FONTE: Rev. Hernandes Dias Lopes
INTRODUÇÃO
É grande, profunda e crônica a decepção com os políticos. Uma onda
de descrédito com os políticos varre a nação. Somos herdeiros de uma cultura
estrativista. Nossos colonizadores vieram para o Brasil com a intenção de tirar
proveito. Rui Barbosa alertou para o perigo das ratazanas que mordiam sem
piedade o erário público, perdendo a capacidade de se envergonhar com isso. A
maioria dos políticos se capitulam a um esquema de corrupção, de vantagens
fáceis, de fisiologismo, nepotismo, enriquecimento ilícito, drenando as
riquezas da nação, assaltando os cofres públicos e deixando um rombo criminoso
nas verbas destinadas a atender às necessidades sociais. As campanhas
milionárias já acenam e pavimentam o caminho da corrupção.
O resultado da corrupção, da má
administração, do ganância insaciável pelo poder é que somos a oitava economia
do mundo, mas temos um povo pobre, com mais de 50 milhões vivendo na pobreza
extrema.
Diante desse quatro, muitos
evangélicos ficam também desencantados com a política e cometem vários erros,
como por exemplo: “Política é pecado”. “Política é coisa do diabo”. “O cristão
não deve participar de política”. “O cristão deve ser apolítico”. “Toda pessoa
que se envolve com política é corrupta”. “Todo crente que se envolve com
política acaba se corrompendo”. “A política é mundana e não serve para os
crentes”. “Não adianta fazer coisa alguma; devemos pregar o evangelho e
aguardar o retorno do Senhor”.
Outros erros são cometidos:
“Irmão sempre vota em irmão”. “Todo crente é um bom político”. “Político
evangélico deve lutar apenas pelas causas evangélicas”. “O púlpito
transforma-se em palanque político”. “A igreja troca voto por favores”.
I. A LEGITIMIDADE DA POLÍTICA À
LUZ DA PALAVRA DE DEUS
1. “Não se deve pôr em dúvida
que o poder civil é uma vocação, não somente santa e legítima diante de Deus,
mas também mui sacrossanta e honrosa entre todas as vocações” – Calvino.
2. Rm 13:1-7 – O poder civil é
ministro de Deus para promover o bem e coibir o mal. Toda autoridade
constituída procede de Deus e deve agir em nome de Deus. Quando ela se desvia
pode e deve ser desobedecida e Deus mesmo a julga por sua exorbitância.
3. Homens de Deus exerceram o
papel político em momentos críticos da história e foram divisores de água:
José, Moisés, Josué, Gideão, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias, Daniel,
Neemias. Esses homens exercem o poder público com lisura, honradez e sabedoria.
4. Aristoteles afirma que o
homem é um ser político. O homem pode ser apartidário, mas nunca apolítico.
Tentar ser apolítico é cair no escapismo.
5. Politicamente podemos
classificar as pessoas em: 1) alienadas; 2) conscientizadas; 3) engajadas.
II. A POLÍTICA NA HISTÓRICA
BÍBLICA
1. No Velho Testamento – Do
Patriarcado à Monarquia. Do Reino Unido ao Reino Dividido.
2. No Novo Testamento – Os
partidos nos dias de Jesus: 1) Fariseus; 2) Saduceus; 3) Herodianos; 4)
Zelotes; 5) Essênios. O ensino social de Jesus (parábola do Samaritano). Jesus
confronta Herodes. A doutrina social de Paulo e Tiago.
3. A igreja e a política na
Idade Antiga – Os imperadores
4. A igreja e a política no
tempo dos Reformadores – A ética social de Calvino
5. A questão da Modernidade e da
Pós Modernidade como favor de corrupção dos valores.
6. A supremacia dos valores da Reforma
em relação aos padrões romanistas – “Do futuro dos povos católicos.”
III. PRINCÍPIOS DE DEUS QUE DEVEM
REGER A POLÍTICA
1. O povo de Deus precisa
ter critérios claros na escolha de seus representantes– Dt 17:14-20
Pessoas apontadas por Deus e não pessoas estranhas.
Pessoas que não se dobrem diante
da sedução do PODER, SEXO, DINHEIRO.
2. O povo de Deus não deve ser omisso, mas lider na questão da
política – Dt 28:13.
A atitude de omissão não
corresponde aos princípios de Deus nem à expectativa de Deus.
O cristão preparado está em
vantagem para governar – Pv 28:5; 26:1
O cristão não pode associar-se
com pessoas inescrupulosas – Sl 94:20; Pv 25:26.
3. O povo de Deus precisa votar em represetantes que amem a justiça
– Pv 31:8,9.
O povo não está trabalhando em
favor do político, mas o político em favor do povo.
O político precisa olhar com
especial atenção para os pobres e necessitados, ou seja, precisa ter um
política social humana e justa.
IV. O PERFIL DE UM POLÍTICO SEGUNDO
OS PRINCÍPIOS DE DEUS
1. Vocação – John Mackay diz a distribuição de vocações é mais importante do que
a distribuição de riquezas. Calvino entendia que o poder civil é uma
sacrossanta vocação. Há pessoas dotadas e vocacionadas para o poder público. Uma
pessoa não está credenciada para ser um bom candidato apenas por ser
evangélica. Exemplo: José do Egito – Sempre foi líder em casa, na casa de
Potifar, na prisão, no trono.
2. Preparo intelectual – O lider político precisa ser uma pessoa preparada. Ele precisa ter
independência para pensar, decidir e lutar pelas causas justas. Ele não pode
comer na mão dos outros. Ele não pode ser um refém nas mãos dos espertos.
Exemplo: Moisés – Moisés se preparou 80 anos para servir 40. Ele aprendeu a ser
alguém nas Univerdades do Egito. Ele aprendeu a ser ninguém nos Desertos da
Vida. Ele aprendeu que Deus é Todo-Poderoso na liderança do povo.
3. Caráter incorruptível – A maioria dos políticos sucumbem diante do suborno, da corrupção e
vendem suas consciências. Há muitos políticos que são ratazanas, sanguessuga.
Há muitos políticos que são lobos que devoram o pobre. Há muitos políticos que
decretam leis injustas. O político precisa ser honesto e irrepreeensível.
Exemplo: Daniel – Ele era sábio. Ele era lider. Ele era incorrupto. Ele era
piedoso. Ele não era vingativo. Um exemplo oposto é ABSALÃO. Ele era demagogo e
capcioso. Ele furtava o coração das pessoas com falsas promessas.
4. Coragem para se envolver com os problemas mais graves que
atingem o povo – O
político não pode ser uma pessoa covarde e medrosa. Ele precisa ser ousado.
Neemias é o grande exemplo: 1) Ele ousou fazer perguntas; 2) Ele se viu como
resposta de Deus resolver os problemas do seu povo; 3) Ele agiu com prudência e
discernimento; 4) Ele mobilizou o povo para engajar-se no trabalho com grande
tato; 5) Ele enfrentou os inimigos com prudência. Exemplo: Winston Churchil.
5. Visão – O
político precisa ser um homem/mulher de visão. Ele precisa enxergar por sobre
os ombros dos gigantes. Ele vê o que ninguém está vendo. Ele tem a visão do
passado, do presente e do futuro. Ele antecipa soluções. Exemplo: José do
Egito, Calvino. Veja Pv 11:14. Ester esteve disposta a morrer pela causa do seu
povo.
6. Tino Administrativo – Há políticos que são talhados para o executivo e outros para o
legislativo. Colocar uma pessoa que não tem capacidade gerencial para governar
é um desastre. Exemplo: Neemias – ele revelou capacidade de mobilizar pessoas,
resolver problemas, encorajar, e colocar as pessoas certas nos lugares certos
para alcançar os melhores resultados.
7. Capacidade de contornar problemas aparentemente insolúveis – O líder é alguém que vislumbra saídas para problemas aparentemente
insolúveis. Exemplo: Davi – 1) Ele viu a vitória sobre Golias quando todos só
olhavam para derrota; 2) Ele ajuntou 600 homens amargurados de espírito e
endividados e fez deles uma tropa de elite; 3) Ele reanima-se no meio do caos e
busca força para reverter situações perdidas – 1 Samuel 30:6.
8. Não temer denunciar os erros dos poderosos – Samuel denunciou os pecados de Saul (1 Sm 15:10-19). Natã não se
intimidou de denunciar o pecado de Davi. João Batista denunciou Herodes.
CONCLUSÃO
1) Como votar? Devemos escolher um candidato pela sua vocação,
preparo, caráter, compromisso com o povo e propostas: Há coisas básicas: saúde,
educação, emprego, segurança, moradia, progresso. Se temos pessoas evangélicas
com esse perfil, demos a elas prioridade em nosso voto. Mas seria
irresponsabilidade votar numa pessoa apenas por ser evangélica se ela não tem
essas credenciais.
2) Como fiscalizar? A igreja é a
consciência do Estado. Ela exerce voz profética. Ela precisa votar e acompanhar
e cobrar dos seus representantes posturas dignas, sobretudo nos assuntos de
ordem moral e social: casamentos gays, aborto, etc.
3) Como encorajar? A Bíblia nos
ensina a interceder, honrar e obedecer as autoridades constituídas.
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