O Oriente está mandando uma mensagem para os EUA.
Será que eles vão escutar?
Matthew Cullinan Hoffman
Notícias do cancelamento do show de Lady
Gaga no início de junho em Jacarta, Indonésia, estão tendo uma repercussão
extremista na mídia americana e internacional, que diz que é uma peça teatral
moral sobre o triunfo do islamismo radical sobre a liberdade artística, e um
triste prenúncio da suposta transição da Indonésia para o fanatismo religioso.
Mas a verdade é que a resposta negativa
aos shows de Gaga hipersexualizados e desrespeitadores dos valores morais não
ficou isolada a extremistas nem à Indonésia. As turnês de shows de Lady Gaga e
outras formas similares de entretenimento que insultam as religiões estão sendo
cada vez mais mal recebidas na região do sudeste asiático e além, e refletem a
crescente indignação com o que é visto como um imperialismo cultural americano
que ameaça com desdém os valores morais dos outros países.
A culpa do vexame que Gaga sofreu em
Jacarta está sendo associada a uma organização conhecida como Frente dos
Defensores Islâmicos (Islamic Defenders Front, FPI), um grupo muçulmano
linha-dura conhecido por seus conflitos com cristãos e pela sua rígida
interpretação do Alcorão. De acordo com o International Crisis Group, uma organização
pacifista cujo veredicto sobre o caso está sendo citado pela Associated Press,
está “claro que não teriam considerado cancelar o show” se o FPI e outros
grupos extremistas não tivessem se mobilizá-lo para impedi-lo.
Contudo, o FPI e grupos afins não estavam
sozinhos na sua oposição ao show de Jacarta. Aliás, o show de Gaga enfrentou
energética oposição de uma dúzia de outras organizações islâmicas, incluindo o
Conselho Indonésio de Ulemás, a maior autoridade muçulmana indonésia, conhecida
pelo temperamento religioso moderado.
Além do mais, a oposição ao show da
cantora não acabou dentro das fronteiras indonésias. De fato, a turnê, chamada
de “Born this Way Ball” (algo como “Já Nasceram Assim”), em referência à
alegação sem fundamento científico de Gaga de que os homossexuais já nasceram
com sua orientação gay, provocou protestos em vários países da região, em
sua maioria por grupos cristãos.
Nas Filipinas, os shows da cantora
provocaram de católicos e protestantes respostas semelhantes às demonstradas pelos
muçulmanos na Indonésia. O arcebispo católico Ramon Arguelles alertou que “seus
fãs estão sob o perigo de caírem nas garras de Satã”, e apoiou um boicote. Um
pastor evangélico que organizou uma grande manifestação de protesto no centro
de Manila, capital das Filipinas, chamou Lady Gaga de “o ícone de uma nova
religião de difamação da nossa fé, de profanação de tudo o que é sagrado e da
enganação dos nossos jovens”.
O show na região de Manila só foi
permitido pelas autoridades do governo depois de emitirem um alerta à cantora
com relação a atitudes que pudessem ser consideradas lascivas ou ofensivas à
moral ou à religião, prometendo agir contra a cantora se ela infringisse as
leis de pudor público. As advertências não foram capazes de aplacar o grupo de centenas
de manifestantes que tentaram fazer uma marcha até o evento, e foram impedidos
pela polícia a um quilômetro de distância do local. Uma resposta parecida
aconteceu na Coréia do Sul, onde centenas de cristãos participaram de protestos
organizados contra o show da Lady Gaga, fazendo com que a entrada no evento
fosse proibida para menores de 18 anos.
Essas manifestações de revolta contra a
hegemonia cultural dos EUA, com sua hostilidade antirreligiosa, não estão
limitados à Ásia; outros países também mostram disposição de lutar contra as
influências corruptoras de “artistas” estrangeiros que atacam a moral pública. Na Rússia, a cantora Madonna foi alertada de que seria multada se
utilizasse seu próximo show em São Petersburgo para promover a agenda
homossexual. Na França, um número cada vez maior de católicos
está protestando contra peças teatrais estrangeiras “cristofóbicas” que
profanam imagens sagradas e insultam as crenças cristãs. Na Turquia liberal, o
Primeiro Ministro Recep Tayyip Erdogan está alertando que o governo irá cortar
ajuda financeira a teatros em resposta à peça chilena chamada The Obscene
Secrets of Every Day (Os Segredos Obscenos do Dia-a-Dia), além de outras obras
ofensivas.
Lady Gaga não deveria se surpreender com
a reação dos cristãos e muçulmanos asiáticos ao seu comportamento bizarro no
palco, o qual ela reconheceu frequentemente que é planejado para gerar
controvérsia, e que serve aos seus interesses econômicos como uma cantora em
busca de publicidade. No entanto, os americanos aparentemente se tornaram tão
saturados e insensibilizados com a rotina de obscenidade de tais “artistas pop”
que já não conseguem mais compreender a reação de pessoas comuns em países que
ainda estão imbuídos de valores de devoção religiosa, noção do sagrado e um
desejo profundo de proteger seus filhos de influências nocivas.
Gerações de pais americanos têm
entregado seus filhos alegremente aos sedutores cuidados de indústrias que
abertamente lucram com a destruição de seus valores morais, vendendo-lhes um
entendimento hedonista e degradado da sexualidade humana, no momento mais
vulnerável do seu desenvolvimento psicossexual. A “corrida cultural dos
EUA para o fundo do poço” é justificada por uma ideologia libertária que
diviniza a liberdade individual à custa da moral pública, um conceito que já é
quase inexistente na jurisprudência americana. O espírito resultante se reflete
em quase todas as manifestações da mídia de massa, de filmes a programas de
televisão, músicas, videogames e internet. Os americanos têm respirado essa
atmosfera venenosa por tanto tempo que se tornaram quase incapazes de
manifestar uma indignação moral, ou de interpretar tal indignação quando ela se
manifesta fora do país.
A verdadeira questão levantada por Lady
Gaga no sudeste asiático não é a do extremismo religioso ou da santidade da
liberdade de expressão, temas comumente utilizados pelos americanos como
desculpas para repudiar a resistência obstinada de pessoas de outros países aos
produtos que os americanos exportam para outras culturais. Isso tudo, na
verdade, representa o declínio espiritual dos EUA. Esse declínio criou um
abismo entre os EUA e os povos que continuam a manter os valores que os
americanos abandonaram, valores que são essenciais para a saúde de qualquer
sociedade.
Traduzido por Luis Gustavo Gentil do
artigo de The Catholic World Report: “Lady Gaga Gets the Indonesian Boot”
Fonte: www.juliosevero.com
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