Tammy Baldwin
Por Gunter Zibell - SP
Do New York Times, publicado no UOL
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Após anos buscando atenção e reconhecimento por parte dos partidos políticos do país, gays e lésbicas foram lançados à frente da Convenção Democrata, em Charlotte (EUA), e ocuparam um espaço proeminente no palco, nos discursos, na plataforma e nas festas que ocorrem depois da programação.
Após anos buscando atenção e reconhecimento por parte dos partidos políticos do país, gays e lésbicas foram lançados à frente da Convenção Democrata, em Charlotte (EUA), e ocuparam um espaço proeminente no palco, nos discursos, na plataforma e nas festas que ocorrem depois da programação.
A mudança surpreendeu até os líderes
homossexuais, que há apenas quatro anos tiveram frustrada sua tentativa em
fazer com que o casamento de mesmo sexo fosse mencionado no horário nobre.
Muitos passaram os dois primeiros anos da presidência de Barack Obama
criticando o presidente por não cumprir a promessa de campanha de eliminar a
proibição de homossexuais declarados nas forças armadas.
“Certamente, nunca participei de uma
convenção na qual a visibilidade fosse tão significativa quanto nesta”, disse o
deputada Tammy Baldwin, democrata homossexual de Wisconsin que está concorrendo para o
Senado. “Há um incrível progresso a ser celebrado.”
Eric Marcus, autor que escreveu
extensivamente sobre a história do movimento gay, disse: “Eu costumava achar
que eu era audacioso em ser tão declarado quanto sou, mas agora sinto que os
heterossexuais que nos apoiam avançaram muito além de mim em seu entusiasmo e
em sua abertura. De fato, estão vestindo a camisa em defesa dos homossexuais
como uma marca de honra. Que mundo transformado em relação à minha juventude!”.
Um dos primeiros atos dos democratas foi
adotar uma plataforma de partido que, pela primeira vez, endossou o casamento
de mesmo sexo. Os direitos dos homossexuais –seja o casamento, a suspensão da
proibição de gays nas forças armadas ou as medidas contra a discriminação-
foram mencionados em quase todos os discursos, inclusive no de Michelle Obama.
Algumas vezes, a questão foi levantada
pontualmente, como quando Rahm Emanuel, prefeito de Chicago e o primeiro chefe
da casa civil do presidente, falou sobre
o sucesso de Obama em acabar com a proibição dos gays nas forças armadas.
Jared Polis
Mas o
assunto também foi citado corriqueiramente, como quando o congressista do
Colorado subiu ao palco: “Meu nome é Jared Polis”, disse ele. “Meus tataravós
eram imigrantes. Eu sou judeu. Eu sou gay.”
A melhora de status dos gays se estendeu
para além do centro de convenção. Não era incomum ver casais do mesmo sexo
andando de mãos dadas em Tyron Street, no coração de Uptown. As festas
patrocinadas por grupos de gays e lésbicas se tornaram tão desejadas quanto as
patrocinadas pelo Google e pela delegação de Illinois.
“Não é possível lançar um dado no ar sem
atingir algum gay em Charlotte nesta semana”, disse Craig McCartney, 54,
patrocinador democrata de Dallas.
Há 12 anos, ele participou da Convenção
Democrata em Los Angeles, onde considerou a presença de gays reduzida.
“A diferença agora é que não apenas
estamos mais fora do armário, mas estamos mais fora do armário politicamente”,
disse ele.
Em um festival de rua nesta semana, as
filas para comprar camisetas da campanha de direitos humanos era tão longa que
membros da equipe montaram um jogo de celebração (uma espécie de roleta) para
entreter os clientes que aguardavam. (Os manifestantes diante do centro de
convenções na quarta-feira (5) se concentraram mormente em condenar os
elementos da plataforma relativos ao aborto, não aos direitos dos gays.)
O contraste com a Convenção Republicana
na semana passada na Flórida foi impressionante. Em Tampa, não havia pessoas
abertamente gays falando no palco e havia um mínimo de discussão de questões
gays, apesar de haver pequenos contingentes de representantes e celebridades
homossexuais em seções mais obscuras do evento. Isso dito, os representantes
gays observaram que, diferentemente de convenções anteriores, não havia um coro
de ataques aos direitos homossexuais por parte das pessoas no palco.
Diferentemente de outros grupos de
eleitores, os homossexuais podem dizer clara e tranquilamente que suas questões
serão mais bem cuidadas sob a presidência de Obama. Os democratas, contudo,
estavam um pouco temerosos que o partido transmitisse uma sensação de estar
celebrando os gays –e assim alienasse os eleitores que pudessem se sentir
desconfortáveis com o homossexualismo e suas questões.
“É de fato uma questão de equilíbrio”,
disse Glen Read, que doou fundos para a campanha de Obama e é designer de
têxteis. “Se você alardear demais, pode prejudicá-lo em relação às pessoas um
pouco mais conservadoras.”
Ainda assim, para os ativistas
homossexuais que até agora sentiam que seu principal papel na política era o de
assinar cheques, este foi um momento digno de nota.
Michelle Obama foi a principal
palestrante de um almoço de políticos gays eleitos, patrocinado por grupos de
direitos dos homossexuais na quarta-feira. Os convidados com lenços das cores
dos arco-íris e broches com os dizeres “GLT por Obama” aplaudiram-na de pé.
E na quarta-feira à noite, o deputado
Barney Frank, democrata de Massachusetts, que se casou com seu parceiro no
verão, fez um dos discursos principais.
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