Por Sandro Dutra
O
momento atual da Igreja evangélica tem se caracterizado como confuso e ao mesmo
tempo controverso por causa da compreensão e práticas errôneas acerca dos dons
concedidos pelo Espírito Santo aos filhos de Deus. Basicamente há duas
correntes que dialogam sobre esse assunto do Novo Testamento: a corrente
pentecostal[1] e a cessacionista.[2] A primeira defende a contemporaneidade dos
dons para a atualidade, dividindo-se em algumas vertentes[3]. Já a segunda
assevera que nem todos os dons devem ser encontrados atualmente, mormente, por
causa de seu caráter revelatório.
Atualmente,
Wayne Grudem tem se revelado um cuidadoso e marcante expoente da corrente
pentecostal, sobretudo, por causa da popularidade de sua Teologia
Sistemática[4]. Os capítulos 52 e 53 são especialmente separados para o
assunto. Nesse ultimo são debatidos especialmente os dons de profecia e
línguas.
Em
meio a esse debate, o presente artigo assume a postura cessacionista por
algumas razões: por compreender, de acordo com a teologia reformada, a
suficiência das Escrituras[5]; por compreender que, exegeticamente falando, a
contemporaneidade dos dons não se sustenta; por compreender que, teologicamente
falando, não há necessidade de novas revelações, pois oCânon expressa
perfeitamente todo o desígnio de Deus; por compreender o perigo do subjetivismo
em matéria de fé e prática em detrimento a objetividade das Escrituras
Sagradas.
Desse
modo, segue uma breve apresentação neotestamentária acerca dos dons, com
destaque para algumas verdades fundamentais. Depois um pequeno registro
histórico de como a Igreja lidou com o assunto nesses quase dois mil anos de
história. Na sequência será apresentado o modo como Grudem expõe o assunto e
sobre quais bases ele se sustenta. Por fim, o trabalho apresenta uma refutação
aos propósitos pentecostais de Wayne Grudem.
1. Breve testemunho do Novo Testamento acerca dos da
profecia e línguas.
Deus
sempre utilizou os profetas no Antigo Testamento, eles transmitiam a revelação
de Deus diretamente, nesse aspecto o profeta era o porta-voz de Deus para
comunicar ao povo a Sua vontade, orientá-los, corrigi-los além de comunicar
suas promessas. No Novo Testamento, Deus continuou a utilizar homens com esse
dom para, assim como na antiga aliança, orientar, corrigir e transmitir as Suas
promessas.
Na
antiga aliança Deus se comunicava com o povo de uma só língua, porém na nova
aliança a barreira idiomática deveria ser derrubada para que o evangelho
pudesse ser anunciado para todas as nações. Nesse aspecto, a profecia e as línguas
eram extremamente comuns e necessárias no início da igreja na era apostólica e
é sobre essa situação que Paulo trata nas suas epístolas, não podemos nos
esquecer que Paulo era o “apóstolo dos gentios”, muito provavelmente, é por
essa razão que não encontramos tais assuntos sendo tratados por Pedro, João ou
Tiago nos seus escritos.
Como
na igreja de Corinto a utilização desses dons estava causando desordem no
culto, Paulo trata especificamente desses dons no capítulo 12 de sua carta
àquela comunidade. Porém, podem ser encontradas algumas outras listas de dons
concedidos pelo Espírito Santo na Escritura, eis os textos: Romanos 12.6-8; 1
Coríntios 12.28; 1 Coríntios 12.8-10; Efésios 4.11 e 1 Pedro 4.11.
De
todas elas, as seguintes verdades merecem destaque:
1)
Quando olhamos para as listas de Romanos e Efésios, encontramos Paulo citando
os profetas como sendo pessoas cujo dom é fundamental para o crescimento da
igreja e não encontramos o dom línguas sequer sendo mencionado, é preciso
lembrar que essas duas epístolas fazem parte do escopo principal da teologia
desenvolvida por Paulo no Novo Testamento;
2)
Nas duas listas de 1 Coríntios encontram-se mais dons que nas listas de Romanos
e Efésios, porém diferentemente, em 1 Coríntios o apóstolo procura ensinar,
corrigindo o mau uso desses dons concedidos pelo Espírito Santo;
3)
O dom de línguas, tão enfatizado pelos pentecostais e carismáticos, é tratado
por Paulo como sendo o de menor importância e talvez fosse o que mais estivesse
causando problemas na já tumultuada igreja em Corinto;
4)
Dons como: encorajamento, contribuição e misericórdia parecem não ser buscados
com tanta veemência pelos grupos pentecostais e carismáticos modernos, assim
como não parecia pelos cristãos de corinto;
5)
Apesar de todas as listas apresentarem um numero vasto de dons, certamente elas
não esgotam o assunto.
Qualquer
leitura um pouco mais atenta na primeira carta de Paulo aos Coríntios revela
que aquela congregação não havia compreendido como utilizar os dons espirituais
para edificação da igreja. Ali estava ocorrendo uma espécie de exibicionismo
(por parte do grupo de Cristo) e por essa razão a carta explica como esses dons
deveriam ser utilizados. A situação é tão séria que o apóstolo chama-os de
meninos e que ainda não podia oferecer-lhes alimento sólido.
Ao
que parece a partir do ensino de Paulo aos coríntios, o mau uso e entendimento
dos dons concedidos pelo Espírito Santo sempre levou os cristãos a cometerem
erros e exageros causando divisões na igreja.
2. Breve testemunho da história da Igreja acerca
da profecia e línguas.
É
exatamente em Corinto que se pode observar como grupos iam se formando e
reivindicando serem mais espirituais em relação aos outros grupos, é disso que
Paulo trata no capítulo 4 de 1 Coríntios e o que mais chama atenção é que, para
muitos estudiosos o grupo que mais causava problemas era o grupo de Cristo, ou
seja, eram tão arrogantes espiritualmente que acreditavam receber as revelações
diretamente de Cristo e por isso menosprezavam, Pedro, Paulo e Apolo. Logo
depois, ainda bem no início da igreja, no século II, veio um movimento
conhecido por montanismo, liderado por Montano, um Cristão da Frígia, que
alegava ter recebido uma revelação direta do Espírito Santo de que ele
lideraria a igreja durante o último período dela aqui na terra.[6]
Na
época da reforma, além de ter que defender a autoridade das Escrituras da
Igreja Católica Romana que, utilizava a Bíblia para respaldar seus erros e
tradições, Calvino teve que lidar com um grupo que alegava não precisar da
leitura das escrituras e até mesmo tratavam com desdém e menosprezo a todos os
leitores, a esse grupo ele chamava de Fanáticos, eles alegavam que
o Espírito Santo os ensinava à parte das Escrituras e alegavam receber
direção diretamente do Espírito, a Escritura, diziam é “a letra morta mata”[7].
Calvino dizia sobre eles “Ademais, aqueles que, repudiada a escritura, imaginam
não sei que via de acesso a Deus, devem ser considerados não só possuídos pelo
erro, mas também exacerbados pela loucura.[8]”
Na
época dos puritanos, um grupo chamado de quackeresque alegavam ter
visitações especiais do Espírito, tinha tremores e reivindicavam revelações que
vinham diretamente da parte de Deus, contra eles levantou-se John Owen que
sempre defendeu a suficiência das Escrituras com os demais puritanos do século (XVIII).
No
início do século XX, um pregador metodista chamado Charles Fox Parham
(1873-1929), passou a ensinar que a glossolalia deveria acompanhar o batismo no
Espírito Santo que já era popular nos grupos holiness ou de
santidade, que surgiram nas igrejas metodistas a partir da segunda metade do
século 19. Esse movimento em busca de uma santificação imediata introduziu nos
círculos cristãos norte-americanos o conceito de que o batismo no Espírito
Santo era uma “segunda obra da graça”. O ensino de Parham chegou a William
Joseph Seymour (1870-1922) que passou a se reunir em uma casa em Los Angeles no
auge do período da descriminalização racial nos Estados Unidos.
O
grupo começou a contar não só a participação de negros, mas também de
hispânicos, asiáticos e brancos. Com o crescimento tiveram que se mudar para a
rua Azusa no centro de Los Angeles. As reuniões demoradas e barulhentas ficaram
conhecidas como “Avivamento da Rua Azusa” e é tido como marco inicial do
movimento pentecostal moderno.
Atualmente
o pentecostalismo, segundo Franklin Ferreira[9], pode ser dividido em quatro
grupos: Pentecostais Clássicos, Pentecostais de “cura divina”, Pentecostais das
“igrejas, renovadas”, Neopentecostais.
Desde
o primeiro grupo, que inicia a idéia de uma “segunda benção” na sua defesa pela
perfeição cristã ao terceiro grupo, desenvolveu-se a concepção de um
recebimento do Espírito Santo que se evidenciava pelo fenômeno das línguas
ocorrido em Atos 2 e que todos os cristãos poderiam receber esse batismo.
3. A posição de Wayne Grudem acerca da profecia
bíblica e línguas.
Partindo
do pressuposto que há uma lacuna nas teologias sistemáticas ao longo dos anos,
o Dr. Wayne Grudem[10] dedica dois capítulos de sua obra para apresentar sua
perspectiva sobre Os Dons do Espírito Santo. Ele divide sua análise em duas
partes: Perguntas Gerais abordada no capítulo 52 e os Dons específicos no
capítulo 53. Segundo ele, tal estudo se fez necessário devido ao grande
interesse da igreja do século XX por esses dons. É interessante observar que
antes do pentecostalismo que vem a se desenvolver no século passado, os estudos
sistemáticos sobre o Espírito Santo tratavam especificamente da obra de
Santificação[11].
Para
ele, os cristãos devem buscar[12] os dons espirituais para utilizá-los na
igreja conforme esses mesmos dons tragam benefícios para o corpo[13] de Cristo.
Na defesa de seus pressupostos, Grudem busca relacionar os eventos ocorridos no
início da igreja, conforme nos apresenta Lucas no livro de Atos com as listas
de dons que Paulo apresenta em suas epístolas. Isso se faz necessário, pois sem
as segundas experiências com o Espírito Santo relatadas no livro de Atos,
principalmente At 8.16 e At 19.5 fica difícil sustentar os principais aspectos
da teologia pentecostal. A ênfase nos dons de línguas, profecia, de cura e de
operar milagres têm sido a principal busca dos Pentecostais e Neopentecostais
modernos e Grudem procura explicar como esses dons têm operado hoje na igreja.
Esse
trabalho irá se debruçar especificamente nos dons de profecia e de línguas,
pois é onde o trabalho de Wayne Grudem tem provocado maiores reações daqueles
que defendem que esses dons cessaram após o período apostólico.
3.1. A Profecia
O
primeiro ponto controverso da teologia sistemática do Dr. Wayne Grudem é que há
uma modalidade de profecias na igreja atual semelhante àquela da igreja de
Corinto e em sua defesa pela continuidade de todos os dons espirituais
presentes nas listas de 1 Coríntios 12.28 e 12.8-10 ele relaciona os eventos em
Atos envolvendo as profecias, principalmente de Ágabo, com as Epístolas de
Paulo aos Coríntios, Romanos e 1 Tessalonicenses. No que se refere à profecia,
Grudem entra na tênue linha que separa a falibilidade humana e a suficiência
das Escrituras. Grudem desconsidera claramente que o que aconteceu com a igreja
conforme relatado por Lucas em Atos e o que foi ocorrendo com a mesma ao longo
de seu crescimento e desenvolvimento na era apostólica eram necessárias até que
as Escrituras se completassem.
Para
não comprometer a suficiência das Escrituras, Grudem afirma que há duas
categorias de profetas: os profetas que são os apóstolos e os profetas que não
são os apóstolos. Os primeiros não erram já os segundos são passíveis de
cometer erros em suas predições. Como argumento ele usa o exemplo de Ágabo cuja
profecia em relação a Paulo não se cumprira literalmente e, portanto isso
justificaria a imperfeição nas profecias contemporâneas. Grudem acredita que os
apóstolos designados por Jesus eram os únicos com autoridade semelhante a dos
profetas da antiga aliança e por causa das imprecisões nas profecias de Ágabo
há um tipo de profeta que é passível de erros.
3.2 As Línguas
A
questão das línguas também é tratada por Grudem em sua teologia sistemática no
capitulo 53, após desenvolver a observação de que é um fenômeno exclusivo da
era da nova aliança e que o propósito de Deus era levar a mensagem sobre cristo
para as pessoas de cada nação em sua própria língua, conforme o texto de atos
capítulo 2, ele acredita que o fenômeno ocorrido no dia de pentecostes é uma
forma de romper as barreiras linguísticas originadas em Babel. Em sua análise
ele diz: “Se esse dom estiver operando na igreja, não importa em que língua
seja dada uma palavra de oração ou louvor, desde que haja interpretação, todos
podem compreendê-la”. [14]
Logo
após há uma definição do que é falar em línguas. Ele a define da seguinte
forma: “falar em línguas é oração ou louvor expresso em silabas não
compreendidas pelo locutor”.[15]
Ao
que parece, Grudem interpreta o texto de 1 Coríntios 14 numa situação diferente
daquela de Atos 2, ou seja, as línguas que Paulo estaria se referindo não
necessariamente eram idiomas e nesse caso, Grudem deixa claro que o texto de
Atos é uma narrativa histórica enquanto 1 Coríntios 14 é uma instrução
doutrinária[16]. Para ele o fenômeno que ocorre em Corinto é uma forma de
oração e ação de graças.
Ele
acredita que o que ocorre nas igrejas pentecostais, carismáticas e até em
algumas tradicionais é idêntico ao que ocorreu com a igreja de Corinto e dessa
forma ainda hoje dons como profecias e línguas estão presentes. O estudo
desenvolvido por Wayne Grudem em sua teologia sistemática acerca dos dons
relacionados com a lista de 1 Co 12 tem provocado refutações por parte de
cristãos que vêm certas incoerências na exegese de Grudem e quanto a
necessidade desses dons extraordinários ainda serem necessários para nossos
dias?
4. Uma resposta cessacionista aos dons de profecia e
línguas hoje.
Vários
fatores podem ser destacados como forma de objeção ao ponto de vista
Pentecostal para uma segunda experiência com o Espírito Santo, e o
próprio Grudem deixa claro que essa posição não encontra sustentação nas
Escrituras[17]. O uso dos textos de Atos 2, 8 e 19 como justificativas para um
batismo no Espírito Santo de forma normativa não deve ser encorajado. Mas, para
ele há cristãos com graus de maturidade e/ou intimidade maior com Deus e que
uma vida de oração e isso justificaria as aparentes segundas experiências
pentecostais, porém o uso da terminologia pentecostal tradicional acaba criando
cristãos de duas categorias e por essa razão Grudem acha mais adequado o uso do
termo “ser cheio do Espírito Santo” e nesse ponto ele utiliza os vários textos
de Atos como forma para justificar esse enchimento com o Espírito e assim
experimentar dons espirituais, dons de curar, operação de milagres, profecia,
discernimento de espíritos, línguas, interpretação de línguas, etc.[18]
Exatamente os mesmos dons que os pentecostais tradicionais acreditam exercer
com seu batismo no Espírito Santo.
Parece
que, apesar de uma posição mais equilibrada, Grudem tem uma compreensão
semelhante a dos pentecostais clássicos apenas com uma pequena mudança de
nomenclatura que acabaria com o desconforto causado pela ideia de dois grupos
de cristãos.
Um
primeiro fator que pode ser colocado como objeção ao pensamento pentecostal e
conseqüentemente à posição de Grudem e que utilizar as experiências que
ocorreram a partir do Pentecostes e relatadas por Lucas no Livro de Atos dos
Apóstolos e aplicá-los à igreja dos dias de hoje da mesma forma e com os mesmos
sinais parece não ser o que a história da igreja testemunhou ao longo de tantos
anos e por essa razão não tem sido defendida pelos cristãos mais ortodoxos.
Para
Brian Schwertley[19] não há sentido, pois o Pentecostes foi um acontecimento
histórico único na era da salvação e que aquele derramamento do Espírito havia
sido profetizado, para ele a doutrina da segunda benção defendida pelos
carismáticos e pentecostais não tem sustentação, pois os eventos em Atos dos
Apóstolos marcavam a transição da antiga aliança para a nova aliança e que as
situações em At. 8.14-17 e At. 19:1-7 deixam claro que os primeiros cristãos na
verdade só se converteram quando receberam o Espírito Santo, ou seja, as
pessoas começavam a reconhecer a deidade de Jesus, mas a conversão se dava em
momentos em que a palavra era pregada pelos Apóstolos, ou quando eles oravam e
o que se observa nos capítulos 8 e 19 de Atos.
Tornar
esses eventos normativos e fundamentá-los como doutrina para toda igreja é ir
de encontro com várias outras passagens como Rm. 8: 11 e Ef. 4:4. O mesmo ponto
de vista é usado por R. Gaffin que diz:
A totalidade de Atos
é incomparável. Como documento, Atos, como Lucas-Atos no seu conjunto, é
trabalhado com esmero. Seja qual for o propósito multifacetado de Atos, um
empenho primário seria seguramente demonstrar que a história se desdobrou
exatamente como Jesus disse que aconteceria: “Serão minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At.1.8).
Atos pretende documentar a história completa, o período incomparável na
história da redenção _ a propagação do evangelho apostólico, de uma vez por
todas, “até os confins da terra”. É em termos dessa perspectiva
controladora que as experiências milagrosas daqueles no Pentecoste e em outras
passagens de atos têm seu significado[20].
Se
os cristãos forem classificados como participantes de dois batismos estaremos
envolvidos novamente com a situação vivida pela igreja de Corinto, onde os mais
“espirituais” se tornaram “arrogantes”, o que levou Paulo a tratar com tanta
veemência os problemas lá ocorridos. Os que defendem posições como a de Grudem
esquecem que a igreja em Corinto não deve ser tomada como modelo de virtudes e
dessa forma tomar o ensino que o Apóstolo faz sobre o uso dos dons nos
capítulos 12,13 e 14 e correlacioná-los com o que Lucas registra no Livro de
Atos é incompatível com o que é ensinado em Romanos 8, ou seja, não pode haver
cristãos que se converteram e não receberam o Espírito Santo de Deus com o qual
são selados (Ef. 1.13,14).
Um
segundo fator é que o próprio nível de interesse nos dons de línguas e Profecia
perde a atenção nos escritos de Paulo, quanto a isso Palmer Robertson observa
que:
…o nível de interesse
nos dons de línguas e profecia sofre um dramático declínio nos últimos escritos
de Paulo. Em sua primeira carta a Timóteo, o dom da profecia nem é mencionado,
exceto em referência à profecia que fora pronunciada no tempo da ordenação de
Timóteo (1 Tm 1.18; 4.14). Os dons de língua e profecia não são em parte alguma
mencionados em Tito e 2 Timóteo, exceto para a menção das revelações proféticas
constituindo as Escrituras do antigo pacto (2 Tm 3.16). [21]
Para
Robertson, esse declínio de interesse é claramente observado nas cartas à
Timóteo e Tito, onde Paulo está muito mais preocupado em que a Sã doutrina seja
mantida do que se as línguas e a profecia estão sendo praticadas como
recomendada em 1 Coríntios 13. O que teria acontecido para Paulo não ter citado
esses dons? Será que as igrejas que Timóteo e Tito iriam pastorear não
apresentaria os mesmos problemas da igreja em Corinto? O fato é que as línguas,
o profetizar, os dons de curar, interpretação de línguas, os milagres,
principalmente esses dons que em sua grande maioria foram realizados apenas
pelos apóstolos. É interessante que o ministério apostólico como início da nova
aliança veio com uma força descomunal, ao ponto de a eles ter sido dada a
capacidade de em nome de Deus fazerem paralíticos andarem e mortos
ressuscitarem (At. 5:12-16; At. 9:32-41).
A
Igreja Presbiteriana do Brasil em Carta Pastoral endereçada aos seus ministros
diz:
A contemporaneidade
do Espírito, portanto, não exclui o propósito do Deus Triúno em seguir um plano
progressivo de revelação, dispensando ou retendo durante a História as
manifestações espirituais de acordo com Sua sabedoria. Por exemplo, não há
registro inequívoco na História da Igreja de homens com o poder de ressuscitar
mortos, desde o período apostólico até hoje. Mesmo no período bíblico, a
ressurreição de mortos ocorreu somente em algumas épocas e através de umas
poucas pessoas, como Eliseu, o Senhor Jesus e alguns dos apóstolos. Deus é o
mesmo, cristo é o mesmo e o Espírito é o mesmo, porém, o Deus Triúno é soberano
para agir de formas distintas em diferentes épocas. Portanto, afirmar a
contemporaneidade de todos os dons e manifestações descritos na Bíblia, com
base na imutabilidade de Deus, é inconsequente[22].
Um
terceiro fator é que: será que todos os dons apresentados nas listas que
encontramos no Novo Testamento continuariam ao longo da história da igreja ou
alguns deles iriam desaparecendo a medida que a igreja fosse adquirindo
maturidade? Nesse aspecto deve-se observar o que o apóstolo Paulo diz em 1
Coríntios 13.8-13.
"O
amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, passará; Porque, em parte, conhecemos, e em parte
profetizamos; Quando vier o que é perfeito, então o que o é em
parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as
coisas de menino. Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então,
veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também
sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três,
mas o maior destes é o amor." (grifo
nosso)
O
apóstolo diz que o amor jamais irá acabar, mas que as profecias, línguas,
ciência (palavra de sabedoria) irão desaparecer, cessar e passar,
respectivamente, tudo isso quando o perfeito vier. Em nossa pesquisa
encontramos duas correntes principais para quem seria o perfeito. Os que acham
que o perfeito seria o fechamento Cânonbaseiam-se no princípio
fundamental da Suficiência da Escritura e que no contexto imediato da passagem
bíblica, Paulo lhes mostra que suas meninices acabariam quando vissem a vontade
de Deus de modo claro, ou seja, face a face, essa vontade está revelada nas
Escrituras. Para os que defendem essa tese, as línguas e profecias conforme
apresentados em 1Co 12-14 eram dons por meio dos quais Deus concedia revelações
à Igreja na era Apostólica e que, Paulo antecipa a cessação desses dons quando
as Escrituras estivessem completadas.
Na
defesa desse ponto de vista encontramos os trabalhos de B.B. Warfield, Sinclair
B. Ferguson, George W. Knight III, além do trabalho do Pastor Josafá
Vasconcelos, que defende enfaticamente que o “perfeito”, ou seja, “teleion”
seria o Cânon fechado. Ele baseia-se no princípio hermenêutico
de que o contexto imediato e geral da passagem é o que indicará o sentido da
passagem, com base nisso ele conclui que Paulo quer apresentar duas coisas:
1.
Em relação à prática na igreja, ele fala do exercício daquilo que Deus outorga
para edificação do corpo, que, sobretudo o amor deve nos nortear.
2.
Fala do conhecimento de Deus e de Sua vontade. Ele está dizendo que existe um
conhecimento parcial que desaparecerá[23].
Josafá
endossa a suficiência das Escrituras dizendo:
Não há como negar o
caráter revelatório dos dons de línguas, profecias, revelações e sonhos. Se
formos estudá-los cuidadosamente na Palavra de Deus, vamos perceber que a
existência delas no tempo apostólico, na igreja primitiva, foi algo
absolutamente necessário; eram revelações divinas. Deus falava através deles,
para edificação e ensino do povo, a fim de suprir exatamente a falta das
escrituras que naquela época ainda não estava completa no seu todo[24].
Para
corroborar com sua defesa Josafá Vasconcelos se apóia na defesa de Jonathan
Edward e do puritano John Owen que valorosamente defenderam a suficiência das
Escrituras. Os teólogos de Westminster compreenderam bem isso e o expressaram
em sua confissão de Fé no capítulo I, seção I, que diz:
Ainda que a luz da
natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a
bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis,
contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua
vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos
tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua
vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais
seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e
malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda.
Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos
modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo[25].
Porém,
há um segundo grupo de teólogos que defendem que o texto de 1Co 13.10 trata da Parousia.
João Calvino comentando a carta de Paulo diz:
Quando
vier o que é perfeito.
Paulo poderia ter posto nestes termos: “Quando tivermos alcançado o ponto de
chegada, então as coisas que nos ajudaram no percurso deixarão de existir”. Mas
ele usa a mesma forma anterior para expressar-se, ao por a perfeição em
contraste com o que é em parte. Ele está dizendo: “quando a perfeição chegar,
tudo quanto nos auxiliou em nossas imperfeições será abolido”. Mas, quando tal
perfeição virá? Em verdade, ela começa na morte, quando nos despirmos das
inúmeras fraquezas justamente com o corpo; porém, ela não será plenamente
estabelecida até que chegue o dia do juízo final, como logo veremos. Concluímos
disto, pois, que é algo mui estúpido alguém fazer toda esta discussão
aplicar-se ao período ao período intermediário[26].
João
Calvino compreendia que o que vemos como em espelho corresponde ao ministério
da Palavra e os auxílios indispensáveis ao seu exercício. É importante
ressaltar algo aqui, quando Calvino escreveu suas obras o contexto histórico
que a igreja se encontrava estava muito mais relacionado à relação com a
política eclesiástica do que com as questões da obra do Espírito Santo. Na atualidade,
o cessacionista Richard B. Gaffin também interpreta que “o perfeito” no texto
trata da volta de Cristo, porém ele defende também que Paulo não está tratando
de um possível período para a cessação dos dons e, portanto não se pode
concluir com base na passagem de 1Co 13:8-12 que os dons extraordinários
apresentados pela igreja na época dos Apóstolos continuariam até os nossos
dias.
4.1. Profecia
Diante
da tradição da Reforma, a qual teve como um de seus principais pilares o lema
Sola Scriptura, a simples ideia de que alguém pode se levantar como profeta
para instruir a igreja e essa instrução ser passível de algum erro é de se
esperar que se tenha reações completamente contrárias a tal posição. Para Peter
Jensen, arcebispo da Diocese de Sydney, na Austrália “o cristianismo
contemporâneo tem tido um imenso interesse em, e tem se voltado para, uma
piedade experimental que busca a palavra do Senhor na profecia, na intuição,
nas palavras de conhecimento, na glossolalia e nas “palavras do senhor”[27]. Ele
argumenta que esse movimento constitui uma corrente adicional de revelação que
permite a todos os cristãos receberem mensagens atualizadas de Deus. Já George
W. Knight, III[28], refuta a tese de Grudem aplicando Dt. 18.20-22, ou seja, o
profeta deve ter uma teologia correta e a profecia deve acontecer com 100% de
exatidão”, e usa o exemplo de Ágabo como prova que os profetas
neotestamentários devem ser iguais aos veterotestamentários.
Porém
para L. Berkhof[29] uma das características especiais desse tipo de profecia é
que “elas são frequentemente condicionais”, isto é, o seu cumprimento depende,
em muitos casos, das ações contingentes dos homens. E importante destacar que
Berkhof alerta para o fato de que esse caráter condicional só pode ser
atribuído às profecias que se referem a um futuro próximo e isso,
consequentemente, poderia ser condicionado à livre ação dos contemporâneos dos
profetas. Se aplicarmos o princípio hermenêutico à profecia de Ágabo em At.
21-11 que se cumpre em At. 21:27-28. Para George W. Knight, III, as profecias
de Ágabo se cumpriram plenamente[30], tanto a que se encontra em atos 11.27-28
como a que é feita em relação à prisão de Paulo em atos 21.10 ss.
A
Escritura ensina que “nenhuma profecia jamais provém de particular elucidação;
porque nunca qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens
[santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe
2.20-21). Acredito que esse texto desconstrói completamente o que Grudem expõe
em sua teologia sistemática, quando mostra distinção entra profecia e ensino na
igreja. A respeito da posição de Grudem, George W. Knight III se posiciona da
seguinte forma:
À assertiva de Grudem
de que a referência em Efésios 2.20 e 3.5 deveria ser entendida com o sentido
de “os apóstolos que também são profetas” (The Gift of Profecy,p.105) deve-se
dizer francamente que é um caso de apelação em favor de seu argumento de que a
profecia no Novo testamento continua e é uma classe diferente de revelação.
Paulo distingue claramente “apóstolos” (tous men apostolous/tous
men apóstólóus) de “profetas” (tous de projhtas/ tous de prófêtas)
em outra única referência a eles em Efésios (4.11) como faz em 1 Coríntios
12.28 ( primeiramente [prwton/próton] apóstolos, em segundo lugar [deuteron/deutérón]
profetas) e 12.29 (observe as perguntas separadas e distintas: “são todos
apóstolos? Ou todos profetas?”) e não há razão verdadeira para afirmar,
como faz Grudem, que Paulo não faz distinção entre eles em Efésios 2.20 e 3.5.
Grudem reconhece apropriadamente que Efésios 2.20 indica o caráter fundamental
e não repetitivo dos apóstolos e por isso dá-se conta de que, da sua
perspectiva, a passagem não deve ser entendida como se referindo a profetas do
novo Testamento.[31]
Outro
trabalho importante e minucioso sobre a posição de Grudem foi realizado por
Palmer Robertson em seu livro A Palavra Final. Ele mostra no capítulo 4 que
para sustentar tal posição de que a profecia continua é preciso vincular o
ofício de apóstolo ao de profeta nos textos de Efésios 2.20 e 3.5 algo que não
possui uma base exegética consistente[32].
Comentando
a posição de Grudem de que “os apóstolos que são profetas”, Sinclair B.
Ferguson[33] cita o entendimento de Gaffin[34] de que Efésios 2.20 mostra
claramente uma diferença entre os ofícios de apóstolo e profeta e que se o
apostolado acabou com a morte do último apóstolo também cessou a necessidade de
profetas com o fechamento do Cânon[35].
Diante
do exposto e do que temos visto nas igrejas nos dias atuais, fica evidente que
assim como os apóstolos, como fundamento da igreja cessaram seu ministério após
suas respectivas mortes assim também os profetas como fundamento da igreja
também cessaram, em contraponto à posição de W. Grudem a teologia sistemática
de Franklin Ferreira e Alan Myatt resume:
A profecia na Bíblia
significa principalmente proclamar a Palavra de Deus. A função do profeta era
levar a mensagem de Deus ao povo da aliança. No Antigo testamento, o profeta
recebia a Palavra por revelação e pregava a mensagem ao povo. No Novo
testamento, o significado primário da profecia era a pregação da Palavra de
Deus. Isto à vezes incluía a pregação de uma mensagem revelada diretamente ao
profeta, mas este aspecto revelatório não era o aspecto mais importante. Com a
revelação progressiva das Escrituras, a necessidade do aspecto revelatório foi
diminuindo e, com o fechamento do cânon, a profecia se tornou
basicamente a pregação, ou seja, exposição e proclamação das Escrituras.[36]
4.2. Línguas
Se,
conforme Grudem, a “oração em línguas é expressa em silabas não compreendidas
pelo locutor” e essa oração na igreja deve ser interpretada qual deve ser
o propósito desse dom para os dias de hoje? A essência do falar em línguas nos
primeiros anos da igreja era simplesmente para realizar os propósitos de Deus
na história da salvação, ou seja, para o evangelho chegar até os confins da
terra, era necessário que o povo de deus na nova aliança pudesse compreender a
mensagem dos apóstolos e dos cristãos que começavam a se organizar num ambiente
novo diferente da sinagoga judaica. À medida que a igreja foi se estabelecendo,
esse dom foi desaparecendo. É impressionante que antes do movimento pentecostal
esse tema nunca recebeu atenção por parte dos grandes teólogos da igreja.
Ao
comentar 1 Co 14, João Calvino, indiscutivelmente um dos maiores exegetas da
historia, se quer vislumbra algo que não seja idiomas estrangeiros os que eram
praticados pelos crentes de Coríntio,veja:
Pois
quem fala em outra língua não fala a homens. Agora ele apresenta a razão, com base na experiência
real, porque ele preferia a profecia a outros dons. Ele confronta com o dom de
línguas. É provável que os coríntios estivessem dando injustificada atenção ao
dom de línguas, visto que ele era mais ostensivo, pois o fato é que, quando se
ouve alguém falar em outra língua estrangeira, geralmente os ouvintes são
tomados de admiração[37].
Observe
o raciocínio de Calvino em relação à parte b do versículo 5 que diz:
Exceto
se as interpretar. Porque,
se a interpretação for adicionada teremos profecia. Contudo, não se deve
imaginar que Paulo, aqui, está permitindo que alguém gaste o tempo da Igreja
com um amontoado de palavras estranhas. Pois quão ridícula seria proclamar a
mesma coisa em muitas línguas, quando não há qualquer necessidade de assim
procedermos! Mas às vezes sucede que o uso de uma língua estrangeira é
oportuno[38].
Uma
leitura completa no comentário do capítulo 14 realizado por Calvino deixa claro
que ele acreditava que o contexto e sua exegese confirmavam ser idiomas
estrangeiros que os coríntios falavam. Para Calvino a ênfase de Paulo no
capítulo 14 não era a “oração em línguas” e sim a profecia.
Um
fato desconsiderado por Grudem é que a cidade de Corinto na época de Paulo era
uma cidade cosmopolita como Nova York ou São Paulo nos dias de hoje. Se
atentarmos para esse simples detalhe e que deveria haver um número
relativamente grande de pessoas com idiomas ou dialetos diferentes numa cidade
portuária e pagã como era Corinto fica evidente a preocupação de Paulo com as
meninices exibicionistas daqueles cristãos.
Para
Brian Schwertley as línguas em Atos e em Corinto são sempre idiomas
estrangeiros, e a ideia que Romanos 8:26 trata de uma oração em línguas é
completamente rejeitada. Sobre a questão de romanos 8.26, Sinclair B. Ferguson
diz: “Já argumentamos que o falar em línguas em Atos e 1 Coríntios é mais
naturalmente lido como idiomas estrangeiros. Mas a glossolalia contemporânea
não é normalmente identificada com idiomas estrangeiros”[39]. Para O. Palmer
Robertson “As línguas ilustram drasticamente o caráter universal do
Cristianismo. Deus não mais se limitava a um só povo.[40]
Diante
do exposto, fica difícil comentar as outras situações que Grudem apresenta
sobre o dom de línguas, pois o pressuposto dele e sua exegese atribuem a
validade desse dom para os dias atuais. O que mais impressiona é que a forma
que ele interpreta o capitulo 14 de 1 Corintios é extremamente tendenciosa ao
pentecostalismo. Assim como na igreja de corinto, hoje muitos evangélicos e
católicos carismáticos têm acreditado e até mesmo ensinado a falar em línguas e
isso acabou se tornando uma espécie de marca na espiritualidade desses
cristãos.
Conclusão
A
igreja contemporânea não tem que se amoldar ao pragmatismo e sim a vontade de
Deus revelada nas Escrituras como única regra de Fé e Prática. O grande fato em
questão é que Grudem baseado em experiências que a Igreja tem vivido na
contemporaneidade vai de encontro a princípios hermenêuticos e exegéticos para
fundamentar explicações da existência atual para os dons extraordinários que a
igreja experimentou apenas na era Apostólica. A igreja contemporânea não tem
que se amoldar ao pragmatismo e sim a vontade de Deus revelada nas Escrituras
como única regra de Fé e Prática.
O
ensino que o Dr. Wayne Grudem desenvolve em sua teologia sistemática, contribui
muito mais para o desenvolvimento da doutrina pentecostal que hoje recebeu o
incremento do prefixo neo e que hoje tem produzido crentes que
acreditam poder reivindicar e até mesmo exigir de Deus direitos que
aparentemente foram a eles prometidos. Esse ensino tem adentrado
subliminarmente em igrejas herdeiras da reforma, as quais têm começado a
acreditar que Deus pode realmente estar falando através da profecia de certas
pessoas consideradas mais abençoada.
Jonathan
Edwards, o grande avivalista do século XVIII tem uma palavra oportuna para a
conclusão do presente artigo. Ele diz:
“Não parece haver
nenhuma razão para pensar, como alguns têm pensado, que os dons extraordinários
do Espírito têm de ser restaurados à igreja nos gloriosos e futuros tempos da
sua prosperidade e bem-aventurança dos últimos dias… Vários teólogos tem sido da
opinião que, quando vier a glória da igreja nos últimos dias, da qual é falada
na Palavra de Deus, haverá novamente profetas e homens dotados com os dons de
línguas e de operação de milagres, como foi no tempo dos apóstolos; e alguns
que estão vivendo agora parecem ser da mesma opinião… Se nós precisássemos de
qualquer nova regra para seguir, e se as influências do Espírito, juntamente
com a Palavra de Deus fossem insuficientes, então deveria haver alguma
necessidade para restauração de milagres. Mas não há necessidade qualquer de
novas Escrituras serem dadas, ou de qualquer acréscimos serem feitos àquelas
que nós já temos, pois elas são em si mesmas a perfeita regra para nossa fé e
prática[41].”
Que
Deus nos conceda graça, paciência e diligência para continuarmos esperando pela
volta do Senhor Jesus e que Seu Santo Espírito nos mantenha perseverantes em
nossa vocação para que sejamos achados por Ele em paz, sem mácula e
irrepreensíveis.
___________________
Notas:
[1] Horton. S. M.,
Perlman M, Moody D. L., etc.
[2] Gaffin Jr., R. B,
Ferguson, S. B, Calvino. João,
Stott. J., etc.
[3]
De acordo com Franklin Ferreira são: Pentecostais Clássicos, Pentecostais de
“cura divina”, Pentecostais das “igrejas renovadas”, Neopentecostais. In:
Teologia Sistemática: uma análise Histórica, Bíblica e Apologética. São Paulo,
Vida Nova, 2007, p.852 e 853.
[4]
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo, Vida Nova, 1999.
[5]
Confissão de Fé de Westminster. Comentada por A.A. Hodge. I.1. 2 ed. São Paulo:
Os Puritanos, 1999, p. 49.
[6]
Wright observa que o adepto mais famoso do grupo foi Tertuliano. Todavia, esse
movimento foi condenado com herético por sínodos de bispos na Ásia e outros
lugares, pela falsidade da profecia e pela iminência concedida às mulheres,
Priscila e Maximila, auxiliares de Montano. In: ELWELL, Walter A (ed).
Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. V.II. São Paulo: Vida Nova,
1990, p. 553..
[7]
CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã, p.93
[8]
Ibid., p.93
[9]
FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e
apologética. São Paulo, Vida Nova, 2007, p.852 e 853.
[10]
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo, Vida Nova, 1999, p.859
[11]
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo. Cultura Cristã, 3ª edição,
2009.
[12]GRUDEM,
1999, p.871
[13]
Idem, p.870
[14]
GRUDEM, 1999, p.910
[15]
Ibid, p.910
[16]
Ibid, p.911
[17]
GRUDEM, 1999, p.644
[18]
GRUDEM, 1999, p. 651
[19]
SHWERTLEY, Brian. O Movimento Carismático e as Novas Revelações do Espírito.
São Paulo: Os Puritanos, 2000.
[20]
GRUDEM, W. (org). Cessaram os dons espirituais? São Paulo: Editora Vida, 2003,
p. 38
[21]
ROBERTSON, O. Palmer. A Palavra Final. São Paulo: Os Puritanos, 1999, p.83
[22]
Igreja Presbiteriana do Brasil, Comissão Permanente de Doutrina. Carta
Pastoral, São Paulo, setembro de 1995
[23]
VASCONCELOS, Josafá. Nada se acrescentará. São Paulo: Os Puritanos, 1999, p.
37.
[24]
Idem, 1999, p. 17.
[25]
Confissão de Fé de Westminster. Comentada por A.A. Hodge. I.1. 2 ed. São Paulo:
Os Puritanos, 1999, p. 49.
[26]
CALVINO, João. Comentário de 1 Coríntios. 1ª edição em português, 1996, São
Paulo, Edições Paracletos, p. 402.
[27]
JANSEN, Peter. A Revelação de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 254 e
265.
[28]
KNIGHT III, George W. A profecia no Novo Testamento. São Paulo: Os Puritanos,
1998, p.11-13.
[29]
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã,
3ª edição, 2008.
[30] KNIGHT III, 1998,
p.11-12.
[31] KNIGHT III, 1998,
p. 29
[32]
ROBERTSON, O. Palmer. A Palavra Final. São Paulo: Os Puritanos, 1999, p.124-125
[33]
FERGUSON, S. B. O Espírito Santo. São Paulo, Ed. Os Puritanos, 1999, p.288
[34]
GRUDEM, 2003, p. 44-54
[35]
Ibid, p. 44-54
[36]
FERREIRA, 2007, p.960.
[37] CALVINO, 1996, p.
409.
[38] Ibid, p. 412
[39] FERGUSON, 1999, p.
316.
[40] ROBERTSON, 1999,
p.54.
[41]
EDWARDS, Jonathan, Apud, VASCONCELOS, 1999, p.39-41.
***
Sobre o autor: Sandro Dutra é Diácono, formado em Química pela
UFPB e professor do Ensino Médio da rede particular em João Pessoa e Campina
Grande nos colégios Motiva e Evolução. É membro da Igreja Presbiteriana de Cruz
das Armas, mas atualmente congrega na Igreja Presbiteriana Filadélfia onde é
professor da Escola Bíblica Dominical na classe de adolescentes. Há dois anos
iniciou os estudos em teologia no Seminário Teológico Evangélico
Congregacional- STEC.