Mosteiro de São Bento - SP
Carlos Fini – Astrólogo Quando um pensador qualquer se depara com o estudo de civilizações antigas, logo percebe dois conceitos fundamentais para o entendimento destes povos : A Origem e o Centro. Toda civilização tradicional ( Egípcia, Mesopotâmica, Chinesa, Azteca, Maia, etc ) possui um corpo de conhecimento nascido em seu próprio seio cultural, chamado de "Tradição", que narra a origem do universo, da vida, do Homem e da Civilização. Este corpo de conhecimento, que é um misto de Religião, Ciência, Filosofia e Arte, dá sentido à idéia de "Origem". Sob o Aspecto do "Centro", toda a civilização se desenvolve em torno de um centro sagrado para o qual a cidade é planejada. Geralmente, neste Centro se constrói um monumento dedicado à preservação da cultura da civilização e também como marco de grandiosidade de seu significado. Este monumento não é, como se imagina, uma estátua, um shopping center ou um obelisco com uma placa comemorativa iguais àquelas com finalidade política, mas sim o reflexo vivo de toda História, Cultura, Sabedoria, e grandiosidade que se pode imaginar. Nestes templos, são guardados os documentos antigos, os adornos dos reis e a memória dos ancestrais mais importantes. Também se ia a estes lugares para meditar, pensar, aprender, ensinar, entrar em contato com os deuses através de cânticos e rezas, estudar Astronomia, Astrologia etc.. O que são estes monumentos?
São Templos gigantescos de múltiplas utilidades, que servem como calendários, bibliotecas, Igrejas, Observatórios Astronômicos, Faculdades, e outras tantas facetas não descobertas ainda pelos arqueólogos e antropólogos.
Nestes lugares, sacerdotes, cientistas, pensadores e artistas se reuniam para trocar idéias sobre o mundo e a civilização.
Não é por mera coincidência que os invasores destas civilizações arruinavam estes templos e fechavam-lhes as portas para assim poderem apagar da memória do povo invadido o que possuíam de mais significativo.
Exemplos muito bons destes monumentos são as mesquitas de Isfahan (Irã); a Zigourath de Ur (Iraque); as pirâmides de Gisé (Egito); o Templo do sol (Azteca - México); os monumentos megalíticos de Stonehenge (Inglaterra) e as catedrais góticas européias, como Chartres (França), entre tantos. Estes monumentos não só eram lugares multimídia, como também reuniam em suas próprias proporções as estruturas encontradas no Universo. Por isto, alinha-los por estrelas ou pelo pólo celeste norte, ou na direção dos pontos cardeais era muito comum. Desenhá-lo, arquitetonicamente falando, com cúpulas (que representam o céu), pilares (pontos cardeais) e ornamentá-los com Zodíacos (calendários) seria muito natural, já que o lugar também fazia as vezes de um planetário, um museu e um observatório astronômico. Tomemos então como base a maior parte das cidades brasileiras. Iremos observar que o marco original (o centro da cidade) geralmente possui o que chamamos de Matriz ou Igreja (Templo) que a muito tempo perdeu seu aspecto multi-função dos antigos templos. A cidade muitas vezes se desenvolve em torno dele como um reflexo do aspecto organizacional das civilizações tradicionais. A Cidade de São Paulo, por exemplo, possui a magnífica Catedral da Sé, inspirada nos modelos góticos europeus, como um dos marcos da cidade . Porém, muito próximo à Praça da Sé, encontra-se um mosteiro igualmente concebido, segundo os padrões europeus (retirados por sua vez dos modelos Gregos, que copiaram modelos ainda mais anteriores), no largo São Bento. Seu nome: "Mosteiro de São Bento". Sua concepção arquitetônica é magnífica. Como um mosteiro, possui um teto muito alto, para criar a sensação de poder, onde imagens de divindades são colocadas acima, criando uma atmosfera mística e de respeito. Com janelas amplas e vitrais igualmente extraordinários, a luz o penetra em uma coloração mágica de insuperável beleza. Um aspecto muito interessante vem de seu exterior: Seu relógio possui no ponteiro maior (o mais rápido), uma Lua; e em seu ponteiro menor (o mais lento), o Sol. A iconografia é óbvia: o sol marca os ritmos mais lentos (o ano, as estações) e a lua os mais rápidos (o mês , as marés diárias etc.). Com este relógio, aprende-se de forma direta que o Sol, em seu curso por entre as estrelas, se movimenta de forma mais lenta que a Lua. A proporção diária é de 1 grau para o Sol e 12 graus (eclípticos) em média para a Lua. Outro aspecto significativo é a porta do Mosteiro, que apresenta na parte mais baixa, um carneiro, logo sobre ele o peixe, símbolo do Cristianismo e sobre as duas imagens um vaso com onze belas flores. A alusão às várias fazes da humanidade do ponto de vista zodiacal indicado pelo movimento precessional é óbvia. Era de Áries superada pela era de Peixes, a atual, que será substituída por Aquário (o jarro ou vaso). E se alguém duvidar disto, que olhe para o alto logo depois de cruzar a porta de entrada. Lá irá encontrar um maravilhoso zodíaco europeu, sobre um céu azul, cobalto todo estrelado e sustentado por quatro pilares com os nomes " água, fogo, terra e ar", os elementos em Astrologia. Está perfeitamente alinhado na direção dos pontos cardeais e dividido em porções iguais, segundo Cláudio Ptolomeo. Em uma outra sala, os doze signos do zodíaco estão esculpidos em relevo na parede num verde musgo invejável. Esta obra prima da sabedoria antiga pode ser visitada e é um dos grandes monumentos cosmológicos brasileiros. Muitas pessoas me perguntaram: "como você descobre estas coisas? Fui várias vezes lá e nunca percebi isto". É simples, quando se vai a um lugar destes, deve-se prestar atenção em suas iconografias, em primeiro lugar. Depois, ler um pouco sobre a história do monumento, quem o concebeu e o porque, seu estilo, data etc.. E por último, e mais importante: é bom " olhar para o alto".
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