A HOLANDA FOI A INSPIRAÇÃO PARA A DECISÃO NORTE-AMERICANA DE COMBATER ATIVAMENTE A HOMOFOBIA NO EXTERIOR.
Um lobby de muitos anos e os bons resultados da abordagem holandesa convenceram os estados unidos a seguir o exemplo.
Boris Dittrich (acima), especialista em minorias sexuais da organização Human Rights Watch, e
Björn van Roozendaal(a direita), da organização de defesa dos direitos dos homossexuais COC Nederland, têm certeza que a Holanda teve um papel na posição dos EUA sobre os direitos dos homossexuais divulgada esta semana. Em particular, a utilização de um kit de ferramentas e instruções para funcionários de embaixadas são medidas pensadas na Holanda.
“Os embaixadores norte-americanos no exterior veem com frequência os embaixadores holandeses apoiarem grupos homossexuais locais e conseguir bons resultados com isso. Por isso a Holanda é frequentemente citada como exemplo nos EUA no combate à discriminação contra homossexuais e transexuais”, comenta Dittrich.
OTIMISMO CAUTELOSO
A nova política dos Estados Unidos foi anunciada esta semana pela ministra de Relações Exteriores, Hillary Clinton. Ela pediu a governos de todo o mundo que protejam os direitos dos homossexuais e transexuais, e para que retirem a homossexualidade da esfera criminal.
Clinton sublinhou que os direitos dos homossexuais são direitos humanos e que a homossexualidade não é uma invenção ocidental, mas uma realidade humana. O governo norte-americano quer acabar com a discriminação contra homossexuais e transexuais através da diplomacia de ajuda ao desenvolvimento.
Dittrich e Van Roozendaal estão felizes por este passo histórico na política de direitos humanos dos Estados Unidos, e cautelosamente otimistas:
“É preciso estar ciente de que o ponto de partida desta política tem que ser os próprios homossexuais. Então é preciso ver com os movimentos homossexuais em cada país qual a melhor maneira de atuar e não entrar como um trator passando por cima de tudo, pois isso seria contraproducente num continente como a África, por exemplo”, diz Björn van Roozendaal, da COC.
“Me preocupo um pouco com o fato de que governos com frequência dizem que a homossexualidade é um conceito ocidental. A Human Rights Watch escuta isso na África, no Caribe, na Ásia, onde a homossexualidade ainda é passível de pena. Por isso os EUA não devem cair na armadilha de quererem estar à frente em toda parte, pois daí surge a imagem de que isso é algo que o Ocidente tenta forçar em outros países’’, alerta Dittrich.
RECOMPENSA X PUNIÇÃO
Outro temor é que os EUA passem a condicionar a ajuda ao desenvolvimento à maneira como um país lida com os direitos dos homossexuais. Dittrich e Roozendaal não acreditam que isso vá acontecer, mas advertem para o risco de uma tal abordagem.
“A consequência de condicionar fundos de ajuda à prova de ‘bom comportamento’ é que o movimento homossexual naquele país pode levar a culpa pelo ‘fechamento da torneira’. Isso seria um enorme paso para trás para organizações de defesa dos direitos dos homossexuais em países islâmicos ou africanos, que junto com outras organizações de direitos humanos começam a conquistar algum espaço”, diz Van Roozendaal.
Não a punição por mau comportamento, mas a recompensa por bom comportamento é a maneira como os EUA podem atingir mudanças, diz Dittrich. Além disso, isso deve acontecer buscando envolvimento com organizações de direitos humanos nos próprios países e não exclusivamente movimentos homossexuais. Ele defende a criação de amplas coalizões e a abordagem da sociedade como um todo para que se conscientize que homossexuais são pessoas comuns, para quem valem os direitos humanos comuns a todos.
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