Depois
de cumprir 27 anos de prisão e ter deixado a penitenciária em Tremembé, entre
Taubaté e Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba (SP), há 35 dias, o ex-policial
militar da PM de São Paulo, Florisvaldo de Oliveira, 53, conhecido como Cabo
Bruno, foi morto a tiros, na noite do dia 26. Ele se dirigia à Chácara Galega,
em Pindamonhangaba, onde morava, quando voltava de um culto em Aparecida, com a
esposa e o genro.
Natural do interior de São Paulo, região de Catanduva, Cabo Bruno
era acusado da morte de ao menos 50 pessoas e de liderar um grupo de extermínio
na Zona Sul de São Paulo a pedido de comerciantes, vítimas de marginais. Tudo
ocorreu na década de 1980.
Sua conversão a Cristo foi testificada pelo missionário norte-americano,
David Harisson, então diretor do ICI em Campinas, atualmente jubilado e morando
nos Estados Unidos. Harisson deu testemunho da conversão de Cabo Bruno e até
ficou perplexo com o que ouviu em vista à penitenciária em Tremembé.
Ameaça
Ao
ser ‘despistado’ pela PM de São Paulo, que o transferiu da capital para o
interior, como forma de despistar os fatos de suas mortes, quando trabalhava na
Rota, ele chegou a manifestar o desejo de agredir-me. Eu estava cobrindo
noticiário em uma reunião na Câmara de Vereadores em Catanduva (SP). Havia
certo tumulto e ele estava lá com um grupo de policiais, para oferecer segurança.
Sua presença passava despercebida na época, mas, sem que eu também percebesse,
ele ficou inquieto comigo, como jornalista e, principalmente, porque eu
carregava uma máquina fotográfica.
Nada
ocorreu e eu nem mesmo percebi o risco que corria por estar próximo de
um homem ‘transformado pela farda’. Só fiquei sabendo depois, quando meu irmão
Gerô, na época também militar (ele seguiu a carreira eclesiástica, pediu baixa
da PM e preside um centro de recuperação de dependentes químicos), disse-me que
o colega policial, havia relatado a ele o desejo que sentiu de agredir-me, mas,
que, não o fez por saber que se tratava de seu irmão.
Mais ou menos na mesma época, comprei um Maverick preto que, por suas
características diziam ser o carro do Cabo Bruno. Falavam isto para mexer
comigo, justamente por saber que eu era jornalista, uma vez que o Maverick
preto de Cabo Bruno causava terror em São Paulo. Foi outro risco, que nem mesmo
passou pela minha mente, na época.
“O
Cabo Bruno morreu, hoje só existe o Florisvaldo”
Esta declaração é
do seu advogado, Fábio Ferreira Jorge. Segundo Fábio, ele já havia adquirido o
“direito à liberdade desde 2009 porque teve um comportamento exemplar além de
trabalhar no presídio. Estou satisfeito com a decisão. O Cabo Bruno morreu.
Hoje ele é outra pessoa. Hoje, só existe o Florisvaldo”, dizia o advogado.
Durante sua prisão Cabo Bruno converteu-se e tornou-se um cristão
zeloso. Meu irmão, pastor Gerolino Mesquita sempre lhe envia cartas anunciando
a liberdade em Cristo. Em uma das respostas, Florisvaldo desenhou uma cadeia
quebrada (correntes presas aos pulsos, mas rompidas), como símbolo de sua
conversão.
Bruno
que não acreditava na recuperação de marginais e por isso os executava, acabou
à margem da lei e na mesma condição, porém, foi transformado pelos Céus e, a
partir de então, passou a pregar aos demais
presos (e não se tornou pastor, como jornalistas preconceituosos e ignorantes
anunciam, sob ranço).
Como estava em regime de proteção – como ex-policial militar e matador
sofria ameaças no presídio –, permanecia preso, sem sair de uma cela, provida
somente de uma pequena abertura para entrada de alimentos. Porém, contou-me
pastor Harisson, Cabo Bruno deitava-se ao chão, colocava a Bíblia à sua frente
e anunciava Cristo a toda força de sua voz e por horas. Ele aproveitava-se
somente da pequena fresta sob a porta, praticamente com a boca no pó,
parafraseando a parábola bíblica, para indicar humilhação e submissão diante do
Criador, conforme Lamentações 3.29.
Conversão
testemunhada
Pastor Harisson disse que já havia visitado muitos presídios nos Estados
Unidos, mas que nunca ouvira falar de tal coisa. O carcereiro em Tremembé,
homem experimentado quanto à sensibilidade humana em casos de demonstração
sentimental de presos, falou-lhe da realidade e transformação de Cabo Bruno.
Segundo ele – contou-me pastor Harisson – ali estavam os mais nocivos e
insensíveis homens, por suas características criminosas, mas que choravam como
crianças quando ouviam Cabo Bruno pregar, pela pequena fresta da porta de sua
cela, com a boca quase ao solo.
Florisvaldo não se safou da Lei da Ceifa – “Não erreis: Deus não se
deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”, Gl
6.7– mas, seguramente, foi redimido pelos Céus e ganhou a liberdade plena, em
Cristo.
Foto: ( ESTADÃO )
Ele não morreu, mas deixou a efêmera existência humana para a Vida
(eterna).
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