Quando a mentalidade revolucionária quer vencer um debate busca moldá-lo a partir mesmo dos seus pressupostos, com uma linguagem que, ao tempo em que empobrece a disputa de idéias, procura firmar uma marca, um slogan, um lema, disseminando-os pelo ambiente em disputa. Assim, constrange os seus contendores a participar de embates em que engrossam um palavrório tanto mais propagado quanto falacioso.
Explico-me. O movimento gay resolveu nortear sua atuação política trombeteando, pelos quatro cantos, que setores significativos da população brasileira têm uma doença gravíssima: a homofobia. A estratégia foi tão bem sucedida que muita gente repete essa palavra, sem nenhuma reflexão, em qualquer situação de hostilidade (suposta ou real) contra algum homossexual. Como sempre, essa estratégia contou com a boa vontade e até mesmo a atuação destacada de inúmeros jornalistas, sociólogos, psicólogos, políticos e todo tipo de militante dos tais movimentos sociais.
O gayzismo tem utilizado essa palavra de maneira extremamente desonesta. Não se trata de um mero equívoco semântico, mas de uma estratégia política muito bem planejada. Afinal, desenhe o inimigo da pior maneira, que será mais fácil arregimentar aliados para combatê-lo.
Qualquer incursão aos dicionários da língua portuguesa ou mesmo uma pesquisa no universo da internet, sobretudo no site da Organização Mundial de Saúde, evidenciará que as fobias são medos excessivos em relação a objetos, pessoas, animais ou situações. Algumas pesquisas médicas descrevem as fobias como transtornos de ansiedade. Essa psicopatologia se apresenta das mais variadas maneiras. Algumas chegam a imobilizar a vida de muita gente. Outras permitem uma vida razoavelmente normal.
Vivemos num mundo onde podemos encontrar das fobias mais estranhas às mais comuns. Assim, é até provável que alguém seja homofóbico, mas nunca ouvi falar de uma pessoa que tivesse um ataque de pânico provocado pela presença de um gay no mesmo ambiente. Custa-me crer que alguém tome remédio para controlar sua homofobia cotidiana já que, nos dias que correm, os homossexuais há muito já saíram do armário.
O movimento gay, ou boa parte dos que o compõe, mistura "alhos com bugalhos" na sua ânsia totalitária. Em lugar de combater atos de hostilidade contra os homossexuais prefere adoecer todo aquele que, por conceito ou preconceito, não aceita tais práticas, o que, aliás, também é um direito de cada um, contanto que se limite a condenar as práticas e não a hostilizar os praticantes.
A Igreja Católica, por exemplo, mantém-se firme na sua crítica à homossexualidade, exortando os seus praticantes, inclusive, a abandonar o que considera um grave pecado. Entretanto, em nenhum momento incita o desrespeito contra aqueles que reproduzem tais atitudes. É famoso o preceito cristão de odiar o pecado e amar o pecador. Entretanto, o movimento gay recebe tais críticas da pior maneira, querendo calar os religiosos. Ora, ninguém é obrigado a ser católico. Quem achar que esse discurso da "Santa Madre" não passa de baboseira e hipocrisia basta ignorá-lo ou combatê-lo, mas jamais querer emudecê-lo.
O movimento gay não é somente um "movimento social" buscando afirmar os direitos de uma minoria. Sua ação política é parte da "guerra de movimento" gramsciana contra os valores fundamentais do Ocidente. Como o cristianismo é um desses pilares, é claro que não se trata somente de relacionar-se dialogicamente com ele, mas de silenciá-lo, afrontá-lo, fragilizá-lo, deslegitimá-lo.
Um projeto que tramita no Congresso Nacional eleva o despautério do movimento gay às raias do patético, pois pretende que qualquer manifestação crítica ao homossexualismo leve o crítico para a cadeia mais próxima. Pela primeira vez na história da democracia moderna, propõe-se a prisão como terapia para uma fobia. Nada de química ou de acompanhamento psicológico. Quem criticar um gay vai direto para o xilindró. Eis o fascismo do bem do movimento gay.
O mito da homofobia - II
Nos dias que correm, podemos encontrar homossexuais nos mais variados espaços de sociabilidade. Na família, na escola, no trabalho, no esporte. As relações dos heterossexuais com os homossexuais nesses lugares variam muito - aceitação, preconceito, "folclorização", discriminação. Se, por exemplo, um adolescente hostiliza outro porque o identifica como efeminado, não podemos atribuir a essas figuras nenhuma homofobia.
Pode ser preconceito, afirmação da sua identidade hetero, crueldade adolescente, hipocrisia para esconder seus desejos ou várias outras coisas. Independente de qualquer coisa, é claro que há um profundo sofrimento, juntamente com uma enorme sensação de deslocamento e desconforto, para dizer o mínimo, por parte de muitos adolescentes gays. Entretanto, não será propagando uma mentira que conseguiremos ampliar e aprofundar o debate sobre as formas de exercício da sexualidade nos dias atuais.
Confundir conceitos ou preconceitos com uma doença psicológica, a tal homofobia, é também uma maneira de insinuar que entre os gays não existiria nenhum tipo de preconceito ou discriminação. Ora, sabemos que no mundo gay masculino, por exemplo, muitos jovens detestam os mais velhos, inúmeros "fashions" têm horror aos bregas, incontáveis discretos têm pavor dos espalhafatoso, os próprios travestis são altamente mal tratados por boa parte dos gays e assim por diante.
Outro equívoco é afirmar que qualquer assassinato de um homossexual é sinal de homofobia. É óbvio que se trata de mais um engano. Em muitos casos, os assassinos mantêm amplo contato com a vítima. Praticam o mal depois de sair, dançar, beber e fazer sexo. Nesses casos, talvez o mais apropriado seja interpretar esses assassinatos como uma dificuldade dos assassinos justamente com a sua homossexualidade. Eles não são homofóbicos, não sabem é como lidar com o que desejam.
Aqui pode ser o caso de gays matando gays. Aliás, o fato desses assassinatos nunca serem elucidados não seria, obrigatoriamente, uma estratégia das autoridades judiciais (tolerada pela sociedade) para punir as vítimas pela sua opção sexual. Na verdade, temos aqui uma característica da cultura brasileira que não construiu um sistema judicial que puna, adequadamente, assassinos, ladrões, corruptos, pedófilos etc.
O filósofo Olavo de Carvalho, partindo de dados do Grupo Gay da Bahia, afirma que, entre 1980-2005, foram assassinados 2.582 homossexuais no Brasil. Segundo o governo federal, nos últimos 25 anos ocorreram aproximadamente 800 mil assassinatos no Brasil; estima-se que os gays representam cerca de 14% da população brasileira: 24 milhões. Portanto, o número de homossexuais assassinados corresponde a 0,3 por cento do total de vítimas de homicídios no Brasil.
Segue o filósofo, "(...) a comunidade que abrange 14 por cento dos brasileiros mas só 0,3 por cento dos assassinados é exatamente o contrário de uma comunidade de risco, sob o ponto de vista policial. É uma das comunidades mais seguras, mais protegidas deste país. Com razão ela se denomina 'gay': é uma das poucas que tem motivo para estar alegre numa população que vive em permanente estado de luto".
O movimento gay não é um ato político isolado é uma legião, da qual fazem parte o movimento feminista, o movimento negro, os sem-terra, o movimento estudantil, o sindicalismo, o ecologismo, o indigenismo, todos com seus estilingues simbólicos arremessando pedras contra as estruturas opressoras que se manifestam através do capitalismo, da democracia representativa, do cristianismo, enfim, da tradição ocidental.
Assim, a aprovação de uma lei como a PL 122 é um golpe mortal no Estado democrático de direito. Uma expansão do poder do fascismo do bem. Uma negação completa dos valores que tornaram o mundo moderno a experiência civilizacional mais livre e próspera de que se tem notícia. Portanto, caro leitor, essa lei vai afetá-lo diretamente. É bom participar dessa disputa, antes que seja tarde demais.
Fonte http://www.cinform.com.br/blog/rodorvalramalho/1342011730164867
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