O pedreiro Widemberg de
Araújo Souza, 22 anos, suspeito de espancar o filho de 2 anos, assumiu em
depoimento aos policiais da 32ª DP (Taquara) que bateu na criança. As
informações são do delegado-adjunto Maurício Mendonça de Carvalho, que
participa da investigação do caso. Segundo ele, Widemberg negou que tenha
torturado o menino, mas alegou ter batido nele, na segunda-feira (16), porque a
criança mexeu no gás de cozinha.
O menino foi
levado para o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, às 16h de terça-feira
(17), e morreu logo em seguida. De acordo com o delegado, ele estava com várias
escoriações, hematomas, fratura e arranhões no corpo. Em depoimento, a madrasta alegou que a criança tinha caído
da cama.
Ainda segundo a polícia, a madrasta do menino, Luana
Rodrigues do Nascimento, 23 anos, disse no depoimento que Widemberg não gostava
do filho e as agressões eram constantes. Ela também assumiu que chegou a bater
na criança, mas, segundo ela, eram “palmadas” dadas com o objetivo de educar.
Luana vivia com Widemberg havia dois anos.
“A Luana afirmou que Widemberg sempre batia no menino. Ela
contou que na segunda-feira chegou a casa e encontrou o menino enrolado num
pano, no chão. Ao questionar Widemberg, ele disse que era para deixar o menino
quieto porque estava muito levado. No dia seguinte, ela disse que percebeu que
o menino estava tonto”, disse Mendonça.
À polícia, a madrasta contou ainda que chamou uma ambulância
do Samu e levou o menino para o hospital. O pedreiro, segundo a polícia, disse
que soube do filho quando ainda estava no trabalho. A criança chegou ao hospital com quadro de parada
cardiorespiratória, hematomas atrás da cabeça e no tórax e fratruras.
Casal vai responder por tortura
De acordo com a
polícia, o pai e
a madrasta do menino vão responder por tortura, com resultado de morte, já que
a criança morreu horas após dar entrada no hospital. Se condenados, eles podem
pegar até 21 anos de prisão. O delegado Vilson Almeida da Silva, que registrou
o caso, disse que o crime se agrava por se tratar de menor.
“A criança apresentava graves escoriações, fraturas,
hematomas e com sinais graves de espancamento. A médica que atendeu o menino
desconfiou desde o início devido a várias lesões que a criança apresentava.
Eles foram presos em flagrante. A investigação segue e agora vamos tentar
entender o que levou a agressão”, disse Vilson Almeida.
A criança morava há quatro meses com a família na comunidade
de Rio das Pedras, também na Zona Oeste. De acordo com o delegado, a mãe da
criança mora em Vitória (ES) com outra filha de Widemberg. O menino teria ido
morar com o pai depois que teve catapora, e a mãe alegou que não tinha
condições de cuidar.
Casal nega tortura
Ainda de acordo
com o delegado Vilson Almeida, Widemberg trabalha na construção civil. Luana
Rodrigues do Nascimento, recém-operada, estaria impossibilitada de trabalhar.
Ambos negam que tenham torturado o menino.
“Assim que chegou ao hospital, os médicos logo desconfiaram
devido à quantidade e gravidade das lesões que a criança apresentava”, disse o
delegado, que informou, ainda, que o pai era alvo de piadas dos colegas de
trabalho: “Ele disse que os colegas faziam piada com ele porque ele teve um
filho com uma garota de programa”, completou.
Depoimento de testemunhas
Além do casal de
suspeitos, outras nove pessoas prestaram depoimento, entre elas dois policiais
militares e sete vizinhos. De acordo com o delegado, os vizinhos relataram que
sempre ouviam a criança chorar e barulhos de tapas e objetos quebrando. Eles
contaram, ainda, que os moradores já desconfiavam da violência do casal.
O pai e a madrasta foram levados para a 32ª DP, onde o caso
foi registrado. Segundo os agentes, ele foi transferido para o presídio de
Bangu 3, também na Zona Oeste, e ela foi levada para o presídio Joaquim
Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. A polícia vai pedir exames
complementares ao Instituto Médico Legal (IML) para ajudar nas investigações.
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