Olavo de Carvalho
1 de abril de 2011
Um cidadão de nome Hermes Fernandes, bispo sei lá de qual igreja, tendo lido um artigo do Julio Severo no MSM, escreveu uma resposta suína que me pega de raspão e, dando a cara a tapa com um altruísmo e um desapego admiráveis, atrai, reclama, exige, implora de joelhos e entre lágrimas umas palavrinhas da minha parte. Aí vão elas, em vermelho, junto com o texto original da criatura (em preto) e os comentários do Julio (em azul).
Olavo de Carvalho
Ao meu detrator com amor
Hermes Fernandes
Pela graça de Deus, sou o que sou. Não me escondo atrás de um pseudônimo. Basta procurar no Facebook, MySpace, Orkut, Twitter, e você vai encontrar meus perfis com fartura de fotos.
Não ataco ninguém e depois me faço de vítima.
OC: Uai, e o Júlio Severo “se faz” de vítima? Ter contra si a ameaça de mil processos por “homofobia” e ainda arcar com outro processo que ameaça lhe tomar a guarda dos filhos por delito de homeschooling não é ser, de fato e sem a menor ambigüidade, vítima de perseguição? E zombar de um cristão perseguido é o que você entende por “amor”? Se é assim, tenho um favorzinho a lhe pedir: faça uma forcinha e ame a si mesmo como ama o seu próximo.
Embora more no exterior, jamais aleguei que fosse por motivo de perseguição.
OC: Eu também não, Sempre disse que estou nos EUA porque o Diário do Comércio me ofereceu um emprego de correspondente. Perseguições, boicotes e ameaças de morte eu já vinha sofrendo fazia vinte anos e nunca deixei de me apresentar em lugares públicos por isso. By the way, todo mundo sabe que aqui vivo do salário que o jornal me paga e das mensalidades do Seminário de Filosofia. Nenhuma igreja ou partido me subsidia, felizmente. Espero que você possa dizer o mesmo.
(JS: Ele vive nos Estados Unidos. Parece que todo liberal evangélico que conheço ou vive ou viaja muito para os EUA.)
Não instigo o ódio entre grupos oponentes.
(JS: O site onde ele escreve, Genizah, chama Silas Malafaia de “Dick Vigarista Gospel” e xinga muitos outros líderes evangélicos.)
Não uso a fé cristã para difundir meus preconceitos e posicionamento político.
Não rezo na cartilha de algum filósofo falastrão boca-suja nacionalista sensacionalista tabajista (não necessariamente nesta ordem).
OC: “Tabajista”, data venia, é a mãe. Eu sou tabagista, com G. Quanto a eu ser boca-suja, você está reclamando do quê? Por acaso estou tentando beijar a sua boquinha imaculada?
Não uso categorias ultrapassadas para rotular ninguém, nem promover caça às bruxas.
OC: Não, você não promove caça às bruxas. Só ri delas quando têm de se esconder no exterior para não perder os filhos.
Não pertenço ao passado, mas estou profundamente comprometido com o futuro.
OC: O futuro de quem? Espero que não seja o meu.
Nunca ataco pessoas, mas me dou o direito de divergir de suas ideias, sempre respeitosamente.
OC: (1) A lista das suas virtudes parece ser a prova de que você tem razão ao afirmar que foi Deus que fez de você o que é. Um simples ser humano jamais conseguiria produzir resultado tão maravilhoso. (2) Adorei a sua divergência respeitosa: “falastrão boca-suja nacionalista sensacionalista tabajista”. Pena que, depois de tão elevada contestação filosófica, continuemos sem saber de qual idéia minha você está divergindo afinal.
Já debati em rede nacional com pessoas das quais discordo de muitos dos seus posicionamentos, tais como Silas Malafaia, R. R.Soares, Augusto Nicodemos, dentre outros, mas sempre com decoro e buscando honrá-los como seres humanos e representantes de parcela do povo cristão. Mesmo quando usei de humor ou ironia, procurei manter o nível. Nunca os xinguei ou detratei, nem duvidei de sua seriedade.
(JS: Em nenhum momento também o xinguei, nem baixei o nível.)
OC: Obrigado por não me xingar de falastrão, boca-suja etc.
Detesto jargões.
OC: Você já contou o número de chavões que conseguiu compactar em tão breve mensagem?
Lido com as críticas numa boa, mas detesto covardia. Tudo o que escrevo, assino embaixo. Se fosse pra usar o anonimato, eu o usaria quando fizesse algum bem, pra que o louvor fosse dado a Deus.
OC: Oh, mas como você é lindo! Quantas virtudes evangélicas espremidas numa só pessoa! É impossível ler o seu autopanegírico sem ter uma ereção espiritual.
Pelo menos, foi isso que aprendi com Jesus: O que sua mão esquerda fizesse, a direita não deveria tomar conhecimento.
OC: Criatura, você pode, por favor, me enviar seus dados biométricos? Estou montando uma fábrica de sepulcros caiados e preciso do modelo.
(JS: Eu assinei embaixo a minha crítica. Meu nome, inclusive, está no livro O Movimento Homossexual, da Editora Betânia. É que o MPF nunca pensou em me buscar pelas editoras...)
Não sou liberal, nem do ponto de vista teológico, nem político. Também não me considero conservador, embora alguns dos meus melhores amigos o sejam. Não sou comunista, tão pouco capitalista. Não me encaixo em nenhuma destas categorias. Sou reinista!
OC: Além de possuir todas as virtudes do catálogo bíblico, você também é original, único, incatalogável, incomparável. E eu, que bestamente imaginava poder compará-lo aos profetas de Israel! Quão mesquinho e estreito era meu julgamento!
Entre os meus autores favoritos há gente como Agostinho, Calvino, Lutero, Bonhoeffer, mas também não me furto o direito de garimpar sabedoria em obras de Rubem Alves, Phillip Yancey, Tony Campolo, e até em obras de autores seculares. Se quiser me condenar por ler autores seculares, terá que condenar Paulo, que não apenas os lia, como também os citava em seus sermões.
(JS: Phillip Yancey e Tony Campolo são líderes evangélicos liberais, bastante liberais).
OC: Um sujeito capaz de nivelar, na sua lista de interesses, Agostinho e Rubem Alves, é mesmo incatalogável. Não encontro, no meu catálogo de palavrões, um só que dê conta de tão inapreensível estupidez.
De fato, recebi uma condecoração de um órgão ligado à ONU. Nunca exibi a medalha, nem mesmo emoldurei o certificado de vice-presidente do comitê pela paz. Para não ser deselegante com os que me contemplaram, publiquei uma pequena reportagem em meu blog.
OC: Olhe que você me deu uma idéia. Recebi muitas homenagens, mas nunca me ocorreu “publicar uma pequena reportagem em meu blog” contando isso, e menos ainda alegar que o faço por caridade fraterna. Meu filho, você é um gênio da autopromoção. Conseguiu fazer dela uma virtude evangélica.
Não sou maçom.
(JS: Não o acusei de ser maçom. Ele se defendeu gratuitamente.)
Não me auto-intitulei bispo, nem mesmo faço questão de ser chamado assim. Fui sagrado dentro da tradição episcopal, da qual fazem parte homens como Robson Cavalcanti e Paulo Garcia. Apesar de ter sucessão apostólica, nunca fiz uso disso como credencial.
(JS: Robson Cavalcanti é o fundador do MEP [Movimento Evangélico Progressista], a maior organização esquerdista evangélica do Brasil. Cavalcanti era membro do PT e saiu por achar que o PT se distanciou do socialismo verdadeiro.)
Jamais defendi o homossexualismo como estilo de vida, mas também nunca defendi a homofobia, ou qualquer outra prática preconceituosa. Quanto ao rapaz que você alegou ter se desviado depois que passou a ler nossos artigos aqui e no Genizah, deixando de ser um valoroso defensor do conservadorismo fundamentalista para tornar-se num homossexual assumido, deixe-lhe dizer algo: O Espírito Santo trabalha onde as máscaras caem, e as pessoas se expõem de maneira franca, aberta, para que sejam transformadas de glória em glória. Certamente ele não se tornou homossexual, mas apenas revelou o que estava oculto aos olhos dos outros. Não o julgo. Espero que Aquele que começou nele a boa obra a aperfeiçoe até o dia de Jesus Cristo. Porém, não acho correto atribuir culpa a quem quer que seja. Você preferiria que ele se mantivesse enrustido, como muitos que tentam vender uma imagem de santidade, mas que de santos não têm nada? Não são poucos os que se disfarsam por trás de uma retórica ultra-conservadora, como ele mesmo fazia. Quantas vezes ele comentou no meu blog, me detonando. Até de anticristo fui chamado. Jamais o ataquei por isso.
OC: (1) Se não há mérito em praticar o homossexualismo, também não pode haver nenhum em alardeá-lo. Confessar um pecado é uma coisa; ostentá-lo, com a visível intenção de continuar a praticá-lo, é exatamente o inverso. O homossexual discreto, que vive e sofre o seu drama em silêncio, tem mil vezes mais dignidade do aquele que, com sincerismo histriônico, acaba se comportando como um garoto-propaganda do gayzismo. Você tem o discernimento moral de um orangotango drogado. É nisso que dá ler “livros de sabedoria” da autoria de Rubem Alves e Tony Campolo. (2) Que história é essa de “disfarsar”? Em português as pessoas se disfarçam, com c-cedilha.
Também não apoiei qualquer candidatura, uma vez que isso contraria os dítames de nosso ministério. A reportagem do Jornal O Globo, e de outros periódicos, mentiu. Apenas aceitamos ao convite de um candidato à prefeitura do Rio para ouvir sua proposta num lugar neutro, isto é, fora da igreja. Pergunte a um membro da REINA, igreja da qual sou bispo, qual a nossa postura quanto a isso. Muitas vezes sou chamado de intransigente por isso. Não tive culpa se um dia depois de nosso encontro, nossa foto estava estampada na primeira pagina dos principais jornais do Rio e de SP, alegando que havíamos hipotecado apoio ao dito cujo.
(JS: Ele diz que as reportagens mentiram. Eu citei apenas o que constava em reportagens.)
A propósito, muito obrigado pelas cerca de trinta visitas que seu blog me enviou, desde que publicou o artigo me detratando. Sinto em lhe dizer que não retribuirei.
OC: É claro que não. Seu blog não tem trinta visitantes para enviar a parte alguma, e aliás nem para ficar por lá mesmo.
Para terminar, quero dizer que, seja você quem for, eu o amo.
OC: É o amooooooooooooooooor!
Não estou fazendo média. Nem querendo parecer melhor que você, porque, definitivamente, não o sou.
OC: Ah, não? Quer dizer que o Júlio Severo também tem todas essas virtudes esplêndidas que você tão modestamente se atribui? Puxa, eu não sabia que ele era tão incrível! Parabéns, Júlio! Só tem uma coisa: eu também quero. Quando é que vão publicar a “Imitação de Hermes Fernandes”?
Espero que um dia tenhamos a oportunidade de nos encontrar pessoalmente, tomarmos um bom café, discutirmos teologia e construirmos uma amizade duradoura. Se tiver perfil no orkut ou facebook, me adiciona.
OC: Desculpe-me por infringir novamente seu direito ao analfabetismo, mas “se tiver” é terceira pessoa do singular; portanto aí não cabe dizer “me adiciona”, e sim “me adicione”.
Pode ser que isso seja um bom começo…
P.S.: Da próxima vez que quiser alevancar sua audiência falando de alguém, consulte fontes fidedignas, ou então, deixe pra publicar seu artigo num "primeiro de abril".
OC.: Alavancar audiência? Você já comparou a visitação do MSM com a do seu blog? Você é o tipo do sujeito que, quando tira foto ao lado do Pelé, diz que ele está se promovendo às suas custas.
* Aos meus leitores que nada tem a ver com isso, meu pedido de desculpas. Não é do meu feitio ficar me defendendo, mas não é fácil ver pessoas usando de mentiras para tentar minar a credibilidade de nosso trabalho. Portanto, não estou defendendo minha reputação em si, mas o trabalho de mais de duas décadas de ministério e quatro anos de blogagem. Obrigado pela paciência e carinho demonstrados nos comentários.
(JS: O escabroso aqui é que o que ele chama de “mentiras” são informações sobre ele que citei, colhendo de extrações diretas do blog dele e do Genizah, onde ele mais publica.)
Nota final de Julio Severo: Sobre a preocupação do Hermes por Olavo ser um “tabajista”, eu nada posso fazer. Mas recordo nitidamente que quando estive num grande congresso de pastores progressistas em Brasília em 1992, os pastores, enquanto não começava o congresso, estavam dentro do salão à vontade, bebendo cerveja e com cigarro na boca. Quero deixar claro que não faço nenhuma das duas coisas. Meu amigo católico, que havia me levado ao congresso, na volta me perguntou: “Mas eu pensei que evangélicos não podiam fumar!?!”