Yoram Schweitzer, pesquisador-sênior do
Instituto de Estudos da Segurança Nacional
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Uma bomba magnética é detonada num carro diplomático em Nova Déli. A polícia descobre explosivos na cidade queniana de Mombaça. Cinco turistas israelenses e um motorista de ônibus búlgaro são mortos num atentado na localidade litorânea de Burgas.
Esses são alguns entre cerca de uma dúzia de complôs apontados por algumas
autoridades de inteligência israelenses e americanas como parte de uma contínua
ofensiva do Irã e do Hizbollah contra Israel e seus aliados.
Mas as ligações às vezes parecem tênues, as táticas parecem variáveis e
os alvos parecem espalhados demais.
"Isso não é um 'thriller' de espionagem que o leitor pode
acompanhar de página em página", disse Matthew Levitt, diretor do programa
de contraterrorismo e inteligência do Instituto de Washington para a Política
do Oriente Próximo.
"O Irã e o Hizbollah prosperam com base em uma razoável capacidade
de negar."
Analistas dizem que a guerra às sombras tem mais em comum com as
manobras da CIA e da KGB durante a Guerra Fria do que com o terrorismo da Al
Qaeda.
"Eles querem uma ambiguidade suficiente para que você não possa
cravar que foram eles, a semente da dúvida que dificulta que Israel ou os EUA
reajam", disse Andrew Exum, pesquisador graduado do Centro para
uma Nova Segurança Americana, em Washington.
Após a explosão na Bulgária, o Irã e o Hizbollah negaram seu
envolvimento quase com a mesma rapidez com que Israel apontou o dedo para eles.
Autoridades americanas e búlgaras concordam reservadamente com essa avaliação,
mas não dizem isso abertamente.
A inteligência israelense tem indícios de muitos telefonemas entre o
Líbano e Burgas nos dois meses que antecederam ao atentado, segundo um
funcionário graduado do governo.
"Conhecemos as fontes no
Líbano", mas não a identidade de quem estava do outro lado, na Bulgária,
segundo o funcionário, que não deu mais detalhes. "Eles não deveriam saber
que nós sabemos os números no Líbano."
As autoridades búlgaras ainda não informaram ter identificado o autor do
atentado, que também morreu na explosão, nem seus supostos cúmplices.
Sófia hesita em declarar o Hizbollah como suspeito sem uma prova cabal,
já que a União Europeia nunca qualificou o grupo como uma organização
terrorista.
Aliados europeus mantêm "certo ceticismo de que tenha sido o
Hizbollah como organização e não, por exemplo, o Irã usando indivíduos com
alguma filiação ao Hizbollah", disse um alto funcionário alemão de
segurança.
A investigação em Nova Déli parece mais avançada, mas, lá também, as relações
diplomáticas e comerciais internacionais deixam a Índia num dilema.
O Irã é um importante fornecedor de petróleo para a Índia, que busca
equilibrar as suas relações com o Irã, Israel e os EUA.
A polícia indiana expediu em março mandados de prisão contra três
cidadãos iranianos por causa do atentado em Nova Déli. Mas
autoridades negaram que agentes da Guarda Revolucionária do Irã tenham sido
identificados como responsáveis, conforme noticiou recentemente o jornal
"The Times of India".
Vários dos complôs são feitos com desleixo. Isso dá a alguns
especialistas a impressão de que os atentados foram planejados às pressas,
talvez como uma reação do Irã e do Hizbollah a uma série de ataques contra o
programa nuclear iraniano.
A guerra civil na Síria, que ameaça um governo aliado-chave de Teerã,
pode ser outra motivação.
"Havia uma espécie de desespero para realizar esses ataques",
disse um alto funcionário israelense.
"Mesmo quando eles foram frustrados, havia uma sensação de que eles
haviam feito alguma coisa. Eles precisam mostrar alguns resultados."
O Hizbollah já jurou vingança pelo assassinato, cometido em 2008 por
Israel, de Imad Mughniyah, ex-chefe de segurança do grupo, que foi vítima de um
carro-bomba na Síria. O Irã também responsabiliza Israel pela morte de pelo
menos quatro cientistas nucleares iranianos.
Yoram Schweitzer, pesquisador-sênior do Instituto de Estudos da
Segurança Nacional, disse que os responsáveis pelos recentes complôs querem
envolver Israel em confrontos com seus vizinhos.
"Por essa razão, o melhor para Israel é adotar uma política
moderada e reagir em um momento de sua própria escolha", afirmou ele,
"de forma focada e dissimulada".
O conflito, em outras palavras, pode continuar acontecendo sob as
sombras.
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