sexta-feira, 15 de julho de 2011

AMAPAENSE É PROCURADA PELO CRIME QUE CHOCOU O PARÁ

Joelson Ramos de Sousa -Fonte: G1 
A Gazeta entrevistou, em Macapá, o irmão da vítima. Ele revelou que Joelson conheceu a suspeita no município de Tartarugalzinho quando veio passar férias no Amapá.
A amapaense Savana Nathália Barbosa Cruz – ex-moradora do município de Tartarugalzinho – se tornou, nos últimos dias, a foragida mais procurada do Pará. Ela é a principal suspeita do crime que chocou o Estado vizinho, o brutal assassinato do auxiliar administrativo Joelson Ramos de Sousa, de 32 anos, que foi decapitado e esquartejado na suíte de um motel em Ananindeua – a 20 km da capital paraense, Belém. Segundo as investigações, ela tinha um romance virtual com a vítima.
Fotos da amapaense foram divulgadas, ontem (14), pela equipe da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Pará. Os investigadores chegaram até as imagens depois que um retrato-falado da acusada foi divulgado para a imprensa, na terça-feira (12). O rosto, montado por peritos da DH a partir de depoimentos de testemunhas, provocou uma denúncia anônima, que levou a polícia até em um kitnet, no município de
Santa Isabel do Pará – a 36 km de Belém. O ambiente todo revirado do pequeno quarto dava a impressão  que, quem morava ali havia passado pela última vez e com pressa. Moradores das redondezas disseram à polícia que um casal residia naquele endereço há três meses. A mulher foi a última a ser vista, na manhã de terça-feira, horas antes do retrato-falado ter sido divulgado.
Àquela altura, o crime havia ganhado grande repercussão em todo o Estado e, em razão de ter abalado a comunidade paraense, a população se predispôs a colaborar com as investigações. Enquanto uma perícia era feita no kitnet do casal suspeito, uma moradora da localidade procurou a polícia para mostrar uma foto de Savana Nathália. Na imagem, feita há cerca de três semanas, a amapaense aparece ao lado de um homem, que apesar de sua identidade ainda não ter sido descoberta pela polícia, não o deixa de fora do rol de suspeitos.

PISTAS NA INTERNET
Contudo, foram as informações de familiares de Joelson que levaram a polícia a identificar e colocar a ex-moradora do Amapá como a principal suspeita até aqui. Parentes contaram que nos últimos meses, o auxiliar administrativo dizia namorar uma mulher chamada “Natália”, que não morava em Belém, mas mantinha contato através de redes sociais da internet. E foi justamente em um desses sites de relacionamentos, o Facebook de Joelson, que a polícia encontrou a foto da mesma mulher do kitnet de Santa Isabel. Savana Nathália Barbosa Cruz estava adicionada aos amigos dele há dois anos. Porém, da página virtual não foi possível extrair mais informações sobre a suspeita. Estranhamente – ou logicamente – quase todos os dados sobre o perfil dela foram deletados do Facebook quatro dias antes da data do crime. Além dessas pistas, vários depoimentos de testemunhas apontam que foi com Nathália que Joelson disse que iria encontrar na noite em que ele foi assassinado.

REDES SOCIAIS

Quatro dias antes do crime, na sua página do site de relacionamento Orkut, Joelson redefiniu seu perfil virtual com a frase “nunca houve noite que pudesse impedir o nascer do sol e a esperança”. Ele não sabia que a noite de 10 de julho de 2011 impediria que ele visse o amanhecer novamente. A esperança agora fica por conta da polícia, cuja expectativa é localizar os assassinos a qualquer momento.


Vítima conheceu acusada durante férias no Amapá
A família paterna de Joelson Ramos de Souza mora desde o início da última década no Estado do Amapá. Em Macapá, a reportagem de a Gazeta entrevistou o irmão da vítima, Jorge Damião Sousa Filho. Ele contou que o irmão assassinado foi o único de cinco que não quis morar no Estado amapaense depois da separação de seus pais. “Meu pai veio para o Amapá depois que terminou o casamento. Quando minha mãe morreu, os filhos vieram morar com o papai, menos o Joelson, que preferiu ficar com a família da mamãe em Belém”, explicou Jorge Filho.
Ele revelou que Joelson conheceu Savana Nathália em 2006, quando veio passar férias com a família no Amapá. Foi no município de Tartarugalzinho, onde seu pai sempre morou desde que chegou ao Estado, que ele teve o primeiro contato com ela. “Naquela época, eles não ficaram, mas trocaram informações e depois começaram a se corresponder pela internet”, revelou o irmão da vítima. Ele também disse à reportagem de a Gazeta que Savana Nathália é filha de um pastor evangélico de Tartarugalzinho. Porém, ela nunca demonstrou seguir o comportamento religioso do pai. “O que eu soube através de terceiros, nem sei se isso é verdade, é que ela teria se metido com umas pessoas “desguiadas”. Depois disso veio morar em Macapá, e recentemente, em Santa Isabel”, contou. Sobre o relacionamento de seu irmão com Nathália, Filho disse saber pouco. “O que ele dizia pro papai é que ele vivia um namoro complicado. Ele dizia: ‘de amor eterno, de amor perigoso’”.
Jorge Filho é autônomo. Dono de lanchonete. Casado e com a responsabilidade de tomar conta de seu próprio empreendimento em Macapá, ele acompanha o desenrolar das investigações através do mesmo mundo em que foi gerada a trama que resultou na morte de seu irmão: pela internet. Foi através de sites jornalísticos paraenses que Filho também começou a juntar suas peças e montar um “entendimento” para tanta brutalidade. Segundo ele, no feriadão da Semana Santa, Joelson ligou para o pai e o irmão, revelando que pretendia pedir demissão da faculdade particular onde trabalhava para iniciar um negócio próprio em Macapá, juntamente com Nathália. Para isso, ele teria pedido para que seu pai fizesse um empréstimo no valor de R$ 10 mil. Joelson também pretendia abrir uma lanchonete. “Eu fico me perguntando se foi por causa de dinheiro. Ouvi falar da família, lá em Belém, que ele dava tudo pra essa mulher”, questiona-se Jorge Filho.


Pai da vítima foi a Belém para fazer exame de DNA
Desde que o corpo de Joelson foi encontrado, na tarde de segunda-feira (11), no apartamento 403 da Pousada Colonial, denúncias anônimas e informações de familiares ajudaram a formar peças de um quebra-cabeça que passou a revelar uma trama envolvendo paixão, mentiras e homicídio premeditado e violência extrema, características de um crime que se confundem nos campos do virtual e do real.
A morte de Joelson movimentou a imprensa paraense. O assunto foi manchete em sites e jornais locais. A repercussão do caso despertou grande atenção da sociedade em geral. A cobertura da imprensa é tão intensa, que na madrugada de ontem, a chegada do pai da vítima em Belém, Jorge Damião de Sousa, foi cercado por dezenas de jornalistas.
Já pela manhã, ele foi ao IML (Instituto Médico Legal) para ceder amostras para o exame de DNA, procedimento para identificação oficial da vítima. À imprensa local, Damião declarou que o teste é apenas para confirmar a identidade, já que a família não tem mais dúvida de que se trata de Joelson. “Tenho certeza que é ele, vamos fazer o exame só para confirmar”, lamentou. Damião chegou ao prédio do Centro de Perícias Renato Chaves acompanhado do seu ex-cunhado e tio da vítima, Mariugo Siqueira – que fez a pré-identificação do cadáver através de uma cicatriz em um dos braços. A marca, segundo Jorge Filho, foi provocada por um acidente na infância.
Damião também disse que não conhecia Savana Nathália e nem sabia que ele mantinha um relacionamento com ela. “Não convivia com meu filho há dois anos. Ele tinha mais contato com os tios e a família aqui de Belém”. O resultado do exame deve sair até a próxima terça-feira (19). O pai da vítima também prestou depoimento à Polícia Civil.


Suspeitos podem se refugiar em Macapá, dizem delegados
Na noite de ontem (14), os delegados que estão à frente do caso, Luis Xavier e João Bosco, convocaram uma entrevista coletiva na sede da Divisão de Homicídios, em Belém. Segundo eles, mais de 20 pessoas entre funcionários do motel, familiares, amigos, taxista e mototaxista já foram ouvidos. Os delegados não descartam a hipótese de crime passional, já que pode ter sido motivado por relacionamento amoroso, ou de crime patrimonial, já que a vítima enviava dinheiro à suposta namorada.
“Estamos agindo em parceria com as Polícias Civil de Estados vizinhos e não descartamos hipóteses dos envolvidos estarem em Macapá, ou em algum interior do Pará, só não vamos dizer por onde já passamos para não atrapalhar as investigações”, disse Luiz Xavier.
Os delegados explicaram que além dos depoimentos, analisam imagens de câmeras de segurança, tanto de uma farmácia próxima ao motel onde aconteceu o crime, quanto do circuito de segurança da pousada. 'Estamos tendo um pouco de dificuldades com as do motel porque o vídeo é de baixa qualidade, mas estamos avançando', comentou Bosco.
Sobre as imagens divulgadas da suposta autora do crime, os delegados não descartam a participação de mais de duas pessoas. “As informações são muitas, mas não vamos descartar nada, afinal podem ter participado duas pessoas ou até três, mas não podemos informar mais nada para não prejudicar as investigações”. (com informações do portal ORM)


Os requintes de crueldade de um crime bárbaro
O crime chama atenção pela forma violenta como foi cometido. Joelson foi cruelmente assassinado. No banheiro da suíte, o cadáver foi achado por funcionários do motel. Ele estava ensacado, sem a cabeça e sem as pontas dos dedos. Ficou apenas o tronco, os braços e as pernas. Os membros foram cortados nas juntas. Os trabalhadores do empreendimento contaram que já por volta de 10h de segunda-feira, estranharam a falta de movimentação do cliente que usava o apartamento 403 – já que os outros que haviam chegado na companhia dele já haviam ido embora. A camareira então bateu na porta várias vezes e como não obtinha resposta resolveu abri-la. Dentro do banheiro, ela se deparou com o corpo dividido em três sacos plásticos.
Savana não é a única suspeita. Outras duas pessoas, um homem e uma mulher, teriam sido vistas na companhia da vítima entrando no motel. Segundo o apurado até ontem, a vítima e os três suspeitos solicitaram duas suítes: a 403 e a 406. Após três horas, clientes dos dois quartos passaram a deixar o local de forma dispersa, cada um em um táxi. Por volta de 0h30, já de segunda-feira, foi solicitado um táxi e um homem saiu de um dos quartos. Logo em seguida, às 0h45, mais um carro foi chamado e, dessa vez, uma mulher com uma latinha de cerveja na mão e com um semblante tranquilo deixou o local.

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