quarta-feira, 14 de julho de 2010

MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE - Parte 1

Por Mark McGregor e Bev Klopp

Mark McGregor é um programador de com­putadores que vive em Seattle, estado de Washington. Ele está fazendo cursos no centro de extensão do Seminário Teológico Fuller, em Seattle.
Bev Klopp é fundadora da Gateway Ministries, que ajuda as igrejas nos campos da oração estratégica, da guerra espiritual e do evangelismo, em suas ci­dades. 
Sendo uma bem conhecida intercessora, Bev é membro da equipe de intercessores que servem a Spiritual Warfare Network e a United Prayer Track do Movimento A.D. 2000 e Além.

Primeira Seção
MAPEANDO SEATTLE
Por Mark McGregor

Este documento está calcado sobre as vinte per­guntas que aparecem no livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus.1
O propósito dessas vinte perguntas, de acordo com o próprio John Dawson, é examinar a história de uma cidade ou país, a fim de ajudar a determinar duas coisas: (1) áreas de pecados passados que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons remidores dessa cidade. Mas por que isso é importante?
Antes de tudo, Dawson assevera que os pecados passados de uma cidade ou nação podem franquear a região para as influências espirituais demoníacas, mantendo a sua população sujeita à escravi­dão espiritual.
Em segundo lugar, Dawson garante que Deus tem dado certos "dons" remidores a cada cidade, e que o inimigo tenta perverter esses dons, para impedir que essas cidades produzam fruto espiritual. Dawson acredita que os líderes evangélicos precisam descobrir tanto os peca­dos passados quanto os dons remidores de suas cidades, a fim de quebrarem os poderes que escravizam uma cidade, e para que haja um avanço para que se estabeleça um verdadeiro meio ambiente es­piritual, conforme era a intenção original de Deus.

1. Que lugar ocupa a sua cidade na história de uma nação?
O território de Washington veio a tornar-se uma realidade quando a Inglaterra e a América do Norte decidiram que resolveriam a questão das fronteiras nacionais. 
A América do Norte reivindicou e recebeu tudo entre o paralelo 48 e o rio Colúmbia, com exceção da ilha Vitória. Os primeiros colonos chegaram à área de Seattle no começo da década de 1850, tendo migrado do território de Oregon. As primeiras indústrias exploraram os couros e a madeira. As peles de lontra seguiam para a China e a madeira ia para a cidade de São Francisco, que estava em grande período de progresso por causa da corrida do ouro.
A cidade de Seattle começou a desenvolver-se após a Guerra Civil norte-americana
A cidade não desempenhou qualquer papel durante a guerra, embora, devido à sua postura e à lei, não fosse um território escravocrata
O crescimento ocorreu aos arrancos, visto que a região não dispunha de qualquer indústria forte e estável. 
A descoberta do ouro, primeiro no Fraser, e depois no Yukon, ajudou Seattle a crescer, visto que era um ponto natural de parada para quem viajava pela costa marítima. 
Tornou-se, e até hoje é, o maior ponto de transbordo entre o estado do Alasca e os demais estados, que formam um bloco.

É importante examinar a história de uma cidade ou país, a fim de ajudar a determinar: (1) áreas de pe­cados passados que requerem arrependimento e per­dão, e (2) os dons remidores dessa cidade ou país.

Seattle cresceu como cidade industrial e como entreposto de co­mércio, que dirigia companhias de navegação que a ligavam com o Alasca e com o Extremo Oriente. A construção de navios e o fabrico de aviões tornaram-se duas grandes indústrias. Durante a Segunda Guerra Mundial, Seattle tornou-se uma das principais cidades a desta­car-se no esforço de guerra, por causa de sua localização estratégica à beira do oceano Pacífico, e também por causa do impacto da Corporação Boeing. É provável que esse período tenha sido o tempo mais significativo para Seattle, durante a história moderna.

2. Houve alguma imposição de nova cultura ou de idioma, por causa de conquista?
Sim, embora a palavra "conquista" talvez não seja o melhor termo para descrever os acontecimentos.
Quando o homem branco chegou àquela região, as tribos indígenas pertenciam ao grupo de línguas costeiras salish. E a cultura dos índios estava centrada em torno das atividades da caça e da coleta, que tinha por centro a pesca de salmões. Juntamente com o homem branco veio a influência das culturas espanhola, francesa, inglesa, norte-americana e russa. Foi assim que se desenvolveu uma língua intermediária, o chinuque, uma combinação de salish, francês e inglês. Muitos indígenas, incluindo o chefe Seattle, não apreciavam esse idioma, mas os brancos recusavam-se essencialmente por aprender o salish, e geralmente só se comunicavam em inglês, e, só muito ocasionalmente, em chinuque.
A chegada das culturas do homem branco também indicou o co­meço do fim da cultura indígena, além do que muitas tribos foram dizi­madas. Enfermidades trazidas pelo homem branco mataram milhares de índios. A pesca, como meio de vida, foi substituída pela exploração da madeira, pela construção e por outras formas de trabalho manual. Os índios começaram a viciar-se nas bebidas alcoólicas. Desapareceu o estilo de vida indígena comunitária, que preferia as casas longas. Em muitas áreas, a cultura indígena tinha sido de tal modo desarraigada que os antropólogos e sociólogos da atualidade estão encontrando muita di­ficuldade para reconstruir o estilo de vida tribal original. Para exemplificar, a tribo duwamish estava localizada quase na mesma área onde Seattle foi originalmente estabelecida. A cultura deles foi obliterada por inteiro. Aqueles índios não receberam quaisquer terras, e não mais existem como uma unidade tribal distinta em nossos dias.
Essa imposição de idioma e de cultura até hoje é motivo de res­sentimento, de diversas maneiras. Os índios continuam vivendo em reservas e têm procurado recuperar a sua herança cultural. Os confli­tos continuam, a despeito dos direitos dos índios de caçarem e pesca­rem, da mesma maneira que os seus antepassados costumavam fa­zer. Uma forte área conflitante é o direito que os índios têm de lançar as suas redes de pesca no oceano e nos riachos que circundam a área de Seattle. Algumas tribos têm procurado restabelecer suas festivida­des pagãs que honravam o deus salmão, que era a figura central de muitas cerimônias religiosas.

3. Quais eram as práticas religiosas dos antigos habitantes do lugar?
O grupo dos indígenas salish ocupava o extremo sul das chamadas "tribos de postes-tótemes". Suas práticas e crenças religiosas são si­milares às práticas da maioria dos grupos nativos que ocupam a costa do Alasca. O líder religioso da comunidade era um xamã, considerado dotado de grandes poderes nas áreas da bênção, da maldição e da cura de doenças. A posição de um xamã era validada por um encon­tro inicial com um espírito guia, cuja identidade era mantida secreta. Os xamãs podiam ser do sexo masculino ou do sexo feminino, e o poder não passava, necessariamente, de pai para filho. O que em­prestava validade e era a chave para que alguém se tornasse um xamã era aquele encontro inicial com um espírito.
O encontro espiritual não se limitava aos xamãs. Pessoas "co­muns" também buscavam a orientação de espíritos para guiá-las por toda a vida. Com freqüência, os espíritos guiavam uma pessoa a algu­ma vocação específica, como o fabrico de canoas. Os artesãos mais habilidosos eram considerados homens dotados de algum guia espiri­tual. Esse espírito guia usualmente aparecia sob a forma de algum animal. Um exemplo disso eram os entalhadores de madeira, cujo espírito guia geralmente aparecia com a forma de um pica-pau. Sem­pre que uma pessoa ouvia o som típico feito por um pica-pau, entendia que o espírito estava nas proximidades, observando o trabalho que estivesse sendo feito.
Um espírito guia geralmente era encontrado após algum tempo de jejum e oração. As pessoas interessadas se purificavam cerimonialmente, privando-se de alimentos e buscando algum tipo de encontro com o mundo dos espíritos. Com freqüência, entravam em um estado de transe, durante o qual tinham um encontro com o seu espírito guia.
Os deuses dos índios salish pareciam ser um tanto impessoais e distantes. Grande parte dos benefícios outorgados aos seres humanos (como o fogo, instrumentos e assim por diante) viriam através do es­pírito cheio de truques que era pintado como se fosse um corvo ou um coiote. Esse espírito de truque dava às pessoas coisas que suposta­mente elas não deveriam ter. Deus não seria um ser necessariamente amigável, mas esse espírito enganador, sim, seria amigável.
A principal cerimônia religiosa do ano girava em torno da volta do salmão. Os indígenas mostravam o maior respeito pelo salmão, mes­mo porque o salmão era uma de suas principais fontes de alimentos. O primeiro salmão a ser apanhado em um ano era levado à aldeia, em meio a um cerimonial, e, ali chegando, através de rito especial, os índios agradeciam aos espíritos a volta do peixe.
Outro ato cerimonial que não era necessariamente religioso mas que era extremamente importante para os índios era o "potlatch". Quando isso sucedia, o hospedeiro oferecia uma grande festa para os seus convidados, onde não somente havia festejos, mas também havia intensa troca de presentes. Esse ato cerimonial era validado pelo ato de presentear. Duas razões principais para o "potlatch" eram: (1) a autoglorificação pois o hospedeiro demonstrava assim as riquezas e a posição de sua família; e (2) era obrigatório recompensar com outros presentes. Os presentes dados de volta eram o "atra­tivo" maior da cerimônia do "potlatch". Para não se sentirem dimi­nuídos mas manterem a glória da família, os convidados sentiam-se na obrigação de oferecer uma festa similar, com presentes maiores e melhores ainda. Por essa razão, os ricos ficavam cada vez mais ricos, e os pobres ficavam cada vez mais pobres. De acordo com uma outra forma de "potlatch", em vez de dar presentes, o hospe­deiro destruía as suas possessões, a fim de demonstrar a sua gran­deza. Em vez de compartilhar, o indivíduo destruía. Essa destruição podia incluir até mesmo os atos de matar ou aleijar escravos.
Uma área final de prática religiosa diz respeito aos mortos. Os espíritos dos antepassados eram grandemente temidos. As tribos mos­travam-se muito cuidadosas no sepultamento e honrarias prestadas aos mortos, a fim de que os seus espíritos não voltassem para assom­brar a tribo. Uma das crenças era que proferir o nome de uma pessoa morta a fazia ficar "desassossegada" no sepulcro. Por conseguinte, deve ser considerado uma grande ameaça ao grande chefe Seattle o fato que a cidade recebeu o nome dele, porque, cada vez em que o nome dele é proferido, isso o afeta no além-túmulo. Com freqüência, os locais de sepultamento eram adornados com entalhes e fetiches, o que, em minha opinião, parece algo repelente e feroz.

4. Houve tempo em que surgiu uma nova religião?

Não, até onde sou capaz de dizer. Os antropólogos especulam que o xamanismo veio da Ásia, e que foi a forma dominante de religião entre os ameríndios, até à chegada do cristianismo.

5. Sob quais circunstâncias o evangelho entrou pela primeira vez na cidade?
Em 1852, o bispo Demers efetuou a primeira cerimônia religiosa da cidade, e quase todos os habitantes fizeram-se presentes. Naquele mesmo ano, o pastor Benjamim Close, um metodista, efetuou os pri­meiros cultos protestantes na colônia de Seattle. O pastor Demers estava indo para Fort Victória, e Close vivia em Olímpia, pelo que foram apenas cultos efetuados em ocasiões de visita.
O primeiro ministro residente, que trabalhou por tempo integral em Seattle, chegou no outono de 1853. O pastor David Blaine e sua esposa, Catarina, estabeleceram a primeira igreja, uma congregação Metodista Episcopal. Foram bem acolhidos e patrocinados por Arthur Denny, que proveu uma residência inicial para eles. Ele e sua esposa perfizeram dois terços da congregação inicial. Essa foi a única igreja na área, durante mais de dez anos.
Os Blaines não deixaram uma impressão profunda e duradoura em Seattle. De acordo com os padrões da parte oriental dos Estados Unidos, Seattle não era uma comunidade religiosa. Um claro proble­ma que envolvia o Rev. Blaine era a sua atitude para com a população indígena. Em uma carta que escreveu para sua terra de origem, ele disse basicamente que era impossível ajudar os índios, e isso por cau­sa destes pontos: (1) a barreira da linguagem; (2) o comportamento pecaminoso deles; e (3) o contexto social deles.
Desde o começo de 1856 até os fins de 1860, Seattle não contou com um ministro evangélico residente. As reuniões evangélicas eram efetuadas a cada duas semanas, na igreja metodista. Nos fins de 1860, chegou o pastor Daniel Bagley, vindo do estado de Oregon. Ele era um implantador de igrejas, tendo implantado vinte igrejas nos estados de Oregon e de Washington. Bagley tornou-se um dos principais fundado­res da segunda geração de habitantes da cidade, além de ter servido de instrumento na formação da primeira universidade iniciada na cidade de Seattle (mais tarde, Universidade de Washington). Ele também era maçom, juntamente com vários outros fundadores da cidade.
Ministros adicionais começaram a chegar, a partir de 1865, quan­do os episcopais de Olímpia chegaram à cidade e iniciaram uma con­gregação. Os presbiterianos chegaram em 1866, na pessoa do pastor George Whitworth, que também se tornou industrial junto com o Rev. Bagley. Naquele estágio inicial, as igrejas cooperavam harmoniosa­mente umas com as outras duas igrejas e quatro pastores que representavam quatro denominações. Assim, dois pastores trabalha­vam em cada igreja, alternando-se nos deveres da pregação, e basi­camente sem criarem qualquer problema uns com os outros. Os cató­licos romanos chegaram em 1867, os congregacionais e os batistas, em 1869. O ministro batista era o pastor Edward Hanford, que foi um dos grandes primeiros líderes espirituais de Seattle.
O chefe Seattle, o famoso líder índio, no seu discurso de assinatu­ra de um tratado, provavelmente foi quem melhor articulou a posição dos índios, no tocante ao Deus do homem branco. Uma parte de seu discurso dizia: "O Deus de vocês não é o nosso Deus. O Deus de vocês ama o povo de vocês, mas odeia o meu povo. Ele abraça com amor e proteção os caras pálidas... mas esqueceu-se de seus filhos de pele vermelha, se é que realmente são seus filhos. Nosso Deus, o Grande Espírito, também parece ter-se esquecido de nós". Se o chefe Seattle conseguiu dizer alguma coisa, disse que a Igreja não consegue apresentar um quadro veraz de Deus. Infelizmente, o que os índios viram foi que o Deus dos homens brancos lhes ensinava a ganância, o assassinato e a luta pelo poder espiritual. Eles viam a invasão do ho­mem branco como uma luta de poder espiritual, na qual o Grande Espírito teria saído perdendo.
FONTE: Destruindo as Fortalezas de sua cidade, Cap. 8 – C. Peter Wagner

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