terça-feira, 31 de agosto de 2010

MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - Parte 3


       A Influência da Maçonaria brasileira no processo de Independência


       A partir de 1808, o Brasil vivia um novo momento uma nova mentalidade, novas classes sociais iam se solidificando com a chegada da família real ao país. O período em que o Brasil foi metrópole durou 13 anos, desde a chegada da Família Real até a partida de D. João VI a Portugal.
       Durante 13 anos de permanência de D. João VI no país, o Brasil teve avanços significativo, tanto econômico, como social, e cultural.

       O clero estava cada vez mais presente nas comunidades, o comércio crescia, e a Maçonaria também crescia, já existiam Lojas Maçônicas em quase todo o país, e o pensamento de transformar o Brasil em um país independente estava cada vez mais presente, não apenas dentro das Lojas Maçônicas, mas também nos demais agrupamentos sociais, que eram compostos por comerciantes, fazendeiros, servidores públicos, tanto brasileiros, quanto portugueses.
       A partir do momento que o Brasil deixa a situação de colônia, passar a viver de um comércio de moeda corrente, interno e externamente e com a criação do banco do Brasil, para controlar a circulação financeira, a metrópole se sentia protegida. No dia 16 de Dezembro de 1815, Dom João daria o primeiro passo em direção à emancipação política brasileira, elevaria o Brasil a Condição do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, onde a Carta também punha fim ao sistema colonial e ao monopólio da metrópole. O ano de 1815 foi também para a Maçonaria Brasileira um ano muito importante, seria o período de fundação da Loja Commércio e Artes, filiada ao Grande Oriente Lusitano. Esta foi uma das Lojas que teve maior atividade política, a principio funcionava na casa do advogado Dr. João José Vahia. Nesta loja, anos mais tarde, seria iniciado na Ordem, o príncipe regente.
      
       CONGRESSO DE VIENA

       A vida social brasileira havia sido completamente modificada, tanto a dos que aqui residiam antes da transferência, quanto a dos que vieram depois, de qualquer forma mantínhamos vínculos com Portugal e o continente europeu, seja com Lisboa, ou com a Inglaterra, no mesmo ano de 1815, ocorreria o congresso de Viena, que deveria reorganizar e devolver os territórios e a supremacia política daqueles que sofreram com o projeto expansionista napoleônico.
       O Congresso de Viena garantiu o retorno ao trono de algumas das antigas dinastias européias, como os Bourbon em Nápoles, Espanha e França, a dinastia de Orange na Holanda, os Bragança em Portugal, os Sabóia no Pie Monte, além do restabelecimento do papa nos Estados Pontifícios.
       Além disso, uma vasta política de compensações territoriais buscou redesenhar o mapa da Europa, redefinindo as fronteiras estabelecidas pelas guerras napoleônicas, Portugal não pode participar, pois a Corte estava ainda refugiada no Brasil, mas teve participação na reorganização do mapa europeu após era napoleônica.
       Após o Congresso de Viena o povo que havia ficado em Portugal após a vinda da família Real para o Brasil, se sentia seguro, e ao mesmo tempo prejudicado pelo fato do seu Rei ficar sete anos no Brasil, e assim exigia seu retorno a Lisboa.
       No dia 20 de Março de 1816 a Rainha D. Maria I morre no Rio de Janeiro, com isso D. João passaria a condição de Rei com o nome D. João VI, mas sua aclamação só se daria anos mais tarde. No dia 13 de Maio D. João VI de Portugal elevaria o país a condição de Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves, e no dia 16 de maio do mesmo ano, decretava que o Reino Unido, teria um escudo e uma Bandeira, assim confirmaria de fato que o Brasil não seria mais uma colônia e sim uma metrópole que possuía bandeira e escudo. Esse seria o Marco para a Independência política do Brasil que não mais se via como colônia e sim metrópole, a Maçonaria pôde antever seu sonho de Brasil independente de Portugal.
      
       REVOLUÇÃO PERNANBUCANA OU DOS PADRES - 1817

Mesmo com toda a motivação para Dom João VI ficar no Brasil, ele sofreria pressão pelos portugueses, para que retornasse a Portugal, sofria pressão até de sua esposa Carlota Joaquina, que sempre detestou permanecer no Brasil, o descontentamento era enorme, tanto que em 1817 na província de Pernambuco estouraria a “Revolução Pernambucana”, ou “Revolução dos Padres”, esse movimento emancipacionista teve grande participação da Maçonaria, seu principal líder foi o Maçom Domingos José Martins, comerciante capixaba, que foi morar em Recife após tornar-se um grande comerciante, no ramo de importação e exportação de produtos principalmente no eixo Brasil-Europa. Em uma viagem à Inglaterra, conhece um personagem que se tornou seu grande amigo e irmão de Maçonaria, Hipólito José da Costa, que mantinha contato com o Líder Maçom das emancipações espanholas Francisco Miranda.
       A Revolução de 1817 eclodiu em uma província onde havia influentes Lojas Maçônicas: Restauração, Patriotismo e Guatimozim, que funcionavam com finalidades de cunho político e de emancipação política.
      
       Padres e frades maçons

       Dentre os nomes que participaram da revolução estavam presentes principalmente, Clérigos e Maçons, e também MAÇONS CLÉRIGOS, como o Padre José Inácio de Abreu Lima chamado de “padre Roma”, cidade italiana de onde ele viera, Padre João Ribeiro de Melo Montenegro, Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, Frei Caneca, todos Maçons, entre outros.
       Cita o historiador Nicola Aslan em: História-Geral da Maçonaria, fastos da Maçonaria brasileira, que neste movimento estiveram envolvidos 70 figuras do Clero sendo 60 padres e 10 frades.[10] 
       Participaram ativamente deste movimento além das Lojas Maçônicas e seus membros, várias pessoas de importante trânsito na sociedade pernambucana da época como, o já citado Domingos José Martins, comerciante, José Luis de Mendonça, que era Magistrado, militares como Domingos Teotônio Jorge, o Capitão José Barros de Lima, assim oscilando entre militares de patentes altas e baixas, Antonio Carlos de Andrada e Silva irmão de José Bonifácio, que era desembargador e Juiz de Fora.
       O Movimento eclodiu no dia 06 de março de 1817, dia em que o Brigadeiro português Manoel Barbosa de Castro prenderia o Capitão José Barros de Lima, justamente pelo fato de ser rebelde em relação aos mandos portugueses, e por ter sido traído pelo então desembargador José da Cruz Ferreira que se infiltrara no movimento secreto pela conjura e havia denunciado o movimento.
       No momento de sua prisão o Capitão José Barros, matou com sua espada o Brigadeiro Manoel Barbosa, seguido por outros brasileiros que também imitaram o gesto de seu Capitão. Dois soldados portugueses que acompanhavam o Brigadeiro fugiram e foram até o Governador Caetano Pinto Montenegro, avisar o que se passava. Eclodiria assim a Revolução Pernambucana.
       Os revoltosos trataram logo de nomear um governo provisório, formado pelo Padre João Pessoa de Melo Montenegro, que representava os clérigos, Capitão Domingos Teotônio Jorge, que representava os militares, José Luis de Mendonça, que representava os magistrados, Coronel Manoel Correia e Domingos José Martins, que representavam a agricultura e o comércio respectivamente.
       A principal idéia do movimento era emancipar-se de Portugal, implantar uma república, o fim da escravidão, e implantar a liberdade religiosa. O fator econômico foi o que mais impulsionou o movimento, principalmente as altas tributações pagas pela província de Pernambuco à Corte, o que desagradava, sobretudo, à classe agrária e aos comerciantes pernambucanos, que viam seus produtos concorrer de forma desleal em relação aos produtos vindos de outras regiões.
       A Revolução Pernambucana, a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, foram movimentos autonomistas, não visavam uma emancipação política de forma generalizada como a Independência do Brasil, tanto que todos eles foram derrotados pelas tropas portuguesas, e seus membros foram punidos de maneira severa, como próprio Tiradentes.
       A revolução Pernambucana e seu governo provisório duraram 74 dias, foi aniquilada pelas tropas portuguesas no dia 20 de maio, após um bloqueio ao Recife pelo Conde dos Arcos e último Vice-Rei do Brasil, Marcos de Noronha e Brito que encaminhou da Bahia 1.500 homens, para findar a revolução e mais 3.000 do Rio de Janeiro. Terminaria assim a Revolução Pernambucana: 72 condenados à morte, 19 comutações, 23 outras penas e 117 indultos.[11]
       Após esses acontecimentos que tiveram participação ativa da Maçonaria, Dom João VI acata a solicitação dos regentes do Reino de Portugal para o fechamento das Lojas Maçônicas através do oficio que dizia:
       “Seja qual for a parte que nos recentes acontecimentos possa ter tido a sociedade dos Pedreiros-Livres, escrevem eles, é indispensável que a existência desta e doutras sociedades secretas é em tempo tão impolitica como perigosa, e que atualmente interessa muito a todos os soberanos extinguir nos seus Estados semelhantes associações, que sujeitam, por juramento os seus vassalos à obediência de chefes desconhecidos, e que basta serem ocultos os fins para se suspeitar com toda razão que não são justos e honestos”.[12]
       Em resposta ao oficio, D. João VI publica o seguinte decreto:

       “Que tendo se verificado pelos acontecimentos, que são bem notórios, o excesso de abuso a que tem chegado as Sociedades Secretas, que com diversos nomes de Ordens ou associações, se tem convertido em conventículos de conspirações contra o Estado.
       Sou Servidor declarar por criminosas e prohibidas todas e quaesquer Sociedades Secretas de qualquer denominação que ellas sejam, ou com nomes e formas já conhecidas, ou debaixo de qualquer denominação, que de novo se disponha ou imagine : pois que todas e quaesquer deverão ser consideradas, de agora em diante, como feitas para conselho e confederação contra Rei e contra o Estado.[13]
       Assim ficaria proibida a ação da Maçonaria no Brasil, e também em Portugal, pois o Grande Oriente Lusitano, juntamente com as influências de imigrantes principalmente INGLESES com idéias liberais não aceitavam o fato de a família real permanecer no Rio de Janeiro.
       Estes Maçons e esses liberais eram favoráveis a uma revolução liberal. O Filho do embaixador português António Ambrósio Freire de Andrade e Castro, principal colaborador do já citado maçom Marquês de Pombal, Gomes Freire de Andrada, Maçom, nos anos de 1817, mesmo ano da Revolução Pernambucana, liderou uma revolta para derrubar o inglês Lord Beresford, que governava o Estado português enquanto a família real portuguesa estava no Brasil, e implantar um regime republicano em Portugal.
       A descoberta do movimento e a confirmação de sua ligação com a Maçonaria desencadeou uma grande perseguição aos maçons, e a condenação à morte de todos que participaram deste levante.
       Mas a vontade de emancipação não havia terminado, e os Maçons continuavam a conspirar contra o Estado. A Revolução Pernambucana seria o principal movimento antes da Independência do Brasil de 1822, e a Maçonaria foi a Instituição que mais se destacou no movimento, lembrando que a maioria dos padres que aderiram à rebelião eram maçons.
       A Maçonaria continuaria trabalhando de maneira discreta em clubes e sociedades recreativas e culturais, como Clube da velha Guarda que era liderado pelo já citado por Joaquim Gonçalves Ledo, o também Maçom Joaquim José da Rocha fundou o Clube da resistência o local era encontrado em sua própria casa. No Dia 06 de fevereiro de 1818, Dom João VI foi aclamado Rei de Portugal, quase dois anos após a Morte de sua mãe, consolidando mais ainda a sua autoridade de monarca, e cada vez mais excitando os brasileiros e a Maçonaria a combater a monarquia e trabalhar pela emancipação política do Brasil, que nesse momento estava em contagem regressiva, vindo a se consolidar quatro anos mais tarde.
       Tendo em vista que se aproxima a data de Independência do Brasil, resolvi republicar meu trabalho que trata a respeito, mais informaçãoes pode ser encontrada em www.luve.org.br
Um TFA à todos,
Vítor Andrade.'.
Veja aqui a Parte 4

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