Henderik Roelof "Hans" Rookmaaker foi um escritor holandês que se converteu ao cristianismo. Nascido em 27 de fevereiro de 1922, Rookmaaker foi também professor de teoria da arte, história da arte, música, filosofia e religião. Faleceu em 13 de março de 1977.
Em 1948 ele conheceu teólogo cristão Francis Schaeffer e se tornou um membro do L'Abri, na Suíça. Hans e sua esposa Anky abriu uma filial holandesa de L'Abri em 1971.
Após um doutorado em história da arte com uma dissertação sobre Gauguin da Universidade de Amsterdam, ele se tornou o fundador do departamento de história da arte na Universidade Livre de Amsterdã.
Rookmaaker combinou sua carreira acadêmica, com um papel prolífico de abordar a ambigüidade sobre a arte entre os cristãos e ambigüidade sobre a fé entre os artistas. Sua tese principal foi colocado para fora em sua publicação de 1970, intitulada Arte Moderna e A Morte de uma Cultura.
Ao longo de sua carreira, lecionou no Reino Unido, os Estados Unidos e Canadá, bem como na sua Holanda natal.
Dois livros de Rookmaaker foram publicados postumamente: Arte não precisa de justificação em 1978 e The Gift Creative: Ensaios sobre Arte e da Vida Cristã em 1981. Em 2003, Obras Completas de Hans Rookmaaker, editado por sua filha Marleen Hengelaar-Rookmaaker, foram publicados.
Traduzido a partir do original em inglês por Fernando Guarany Jr [Coordenador de Traduções e Membro da L'Abrarte]
A obra de Hans Rookmaaker ainda é relevante hoje.
Muitas opiniões sobre sua obra advêm de um entendimento inadequado em relação à arte moderna no mais amplo esquema da cultura ocidental e/ou de um conhecimento desinformado da história da arte como disciplina acadêmica. Isso tem obscurecido a adequada avaliação das posições de Rookmaaker acerca da arte moderna assim como sua contribuição à reflexão sobre a relação entre a arte e a fé – tão pertinentes nos dias atuais. Outro fator que tem confundido o pensamento acerca de Rookmaaker – do qual tratei em meu último artigo – foi a sua estreita associação com Francis Schaeffer.
Rookmaaker considerava-se tanto um crítico quanto um historiador da arte. Ele sempre manteve em sua carteira o seu cartão de membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA International Association of Art Critics). A AICA foi fundada após a Segunda Guerra Mundial para acompanhar as mudanças na face da arte contemporânea mundial. Até mesmo estimados comentaristas da arte e da fé, como Wilson Yates, o rotularam de “teólogo.” Hans teria se irritado com essa designação. Ele nunca se considerou um teólogo ou filósofo, embora o seu trabalho muitas vezes o levasse às esferas da teologia e filosofia.
Por que Rookmaaker às vezes não é considerado relevante hoje em dia?
Em primeiro lugar, poucos comentaristas recentes (por exemplo, Siedell, Worley) de Rookmaaker mostram evidências de estarem familiarizados com a obra completa de Hans Rookmaaker (The Complete Works of Hans Rookmaaker, 6 Vols, ed. Marleen Rookmaaker-Hengelaar, Carlisle: Piquant, 2003). Esses volumes demonstram o profundo envolvimento que Rookmaaker teve com a arte contemporânea de seu tempo enquanto viajava pelos Países Baixos e, muitas vezes, mais além, analisando a arte contemporânea para as colunas regulares que escrevia no Trouw (um jornal de resistência fundado durante a Segunda Guerra Mundial e que perdura até hoje como um dos principais jornais do país).
Em segundo lugar, leituras superficiais de A Arte Moderna e a Morte de uma Cultura (Modern Art & the Death of a Culture, 1970), fora do cânon das Obras Completas Rookmaaker têm levado a uma má interpretação de grande parte do que ele disse. Ele não era algum tipo de reacionário, mas um crítico e historiador de arte diferenciado, procurando mostrar aos leitores alguns dos caminhos que a arte moderna usou para desconstruir a modernidade ao mesmo tempo em que tentava construir uma resposta cristã a isto – algo que não existia naquela época. Rookmaaker conseguir enxergar o alcance da rejeição do iluminismo por Picasso. Ele também reconheceu que a arte moderna despedaçou o realismo reducionista defendido por grande parte da arte acadêmica do século 19. Nesse sentido, ele foi um grande defensor de Paul Gauguin, sobre quem escreveu sua tese de doutorado – e também possivelmente o primeiro artista “pós-moderno.”
Em terceiro lugar, a ignorância da história recente da disciplina da História da Arte é um outro fator que obscurece a compreensão da relevância de HRR para os dias de hoje. Incrivelmente, poucos historiadores de arte hoje em dia conhecem um dos mais importantes historiadores da arte do século 20, Henri van de Waal (1910-1972), criador do ICONCLASS e Professor de História da Arte na Universidade de Leiden. Seus ilustres amigos íntimos, Aby Warburg e Erwin Panofsky, são bem conhecidos e elogiados.
Van de Waal, que era judeu, criou o maior e melhor sistema para detecção de conteúdos culturais de arte existente na atualidade. Diz-se que ele fez isso para preservar sua sanidade no tempo em que era prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial. Após a Segunda Guerra Mundial, ele lecionou na Universidade de Leiden. Era um homem brilhante; e extremamente envolvente e popular como professor. Logo após a guerra, Van de Waal contratou Hans Rookmaaker para ser seu assistente e braço direito. Nesta fase, Van de Waal estava na vanguarda do desenvolvimento de pesquisa em arte histórica. Rookmaaker estava lá com ele e aprendeu muito com seu estilo envolvente e não doutrinário de ensino e pesquisa. É urgentemente necessário investigar-se profundamente a contribuição de Van de Waal para a história da pesquisa em história da arte antes que a primeira geração de seus alunos se vá.
Quando Rookmaaker visitou pela primeira vez os EUA em 1961 e frequentou a College Art Association (CAA – agora em seu 100º ano), a maioria dos historiadores de arte ficou para trás de sua vanguarda na história da arte. Ao invés de falar sobre estilo na arte, Rookmaaker falava sobre conteúdo artístico. Por fim, esta se tornou a tendência (nos anos 60 e 70) na história da arte dominada pelos pontos de vista de Erwin Panofsky; muito embora Van de Waal tivesse uma maneira mais aberta de tratar a erudição visual, menos ligada a textos literários (apesar de ser qualificado em literatura e em arte).
Por que então Rookmaaker continua relevante nos dias atuais – mais de três décadas após sua morte?
Em primeiro lugar, porque ele é um excelente exemplo de uma pessoa que integrou a sua fé pessoal com a sua profissão. Isso se deu através de um profundo desejo de ser biblicamente fiel e esclarecido no contexto da universidade moderna, assim como no contexto mais amplo de sua própria cultura. Ele também foi um excelente exemplo de um cristão que era, ao mesmo tempo, um intelectual público. A amplitude do engajamento de Rookmaaker abrangia desde suas funções no Conselho Nacional de Cinema da Holanda até publicações sobre o relançamento de gravações de jazz, altamente valorizadas na Europa. Ele frequentemente dizia que a fonte de toda a sua teologia era Jelly Roll Morton! Hans era um comunicador extraordinário – quer estivesse palestrando na Royal Academy of Art em Londres (onde foi preciso encontrar uma sala maior para a multidão que compareceu) ou na Universidade de British Columbia com o presidente do departamento de história da arte.
Em segundo lugar, a relevância de Rookmaaker para a atualidade também se baseia em sua influência sobre muitos historiadores de arte e artistas, bem como educadores (veja Art and the Christian Mind: The Life and Work of H. R. Rookmaaker (Wheaton:Crossway Books, 2005), ‘Legacy,’ pp. 137 – 178). Na sequência do que escrevi em 2005, aprendi que um grande número de outros indivíduos distintos também foram influenciados significativamente por Rookmaaker.
A relevância da Rookmaaker precisa ser julgada na leitura do conjunto completo de sua obra. Caso contrário, é como formar juízo de valor sobre a Bíblia inteira lendo apenas dois ou três livros da Escritura. O título original da biografia que escrevi sobre Hans Rookmaaker era An Open Life (Uma Vida Aberta). Verdadeiramente Hans Rookmaaker viveu uma vida livre, sempre aberto e aprendendo até o fim! Há muito que se aprender com o seu exemplo. O fato de ainda estarmos discutindo Rookmaaker sugere que ele ainda é um pensador relevante no campo da arte e da fé!
FONTE: ULTIMATO
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