Sabe que eu até gosto de algumas coisas
que ele diz... Se bem que combinam mais com um ativista político do que com um
representante de Deus! O homem tem muitos fãs e corro o risco de ser escrachado
sem direito a fiança, mas não custa recorrer ao bom senso. Dias depois de
ter transmitido em seu programa a segunda parte da mensagem
que desafiaria seus críticos, o pastor Silas Malafaia escreveu
um artigo no site Verdade Gospel dizendo que ninguém conseguiu
provar que ele está errado ao pregar sobre prosperidade financeira.
Primeiro vamos a algumas peças que vagam nos blogs evangélicos, do próprio
Malafaia e do site Aspecto Gospel:
"Sobre os blogueiros que aceitaram
o desafio ele diz que são invejosos que usam a internet para caluniar e difamar
aqueles que conquistam espaços e ainda os classificou de 'ilustres
desconhecidos'. 'São pessoas frustradas, recalcadas, invejosas, onde o sucesso
dos outros incomoda muito mais do que seu fracasso ou mediocridade', completa o
pastor. Para ele o interesse de quem tentou mostrar que suas pregações
são incoerentes são pessoas sem 'nenhuma notabilidade' que tem como objetivo
'crescer a custa da história dos outros'.
Malafaia ainda usa o espaço para
reafirmar o desafio. 'Continuo desafiando quem vai me contraditar na
palavra de Deus! Se você não acredita em prosperidade é problema seu. Em
síntese, prosperidade é obedecer as leis de Deus'.
Muitos escritores cristãos usam a internet para pregar contra pastores,
que assim como Malafaia, falam de bênçãos materiais em suas pregações e
estimulam a doação de ofertas para alcançá-las. Para tentar provar para essas
pessoas que ele não está errado, o pastor da Assembléia de Deus Vitória
em Cristo desafiou os blogueiros a provarem que há incoerência bíblica
em suas pregações".
“Os desafiei a contraditar na Bíblia, e
até agora não apareceu um, a não ser bravatas, calúnias, argumentações
filosóficas, e pasmem: montagem de vídeos com minhas falas,
se utilizando de parte de mensagem, igualzinho aos ímpios inescrupulosos fazem
quando querem difamar alguém”, disse.
"Quem critica não faz nada. Você conhece
alguma coisa que algum crítico construiu? Crítico é um recalcado que tem
sucesso da obra alheia”, finalizou.
“Filho, instrumento de
satanás para perturbar a fé e a igreja. Te cuida malandro. Te cuida meu chapa,
porque Deus é juiz”.
Primeiro vamos aquela passagem em 1 Pedro 3.15: "Antes santificai a Cristo, como Senhor,
em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e
temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”, que os
próprios pastores o lembraram e a que Malafaia responde - “Primeiro
quem fala isto é um idiota! Desculpe a expressão, mas comigo não tem colher de chá! Por
que quando é membro eu quebro um galho, mas pastor não: é um idiota. Deveria
até mesmo entregar a credencial e voltar a ser membro e aprender. Para começar
não sabe nada de teologia, muito menos de prosperidade. Existe uma confusão e
um radicalismo, e todo radicalismo não presta”.
Novamente os pastores o recordam quanto ao que vem
em 2
Timóteo 2.24,25 onde está
escrito: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para
com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem”.
"O próprio Silas Malafaia, durante muitos
anos, foi um ferrenho oponente da teologia da prosperidade. Há, inclusive,
vídeos no YouTube que apresentam sua verberação contra essa heresia. Mas ele
não entregou a sua credencial de pastor nem voltou a ser membro para aprender.
Pelo que tudo indica, a sua mudança de crítico da aludida heresia para
propagador dela ocorreu por influência do telemilionário Murdock e outros.
O reverendo Caio Fábio concedeu uma entrevista ao
blogueiro Danilo Fernandes, do blog Genizah
Virtual e falou sobre temas que envolvem o presente e o
passado da igreja evangélica brasileira.
Falando sobre Silas Malafaia, o reverendo Caio Fábio afirma que o pastor
líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo é um
“menino” e conta que viu o surgimento e crescimento dele, e também acusa o
pastor de ter recebido dinheiro de Edir Macedo durante um
tempo:
“Silas é ‘H’,
é garganta. Bota o Silas sentado aqui comigo e vê como ele não vira um
garotinho bonitinho, legalzinho, quietinho, educadinho, todo fofinho. Ele tira
essa onda toda lá, aqui comigo, é outra história. O Silas sabe que não aguenta
uma olhada dentro dos meus olhos. E tem mais: me respeita mais do que se sonha
que ele me respeita. Ele sabe que aqui não tem brincadeira de Deus, e ele sabe
de uma outra coisa também: tudo que eu digo a respeito dele tem a ver com a
traição que ele faz ao evangelho, com a venalidade que ele praticou a vida
inteira, vendendo a alma em qualquer direção, e vinha me pedir perdão, como no
tempo que o Macedo pagou a ele durante anos US$ 40 mil por mês. Ele sabe, o
Jabes Alencar sabe, o Macedo sabe, todo mundo sabia”.
Caio Fábio afirma ainda que hoje não se faz
10% do trabalho social que era feito antes do surgimento da Teologia da
Prosperidade: “Quem é que vai fazer obra social quando o negócio da Teologia da
Prosperidade é que cresçam os miseráveis? Porque a Teologia da Prosperidade
vive do paradoxo de que quanto mais miseráveis, ignorantes, deseducados,
analfabetos, carentes, existam no país, melhor para o negócio dela, porque ela
vende magia, feitiço”.
Caio discorre sobre o surgimento da vertente ligada à Teologia da
Prosperidade e remete ao bispo Robert Mcallister, que organizou
cruzadas por todo o Brasil, adaptando a mensagem de prosperidade, pregada nos
Estados Unidos, à cena social e cultural brasileira. E afirma que Edir
Macedo resolveu fundar a Igreja Universal depois de
aprender comMcallister a estratégia de reunir todas as vertentes do
movimento evangélico pentecostal.
(...)
Minha Vez...
Obviamente não sou evangélico e deveria passar longe desse tipo de
discussão, mas, com minha imparcialidade sobre o tema, posso, a luz da palavra
que Malafaia cita, contraditá-lo e ir além: desafio-o a orientar seus
seguidores a permanecerem por um ano inteiro reservando os valores que seriam
remetidos a igreja em uma poupança própria mantendo a mesma convicção da
prosperidade para aferir, ao final do período, como prosperaram realmente.
Malafaia, que disse aos seus seguidores que pagou uma bagatela por seu
jatinho de 12 milhões de dólares, se apega a um trecho onde Paulo
(Saulo de Tarso) prega o princípio da generosidade em 2 Cor 9.1-15.
O PastorAbner
Ferreira nos esclarece algumas coisas nos remetendo ao contexto da
época:
"No governo do imperador romano Cláudio, houve
um período de grande fome, o que motivou Paulo a recolher uma “oferta
especial” aos cristãos necessitados da Judéia. Nesse tempo, os judeus que
moravam em Roma foram expulsos (At 18.2), e uma pobreza assoladora atingiu os
cristãos daquela região. Além da assistência material aos pobres, Paulo
tinha outra bênção em mente. Desejava que essa oferta fortalecesse a unidade da
Igreja pela partilha de recursos dos gentios com
as congregações de judeus do outro lado do mar. Para o apóstolo, os gentios
eram “devedores” dos judeus (Rm 15.25-28). O apóstolo Paulo, ao ser enviado aos
gentios, assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que
efetivamente esforçou-se por cumprir (Gl 2.9,10). Durante suas viagens
missionárias nas províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, Paulo esforçou-se
para levantar uma oferta especial destinada
aos pobres da Judéia (I Co
16.1-4; II Co 8.1-24; II Co 9.1-15). Paulo não só levantou esta oferta entre as
igrejas gentílicas, mas a entregou
com fidelidade (At 24.16-18).
(...)
O apóstolo ensinou à igreja que contribuir é um ato
de graça. Ele usou nove palavras diferentes para referir-se a oferta, mas a que
emprega com mais freqüência é graça. (...)
A alma generosa engordará (Pv 11.25). A graça nos evangelhos
jamais era mencionada como um favor monetário oferecido por Deus em troca da
sua generosidade. Paulo, sabiamente, recorreu ao antigo testamento para
reavivar nos cristãos a sabedoria por traz da gratidão. Em instante algum as
ofertas serviram a igreja, e sim, para os que estavam em miséria profunda! E
mais... para Paulo, era justo que os que tinham pouco (mas eram gentios) dessem
até o que lhes era escasso para os cristãos da Judéia.
“Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de
participarem da assistência aos santos”. Paulo usa, nesse versículo três
palavras magníficas: charis(graça), koinonia (participarem) diakonia (assistência). A
contribuição financeira passou a ser entendida como um ministério cristão.
Digno de nota, é que os macedônios não contribuíram em resposta aos apelos
humanos, mas como resultado da graça de Deus concedida a eles. Não foi
iniciativa de Paulo pedir dinheiro aos macedônios para os pobres da Judéia, foi iniciativa dos macedônios oferecerem dinheiro a
Paulo para assistir os santos da Judéia. Os cristãos macedônios seguiam as
palavras de Jesus: “Mais bem aventurado é dar que receber” (At 20.35).
Infelizmente, por desprezarem o contexto, muitas
igrejas têm se transformado num mercado, o púlpito num balcão, o evangelho num
produto e os crentes em consumidores. Já há quem diga: “pequenas igrejas,
grandes negócios”. Muitas igrejas evangelizam para ganhar dinheiro, em vez de
usarem o dinheiro para evangelizar.
Se fossem os preceitos difundidos por Jesus, em primeiro lugar, a
contribuição deveria ser motivada pelo amor ao próximo. Foi por isso que Paulo disse que poderíamos dar todos
os nossos bens aos pobres, mas se isso não fosse feito [motivado] pelo amor,
não teria nenhum valor (I Co 13.1) (vejam que o próprio Paulo restringe
a oferta ao amor, jamais como moeda de troca por bênçãos). A graça prometida
por Paulo estava mais para a satisfação espiritual (mais próximo do nosso
entendimento) do que um retorno de realizações como erroneamente se crê nos
dias atuais.
Além do mais, prosperitas (prosperitate), é um
termo latino (romano). o judeu queria se referir a algo mais sutil do que a
abundância material. Referia-se, naquele contexto, a um estado virtuoso,
ditoso, feliz (mas de graça espiritual, não financeiro). As escrituras sempre
celebravam algo mais sublime do que o mundano.
Jatos de milhões, carros importados, mansões faustuosas, fazendas, entre
outras posses dos modernos sacerdotes poderiam, há muito, saciar a fome de
milhões, abrigar milhares de famílias e vestir muitos desamparados. Já tratei
neste blog sobre a questão do dízimo e das
ofertas com linhas amparadas pelas próprias escrituras e que
contradizem as atitudes de pastores como Malafaia, Valdemiro, Macedo e
tantos outros que abusam da preguiça humana que nos impede de simplesmente
consultar suas fragmentadas afirmações
em nome de Jesus, o Cristo.
Não faltam testemunhos de pessoas, bem intencionadas, que foram
"abençoadas" por que tiveram a atitude de doar às igrejas, o que
falta (e nunca é mostrado) são as numerosas fileiras de pessoas que acabaram em
desgraça por essa atitude. É fato comprovado que a convicção por uma realização
(ainda que sem uma barganha) é tão possível quanto a permutada nos púlpitos com
doações, ofertas, propósitos, etc.
Malafaia tem um discurso ímpar e debocha da inteligência de seus
seguidores quando afirma que sua fortuna advém da venda de seus muitos livros,
CDs e DVDs. Bom... ele teria de ser mais lido do que a autora deHarry Potter,
mais ouvido do que Michael Jackson e mais assistido do queTwo
and a half men.
Haverá um dia, e isso não é profecia, em que as palavras serão
plenamente compreendidas e esses homens conhecerão as entranhas de sua própria
teologia. Todos construímos nossa própria Torre de Babel.
Nilson Alves de Souza
Nilson Alves de Souza
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