O célebre activista chinês Chen Guangcheng, conhecido pela sua luta contra os abortos forçados, foi espancado pela polícia depois de ter divulgado um vídeo em que fala da sua prisão domiciliária, denunciou uma associação
Apesar da forte vigilância a sua casa, Chen conseguiu fazer passar para o exterior imagens em que relata, tal como a sua mulher, detalhes da detenção. O vídeo, colocado no site da China Aid, enfureceu as autoridades, que espancaram o activista, adiantou hoje a organização não governamental de direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD).
A CHRD diz que a mulher de Chen, Yuan Weijin, foi também agredida, e adianta que está a ser-lhe recusada qualquer assistência médica.
A organização recebeu as informações de uma fonte bem informada, segundo garantiu à BBC. “A pessoa disse que o espancamento estava relacionado com o vídeo que foi divulgado”, afirmou a porta-voz, Wang Songlian. “O espancamento não foi leve, mas também não pôs em risco as suas vidas”.
“Saí de uma pequena prisão e fui para outra maior”, diz no vídeo Chen, libertado em Setembro depois de cumprir uma pena de quatro anos, mas desaparecido desde então. As autoridades não confirmaram que o activista está agora em prisão domiciliária e estas foram as primeiras imagens que se conhecem dele em cinco meses. De acordo com o seu testemunho, todo este tempo tem sido alvo de uma vigilância apertada, 24 sobre 24 horas.
O vídeo, que dura uma hora, foi produzido de forma clandestina e divulgado pela China Aid, uma organização de defesa dos direitos humanos, que diz tê-lo recebido de uma “fonte governamental credível”.
O activista fala do seu cativeiro na pequena quinta onde vive com a mulher e os filhos, na província de Shandong (Leste). “Não posso dar um só passo fora de casa. A minha mulher também não está autorizada a sair. Só a minha mãe pode sair e comprar-nos comida para conseguirmos sobreviver”, afirma.
Há cerca de 60 homens que em diferentes turnos impedem o acesso a sua casa e ameaçam quem se aproxima para tentar ajudar. Segundo Chen, os homens que o têm vigiado pertencem ao Partido Comunista e ao Ministério da Segurança.
Chen, cego desde a infância, tornou-se particularmente conhecido por denunciar os abortos forçados no país, que adoptou a política do filho único como controlo dos altos índices de natalidade. Em 2006, acusou as autoridades locais de terem obrigado sete mil mulheres a abortar ou a serem esterilizadas, mas foi condenado por “danos intencionais à propriedade privada” e por “juntar uma multidão para perturbar o trânsito” – houve uma marcha de apoiantes seus contra a forma como ele estava a ser tratado pela polícia, refere a AFP. Nesse ano, a coragem da denúncia fê-lo ser eleito pela revista “Time” como uma das cem personalidades mais influentes do mundo.
Chen também dava aconselhamento jurídico, sobretudo em casos de vítimas de autoridades corruptas, a populações da sua província que não tinham acesso a advogado, apesar de nunca ter tirado o curso de Direito. Garante no vídeo que vai continuar a lutar pelos direitos humanos na China.
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