sábado, 10 de dezembro de 2011

A FRANCO-MAÇONARIA E A QUEDA DA ÁUSTRIA

Em se tratando da franco-maçonaria - como já fora exposto em outras postagens - não devemos esperar nada além de traições, golpes revolucionários e planos de alçada mundial. Em um plano hílico, seu domínio sobre governos se estende paulatinamente a partir do séc. XIX ou mesmo antes, e um dos países atingidos, em conjunto com o Brasil e os demais países das Américas (vamos repetir: Das Américas) fora a Áustria-Hungria, país que unificava o Império Austríaco e o Reino Húngaro e era o remanescente do Sacro Império Romano Germânico, antes do esfacelamento perpetrado pela maçonaria. 
O monarca Carlos IV da Áustria será deposto de seu trono
por intermédio da maçonaria
Fato é que a conspiração maçônica se dissemina em toda a Europa com mais força a partir da segunda metade do séc. XIX, com o advento da imprensa, que por sua vez mais se torna acessível à maioria das populações devido aos aprimoramentos ocasionados pelas Revoluções Industriais¹. As idéias liberais já eram populares na França desde os prelúdios do mesmo século, quando ocorrera a definitiva separação da Igreja e do Estado. Desta forma, o movimento chega de forma sorrateira na Áustria-Hungria, como uma serpente venenosa que se enrosca do pescoço da vítima e por fim aplicá-lhe o golpe final.

D. Pedro II, outro monarca que perderá
sua coroa por força da Maçonaria.
Como de outras vezes já afirmado, D. Pedro II também fora vítima da franco-maçonaria que, disseminando dentre os militares o ódio à monarquia, constrangendo o Marechal Deodoro (que no final da vida dará sinais de violento arrependimento) à enxotar D. Pedro II e sua família para a Europa, isto no horário noturno para que a população, em seu doce descanso, não percebesse tamanho disparate. Deodoro, inclusive, por sua amizade longínqua com o Imperador que lhe concedeu uma das maiores comendas, não obedeceu a ordem de dirigir-se pessoalmente ao Imperador, de modo que um mensageiro fora enviado: não queria o primeiro uma situação vis-a-vis com o monarca. Quiçá a história não ocorrera desta forma, já que os relatos do período por vezes apontam paradoxos (basta lembrar a quase completa farsa que é o livro "A retirada da laguna" do visconde de Taunay), mas por enquanto acreditemos nesta narrativa.

Mas um motivo especial impeliria a maçonaria à tramar uma grande derrocada ao império supracitado: a religião católica. Era consenso que o Império da Áustria-Hungria permanecera como o último baluarte católico da Europa - nem mesmo a Itália gozava da proeminência do mesmo império - e tanto o é que, sem exagero, corria pelas regiões católicas a máxima de que a Europa Central possuía um segundo pontífice à proteger a Igreja: O imperador Carlos IV.

Para se entender como a religiosidade se fortalecera tanto nesta porção territorial central da Europa, devemos fazer um retrospecto para a vida do Imperador Carlos, percebendo os cuidados impressos em sua educação e o zelo - mesmo diante de tantos óbices - de seus pais pela sua criação. Vários preceptores cuidaram do desenvolvimento intelectual e religioso do pequeno Carlos, na maioria das ocasiões padres ou fiéis católicos tradicionais, como o Conde Jorge Wallis ou o sacerdote Frei Noberto Geggerle, O.P., ou, ainda, o Bispo sufragâneo Dom Gottfried Marschall, algo que influenciou decisivamente na vida do mesmo, dado que o exemplo de seu pai e sua mãe lhe faziam contraponto (o casal vivia infeliz e seu pai não era o melhor exemplo de moral). 

De forma que sua vida era comprovadamente piedosa, acabou de se estender à todo império sua religiosidade. Ele mesmo promovia a construção de novas igrejas, rezava piedosamente os salmos, o Te Deum, Angelus e outras orações, além de possuir uma veneração admirável pela Sagrada Eucaristia e pelos Sagrados Corações de Jesus. Em todas, não somente em algumas, mas em todas as suas grandes decisões enquanto governante e pai de família, Carlos recorria à Adoração ao Sagrado Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo a fim de ser guiado à uma boa escolha para seu povo e sua família. Era, enfim, um exemplo de monarca. 

Alguns Pontífices (S. Pio X e Bento XV) participaram de momentos cruciais da vida do monarca por meio de cartas, presentes² e homilias. O carinho dos papas para com um de seus principais imperadores pode ser aferido por meio deste enxerto relativo ao seu casamento:
O matrimônio foi celebrado por Dom Bisleti, que leu o sermão preparado pelo próprio Papa Pio X para essa ocasião. Tendo recebido em audiência privada há pouco tempo a futura esposa, ele predisse que Carlos seria Imperador e a exortou a alegrar-se "porque via no Servo de Deus a recompensa que o céu outorgava à Áustria por toda a sua fidelidade à Igreja e ao Papa".³
Família Imperial Austríaca, com Carlos IV à direita, o
primogênito Otto ao centro e a Imperatriz Zita à direita.
Sua coroação, talvez, tenha sido a última realiza de acordo com os preceitos católicos. Outros fatos concordam com sua religiosidade, o escopo da maçonaria ao intentar a destruição da prosperidade que a Húngria e a Áustria gozavam naquele momento 4. Por exemplo, alguns dos mais polêmicos eventos de seu governo fora o combate férreo ao duelo (até então comum tal pecado), às imoralidades nos frontes de guerra, e a corrupção e à usura. Ele planejou e colocou em prática o Ministério Social, a primeira previdência social do mundo - algo ocultado e minimamente conhecido.

O Kaisertum Österreich começou a sua jornada de decadência após sucessivas tentativas de golpes promovidos pela maçonaria. O primeiro ministro da Hungria fora assassinado pouco depois da expulsão de Carlos IV. O que sumamente irritava os poucos revolucionários era a resistência até o último suspiro de Carlos e Zita que não teimavam em não abdicar de suas coroas; o que poderia ser motivo de esperança para os povos de ambos os territórios. A justificativa de Carlos era a de que sua coroa fora concedida com o beneplácito de Nosso Senhor Jesus Cristo e era seu dever nunca abdicar da mesma e daqueles que viviam sob sua égide. Disse Carlos IV, quando da oferta dos maçons de volta à coroa sob a condição de aceitar leis liberais sobre o casamento, educação e a livre-atividade da Maçonaria: "Aquilo que recebi das mãos de Deus não posso aceitá-lo das mãos do demônio" 6.

Soldados da Áustria em 1915.
Era desejo do Papa Bento XV que Carlos voltasse ao poder, reerguendo o baluarte religioso católico que era o antigo império, mas em duas tentativas, por temer a morte de inocentes - Carlos era um exímio pacificador e doía-lhe imaginar a morte de civis pela causa da coroa -, o mesmo desiste da retomada, terminando sua vida em uma pobre e deteriorada casa, junto à sua família na Ilha de Madeira, território português que fora determinado como segundo exílio (o primeiro tinha sido a Suíça, situação pior dado o controle de ingleses até por sobre os mantimentos da família).

Mas o que fica de concreto é o domínio amplo exercido pela Maçonaria sobre os governos e sua tentativa inveterada de destruir a unidade católica imperante. Outras organizações como o Clube de Bildemberg ou a Comissão Trilateral, ainda o Clube de Roma ou ONU etc.

Brasão do Império Austro-Húngaro.
Concluamos com duas máximas sobre a maçonaria:
Não é sem razão que Gregório XVI escrevia a respeito da maçonaria: “cloaca em que estão amontoadas e amalgamadas as escórias de quanto há de mais sacrílego, infame e blasfemo nas heresias e nas mais criminosas seitas.” Leão XIII, por sua vez, vai à raiz do mal, denunciando a doutrina do naturalismo, que é o fundamento do ensinamento maçônico, que recusa a Revelação e, portanto, recusa todo o ensinamento da Igreja 7.
________


¹ - Geralmente considera-se a existência de uma única Revolução Industrial, mas muitos especialistas são concordes no fato de que as complexificações implicam dois eventos distintos.

² - S. Pio X deu um terço de ouro à Carlos, de modo que o mesmo fora gasto, tendo sua esposa, Zita de Bourbon, devido à intensidade e a quantidade de rosários que eram rezados, de presentear-lhe com outro.
³ - Cf. BRIZI, Giovanna. A vida religiosa do último imperador da Áustria: estudo dos documentos do Processo. - São Paulo, SP: Gebtsliga, 2011, p. 10.
4 - Em "A Igreja, a reforma e a civilização" (Agir Editora), Pe. Leonel Franca tece vários comentários sobre a Áustria antes da Primeira Guerra Mundial.
5 - Para maiores informações, vide os seguintes links (acessados em 03 dez 2011) em: .
6 - Cf. BRIZI, Giovanna. A vida religiosa do último imperador da Áustria: estudo dos documentos do Processo. - São Paulo, SP: Gebtsliga, 2011, p. 30.
7 - Vide artigo "Estudando a Heresia da Franco-Maçonaria" em: http://www.arautoveritatis.com/2010/12/estudando-heresia-da-francomaconaria.html.

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