quarta-feira, 2 de junho de 2010

DESCOBRINDO A HERANÇA ESPIRITUAL DA NOSSA COMUNIDADE - Por Bob Beckett




Por Bob Beckett
Eu havia guardado aquele desgastado mapa por dezessete anos, onde assinalei o que eu pensava que tivesse alguma importância.
Du­rante o mesmo período, fiquei muito interessado em conhecer mais sobre a história de nossa comunidade e seus pais fundadores.
Com freqüência eu passava meus dias fora, andando a pé por áreas remo­tas e canyons(canhões) nunca explorados, examinando cavernas e investigan­do, para ver se achava por ali antigas cabanas e relíquias indígenas.
Um daqueles canyons(canhões), conhecido como Canyon(Canhão) do Massacre, tinha sido o palco da matança da tribo dos índios sobobas por outra tribo vizinha, os temeculas.
Tendo alguma compreensão acerca da base bíblica da contaminação de terras, comecei a perguntar a mim mesmo se aquele incidente e sua localização teria alguma significação espiritual.
E, assim, marquei devidamente a localização do Canhão do Massacre, em meu mapa.
Outro importante evento passado, na vida de nossa comunidade, tinha sido a tentativa, feita por uma companhia local de serviço de água e esgoto, de perfurar uma grande adutora que atravessasse o pé das colinas no lado norte de nosso vale.
E isso mostrou ter sido um acontecimento muito significativo. A companhia errou em seus cál­culos de engenharia e acabou sondando a camada de águas freáticas que nutriam todas as fontes daquela área!
Durante dezoito meses, a água fluiu sem ninguém conseguir estacá-la. Todos os esforços para fazer estancar o fluxo de água re­sultaram em conseqüências desastrosas.
Os prejuízos foram grandes, não somente em sentido financeiro, mas também no sentido de perdas de vidas humanas.
Eventualmente, as águas freáticas de todo aquele vale e das montanhas ao redor se esgotaram e a área nunca mais voltou a ser a mesma.
Isso explicava por que eu encontrava plantações de frutas cítricas e ranchos de criação de galinhas no alto das colinas, nas numero­sas excursões que fiz às colinas.
Ao que tudo indica, floresciam antes do desastre com o lençol freático da região. Todos aqueles ranchos tinham sistemas de irrigação e grandes poças de água, alimentadas pelos riachos que antigamente fluíam o ano inteiro.
Após o desastre com o lençol freático, entretanto, até as reservas indígenas locais per­deram o seu abundante suprimento de água e a sua base agrícola, o que deixou os habitantes da região na miséria.
Muitas pessoas que continuam habitando na reserva indígena ainda podem lembrar quão furiosos ficaram os membros do concilio tribal por causa do desastre ecológico.


Os seus xamãs amaldiçoaram a companhia de água do homem branco, por causa de seu erro.
E a situação piorou ainda mais quando se espalharam rumores de que a companhia de água estava desviando deliberadamente a água, vendendo-a a ou­tras companhias de água, não fazendo qualquer tentativa para estacar o fluxo de água, e muito menos, querendo compensar os indígenas devido às suas perdas.
Depois de haver localizado o lugar das perfurações em meu mapa, notei que ele ficava ao longo da mesma cadeia de colinas onde fica­vam o "umbigo" da terra, a reserva indígena, o retiro de Maharishi Yogi e o local do massacre dos índios sobobas.
Compreendi que isso era significativo, embora eu continuasse inseguro sobre o que fazer com essa informação.
E, assim sendo, continuei marcando o meu mapa com descobertas que eu sentia que estavam afetando a herança espi­ritual da nossa comunidade.
Ao mesmo tempo, L. Ron Hubbard e a Igreja da Cientologia mudaram-se para a cidade. Eles tinham comprado um antigo clube de campo, localizado em uma propriedade específica, ao longo da mes­ma serra de colinas onde ficavam localizados o (Canhão)Canyon do Massacre, o desastre da perfuração do lençol freático, o retiro de Maharishi Yogi, a reserva indígena e o "umbigo" da terra.
Na verdade, o lugar que eles adquiriram chamava-se Estalagem do Canhão do Massacre.
Al­guma coisa estava acontecendo naquela área, e o meu mapa estava começando a deixar isso claro.
Se eu não tivesse percebido essas coisas em um mapa, provavelmente eu jamais poderia ter feito a asso­ciação entre essas localizações. Mas vê-las assinaladas em um mapa conferiu-me uma perspectiva coerente.

ORAÇÕES NÃO-RESPONDIDAS PELA COMUNIDADE

Conforme mencionei, eu continuei silente acerca do mapa e de minhas suspeitas, embora a nossa congregação, naquele tempo, esti­vesse profundamente dedicada à oração e à intercessão de manhã cedo a cada dia útil da semana.
Em nossa igreja, a Igreja da Dwelling Place, nós orávamos de modo breve, um crente depois do outro, a respeito de questões nacionais e internacionais, além de orarmos pe­las necessidades individuais e comunitárias de nossa área.
Durante todo o tempo, contudo, manifestava-se um profundo senso de frustra­ção que se acumulava em todos nós, embora nos mantivéssemos fiel­mente dedicados à oração pela nossa gente e pela nossa comunidade. Essa frustração derivava-se de uma crescente percepção de que, com toda a honestidade, as nossas orações não estavam sendo eficazes.
Tínhamos aprendido a orar eficazmente pelas pessoas, e está­vamos vendo homens e mulheres sendo libertados da servidão emo­cional, espiritual, financeira e física.
Muitas pessoas já haviam sido salvas em nossa igreja, porquanto tinham visto o poder de Deus sob a forma de curas físicas, ou por terem sido libertadas da opressão demoníaca.
Por que coisas similares não estavam acontecendo em nossa co­munidade?
Por que nossas orações em favor de pessoas estavam sendo respondidas, mas não nossas orações por Hemet e a região circundante, que estavam sendo ineficazes?
Olhávamos, de nossa igre­ja, para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste, mas víamos pouca mudança lá fora.
Até parecia que, quanto a certos aspectos, a nossa comunidade estava perdendo terreno.
As condições sociais deterioravam-se cada vez mais, e nós parecíamos cercados por tre­vas que nos iam apertando mais e mais.
Sentíamos que estávamos sendo fiéis e diligentes, mas tudo quanto fazíamos pouco adiantava.
Enquanto eu agonizava no meu espírito por causa da situação, mentalmente comecei a passar da abordagem que usávamos para libertar pessoas para a questão da servidão aos demônios.
Seria pos­sível aplicar esses mesmos princípios no terreno social, tal e qual fa­zíamos no terreno pessoal?
Seria possível que as cidades têm uma certa personalidade?
Isso me levou a escavar mais as Escrituras e a buscar uma base bíblica para o conceito de uma cidade dotada de personalidade.
Se essa premissa mostrasse ser biblicamente válida, novos passos deve­riam ser tomados para vermos a nossa comunidade como uma comu­nidade, e não meramente como indivíduos, libertados e emancipados.
Os maus espíritos, como eu sabia bem, buscam controlar uma personalidade ou caráter.
Esses espíritos acham acesso até à vida de uma pessoa através de pecados passados, pecados atuais, maldições que acompanhavam várias gerações e iniqüidade, idolatria, vitimização, traumas, formas várias de contaminação pessoal e assim por diante.
Quando a personalidade de uma pessoa é contaminada, abre-se a porta daquela personalidade para as trevas, porquanto Satanás habita nas trevas.
Minhas pesquisas, que procuravam confirmar que uma cidade também tem personalidade, levaram-me aos comentários fei­tos por Jesus, em Mateus 11.20-24:

Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se ope­rou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arre­pendido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Por­que, se em Tiro e em Sidon fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menor rigor para Tiro e Sidon, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.

Fica claro aqui que Jesus referia-se à responsabilidade pessoal de uma cidade.
Cada cidade, segundo parece, é endereçada como se fosse uma personalidade dotada de responsabilidade por suas ações e por sua reação diante do evangelho.
Naturalmente, Jesus não estava dizendo que uma cidade tem uma alma eterna; mas ele referia-se a cidades como entidades coletivas. Ele dirigiu-se a cada cidade por seu respectivo nome.
Desejoso ainda de obter maior confirmação bíblica, pesquisei a Palavra de Deus estudando cidades e procurando qualquer informa­ção que me permitisse descobrir mais verdades sobre essa área.
Le­mos em Hebreus 11.10: "Porque [Abraão] esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus".
Abraão estava à procura de uma cidade que tivesse incorporado princípios piedosos como o seu alicerce. O termo grego aqui traduzido por "fundamen­tos" também pode ser traduzido por "princípios e preceitos rudimenta­res".
Isso refere-se à moral e à ética de uma cidade.
Portanto, embutidos dentro das muralhas de cada cidade acham-se o seu caráter e a sua personalidade!
E também descobri que esse vocábulo grego para "fundamen­tos" é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios 3.11, 12, quando ele orientou aquela igreja a respeito dos alicerces da persona­lidade humana: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fun­damento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha..."
Começamos por indagar sobre o que os fundamentos de nossa própria cidade poderiam ter sido edificados.
Teria ela sido edificada sobre Jesus Cristo?
Nossa comunidade foi construída com ouro, prata e pedras preciosas, ou haveria na sua estrutura alguma madeira, feno e palha?
Triste é dizê-lo, vemos muita madeira, feno e palha na área de Hemet.

COMUNICANDO-NOS COM UMA CIDADE

Comecei a acreditar que ministrar libertação a uma cidade é algo possível.
Tanto a minha comunidade quanto a sua podem ser concebi­das como comunidades dotadas de sua própria personalidade, com fundamentos espirituais perfeitamente reais!
Uma chave para isso seria nos comunicarmos com a cidade.
Naturalmente, isso nos põe diante de um dilema sem igual.
Como podemos fazer a nossa cidade "falar" conosco, como faria uma pessoa?
Como podemos fazer uma comunidade contar-nos as coisas que têm acontecido naquela região?
Como é que ela foi contaminada e aberta para os espíritos territoriais?
Como posso fazer a minha cidade abrir-se e começar a falar comigo?
Novamente, depois de orar e perscrutar a Palavra de Deus, em busca de respostas, encontrei um indício.
"Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes".
Esse versículo indica que as coisas ocultas e invisíveis, que não sou capaz de entender, podem ser importantes para o Senhor.
Ao buscarmos o Senhor acerca dessas coisas ocultas, cremos que ele é fiel e que nos responderá e nos mostrará essas verdades ocultas.
O Senhor tem indicado que uma chave para tratar com a comunidade consiste em fazer as mesmas perguntas que dirigiríamos a uma pessoa que busca ser libertada de opressão demoníaca, e que ele nos conduzirá quanto aos pontos específicos, se realmente colocarmos a nossa cidade no caminho da libertação.
E agora precisávamos descobrir como tinham sido lançados os alicerces espirituais de nossa cidade.
De que eram feitos esses funda­mentos?
Onde estavam localizadas as dores e as dificuldades?
Até que ponto a história passada da cidade está relacionada aos aconteci­mentos atuais?
Haverá algum envolvimento da minha cidade com o ocultismo?
Alguma outra coisa tem desempenhado um papel que con­duziu às condições presentes da minha cidade, nos campos espiritual, emocional ou físico?
Eu nem percebia que me estava comunicando com a minha cidade por cerca de dezenove anos!
Uma das maneiras de nos comu­nicarmos ou conversar com uma cidade consiste em estudarmos e pesquisarmos a história e a herança daquela cidade.
Poderia o mapeamento e o conhecimento histórico de minha cida­de estar ligados, na tentativa de falar comigo sobre o alicerce - bom ou mau - de minha cidade?
Quando comecei a examinar de novo essas informações, gradualmente comecei a ver emergir a personalidade es­piritual de minha comunidade.
Era mais ou menos como tirar um que­bra-cabeça feito de peças ajustáveis, derramar tudo sobre uma mesa e contemplar peça após peça ajustar-se no seu devido lugar.

FOGUETES SCUD E BOMBAS DE INFALÍVEL PONTARIA

De súbito, vi-me a examinar um quadro da personalidade de mi­nha cidade, como eu nunca o tinha visto antes.
Foi excitante pensar que agora seríamos capazes de ministrar livramento e iniciar o pro­cesso que poderia trazer a liberdade espiritual para o nosso vale.
Po­deria ser esse também o elemento que faltava em nossas orações e intercessões, de que precisávamos tão desesperadamente?
Estaría­mos realmente acertando na mosca de nossos alvos de oração, ou estávamos apenas atirando a esmo, em derredor de nossa necessida­de, de uma maneira vaga e ineficaz?
Pensei sobre os foguetes Scud que Saddam Hussein lançou du­rante a Guerra do Golfo, em 1991. Embora aqueles mísseis estives­sem apontados na direção certa, a óbvia falta de pontaria deles impe­diu que os foguetes obtivessem todo o seu potencial de destruição.
Comecei a ver que as nossas orações, em favor de nossa comunida­de, se pareciam, um tanto, com os mísseis mal orientados do ditador iraquiano.
Estávamos acertando no inimigo, mas por causa de nossa falta de informações estratégicas, éramos incapazes de isolar ou discernir um alvo específico, apontar para ele e atingi-lo em cheio.
Agora que estávamos começando a acumular informações es­tratégicas sobre a personalidade de nossa cidade (por exemplo, a sua herança, a sua fundação, o seu pano-de-fundo espiritual), seríamos capazes de formar um plano de guerra estratégico e atingir alvos pre­cisos.
Isso se parecia bastante com as bombas de infalível pontaria que os aliados apontaram, em revide, contra Saddam Hussein. Aque­les que assistiram as notícias da guerra pela televisão ficaram admira­dos de como aquelas bombas eram apontadas para portas, janelas e entradas de ar específicas.
Mas se alguma bomba espiritual de pontaria infalível tiver de ser assim exata, alguém primeiramente precisará recolher informações de reconhecimento.
Antes de tudo, será necessário fazer uma explo­ração da área.
Para nós, isso significa pesquisar, estudar a terra e os seus primeiros habitantes, mapear e escavar a história de uma cidade.
A guerra espiritual, tal como a guerra convencional, beneficia-se enormemente com base em investigações acuradas.
O mapeamento espiritual tem mostrado ser um instrumento efi­caz na intercessão estratégica e nos atos estratégicos de intercessão pelas nossas comunidades.
Enquanto eu reexaminava e revisava os anos de recolhimento de informação que passei fazendo, percebi que, intuitivamente, eu havia conseguido detectar partes significativas da história de minha área no meu mapa. Ali, defronte de mim, havia in­formações históricas, físicas e espirituais. Eu nunca me tinha dado conta da significação que aquele mapa teria nos anos vindouros.
Aquele desgastado mapa mostrou conter valiosas informações para a formação de uma estratégia contra as fortalezas e os espíritos territoriais que se tinham alojado em nossa comunidade.
Uma vez que nós, na qualidade de uma congregação, aprendemos a nos comunicar com a "personalidade" de nossa cidade, os resultados de nossa inter­cessão adquiriram um vulto dramático.
Fonte: Destruindo as Fortalezas, Cap. 6 – C. Peter Wagner

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