II Corintios 2:14-17
14 - E graças a Deus, que sempre nos faz
triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do
seu conhecimento.
15 - Porque para Deus somos o bom perfume de
Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.
16 - Para estes certamente cheiro de morte
para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida. E para estas coisas quem
é idôneo?
17 - Porque nós não somos, como muitos,
falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade,
como de Deus na presença de Deus.
Indo direito ao ponto, a pregação moderna é triunfalista e falsa. Triunfalista por estar contaminada e comprometida com o chamado evangelho da prosperidade. Falsa por estar divorciada do puro evangelho, o evangelho da glória de Deus. Da pouca pregação que há nas igrejas, a maior parte é diluída para agradar o paladar dos que não suportam a sã doutrina e poluída com filosofias humanistas, para atender a interesses monetários dos profetas da confissão positiva.
E os tais não são poucos, pois Paulo se referiu aos "tantos
outros" que estavam "mercadejando
a Palavra de Deus". Se em
seus dias era assim, nos nossos a proporção de mascates da fé parece ter aumentado, cumprindo-se o alerta de que viria um "tempo em que não
sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si
doutores conforme as suas próprias concupiscências" (2Tm 4:3). Hoje, a sã doutrina não apenas é
negligenciada, mas acusada de ser causa de divisão na igreja. Por isso rareiam
os que firmam posição ao lado da verdade e pululam os que buscam popularidade e
ganho fácil junto aos que preferem uma mensagem conforme às suas
concupiscências.
Tais pregadores estão “mercadejando
a Palavra de Deus”. Mercadejar
refere-se a vendedores ambulantes, que percorriam ruas e cidades oferecendo
suas mercadorias. Eles não tinham escrúpulos em adulterar seus produtos para
lucrar mais, por isso o termo tanto significa comercializar como falsificar.
Apropriadamente, a ARC os chama de "falsificadores da
palavra de Deus”. O que a Bíblia está
dizendo é que tais pregadores não apenas falsificam a Escritura, mas o fazem de
forma deliberada com o sórdido objetivo de obter lucro para si. São comerciantes da Palavra de
Deus, e comerciantes desonestos.
É o caso quando usam a declaração "graças,
porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo" (2Co 2:14) para afirmar que Deus faz o crente triunfar "sempre" (em todo o tempo, constantemente) e "em todo lugar". Pois não é isso que Paulo está ensinando. Pelo
contrário, ele refere-se ao desfile em triunfo que um general romano fazia ao
retornar vitorioso de uma batalha, trazendo despojos e cativos. Ele desfilava
pela cidade, seguido pelos prisioneiros, enquanto o povo o aclamava e queimava
incenso. Para os prisioneiros que seriam poupados e serviriam como escravos, o
perfume era agradável, pois significava a vida, mas para os que estavam
destinados à execução, era um cheiro de morte. Paulo se incluía entre os
primeiros, colocando-se como um escravo voluntário do Conquistador Jesus.
Assim, mesmo aparentando estar frustrado com os
resultados da sua pregação em Trôade, ele diz "graças sejam dadas a
Deus", pois sendo um escravo
conquistado e poupado da morte por Jesus, reconhecia o Seu direito de o levar
num desfile triunfal por onde quisesse. Mas o triunfo, reitere-se, é de Jesus e
não do escravo, que se contenta em ser "para com Deus o bom perfume de
Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem", pois o Senhor, "por meio de nós,
manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento". E isso se dá pela pregação fiel.
Esse tipo de pregação
fiel apresenta algumas características que a distingue da pregação triunfalista. Começa com o reconhecimento da posição do
pregador como escravo conquistado e conduzido numa procissão triunfal, como
vimos. Ele não prega onde quer ou quando quer, mas onde o seu Senhor o levar. E
reconhece a própria incapacidade de responder à altura de seu chamado, dizendo: "quem,
porém, é suficiente para estas coisas?". Reconhece também que a fonte de sua mensagem não é ele próprio, nem os
engodos dos profetas da prosperidade, pois fala "da parte do próprio
Deus". Sendo a mensagem de Deus,
ele a prega ciente da supervisão divina, prega "na presença de
Deus". E pregando na presença de
Deus, não lhe resta outro modo de pregar que não seja "em sinceridade".
O pregador fiel não tem
dúvidas quanto aos resultados de seu ministério. Sabe que a Palavra não volta vazia, antes cumpre o que Deus
determinou. Nos eleitos, produzirá fé salvadora, como“aroma de vida para vida”. Mas para os réprobos, a mesma
pregação produz mais endurecimento, como um “cheiro de morte para morte”. De uma forma ou de outra, Deus é glorificado e o
pregador regozija-se nisso. Logo, o pregador fiel não se ilude quanto à levar
multidões à fé, nem se aflige se os resultados parecem poucos, pois não se
desespera sabendo que nenhum eleito deixará de ouvir e crer no Senhor. E que os
que não derem crédito à pregação e forem após os vendilhões de um evangelho
corrompido é porque foram entregues à operação do erro, por não aceitarem a
verdade.
Soli Deo Gloria
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