Na última
quarta-feira (22), o presidente nacional da Associação Cristã da Nigéria (CAN,
sigla em inglês), pastor Ayo Oritsejafor, afirmou que não há base de diálogo
entre o Governo Federal e a temida seita Boko Haram e repreendeu o Ministro de
Estado das Relações Exteriores, Mohammed Nurudeen, por categorizar a Nigéria
como nação islâmica, de maioria cristã, no mundo.
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O presidente da CAN falou com jornalistas em Akure, capital do Estado de Ondo, após reunião da associação do Conselho Executivo Nacional (NEC) e disse que a única condição de conversa é que Boko Haram pare imediatamente os ataques aos cristãos. O pastor defendeu ainda que seria errado que o governo tentasse qualquer negociação com os extremistas enquanto a morte de inocentes continuasse a acontecer.
Em suas
declarações à imprensa, disse: “O diálogo faz parte da vida, não chegaremos a
lugar algum sem conversarmos. A guerra não pode resolver o problema, por isso
deve existir base para negociações pacíficas. Porém, estou um pouco confuso
sobre o diálogo que está sendo discutido. Antes que possamos falar em diálogo,
tem de haver regras. Pessoas estão morrendo todos os dias, como resultado dos
ataques do Boko Haram; mas o governo federal está optando por diálogo somente,
isso é muito intrigante para mim”, disse.
"Boko
Haram nunca escondeu suas exigências para que a paz reine na Nigéria. Membros
radicais intimaram o presidente cristão Goodluck Jonathan para que renunciasse
ou aceitasse o Islã como sua religião. O grupo se baseia em um fundamentalismo
religioso que não condiz com a Constituição da Nigéria. A questão não é que
alguns são contra o diálogo, mas sim, se houver diálogo com os insurgentes,
Boko Haram deve primeiro suspender suas ações de violência. Desde o início,
todo o conceito está errado”, completou.
O presidente
alertou, no entanto, que esforços devem ser feitos para que ataques do grupo
contra a população cheguem ao fim. Para ele, uma vez que é evidente que os
radicais acreditam e agem baseados em uma ideologia religiosa extrema, há a
necessidade de uma mudança na orientação dos membros do grupo. Isso, segundo
Oritsejafor, poderia ser feito por líderes árabes que estão pregando e
ensinando em várias mesquitas em todo o norte do país.
“Há um problema
causado pela ideologia de alguns pregadores que ensinam ideias contra a unidade
do país. A situação poderia ser amenizada se líderes relevantes ligassem para
os xeques e imames respeitados pelos membros do Boko Haram e lhes pedisse para
falar aos extremistas sobre a importância da paz e do progresso da nação",
argumentou.
Oritsejafor
também sugeriu apoio militar, dizendo que as agências de segurança do país
devem trocar informações sobre ameaças e sugeriu que a formação e treinamento
dos profissionais para que estes possam combater os terroristas no país.
País islâmico
de maioria cristã
Ao citar
depoimentos dos membros da Organização dos Países Islâmicos pela Nigéria, Ayo
Oritsejafor se mostrou preocupado com a afirmação do ministro que considerou a
Nigéria como uma nação islâmica. Segundo o pastor, tal colocação não é correta.
Ele explicou que nunca houve um censo da
população em que muçulmanos e cristãos fossem declarados no país. Oritsejafor
expressou decepção com a afirmação, dizendo que o ministro deve explicar aos
nigerianos a fonte de sua informação.
“Eu não estou
falando contra os muçulmanos, mas esses extremistas estão difamando a religião
muçulmana, então algo deve ser feito, devem ser estabelecidas condições antes
de o governo dialogar com eles”, defendeu.
Atualizações sobre o caso
Segundo a
agência de notícias AngolaPress, na mesma quarta-feira (22), governadores de 19
Estados do Norte da Nigéria instalaram uma Comissão de Reconciliação, Paz e
Segurança, em Abuja, a fim de abrir o diálogo com grupos identificados como
provocadores da violência na região, dentre os quais, o extremista Boko Haram.
O relatório com os resultados da comissão ainda não foi divulgado.
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