmã”. (Isto por si só já é digno de reprovação, já que isto incentivaria seus ouvintes a votar no primeiro evangélico que vissem pela frente, independente de suas propostas.) Três dias depois o Sr. declara a mudança de voto, porque Marina “dissimulou” em relação à questão do aborto e não foi incisiva como o Sr. achava que ela deveria ser. 
       O que o Sr. disse com sua posição – e o que seus companheiros têm dito – é que simplesmente não importa se um candidato é bom ou ruim ou se suas propostas para saúde, educação e segurança pública são boas ou ruins: se o tal candidato apóia a legalização do aborto, ele não merece nosso voto; se ele é contra (e eu fico me perguntando quando é que José Serra se manifestou de forma contrária ao aborto) então ele merece os votos dos evangélicos!
       Por que o Sr. não ensina seus seguidos a como pensar politicamente, ao invés de pensá-los a o que devem pensar? Por que os mesmos pastores que levantam a bandeira da “ética” contra o aborto são tão indiferentes a outras questões importantes (talvez muito mais importantes) como saúde, segurança pública, educação, econômia e meio ambiente? 



       Faço a você também as mesmas perguntas que José Barbosa Júnior, do site Crer e Pensar fez em relação à famosa pregação do Pr. Paschoal Piragine Jr, na qual ele critica a “iniquidade institucionalizada” que o PT está instaurando no Brasil. “Por que não dizer também do fisiologismo descarado do DEM, ou isso não seria uma forma de ‘iniquidade estabelecida’? Por que não falar do capitalismo selvagem e neoliberal do PSDB, que achincalha o pobre e favorece os mais ricos, pra que se tornem ainda mais ricos? Não seria isso ‘iniquidade institucionalizada’?” 

       Quer um conselho, Silas? Se suas palavras não vão contribuir para que o povo evangélico brasileiro aumente sua capacidade de pensar politicamente, cale a boca! Sinceramente, não atrapalhe aquilo que já está péssimo. Continue pregando sobre a sua Teologia de Satanás e tomando dinheiro de fieis iludidos e fique longe da arena pública de debates, que o Sr. ajuda mais (atrapalha menos) o Reino.
Sinceramente,

Eliel Vieira

28/9/2010

PASTOR SILAS MALAFAIA CADA VEZ MAIS INCOERENTE!



sexta-feira, dia 24 - MAFALAIA DECLARA APOIO À MARINA
segunda-feira, dia 27 -  MALAFAIA VOTA NO SERRA


Primeira notícia - MALAFAIA DECLARA APOIO À MARINA


Diferente dos demais, pastor apóia candidata da assembléia
Por: Redação Creio
        O pastor da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, declarou apoio à candidata do PV, Marina Silva nesta sexta-feira, dia 24. O conferencista mantendo um discurso coerente com seus princípios, pediu votos através de seu twitter. Diferente de outros lideres da Assembleia de Deus que declararam apoio a Dilma Rousseff, mesmo a petista sendo a favor do casamento gay e do aborto, Malafaia diz que foi coerente.
        Faltando poucos dias para a eleição, acirrou-se na internet posicionamento sobre preferências. Dilma nos últimos dias declarou que tem apoio de pastores, após a repercussão negativa ao vídeo do pastor batista Paschoal Piragine Jr. Serra, que visitou a EXPOCRISTÃ e condenou Dilma por se declarar católica apenas em período eleitoral, também tem repetido seu compromisso com os evangélicos, que começou quando era governador do Estado de São Paulo.
        Silas disse mais: “espero que, se Dilma ganhar, vocês que são cristãos não fiquem envergonhados, e não se calem diante de coisas que viram por aí, e que só o tempo poderá nos mostrar. Sinceramente, honestamente, gostaria de estar equivocado em relação às posições do PT. Não ficarei triste se o tempo mostrar que estou equivocado nestas questões, porque no tempo presente, elas são a realidade dos fatos.”
FONTE: CREIO
Segunda notícia:


MALAFAIA VOTA NO SERRA

Pastor interdenominacional emite carta sobre sua posição política


Por: Redação Creio
O pastor, conferencista internacional com programa evangelístico em mais de 120 países, Silas Malafaia divulgou nesta segunda-feira, dia 27, uma carta em que diz votará em José Serra (PSDB). 

Leia a carta na íntegra:

NÃO VOTO MAIS EM MARINA E DIGO POR QUÊ

Pior do que o ímpio é um cristão que dissimula. Eu queria entender como uma pessoa que se diz cristã, membro da Assembleia de Deus, afirma que se for eleita presidente do Brasil vai convocar um plebiscito para que o povo decida se aprova ou não o aborto, ou se aprova ou não o uso da maconha.

Marina precisa aprender com a ex-senadora Heloísa Helena, católica praticante e pertencente a um partido ultrarradical. Heloísa Helena declarou peremptoriamente: “Sou contra o aborto!” Na audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, deu um verdadeiro show, não apenas à luz de questões religiosas, como também científicas. Ela mostrou a desgraça, a mazela, e uma das coisas que mais aborrecem a Deus: a força dos poderosos contra os indefesos.

Ao propor plebiscito, Marina está “jogando para a torcida”, para ficar bem com os que são contra e com os que são a favor. SAI DE CIMA DO MURO, MINHA IRMÃ! QUE PLEBISCITO COISA NENHUMA! O povo brasileiro não tem todas as informações necessárias para decidir esta questão de maneira isenta. Temos toda a mídia a favor dessa nojeira do aborto. Com certeza vão jogar pesado para influenciar.

Cultivar uma vida cristã significa ser radical. Radical contra o pecado, contra esse sistema mundano dirigido pelo diabo. Como diz a Bíblia, não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (Romanos 12.2).

A palavra de Marina como cristã teria de ser apenas isto: “Sou contra o aborto e a legalização da maconha”. Como faltaram convicção e firmeza em suas declarações, uma vez que o cristão tem de “mostrar a cara” posicionando-se de forma categórica contra o pecado, Marina perdeu meu voto. Já que não tenho tantas opções, votarei em Serra para presidente.

Infelizmente, Marina não nega suas raízes petistas.

Silas Malafaia
Pastor
O PASTOR SILAS ESTÁ CADA VEZ MAIS INCOERENTE MESMO VEJA O ARTIGO SOBRE O APOIO DELA AO CRIVELA AQUI

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

REVISTA VEJA - O TRIÂNGULO DA CORRUPÇÃO


Investigações mostram as ligações dos governadores do Tocantins, do Amapá e de Mato Grosso do Sul com quadrilhas acusadas de desviar fortunas dos cofres públicos. Ainda assim, os três mantém suas candidaturas à reeleição

Marcelo Sperandio, Júlia de Medeiros e André Vargas
Carlos Henrique Gaguim, governador do Tocantins
O governador Gaguim: no alvo das suspeitas
A edição de VEJA desta semana traz uma reportagem sobre a corrupção no Tocantins. O governador Carlos Gaguim mobilizou 30 policiais militares, armados com fuzis, para tentar impedir, na madrugada de sábado, a distribuição da revista no estado. A ordem era para apreender a revista no aeroporto. Não havia decisão judicial nenhuma autorizando a operação. Leia aqui, na íntegra, a reportagem que o governador queria impedir que chegasse às bancas
Nos anos 90, corria um boato – jamais provado – de que o entourage do então presidente Fernando Collor havia feito uma festa para comemorar o primeiro bilhão de dólares arrecadado pelos esquemas de corrupção de seu governo. Bilhão era, então, uma cifra factível apenas para peixes gordos, desses que habitam o terceiro andar do Palácio Planalto e adjacências. Vinte anos depois, bilhão virou meta de faturamento de chefetes de máfias regionais, como as que desfalcaram os cofres públicos nos estados mais novos da federação - Tocantins, Mato Grosso do Sul e o Amapá. Nos três casos, as autoridades obtiveram provas de que a corrupção ocorria com a participação ou conivência dos respectivos governadores, todos candidatos à reeleição. “O governador (do Tocantins, Carlos Gaguim, do PMDB) disse que vamos fazer um bilhão de real”, relata o lobista Maurício Manduca, em conversa telefônica captada pela Polícia Federal. O português sofrível denota o nível do tal Manduca, que representava na Região Norte o empresário paulista José Carlos Cepera. Proprietário de seis empresas de limpeza e segurança registradas em nome de laranjas, Cepera contava com a boa vontade de autoridades para vencer licitações superfaturadas no Tocantins – e também nas cidades paulistas de Campinas, Hortolândia, Mauá e Indaiatuba.

O Ministério Público paulista descobriu que o grupo operava o esquema desde 2004, pelo menos. Segundo os promotores, o bando amealhou contratos fraudulentos com órgãos públicos que somam, no total, 615 milhões de reais. Uma única licitação, lançada pela Secretaria de Educação do Tocantins, responde por mais da metade do total: 332 milhões de reais. Os indícios de superfaturamento eram tão gritantes que logo foi alvo de questionamentos do Tribunal de Contas do Tocantins. Nem por isso Manduca, Cepera e o governador Gaguim deixaram de festejar a bandalha. Em 13 de março último, Cepera pagou um final de semana cinco estrelas para a turma em São Paulo. O empresário gastou 19 800 reais para comprar um camarote para sua patota assistir à corrida da Fórmula Indy na capital paulista. Hospedou Gaguim no luxuoso Unique Hotel, ofereceu-lhe um churrasco e deixou um helicóptero à sua disposição. Preocupou-se até em evitar que Gaguim, que deve seu nome ao fato de tartamudear, padecesse da solidão do homem contemporâneo na metrópole impessoal. Mandou-lhe uma moça que se apresenta como Delinda e que, pouco antes, tinha feito uma visitinha a Manduca – que, pelo jeito, provou, aprovou, antes de passar adiante. No dia seguinte, Cepera telefonou a Gaguim para saber se ele tinha gostado do fim de semana. “A carne que o Manduca ofereceu estava boa ou ‘meia’ dura?”, indagou Cepera. Gaguim não titubeou: “Show de bola!”

O governador merecia tantos mimos porque, segundo o lobista Manduca, havia prometido difundir o esquema de corrupção de Cepera por Tocantins inteiro. Para isso, eles precisavam, no entanto, terceirizar os serviços públicos do estado, hoje executados por 22 000 funcionários admitidos sem concurso. A brecha que permitiria o golpe foi aberta inadvertidamente pelo tucano Siqueira Campos, com quem Gaguim disputa a eleição estadual. Ao suspeitar de que essa massa de servidores iria fazer campanha para Gaguim, o candidato do PSDB fez uma consulta ao Supremo Tribunal Federal sobre a legalidade da manutenção deles. Gaguim, na verdade, esperava que a corte determinasse a demissão de todos, o que levaria seu governo a terceirizar os serviços em regime de urgência. Os promotores paulistas que iniciaram a investigação, por causa de Cepera, descobriram que o plano fracassou porque a ministra Cármen Lúcia, relatora do caso no Supremo, decidiu dar uma chance aos servidores: no próximo ano, o estado realizará concursos para admiti-los.

A investigação dos promotores paulistas é apenas um dos problemas de Gaguim. O prefeito do município de Fortaleza do Tabocão, João do Tabocão, diz que enviados do governador quiseram comprar seu apoio político por 300 000 reais. Em junho, Gaguim protagonizou, ainda, um episódio que configura compra de votos: distribuiu a eleitores 3 000 bicicletas. Todas são vermelhas, a cor da sua campanha e das camisas que ele usa. Há dois meses, antes de toda a avacalhação vir à tona, durante um encontro com fiéis evangélicos, o governador fez um mea culpa que despertou curiosidade: “Sei o pecado que estou cometendo. Sou um desviado. Se o mundo acabasse hoje, eu iria para o inferno”. Resta saber se o governador será condenado nas urnas ou só no Juízo Final.


“Eu não consigo gastar 20 milhões de dólares” - Desbaratado pela Polícia Federal em 10 de setembro, o esquema de corrupção que tomou conta do Amapá foi inteiramente revelado na semana passada. Um dos elementos centrais da quadrilha, o governador Pedro Paulo Dias (PP), foi movido pela ganância... e pelo amor, e pela luxúria. Dias, que é casado, nutre uma paixão clandestina de dimensões amazônicas pela loira (falsa, claro) Lívia Bruna Gato, sua secretária de 27 anos. Em telefonemas para sua amante gravadas pela Polícia Federal, Dias forneceu detalhes do esquema de corrupção que envolvia também seu antecessor Waldez Góes (PDT), a ex-primeira-dama Marília Góes, o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, Júlio de Miranda, e outras trezes pessoas. Juntos, eles surrupiaram 300 milhões de reais dos cofres públicos. O esquema começou a ser desvendado em agosto de 2009, quando a Secretaria de Educação cancelou uma licitação para contratar por emergência uma empresa de segurança chamada Major Vip. A Polícia Federal entrou no caso porque a Major Vip foi paga com recursos da União. Descobriu-se, então, que o então governador Waldez Góes, hoje candidato ao Senado, recebia 500 000 reais mensais do contratado para fornecer refeições aos presídios. Também aquinhoado, o presidente do Tribunal de Contas comprou um jatinho, uma Ferrari, uma Maserati e outros três carros de luxo.


O governador Pedro Paulo pretendia, ainda, cobrar 30 milhões de dólares de um grupo indonésio chamado Salim, interessado em investir no estado na área imobiliária. Em troca, concederia benefícios aos asiáticos. Em um telefonema concuspicente disparado de Jacarta, onde foi negociar a propina, o político apaixonado relata o caso a Lívia Bruna: “Amor, 30 milhões de dólares para esses caras é nada. Por mais que eu gaste uma fortuna, eu não consigo gastar vinte milhões de dólares. Tu tá entendendo?” Depois, passa a tratar de assuntos mais relevantes. “Minha vida, sabe o que eu quero levar para ti, do fundo do meu coração? Um óculos. Agora eu queria comprar um para ti, um da Armani. Deixa eu comprar?”, derrama-se o governador. Sua amante, que também foi presa, tinha papel essencial no desvio de verbas públicas. Participava das fraudes e era responsável pelo recebimento de propina. É a paixão, é o amo, é a luxúria.


A máfia de paletó - Por último, Mato Grosso do Sul. No início do mês, a Polícia Federal desarmou um esquema de corrução que envolvia praticamente todas as autoridades de Dourados, segunda maior cidade do estado. No dia 1º, foram presos o prefeito Ari Artuzi, seu vice Carlos Cantor, onze dos doze vereadores e outros 50 políticos, servidores públicos e empresários. Com o desenrolar das investigações, autoridades do governo estadual e da Assembleia Legislativa sul-mato-grossense foram pegas no escândalo. Na semana passada, o caso também engolfou o governador André Pucinelli (PMDB) e seu antecessor e adversário Zeca do PT, que disputam o governo estadual. Os nomes de Pucinelli e de Zeca do PT apareceram em uma conversa do deputado estadual Ari Rygo (PSDB) com o principal denunciante da quadrilha, o ex-secretário de governo de Dourados Eleandro Passaia. Na conversa, registrada em vídeo, Rygo conta que tanto Pucinelli quanto Zeca eram beneficiados por empreiteiras. Na gravação, Rygo diz ainda que Pucinelli se apropriou de 6 milhões de reais da Assembléia Legislativa. Segundo o deputado tucano, os desembargadores e promotores também recebiam propina. Os magistrados recebiam 900 000 reais e os promotores 300 000 reais. Ryga não esclarece a periodicidade dos pagamentos. Zeca do PT negou qualquer participação. Pucinelli veio a público para dizer tudo era mentira, que a lei o amparava etc...

Eleandro Passaia decidiu implodir a quadrilha depois de ser abordado pela Polícia Federal. Para não ser preso e evitar responder um processo criminal, ele fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público estadual. Por quatro meses, não só coletou provas da corrupção na sua cidade e no estado como filmou os envolvidos no esquema com uma microcâmera fornecida pela Polícia Federal. Os documentos e conversas registradas por Passaia mostram, por exemplo, que sua quadrilha abocanhava 10% de todos os contratos firmados pela prefeitura de Dourados, o que produzia uma receita mensal de 500 000 reais. O prefeito Artuzi ficava com a parte do leão e distribuia o restante com os demais envolvidos. Uma vez fora do esquema, o delator Passaia arranjou outra forma de ganhar dinheiro: escreveu um livro relatando as podridões de seu bando, cujo título é A máfia de paletó. O amigo da onça descreve somente as fraudes cometidas na região do Pantanal.
A imprensa independente é a grande inimiga dos muitos candidatos a déspota que se espalham pelo Brasil e seus esbirros no Judiciário, no Congresso e, infelizmente, no próprio jornalismo - “subjornalismo” ou “jornalismo de aluguel” seriam termos mais apropriados. O maior erro que se pode cometer é tomar essa história como um evento local. Não é! Abundam ações no país contra a liberdade de imprensa. Os pretextos são os mais variados. No Tocantins ou em Brasília, o crime não está no jornalismo.
FONTEVEJA

'Se houver 2º turno, será entre Dilma e Marina', diz especialista

Restando uma semana para as eleições, os principais concorrentes à Presidência e ao governo do Estado não deverão adotar estratégias diferentes das utilizadas ao longo de três meses de campanha. O vale-tudo está descartado.

Na eleição presidencial, Dilma Rousseff (PT) lidera as pesquisas, com chances de vitória no primeiro turno, e seguirá colando sua imagem na do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A linha para a reta final será a mesma, mostrando que votar em Dilma é votar na sequência do governo Lula", anuncia o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).

Já José Serra (PSDB - que veio apenas uma vez para o Grande ABC durante a campanha, contra duas de Dilma) marcará território em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, Estados cujos candidatos tucanos ao governo lideram as pesquisas. Além de massificar presença em regiões amigas, fará dos dois debates televisivos desta semana a arma para levar a definição das eleições para 31 de outubro. "Os debates irão garanti-lo no segundo turno", aposta o coordenador do PSDB no Grande ABC, Cezar de Carvalho.

A postura do candidato não será de ataques à adversária. "Serra deixará claro que é o mais preparado. Não é aventureiro e tem histórico de vida pública muito mais rico que o da Dilma. O eleitor sabe disso", confia o prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB).

Na corrida ao governo a situação é inversa. Geraldo Alckmin (PSDB) possui chances de liquidar a disputa no primeiro turno, enquanto que o petista Aloizio Mercadante (que esteve oito vezes na região, duas a mais que o tucano) se apega às críticas sobre os 16 anos de governo do PSDB, especialmente pela progressão continuada na Educação. "Vamos mostrar para o eleitorado que o Estado não é tucano e que em 16 anos o PSDB não resolveu gargalos na Educação e Segurança", aponta Marinho.

Especialista descarta Serra e projeta Marina no 2º turno
Especialista em Marketing Político e diretor Corporativo da ESPM (Escola Superior de Publicidade e Marketing), Emmanuel Publio Dias descarta as chances de vitória de José Serra, e sinaliza para possível surpresa na eleição presidencial. "Se houver segundo turno, será entre Dilma e Marina (Silva, do PV). "Não vejo como o Serra possa crescer", sustenta o professor, ao projetar a verde. "Marina Silva pegará voto de quem é da oposição e não vota no Serra."

Para Publio Dias, intensificar a oposição somente nas eleições, e mesmo assim poupando o governo Lula, arranha a credibilidade do PSDB. "Bate no PT e salva o Lula. Isso não é oposição."

Já o consultor político Marcos Justino dos Santos avalia que as eleições para presidente e governador serão decididas nas campanhas bocas de urna. "Esta eleição está confusa. São muitos candidatos famosos, puxadores de votos, dúvida sobre a validade da Lei Ficha Limpa. A cabeça do eleitor está a mil."

Diferentemente de Publio Dias, Justino vê grandes possibilidades de segundo turno entre Dilma e Serra. E atenta para os perigos de desvios de conduta do tucano faltando uma semana para a votação. "Ele deverá se apagar aos escândalos na Casa Civil (tráfico de influência), às quebras de sigilo (fiscal de pessoas ligadas a Serra)... Mas este deverá ser o limite. Em vias finais, a postura de vale-tudo não é a melhor."

Sobre a petista, recomenda no mínimo comparecer aos debates. "O Lula se deu ao luxo de não ir a alguns debates há quatro anos. Não é o caso da Dilma. Ela deve ir e se preparar para ser atacada."

Os dois especialistas acreditam na vitória de Geraldo Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes no primeiro turno. "A diferença de votos é muito grande", argumenta Publio Dias. "O Mercadante está entrando no desespero. E os ataques devem ser cautelosos, se não vira contra quem os fez", conclui Justino

DESEMBARGADOR EDINARDO SOUZA - Nota de Esclarecimento do,

          Não tenho por hábito manifestar-me sobre assacadilhas que volta e meia pessoas desinformadas lançam na mídia contra os poderes constituídos e seus representantes. Todavia, diante da recente matéria veiculada no sítio eletrônico www1.folha.uol.com.br, intitulada “CORRUPÇÃO NO AMAPÁ ENVOLVE ATÉ O JUDICIÁRIO, na qual, de forma subliminar, citou-se, dentre outros, o nome deste subscritor, como diretamente ligado ao fatos em apuração na conhecida “operação mãos limpas”, tenho por bem prestar alguns esclarecimentos.

       Da notícia, consta que assegurei ao então Secretário de Educação, o direito de permanecer no cargo, até o final do julgamento do recurso de agravo interposto contra a decisão que o afastou liminarmente, pelo Juízo da 6ª Vara Cível da Comarca de Macapá, em sede de Improbidade Administrativa.
       Não é do meu feitio comentar decisões judiciais, sobretudo as de minha lavra, porque sempre busco guarnecê-las dos fundamentos formadores de meu convencimento. De qualquer sorte, é certo, sim, que no agravo de Instrumento 0000184-49.2010.8.03.0000, no exercício de plantão, conferi efeito suspensivo ao citado recurso, mas o fiz apenas em parte, para assegurar o retorno do então Secretário. Quanto ao mais, mantive a decisão do Juízo de primeiro grau, notadamente quanto à constrição judicial sobre os bens, nos termos da decisão agravada.
As razões que motivaram a concessão do aludido efeito suspensivo advieram do livre convencimento motivado, de inspiração constitucional, dentro da liberdade que me é confiada, enquanto membro do Poder Judiciário. Com efeito, naquela oportunidade, os elementos de prova encartados aos autos, não se me afiguravam robustos o suficiente para demonstrar que o Secretário estaria se utilizando do cargo para obstruir a apuração dos fatos, mediante ameaça e coação de testemunhas.
Na decisão, após breve escorço técnico da incidência da Lei 8.429/92 sobre a matéria em debate, abracei o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que somente a excepcionalidade, por fatos verossímeis, justifica o afastamento do agente público do cargo. Especialmente na hipótese concreta, em que a suspensão do exercício do cargo, até pela costumeira demora na instrução das ações de improbidade, certamente acarretaria a própria perda do cargo, em temerária antecipação de tutela, sem que o réu tivesse ao menos sido citado para os termos da ação.
       De se ressaltar que, em julgamento do mérito, o colegiado, juízo natural do recurso interposto, mantendo os termos da decisão por mim proferida, deu provimento ao agravo, alterando, nessa parte, o provimento de primeiro grau recorrido, sem que, todavia, houvesse qualquer insurgência do Ministério Público, autor da ação de improbidade e parte agravada. Vale lembrar que o julgamento foi fiel ao livre convencimento motivado e à publicidade, de sorte que as decisões, liminar e de mérito, poderão ser consultadas no sítio do Tribunal de Justiça, por todos que tiverem interesse em examinar o caso (www.tjap.jus.br). Basta digitar o número do agravo acima mencionado.
Fica a tristeza pela malversação e distorção da notícia, sem a fineza, sequer, de se manter contato prévio. Terminou-se por criar um factóide, sem a responsabilidade que –penso -, deve nortear os profissionais da imprensa. Imprensa de cuja liberdade sou árduo e incansável defensor, chegando às raias da intransigência, quando o assunto é o controle prévio dos meios de informação.
       Continuo a defender que jornalistas, de fato e de direito, não podem esbarrar em nenhum entrave, por menor que seja, de depuração de conteúdo, mas não sou menos exigente no tocante à responsabilidade pela informação. Informação correta, averiguada, e com direito à consulta, na medida do possível, de todos aqueles, direta ou indiretamente possam ser atingidos. Tudo que não me foi assegurado.
É com pesar que digo isso, e finalizo deixando aqui minha esperança, para que fatos desse jaez não se tornem recorrentes, que se revelam completamente divorciados da realidade. Ofenderam-me não apenas magistrado, integrante do Poder Judiciário. Antes, o desastroso informe abalroou minha honra como homem, como esposo, pai e avô. É preciso mais cautela e respeito com o que se veicula, pois, como os romanos já advertiam, as palavras voam, contudo, a escrita permanece.
       E que permaneça, então, timbrada a verdade, de que jamais houve qualquer mácula no citado julgamento do Tribunal de Justiça do Amapá, nem de minha parte, tão menos de meu pares.


       Desembargador Edinardo Maria Rodrigues de Souza

domingo, 26 de setembro de 2010

PREFEITO DE MACAPÁ CONTROLA ÔNIBUS NA CIDADE AFIRMA PF

       Uma empresa em nome de laranjas ganhou da Prefeitura de Macapá, sem licitação, o direito de operar linhas de ônibus. Segundo a PF, a empresa seria de fato do prefeito de Macapá, Roberto Goes (PDT), e do deputado estadual Edinho Duarte (PP).
       Quem negociou para que a empresa assumisse o transporte da cidade foi o ex-secretário da Casa Civil do prefeito, Paulo Melen, que, segundo a Polícia Federal, seria responsável por fazer o pagamento de um "mensalão" ao presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB), atual candidato a governador do estado.
       As informações estão no relatório da Polícia Federal da Operação Mãos Limpas.
       O prefeito da cidade disse que prestou depoimento como testemunha no caso. Afirmou ainda que o processo de licitação das linhas de ônibus foi transparente e acompanhado pelo Ministério Público e nega irregularidades.
       A Folha fez contato com os assessores de Amanajás, que não retornou. Deixou recados no escritório de Melen, mas até a conclusão desta edição ele não retornou. E encaminhou e-mail para o deputado Edinho, após várias tentativas de contato.
       O prefeito de Macapá e os dois deputados prestaram depoimento no dia da operação. O Ministério Público Federal e o ministro relator do Superior Tribunal de Justiça entenderam que eles não poderiam ser presos porque os fortes indícios de crimes apontados pela PF não eram da alçada da Justiça Federal.
       A empresa de ônibus é a Expresso Marco Zero. De acordo com a PF, foi feita uma campanha para desestruturar o sistema de transportes da cidade e justificar a retirada das concessões em andamento e dar uma nova concessão a esta empresa.
       Oficialmente, a companhia está em nome de duas pessoas: um parente e um funcionário de dois grandes empresários da cidade, que teriam relações com o prefeito e o deputado Edinho.
       Quem operou a formação da empresa e a concessão dos transportes foi Paulo Melen. De acordo com o relatório, até 2008 ele era assessor do presidente da Assembleia, Jorge Amanajás. Segundo a PF, Melen tem movimentação financeira incompatível com os rendimentos.
FONTE: FOLHA


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A GRANDE MENTIRA: O SOCIALISMO COMEÇOU NA BÍBLIA

       Os socialistas, comunistas, esquerdistas e outros radicais com diferentes rótulos — porém com idéias e ambições políticas semelhantes — costumam alegar que o socialismo começou na Bíblia. Eles utilizam como exemplo uma experiência que os 12 apóstolos tentaram na primeira igreja cristã, na região da Judéia. Não houve direção direta de Deus para os líderes cristãos judeus decidirem o uso e administração de seus recursos financeiros, mas Deus lhes deu liberdade para tentarem seus próprios caminhos. O que sabemos é que os apóstolos tiveram a inspiração humana de que todos os cristãos judeus deveriam vender tudo o que tinham e entregar todo o dinheiro aos apóstolos. Nada era poupado, inclusive propriedades. Foi talvez uma tentativa de criar uma comunidade de interesses, trabalhos e sacrifícios comuns.
Prova de fogo
       À primeira vista, a tentativa era excelente, principalmente porque os apóstolos tinham muito boas intenções com sua iniciativa. Contudo, tudo o que é bom precisa passar pelo teste de aprovação, assim como o próprio ouro precisa passar pelo fogo, para que toda sujeira seja retirada e o ouro fique puro e valioso. A tentativa de introduzir uma vida de comunidade entre os cristãos judeus passaria por um tempo de muita necessidade, uma verdadeira prova de fogo. Aliás, o mundo inteiro passaria por tal necessidade, e o próprio Deus avisou seu povo do que estava para acontecer. Deus usou um profeta para prevenir:
Um deles, Ágabo, levantou-se e pelo Espírito predisse que uma grande fome sobreviria a todo o mundo romano, o que aconteceu durante o reinado de Cláudio”. (Atos 11:28 NVI)
       O profeta Ágabo alertou que uma grande fome sobreviria para todo o mundo romano. Já que os apóstolos de Jesus e a primeira igreja cristã do mundo estavam em Jerusalém, na Judéia, é de supor que de todas as igrejas espalhadas pelo mundo, as igrejas judaicas teriam melhores condições espirituais de enfrentar o problema da fome. Mas não foi o que aconteceu. A fome sobreveio ao mundo romano inteiro e todos sofreram. Mas todas as igrejas cristãs conseguiram prevalecer nessa situação, menos as igrejas da Judéia. Por que? Todos eles não tinham o mesmo Cristo poderoso e seu Espírito Santo, que até os avisou?
       Todas as igrejas, judaicas ou não, sofriam perseguição religiosa e mais tarde, juntamente com todo o restante do mundo, passaram a sofrer o problema da fome. No entanto, só as igrejas da Judéia estavam mais vulneráveis a esse problema. Se as igrejas não judaicas, que estavam sob a direção de apenas um apóstolo, conseguiram se manter no meio de uma crise mundial de fome e até ajudar as igrejas judaicas, como é que as igrejas judaicas, sob a liderança de doze apóstolos, estavam tão vulneráveis e fracas? Qual foi a diferença importante entre essas igrejas?
       Não há diferenças significativas, a não ser que levemos em consideração que nas igrejas cristãs não judaicas cada cristão era encorajado a lutar por sua independência econômica. Veja por exemplo a recomendação que Paulo deu para a igreja européia da cidade de Tessalônica, muito tempo depois da fundação da primeira comunidade cristã judaica: “Esforcem-se para ter uma vida tranqüila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos; a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém”. (Tessalonicenses4:11-12 NVI, o destaque é meu.)
       No entanto, nas igrejas judaicas todos entregaram tudo o que tinham para viver em comunidade. Tudo indica que por causa da sua perda de independência econômica para investir na vida em comunidade, os cristãos judeus pagaram um elevado preço, passando a depender até de cristãos não judeus de outros países para sobreviver. Nos capítulos oito e nove inteiros de 2 Coríntios Paulo orienta como as igrejas não judaicas devem proceder para ajudar a igreja dos apóstolos em Jerusalém!
Um experimento que ninguém queria imitar
       A tentativa de introduzir entre os cristãos judeus um modelo de comunidade baseado na extinção da independência econômica de cada pessoa teve efeitos negativos e trágicos que ninguém inteligente na liderança cristã da Europa quis imitar ou preservar. Foi uma experiência que veio e foi, para a tristeza de ninguém. Na prova de fogo, o ouro sai puro. Na prova de fogo do experimento dos apóstolos, o resultado não foi puro nem belo. Não sobrou nada, além de pobreza e miséria.
       A única explicação para a impotência financeira e econômica da igreja judaica diante de uma crise mundial de fome é que seu experimento humano — interpretado modernamente como “socialismo” — de conduzir a administração da igreja do Senhor não foi um experimento abençoado. Não foi Deus quem ordenou esse experimentou. Ele só o permitiu.
       Deus dava direção específica aos primeiros cristãos judeus — uma dessas direções era que eles deveriam levar o Evangelho a toda criatura. Essa orientação veio diretamente do coração do Senhor Jesus. Mas com relação à vida de comunidade e redistribuição de renda da primeira igreja cristã, a Palavra de Deus claramente mostra que a iniciativa não foi de Deus. Ele nunca lhes deu direção nesse sentido. Tal iniciativa veio diretamente do coração humano dos apóstolos.
       É claro que Deus poderia muito bem revelar de antemão a eles qual seria o fim de seu experimento. Afinal, eles tinham dons de revelação e sabiam se comunicar com Deus. Eles buscavam a Deus intensamente em muitas questões e recebiam respostas, mas quando resolveram viver comunitariamente, dividindo tudo igualmente entre si, ninguém se lembrou de pedir a direção ou permissão de Deus. E Deus nada falou porque ele também espera que seu povo aja com bom senso, e às vezes se mantém calado a fim de que seu povo adquira “experiências” por si mesmo, ainda que dolorosas.
Homens de Deus, porém humanos e imperfeitos
       É possível então um homem de Deus se esquecer de pedir a direção de Deus em determinadas ocasiões importantes e sofrer as conseqüências? Claro que sim. Josué era um homem que buscava intensamente a Deus e ouvia a sua voz, e Deus lhe deu a posição de líder da nação inteira de Israel. Quando ele pedia direção, Deus mostrava claramente a ele o que ele devia fazer. Um dessas direções era que ele não devia fazer acordo algum com os povos que habitavam a terra de Canaã. No entanto, um desses povos conseguiu elaborar uma estratégia: enviar uma comitiva, que disse a Josué e aos líderes judeus:
“—Nós estamos chegando de um país que fica bem longe daqui. Façam um acordo de paz com a gente. Porém os homens de Israel disseram: —Pode ser que vocês morem aqui por perto. Como é que podemos fazer um acordo de paz com vocês? —Estamos prontos para ser seus empregados! —responderam eles. —Quem são vocês? De onde vêm? —perguntou Josué. Os gibeonitas responderam: —Nós, os seus criados, somos de um país que fica muito longe e viemos até aqui porque ouvimos falar do SENHOR, seu Deus. Ouvimos as notícias de tudo o que ele fez no Egito.” (Josué 9:6-9 NTLH)
       O acordo foi feito e ninguém percebeu nada. Só depois é que os judeus descobriram que haviam cometido um erro. Eles foram enganados e fizeram um acordo errado porque “não consultaram o Senhor” (veja Josué 9:14b). Já que não foi consultado, Deus deu a Josué e aos líderes judeus a mesma coisa que ele deu aos apóstolos em seu experimento de vida de comunidade: liberdade de tomar determinadas atitudes importantes sem pedir seu conselho.
       Ainda que os socialistas de hoje — evangélicos ou não — utilizem o experimento da igreja judaica como o primeiro exemplo socialista da história, com o único objetivo de ganhar a simpatia política de adeptos cristãos, as práticas socialistas — se há uma real determinação de procurar experimentos na história da humanidade — podem ser vistas na Grécia, uns 500 anos antes de Cristo. Então a verdade pura é que foram os gregos, não os cristãos judeus, que foram os criadores de um tipo de sistema interpretado modernamente como socialismo.
       O pequeno e curto experimento trágico das primeiras igrejas cristãs judaicas foi o suficiente para Paulo não tentar imitar nas igrejas cristãs não judaicas da Europa o que os desesperados cristãos “progressistas” de hoje insistem em chamar de exemplo socialista. Se foi realmente um exemplo ou não, o que é fácil de perceber é que então foi um exemplo que Paulo e nenhum outro líder cristão sábio procurou imitar. Afinal, não valia a pena copiar as imperfeições, os erros e a imaturidade administrativa que acabaram em fracasso.
       O Apóstolo Paulo bem sabia que os 12 apóstolos não eram perfeitos. Ele comentou sobre eles: “Quanto aos que pareciam influentes — o que eram então não faz diferença para mim; Deus não julga pela aparência — tais homens influentes não me acrescentaram nada”. (Gálatas 2:6 NVI) Em certa ocasião, Paulo precisou repreender um dos apóstolos publicamente: “Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável”. (Gálatas 2:11 NVI)
       As imperfeições da igreja cristã judaica eram tão fortes que, os 12 apóstolos permitiam que os recursos da igreja fossem utilizados para ajudar somente as viúvas judias: “Naqueles dias [quando o experimento administrativo dos recursos da igreja estava em pleno funcionamento], crescendo o número de discípulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento”. (Atos 6:1 NVI) Por pura imaturidade, a primeira igreja cristã judaica estava deixando de fora de seu ministério assistencial as viúvas que falavam grego, e não a língua comumente usada pelos judeus da época.
       Assim, é de compreender o motivo por que Paulo não copiou o modelo imperfeito de administração dos recursos da igreja judaica. Ele tinha discernimento e maturidade e entendia corretamente que Deus jamais havia confirmado esse experimento iniciado pela inspiração humana dos 12 apóstolos, embora no caso de Ananias e Safira Deus os tenha castigado não por rejeitar tal experimento, mas por escolherem mentir ao Espírito Santo na questão do que a liderança apostólica havia deliberado. No entanto, os cristãos progressistas de hoje têm evitado seguir o bom exemplo de Paulo.
       A introdução da experiência de comunidade entre os cristãos judeus foi um fracasso doloroso. Além disso, Paulo e outros líderes cristãos que trabalhavam na Europa e outros lugares fora da Judéia não tentaram introduzir essa experiência nas igrejas novas que estavam se formando na Europa. De fato, não se faz nenhuma menção a uma tentativa de copiar o modelo cristão judaico de entregar todas as propriedades para uma vida de comunidade. Algumas práticas úteis foram imitadas — como evangelizar, orar pelos enfermos e expulsar demônios —, mas o modelo de comunidade cristão judeu não foi copiado e nem mesmo mencionado.
Imitando o fracasso da igreja primitiva
       Outra tentativa bem intencionada de instituir práticas socialistas entre evangélicos ocorreu na fundação dos Estados Unidos. Os fundadores dessa grande nação eram evangélicos comprometidos com Deus e eles estavam tão apegados a Deus e sua Palavra que eles queriam imitar tudo o que estava na Bíblia. Eles até queriam instituir o hebraico como língua oficial da jovem nação americana. De maneira semelhante, eles também se esforçaram para imitar a vida de comunidade dos primeiros cristãos judeus, conforme mostra o artigo Mais Sábios que Deus, de Olavo de Carvalho:
Ao chegar à América em 1623, o governador William Bradford encontrou a colônia de Plymouth numa situação desesperadora: magros, doentes, em farrapos, sem atividade econômica organizada, os peregrinos estavam à beira da extinção. Muitos, depois de vender aos índios todas as suas roupas e demais bens pessoais, tinham lhes vendido sua liberdade: eram escravos, vivendo de cortar lenha e carregar água em troca de uma tigela de milho e um abrigo contra o frio.
Interrogando os líderes da comunidade em busca da causa de tão deplorável estado de coisas, Bradford descobriu que a origem dos males tinha um nome bem característico. Chamava-se “socialismo”.
Os habitantes de Plymouth, revolucionários puritanos exilados, trouxeram para a América as idéias sociais esplêndidas que os haviam tornado insuportáveis na Inglaterra, e tentaram construir seu paraíso coletivista no Novo Mundo. As terras eram propriedade comunitária, a divisão do trabalho era decidida em assembléia e a colheita se dividia igualitariamente entre todas as bocas. O sistema havia resultado em confusão geral, a lavoura não produzia o suficiente e aos poucos a miséria havia se transformado naturalmente em anarquia e ódio de todos contra todos.
A um passo do extermínio, a comunidade aceitou então a sugestão de mudar de rumo, voltando ao execrável sistema de propriedade privada da terra. “Isso teve muito bons resultados”, relata Bradford. “Muito mais milho foi plantado e até as mulheres iam voluntariamente trabalhar no campo, levando suas crianças para ajudar”. O surto de prosperidade que se seguiu é bem conhecido historicamente: ele permitiu que os colonos fincassem raízes na América e começassem a construir o país mais rico do mundo.
Homem de fé, Bradford não atribuiu a salvação da colônia aos méritos dela ou dele próprio, mas à mão da providência divina. O sucesso do sistema capitalista, escreveu ele, “bem mostra a vaidade daquela presunção de que tomar as propriedades pode tornar os homens mais felizes e prósperos, como se fossem mais sábios que Deus”.[1]
       Entre os primeiros judeus cristãos e os evangélicos fundadores do EUA, as práticas socialistas trouxeram fome e miséria. O efeito foi igual. Mas entre os que não são evangélicos, essas práticas trouxeram muito mais do que só fome e miséria. Aproximadamente 100 milhões de seres humanos foram brutalmente assassinados por governos socialistas durante o século XX.
       Com boas intenções, até mesmo com intenções cristãs e santas, práticas minimante parecidas com o socialismo trouxeram pobreza, miséria e morte para os primeiros cristãos dos EUA e para os cristãos judeus do primeiro século. Com supostas “boas” intenções, mas sem nenhuma ética cristã, o socialismo se tornou, pela abundância de evidências históricas, a ideologia mais macabra, enganadora e assassina do século XX.
       Entretanto, sua propaganda continua iludindo milhões, por seu apelo aos pobres. Propostas como redistribuição de renda e alimentação dos necessitados geralmente atraem a simpatia das multidões e produzem força política — até mesmo entre cristãos. Mas é assim que Jesus age?
A prioridade de Jesus: alimento espiritual
       O Senhor Jesus Cristo, em seu ministério de evangelização, não tinha um trabalho exclusivo de caridade para alimentar as multidões. Apesar de que ele tinha constante contato com os pobres e de que ele tinha autoridade e poder para produzir alimentos suficientes para eles diariamente, a Bíblia mostra que só em duas ocasiões ele utilizou essa autoridade e poder. Quando ele deu alimentos numa ocasião em que as pessoas estavam famintas por terem passado com ele três dias inteiros ouvindo a Palavra de Deus, houve uma conseqüência com enorme potencial político e imenso apoio popular. As pessoas receberam tão bem a generosa distribuição de alimentos que Jesus fez que queriam com todas as sua forças elevá-lo ao cargo político mais importante daquele tempo, a fim de que ele pudesse continuar sua distribuição de alimentos (veja João 6:15).
       O ato de os cristãos progressistas promoverem propostas políticas de alimentação dos pobres tem também o mesmo potencial de produzir apoio político para suas causas, e eles têm tirado vantagem desse potencial, canalizando inclusive apoio dos evangélicos para a eleição de candidatos socialistas que se identificam com o que eles enxergam como vocação “profética” da igreja — uma preocupação política obsessiva de se aproveitar dos pobres para avançar seus interesses ideológicos.
       Quando os cristãos progressistas vêem que determinadas medidas políticas de alimentação aos pobres ajudam a avançar seus interesses, eles as utilizam como alavanca para subir politicamente. Contudo, Jesus mostrou claramente que quando foi necessário alimentar os que estavam ouvindo a Palavra, houve todo o cuidado de não permitir que a ocasião fosse utilizada para finalidades políticas.
       Os evangélicos progressistas pensam que antes de tentarmos evangelizar os pobres primeiro precisamos alimentá-los. Contudo, Jesus não alimentou as multidões famintas a fim de produzir mais abertura para o Evangelho que ele pregava. Ele as alimentou porque elas já estavam ouvindo a Palavra de Deus. Ele as alimentou porque elas estavam já havia três dias ouvindo a Palavra de Deus. Não há em todos os Evangelhos nenhuma citação de Jesus alimentando os pobres para que eles se abrissem mais para o Evangelho. Pelo contrário, eles os alimentou somente em duas ocasiões em que eles permaneceram muito tempo ouvindo o Evangelho:
“—Estou com pena dessa gente porque já faz três dias que eles estão comigo e não têm nada para comer. Se eu os mandar para casa com fome, eles vão cair de fraqueza pelo caminho, pois alguns vieram de longe.” (Marcos 8:2-3 NTLH)
       A compaixão de Jesus produziu uma miraculosa multiplicação de alimentos para seu público atento à Palavra de Deus. A fome de todos foi saciada. A conseqüência foi que eles imediatamente queriam promover Jesus politicamente:
“Jesus ficou sabendo que queriam levá-lo à força para o fazerem rei; então voltou sozinho para o monte.” (João 6:15 NTLH)
       Qual foi a resposta de Jesus para as multidões que ele havia acabado de alimentar e que estavam ansiosas para promovê-lo politicamente por causa da perspectiva de comida na mesa?
“Jesus respondeu: —Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres. Não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna. O Filho do Homem dará essa comida a vocês porque Deus, o Pai, deu provas de que ele tem autoridade. —O que é que Deus quer que a gente faça? —perguntaram eles. —Ele quer que vocês creiam naquele que ele enviou! —respondeu Jesus. Eles disseram: —Que milagre o senhor vai fazer para a gente ver e crer no senhor? O que é que o senhor pode fazer? Os nossos antepassados comeram o maná no deserto, como dizem as Escrituras Sagradas: “Do céu ele deu pão para eles comerem.” Jesus disse: —Eu afirmo a vocês que isto é verdade: não foi Moisés quem deu a vocês o pão do céu, pois quem dá o verdadeiro pão do céu é o meu Pai. Porque o pão que Deus dá é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. —Queremos que o senhor nos dê sempre desse pão! —pediram eles. Jesus respondeu: —Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. Mas eu já disse que vocês não crêem em mim, embora estejam me vendo. Todos aqueles que o Pai me dá virão a mim; e de modo nenhum jogarei fora aqueles que vierem a mim. Pois eu desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou e não para fazer a minha própria vontade. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum daqueles que o Pai me deu se perca, mas que eu ressuscite todos no último dia. Pois a vontade do meu Pai é que todos os que vêem o Filho e crêem nele tenham a vida eterna; e no último dia eu os ressuscitarei.” (João 6:26-40 NTLH)
       Jesus jamais agiu conforme a “ética” socialista. Ele jamais se aproveitava das necessidades das multidões para usá-las para objetivos políticos e ideológicos. Pelo contrário, ele sempre deixava claro para os pobres que quando damos prioridade para a vontade de Deus na nossa vida, ele supre nossas necessidades. Jesus declara:
“—Por isso eu digo a vocês: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas? Vejam os passarinhos que voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? E nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso. —E por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: “Onde é que vamos arranjar comida?” ou “Onde é que vamos arranjar bebida?” ou “Onde é que vamos arranjar roupas?” Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas.” (Mateus6:25-33 NTLH, o destaque é meu.)
       Julio Severo é autor do livro O Movimento Homossexual (Editora Betânia).
Nota:
[1] Olavo de Carvalho, Mais Sábios que Deus, publicado no jornal Diário do Comércio, 28 de novembro de 2005.

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Aborto diga não!

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1999 - Um fotógrafo que fez a cobertura de uma intervenção cirúrgica para corrigir um problema de espinha bífida realizada no interior do útero materno num feto de apenas 21 semanas de gestação, numa autêntica proeza médica, nunca imaginou que a sua máquina fotográfica registaria talvez o mais eloquente grito a favor da vida conhecido até hoje.

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Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença".

Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias.

Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

Fonte:www.apocalink.blogspot.com