segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O BATISMO por Bispo J. C. Ryle


Quinto capítulo do livro: “Nós Desatados
Escrito por John Charles Ryle
1º Bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool

Talvez não haja assunto mais controverso no cristianismo quanto o que concerne ao sacramento no batismo. O próprio nome nos traz à mente uma lista interminável de lutas, disputas, controvérsias e divisões.

Esse é um assunto no qual até mesmo os cristãos mais eminentes têm se dividido. Homens santos que conseguiram chegar a um acordo sobre todos os outros pontos, encontram-se divididos de forma irremediável no que concerne ao batismo. A queda do homem afetou a compreensão, bem como a vontade. A natureza humana é de fato caída, milhares concordam sobre o pecado, Cristo e a Graça, mas sobre o batismo se encontram em pólos opostos.

Nas páginas que se seguem, disponho-me a oferecer algumas observações sobre essa controvertida disputa. Não sou suficientemente vaidoso para supor que eu possa lançar alguma luz sobre uma polêmica que tantos grandes homens têm tratado em vão, mas sei que cada testemunha adicional é útil em um caso de disputa. Daqueles com os quais concordo, quero fortalecer as mãos dos mesmos e mostrá-los que não temos que nos envergonharmos de nossas opiniões.  Para aqueles dos quais discordo, quero sugerir algumas coisas para consideração e mostrar-lhe que o argumento bíblico nesta matéria não é, como alguns supõem, apenas favorável a eles.

Há quatro pontos aos quais me proponho a examinar.

I. O que é o batismo - A natureza do mesmo
II.  De qual forma o batismo deve ser administrado - O modo
III. Quem deve ser batizado
IV.  Qual o Lugar que o batismo deve ocupar na religião - A verdadeira posição dele

Se eu puder fornecer uma resposta satisfatória à essas quatro perguntas, eu sinto que terei ajudado, de alguma forma, a clarear algumas mentes

I. Primeiramente, vamos considerar A natureza do batismo – O que é?

(1) O batismo é uma ordenança do nosso Senhor Jesus para a admissão continua de novos membros em sua igreja visível. No Exército, cada novo soldado é formalmente adicionado à matricula do seu regimento. Em uma escola, cada novo estudante é formalmente inscrito nos livros da escola. E todo cristão começa sua vida como membro da igreja, sendo batizado.

(2) O batismo é uma ordenança de grande simplicidade. A parte visível é a água administrada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo ou em nome de Cristo. A parte invisível, interior e significativa, é a lavagem no sangue de Cristo e a purificação interior do coração pelo Espírito Santo, sem a qual ninguém pode ser salvo. O 27º Artigo da Igreja da Inglaterra diz com razão que: “O batismo não só é um sinal de profissão e marca de diferença, com que se distinguem os cristãos dos que não o são, mas também um sinal de regeneração ou novo nascimento”.

(3) O batismo é uma ordenança em que, quando é devidamente empregado, podemos esperar com confiança as mais altas bênçãos. Não é razoável supor que Cristo, o Cabeça da Igreja, nomearia solenemente uma ordenança que seria inútil para a alma tal como um mero registro civil ou inscrição humana. O sacramento que estamos considerando aqui não é uma mera ordenança produzida por homens, mas sim uma ordenança do Rei dos Reis. Quando a fé e a oração acompanham o batismo e se segue um uso diligente dos meios bíblicos, nós somos justificados na busca das muitas bênçãos espirituais. Sem fé e oração, o batismo se torna um mero rito.

(4) O batismo é uma ordenança que é ensinada, expressamente, cerca de 80 vezes no Novo Testamento. As quase últimas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo foram um comando para batizar: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mt 28:19). No dia de Pentecostes, encontramos Pedro dizendo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2:38) e questionando na casa de Cornélio : “Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” (At 10:47). Encontramos S. Paulo não só se batizando, mas batizando discípulos por onde quer que fosse. Dizer, como fazem alguns, que o batismo é uma ordenança sem importância é derramar desprezo sobre a Bíblia. Para dizer, como outros fazem, que o batismo é somente uma coisa do coração,  e não uma ordenação visível, é dizer algo que parece claramente contraditório à Bíblia.

(5) O batismo é uma ordenança que, segundo as Escrituras, um homem pode receber e ainda assim não obter nada de bom dele. Têm-se dúvidas disso? Porventura não foram Judas, Simão o Mago, Ananias e Safira, Demas, Himeneu, Fileto e Nicolas, todos eles batizados? Então, qual benefício eles receberam do batismo? De forma clara, sabemos que nenhum benefício eles receberam! Seus corações “não eram retos diante de Deus” (At 8:21). Eles permaneceram “mortos em delitos e pecados” e estavam “mortos enquanto viviam” (Ef 2:1; I Tm 6).

(6) O batismo é uma ordenança da Era apostólica que nasce juntamente com a religião de um homem [Cristo]. No mesmo dia em que muitos dos primeiros cristãos se arrependeram e creram, no mesmo dia foram batizados. O Batismo foi a expressão de fé dos recém-nascidos e o ponto de partida para o Cristianismo. Não me admira então que fosse considerado o veículo de todas as bênçãos espirituais. As expressões das Escrituras: “sepultados com Ele pelo batismo” - “Batizados em Cristo” estariam cheias de profundo significado para estas pessoas (Rm 6:4; Cl 2:12; Gl 3:27; I Pe 3:21). Tais expressões coincidem exatamente com a experiência delas. Mas aplicar tais expressões indiscriminadamente para o batismo de infantes nos nossos dias é, em minha opinião, irracional e injusta. É uma aplicação da Escritura que, creio eu, nunca foi intencional.

(7) O batismo é uma ordenança que um homem pode nunca receber e ainda assim ser um verdadeiro cristão e ser salvo. O caso do ladrão arrependido é suficiente para provar isso. Aqui estava um homem que se arrependeu, creu, foi convertido e deu provas de verdadeira graça, se alguém assim já fez. Não sabemos de outro alguém que tenha sido abordado por tal maravilhosa frase: “Te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23:43). Não há a menor prova de que esse homem tenha sido batizado! Sem o batismo e a ceia do Senhor, ele recebeu as maiores bênçãos espirituais enquanto vivia e foi com Cristo ao Paraíso ao morrer! Afirmar, em face do caso, que o batismo é absolutamente necessário para a salvação é algo monstruoso. Dizer que o batismo é o único meio de regeneração e que todos os que morrem sem batismo estão perdidos para sempre é dizer o que não pode ser provado pela Escritura e é revoltante para o senso comum.

Por aqui, encerro essa parte do assunto. Recomendo as setes proposições que tenho feito para a séria atenção de todos aqueles que desejam obter uma visão clara sobre o batismo. Ao considerar os dois sacramentos da religião cristã, eu asseguro ser de fundamental importância que nos afastemos da imprecisão e mistério com os quais muitos os cercam. Acima de tudo, tomemos cuidado para que não acreditemos em nem mais e nem menos do que podemos provar por simples textos das Escrituras.

Há um batismo que é absolutamente necessário para a salvação e isso vai além de qualquer dúvida. Há um batismo sem o qual ninguém, seja jovem ou velho, tem ido para o céu. Mas que batismo é esse? Não é o batismo nas águas, mas sim o interior, aquele que o Espírito Santo realiza no coração. Não é um batismo que pode ser oferecido por qualquer homem, clérigos ou leigos. Esse batismo é privilégio especial do Senhor Jesus Cristo que concede o mesmo a todos os seus membros místicos. Não é um batismo visível, mas uma operação invisível na natureza interior. “Batismo” - diz S. Pedro - “Nos salva”. Mas qual o batismo do qual ele fala e qual seu significado? Não é a lavagem com água, “não o despojar da imundícia de nossa carne” (I Pe 3:21). é por um Espírito que somos todos batizados em um só corpo (I Co 12:13). Esta é a peculiar prerrogativa do Senhor Jesus para dar esse batismo interior e espiritual. “Ele é” - disse João Batista -  “quem batiza com o Espírito Santo” (Jo 1:33)

Tomemos cuidado para que possamos compreender esse batismo salvífico, o batismo no Espírito Santo. Sem esse entendimento, o que você sabe acerca do batismo em águas é de pouca significância. Nenhum homem, seja da Alta ou Baixa Igreja[1], batistas ou episcopais, nenhum homem jamais foi salvo sem que houvesse o batismo no Espírito Santo. Pesada e verdadeira é a palavra do Professor Régio de Teológica de Cambridge, no Reinado de Edward VI[2]: “Pelo batismo de águas somos recebidos na igreja visível de Deus, pelo batismo no Espírito Santo somos recebidos na invisível” (Bucer[3] em Jo 1:33)

II. Vamos considerar o modo de batismo. De que forma deve ele ser administrado?

Esse é um ponto no qual existe uma grande variedade de opiniões. Alguns cristãos acreditam que a imersão total em água se faz necessária e essencial para que um batismo seja válido. Eles sustentam que nenhuma pessoa é de fato batizada se não foi totalmente “imersa” e coberta pela água. Outros, pelo contrário, mantêm a igual decisão de que a imersão não se faz necessária em tudo, mas que a aspersão ou derramamento de uma pequena quantidade de água sobre a pessoa batizada cumpre todos os requisitos de Cristo.

Minha opinião pessoal é distinta e clara, isto é, as Escrituras deixam esse ponto em aberto. Não consigo encontrar nada na Bíblia para justificar a afirmação de que mergulhar, derramar ou aspergir seja essencial para o batismo. Eu acredito que seria impossível provar que qualquer uma dessas formas de batizar fosse a única correta e verdadeira ou completamente errada. Enquanto a água é usada em nome da Trindade, a forma de administrar a ordenança é deixada em aberto.

Esta é a visão adotada pela Igreja da Inglaterra. O Serviço Batismal[4] expressamente sanciona “mergulhados” em um de seus termos.[5] Dizer, como muitos dos batistas fazem, que a Igreja da Inglaterra se opõe ao batismo por imersão é uma prova melancólica da ignorância em que vivem muitos dissidentes. Milhares, eu tenho medo, buscam encontrar falhas no Livro de Oração Comum[6] sem jamais ter analisado o conteúdo do mesmo! Se alguém deseja ser batizado por “imersão” na Igreja da Inglaterra, que entenda que o pároco está tão pronto para imergi-lo quanto qualquer pastor batista e que ele poderá ser batizado por “imersão” na igreja ou mesmo na capela.

Há uma grande massa de cristãos que, no entanto, não se satisfazem com essa visão moderada acerca do assunto. Eles afirmam que o batismo por imersão é o único bíblico. Eles afirmam que todas as pessoas que lemos nas Escrituras ser batizadas o foram por “imersão”. Afirmam, em resumo, que onde não há “imersão” não há batismo.

Temo que seja quase que uma perda de tempo discutir sobre um tema tão controverso. Durante os últimos 200 anos, muito tem sido escrito por ambos os lados sem que haja qualquer efeito, logo não creio poder lançar qualquer nova luz sobre o assunto. O máximo que tento fazer é expor algumas considerações para aqueles que estão em dúvida. Só peço que se lembrem de que eu não afirmo que o batismo por “imersão” seja errado. Tudo que digo é que não é absolutamente necessário e nem absolutamente ordenado nas Escrituras.

Peço então a qualquer uma das mentes duvidosas que considerem: será que todos os batismos descritos nas Escrituras foram por “imersão”? Os três mil batizados em um dia na festa de Pentecostes (At 2:41); o carcereiro de Filipe que foi batizado repentinamente à meia-noite na prisão (At. 16:33); de fato, é de todo provável que foram eles batizados por imersão? Para minha própria mente, tentando ter uma visão imparcial, parece-me por demais improvável. Deixe-os acreditar que pode ter sido assim.

Eu pergunto a qualquer um, para que estes considerem se é de todo provável que um modo de batismo teria sido ordenado, uma vez que tal modo em situações específicas de saúde seria simplesmente impossível de ser feito. Há milhares de pessoas cujos pulmões e constituição geral estão em situações tão delicadas que a imersão total em água e, especialmente, em água fria, seria morte certa para elas. Qualquer pessoa dirá que deve ser negado à essas pessoas o batismo, a menos que sejam mergulhadas? Deixe-os acreditar que podem assim fazê-lo.

Questiono ainda para a consideração se alguma das formas de batizar deveriam ser proibidas, uma vez que em muitos países as mulheres são praticamente excluídas do batismo. A sensibilidade e rigor das nações do Leste[7] no que concerne ao tratamento das esposas e filhos são fatos notórios. Há nações onde as mulheres são tão completamente separadas e isoladas do outro sexo, que se faz ainda maior a dificuldade em falar com eles sobre a religiãocristã. Falar de uma ordenança como o batismo por imersão seria, em centena de casos, algo completamente absurdo. Os sentimentos de pais, maridos e irmãos dispostos à doutrina cristã se revoltariam diante da menção ao sacramento. Alguém dirá que essas mulheres devem ser deixadas sem o batismo por não poderem ser “imersas”? Deixe-os acreditar que podem negar o sacramento.

Eu creio que poderia deixar o assunto sobre “modo de batismo” por aqui mesmo, no entanto há dois argumentos favoritos expostos constantemente pelos defensores do batismo por imersão, argumentos sobre os quais acho que devo dizer algo.

(a) Um desses argumentos favoritos é baseado no significado da palavra grega no Novo Testamento, que nós traduzimos para “batizar." Eles sempre afirmam que esta palavra não pode significar nada além de imersão, ou completa "imersão". A resposta ao argumento é curta e simples. A afirmação é totalmente destituída de fundamento.  Aqueles mais familiarizados com o grego do Novo Testamento são da opinião de que “Batizar” significa “lavar ou limpar com água”, mas se é por imersão ou não, isso deverá ser dito pelo contexto[8]. Lemos em São Lucas (11:38) que quando nosso Senhor jantou com certo fariseu, “o mesmo admirou-se, vendo que Cristo não se lavara antes de jantar.”. Pode surpreender alguns leitores, talvez, saber que na verdade estas palavras de forma literal seriam “o mesmo admirou-se, vendo que Cristo não se batizara antes de jantar” - mas para o senso comum, está mais do que evidente que o fariseu não esperava que nosso Senhor imergisse ou mergulhasse sua cabeça em água antes do jantar! Significa apenas que ele esperava que fosse feita alguma ablução ou que derramasse água nas mãos antes da refeição. Mas se isto for assim, o que acontece com o argumento de que Batismo significa sempre imersão completa? É cortado e lançado aos pés do defensor da “imersão” e razões além dessas são mero desperdício de tempo.

(b) Outro argumento favorito em favor do batismo por imersão está retratada na expressão “Sepultados com Cristo no batismo” que S. Paulo utiliza em duas ocasiões (Rm 6:4; Col 2:12). Afirmam que indo para dentro das águas batismais e sendo completamente “submerso” nela, somos uma exata representação do sepultamento de Cristo e de sua ressurreição, representando nossa união com Cristo e participando de todos os benefícios de sua morte e ressurreição. Mas infelizmente para esse argumento não há prova alguma de que o sepultamento de Cristo tenha sido em uma cova cavada no chão. Pelo contrário, é muito mais provável que seu túmulo tenha sido feito em uma caverna cortada com uma rocha do lado, como a de Lázaro e em um nível que tivesse solo circundante. Pelo menos essa era a forma usual de se enterrar em Jerusalém. Nesse ritmo, nenhuma semelhança há entre “banhar-se” por imersão, ou batistério, e a morte do nosso Senhor. As ações são diferentes. Que o crente declare sua união com Cristo por profissão de fé viva em Cristo, por meio do batismo, tanto em sua morte e ressurreição, é verdade e não restam dúvidas a esse respeito. Mas afirmar que “ir para debaixo d’água” é ser enterrado assim como o corpo do seu Mestre, é afirmar algo que não pode ser provado.

Ao afirmar tudo isso, encontro-me pesaroso pela possibilidade deestar enganado. Que Deus me livre de ferir os sentimentos de qualquer um dos irmãos que tenha escrúpulos de consciência sobre este assunto e que prefira o batismo por imersão ao batismo por aspersão. Eu não o condeno. Para o seu próprio Senhor, ele está em pé ou cai. Se ele conscientemente prefere a imersão, poderá ser imerso na Igreja da Inglaterra e, de igual modo, todos os seus filhos poderão se assim o agrada. O que eu defendo é a liberdade. Eu não encontro nenhuma forma estabelecida quanto à forma de o batismo ser administrado a não ser o fato de que a água deve ser usada em nome da Trindade. Que todo homem seja persuadido em sua própria mente. Aquele que borrifa ou simplesmente derrama água no batismo não tem o direito de excomungar aquele que mergulha e aquele que mergulha não tem o direito de excomungar aquele que borrifa ou derrama água. Nenhum deles pode eventualmente provar que o outro está totalmente errado.

Aqui encerro essa parte do assunto. Independentemente daquilo que muitos possam pensar, eu estou contente por considerar o modo de batizar como algo indiferente, como uma coisa em que cada um pode usar de sua liberdade. Creio piamente que essa liberdade foi intentada por Deus. Isso está em consonância com muitas outras coisas da dispensação cristã. Não encontro nada preciso no Novo Testamento acerca das cerimônias, vestimentas, liturgia, ou músicas da igreja, formato de igreja, horas de serviço, quantidade de pão e vinho a ser usado na Ceia do Senhor ou a posição e atitude dos comungantes. Em todos esses pontos, eu vejo um critério liberal permitido à Igreja de Cristo, desde que as coisas “sejam feitas para a edificação”, o princípio do Novo Testamento é permitir uma ampla liberdade.

Acredito firmemente, em mim mesmo, que a validade e os benefícios do batismo não dependem da quantidade de água empregada, mas do estado do coração de em quem o sacramento é administrado. Aqueles que insistem que os adultos devem ter suas cabeças mergulhadas em um batistério e aqueles que insistem em espirrar um punhado enorme de água na cabeça das crianças para que sejam admitidas na igreja, estão ambos, da mesma forma, no meu julgamento, muito equivocados. Ambos anexam à quantidade de água usada muito mais importância do que aquilo que encontro nas Escrituras. Algo tem sido dito de forma divina - “A pequena gota de água pode ser usada para selar a plenitude da Graça Divina em um batizando, bem como um pedaço de pão e a menor degustação de vinho na Santa Ceia”(Herman Witsius, Econ. Fed. l. 4, ch. xvi. 30.) Concordo inteiramente com essa opinião.[9]

III. Vamos considerar os sujeitos do batismo. A quem o batismo deve ser administrado?

É impossível lidar com essa parte da questão sem entrar em colisão com os demais, mas espero que o faça dentro de um espírito gentil e temperado. De qualquer forma, não evitarei a discussão por medo de ofender os batistas. Pontos controversos na teologia nunca são suscetíveis de resolução a menos que os homens de ambos os lados expressem claramente aquilo que pensam e dêem razões de suas opiniões. Evitar um assunto por ser controverso não é nem honesto e nem sábio. Um clérigo não tem por que reclamar de seus paroquianos terem se tornado batistas se ele nunca os instruiu acerca do batismo infantil.

Gostaria de iniciar por aquilo que se estabelece como um ponto quase que incontestável, que todos os convertidos adultos dentre as nações deverão ser batizados em um posto missionário. Tão logo creiam no Evangelho e façam uma confissão de fé em Cristo, devem, de uma vez por todas, receber o batismo. Esta é a doutrina e a prática da Igreja Episcopal, Presbiteriana, Wesleyana e Missionárias Independentes, tanto quanto é a doutrina dos batistas. Que não haja engano quanto a este ponto. Dizer como os batistas sobre o “batismo de crentes”, como se isso fosse uma espécie de batismo peculiar do seu próprio corpo denominacional, é simplesmente algo absurdo! O batismo dos que crêem é conhecido e praticado em todas as missões bem sucedidas do mundo.

Mas prossigo dando um passo adiante. Eu tenho por verdade cristã que os filhos de todos os cristãos professos têm o direito ao batismo, se os pais desejarem, bem como seus pais. É claro que os filhos dos incrédulos professos e pagãos não tem esse mesmo direito, uma vez que estão sob a responsabilidade de seus pais. Mas os filhos de cristãos professos estão em uma posição totalmente diferente. Se seus pais os oferecem para serem batizados, a Igreja deverá recebê-los no batismo sendo vedado o direito de recusa.

É precisamente neste ponto que há uma grave divisão entre o corpo de cristãos chamados batistas e a maior parte dos cristãos em todo o mundo. Os batistas afirmam que ninguém que não tenha feito uma profissão de arrependimento e fé deva ser batizado e que como as crianças não podem fazê-lo, não podem ser batizadas. Penso que esta afirmação não é confirmada pela Escritura e vou continuar a dar razões de por que penso assim. Eu acredito que pode ser demonstrado que os filhos de cristãos professos têm o direito ao batismo e que é um completo erro não lhes batizar.

Permita-me lembrar ao leitor que a questão em análise não é o Serviço Batismal da Igreja da Inglaterra. Se esse serviço é certo ou errado - se é útil ter padrinhos e madrinhas - não é o ponto dessa controvérsia[10]. Seria mero desperdício de tempo dizer algo sobre isso. Em princípio, a questão que é posta diante de nós é simplesmente se o batismo é certo. Acertadamente é mantido por presbiterianos, independentes e metodistas que não adotam o Livro de Oração Comum que resolutamente alegam ser coisa de clérigo. Irei limitar em mim mesmo a consideração dessa questão, afinal não há a menor conexão necessária entre liturgia e o batismo infantil. Eu, sinceramente, desejo que algumas pessoas se recordem disso. Insistir em culpar a liturgia e insistir em misturá-la com a questão do batismo infantil não é um sinal de boa lógica, justiça ou senso comum.

Permita-me limpar o caminho, além disso, por observação sei que não serei retratado longe do verdadeiro ponto em questão, ponto esse que muitas vezes os batistas usam para fazerem descrições ridículas baseando-se no abuso do batismo infantil. Sem dúvida, é fácil para muitos escritores populares e pregadores batistas desenharem um retrato vívido de um casal de camponeses ignorantes da oração, trazendo uma criancinha inconsciente para ser aspergida na fonte por um descuidado pároco! É fácil acabar o quadro afirmando: “Que bem pode fazer o batismo de crianças?” - Essas imagens são muito divertidas, talvez, mas não são argumentos contra o princípio do batismo infantil. O abuso de uma coisa não é a prova de que ela deva ser abandonada ou que esteja errada. Além disso, aqueles que vivem em casa de vidro, considerem melhor não atirar pedras. Imagens estranhas podem ser encontradas sobre o que acontece por vezes em capelas de batismo de adultos! Mas eu me calo sobre isso. Eu não quero que o leitor olhe as figuras, mas sim os princípios bíblicos.

Permita-me agora fornecer algumas razões simples que me levam a crer seguramente de forma comum com que todos os episcopais, presbiterianos, metodistas e independentes de todo mundo que o batismo infantil é uma coisa certa e que negar o batismo às crianças, tal como os Batistas fazem, é um engano.

(a) As crianças sempre foram admitidas na Igreja do Antigo Testamento por meio de uma ordenança formal desde os tempos de Abraão. Essa ordenança foi a circuncisão. Foi uma ordenança do próprio Deus e a negligência de tal ordenança foi denunciada como um grave pecado. Foi uma ordenança sobre o qual foi utilizada a mais alta linguagem no Novo Testamento, pois S. Paulo chama-lhe de “um selo de Justiça da fé” (Rm 4:11), Agora, se as crianças eram consideradas capazes de admissão na Igreja por uma ordenança do Antigo Testamento, é difícil entender por que elas não possam ser admitidas na Igreja do Novo Testamento. A tendência geral do Evangelho é aumentar o privilégio dos homens espirituais e não diminuí-los. Nada, creio eu, surpreenderia tanto um judeu converso do que afirmar que seu filho não pode ser batizado! “Se eles estão aptos a receber a circuncisão” - Ele responderia - “Por que não estão aptos para o batismo?” E a minha convicção é de que nenhum batista poderia dar uma resposta. Na verdade, nunca ouvi falar de um judeu convertido tornar-se batista e nunca vi um argumento contra o argumento contra o batismo de crianças que não poderia ter sido igualmente dirigido contra a circuncisão infantil. Nenhum homem, eu suponho, se atreverá a me dizer que a circuncisão de crianças era errada.

(b) O batismo de crianças não é proibido em parte alguma do Novo Testamento. Não há um único texto, de Mateus até Apocalipse que direta ou indiretamente sugere que crianças não devam ser batizadas. Alguns, talvez, consigam ver tal proibição nesse pequeno silêncio. Para minha mente é um silêncio cheio de significado e instrução. Os primeiros cristãos, que se lembrem disso, eram muitos deles judeus de nascimento. Eles estavam acostumados a Igreja judaica, antes de sua conversão, e seus filhos se tornavam membros por meio de uma ordenança solene como sendo uma coisa natural. Sem uma proibição clara do nosso Senhor Jesus Cristo, eles naturalmente continuaram com o mesmo sistema, levando seus filhos para serem batizados. Mas não encontramos tal proibição! A meu ver, a ausência de proibição nos diz muito. Satisfaz-me que nenhuma mudança foi efetuada por Cristo no que concerne às crianças. Se ele tinha a intenção de uma mudança, ele teria dito algo ao ensinar, mas Ele não disse uma palavra! O silêncio é um argumento muito mais poderoso e convincente. Assim como Deus ordenara no Antigo Testamento que os filhos dos judeus fossem circuncidados, assim Ele pretende que no Novo Testamento os filhos dos cristãos sejam batizados.

(c) O Novo Testamento faz menção especial ao batismo de famílias. Em Atos, lemos que Lídia foi batizada ‘com sua família’ e que o carcereiro de Felipe “foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16: 15, 33). Lemos na Epístola aos Coríntios que São Paulo batizou “a família de Estéfanas” (I Co 1:16). Agora, o que pode significar tudo isso se visualizar esses textosdesapaixonadamente? Será que “casa” não inclui jovens, velhos, crianças e também os adultos? Quem duvida, ao ler as palavras de José em Gênesis - “Tomai para a fome de vossas casas” (Gn 42:33) ou  “tornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim” (Gn  45:18) - que as crianças estão incluídas? Quem pode negar que quando Deus disse a Noé “Entra tu e toda a tua casa na arca” também se referia aos filhos de Noé? (Gn 7:2).  De minha parte, eu consigo enxergar como essas perguntas podem ser respondidas sem que se estabeleça o princípio do batismo infantil. Admitindo-se mais plenamente que S. Paulo não disse diretamente que batizou crianças, parece-me maior a probabilidade de que as “famílias” que ele batizou eram compostas por crianças e por adultos.

(d) O comportamento de nosso Senhor Jesus Cristo para com as crianças, como registrado nos Evangelhos, é muito peculiar e cheia de significado. A bem conhecida passagem em S. Marcos é um exemplo do que quero dizer: “E traziam-lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele. E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.” (Mc 10:13-16)

Não tenho a pretensão em momento algum de dizer que esta passagem é uma prova direta do batismo infantil. Não é nada do tipo. Mas eu digo que ele oferece uma resposta curiosa para alguns dos argumentos mais comuns entre aqueles que se opõem ao batismo infantil. Que os bebês são capazes de receber algum benefício do nosso Senhor, que a conduta de quem tentava mantê-los afastado estava errada aos olhos do Senhor, que Ele estava disposto a abençoá-los mesmo quando eram jovens demais para compreenderem algo do que ele disse ou fez, todas essas coisas se destacam tão claramente como que escrito por um raio de Sol! Certamente a passagem não é um argumento direto em favor do batismo infantil, mas um forte testemunho indireto é o que me parece ser de forma inegável.

Eu poderia facilmente adicionar a esses argumentos. Eu poderia fortalecer a decisão que tomei por meio de uma série de considerações que creio parecem merecer uma atenção muito séria.

Eu poderia mostrar, a partir dos escritos do Dr. Lightfoot[11], que o batismo de crianças era uma prática com o qual os judeus estavam familiarizados perfeitamente. Quando prosélitos eram recebidos na Igreja judaica por meio do batismo, diante de nosso Senhor Jesus Cristo, seus filhos eram trazidos e batizados com eles, como sendo uma coisa natural.

Eu poderia mostrar que o batismo de crianças foi praticado uniformemente por todos os cristãos. Cada escritor cristão, de qualquer reputação nos primeiros 1500 anos depois de Cristo, com única exceção, talvez, de Tertuliano, fala do batismo infantil como um costume que sempre foi mantido pela Igreja.

Eu poderia mostrar que a vasta maioria dos cristãos eminentes do período da Reforma Protestante até os dias atuais mantiveram o direito das crianças de serem batizadas. Lutero, Calvino, Melanchton e todos os reformadores do continente; Cranmer, Latimer e todos os reformadores ingleses; o grande corpo de todos os puritanos da Inglaterra; todos os episcopais, presbiterianos e igrejas metodistas da atualidade, todos são unânimes nesse ponto. Todos eles realizam o batismo de crianças.

Mas não irei cansar o leitor, indo mais além nesse fundamento. Vou continuar observando dois argumentos que são comumente usados contra o batismo Infantil e alguns consideram tais argumentos como incontestáveis. Se eles o são de fato, deixo que o leitor julgue.

(1) O primeiro argumento favorito contra o batismo infantil é a ausência total de qualquer texto ou preceito direto ao seu favor no Novo Testamento. “Mostre-me um texto simples” - dizem muitos batistas - “ordenando-me batizar crianças pequenas. Sem um texto simples, a coisa não deve ser feita”

Eu respondo, em algumas situações, que a ausência de qualquer texto em favor do batismo infantil é, em minha opinião, uma das mais fortes evidências em seu favor. Um fato que não pode ser negado é que as crianças foram formalmente aceitas na Igreja por meio de uma ordenança exterior durante 1800 anos antes de Cristo vir. Agora, se Ele tivesse a intenção de mudar a prática e excluir as crianças do batismo, então eu deveria esperar encontrar um texto simples sobre o assunto. Mas não encontro nenhum texto e, portanto, concluo não haver nenhuma alteração ou mudança. A própria ausência de qualquer comando direto, comando com o qual os Batistas insistem, é na realidade um dos argumentos mais fortes contra eles! Nenhuma mudança e, portanto, nenhum texto!

Mas, por outro lado, eu digo que a ausência de algum texto ou comando não é um argumento suficiente contra o batismo infantil. Há algumas coisas que podem ser provadas e inferidas a partir das Escrituras, embora não sejam claramente e diretamente ensinadas. Permita que um Batista nos mostre um único texto que garanta a admissão das mulheres na Ceia do Senhor; um que ensine diretamente a guarda do sábado no primeiro dia da semana, ao invés do sétimo; deixe-os que nos mostrem um texto que proíba jogos de azar. Qualquer Batista bem instruído sabe o que não pode ser feito. Mas, certamente, se este for o caso, o famoso argumento contra o batismo infantil chega ao fim! Ele cai ao chão.

(2) O segundo argumento favorito contra o batismo infantil é a incapacidade das crianças para se arrependerem e crerem. “O que pode ser mais monstruoso” - dizem muitos batistas - “do que administrar uma ordenança para um bebê inconsciente? ele não sabe sobre arrependimento e fé e, portanto, não deveria ser batizado. A Escritura diz: ‘Aquele que crer e for batizado será salvo” e “Arrependei-vos e sede batizados’ (Mc 16:16; At. 2:38)”

Em resposta a este argumento, eu peço para que me seja mostrado um único texto que diga que ninguém deva ser batizado até que se arrependa e creia. Pedirei em vão. Os textos que acabamos de citar, prova conclusivamente que os adultos que cressem ao ouvirem a pregação do Evangelho por parte de algum missionário deveria de uma vez ser batizados. Mas este texto não prova que seus filhos não devam ser batizados juntamente com eles, mesmo sendo jovens demais para crer. Vejo que S. Paulo batizou “a casa de Estéfanas” (I Co 1:16), mas eu não encontro uma palavra sobre sua crença no momento do batismo. A verdade é que os textos frequentemente citados “aquele que crer e for batizado será salvo” e “arrependei-vos e sede batizados” nunca terá o peso que os Batistas colocam sobre eles. Afirmar que tais textos proíbem qualquer um de ser batizado a menos que se arrependa e creia é colocar um significado sobre as palavra, significados esses que as palavras nunca deveriam portar. Toda a questão concernente às crianças é mantida ao longe. O texto “ninguém deve ser batizado, a não ser que se arrependa e creia”, sem dúvida seria muito conclusivo, mas tal texto não pode ser encontrado.

Afinal, alguém dirá que uma profissão consciente de arrependimento e fé é absolutamente necessária para a salvação? Nem mesmo o batista mais rígido diria isso. Porque as crianças não podem crer, então serão condenadas? No entanto, nosso Senhor disse claramente que “aquele que não crê será condenado” (Mc 16:16). Será que algum homem possui a pretensão de afirmar que as crianças não podem receber a graça e o Espírito Santo? João Batista, como sabemos, foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc 1:15). Alguém ousa dizer que crianças não podem ser eleitas? Não podem fazer parte do Pacto? Não podem ser membros de Cristo? Não podem ser filhos de Deus? Não podem nascer de novo? Não irão ao céu quando morrerem? São perguntas solenes e graves. Não consigo acreditar que qualquer batista bem informado responderia positivamente a qualquer uma dessas perguntas. No entanto, por certo, aqueles que podem ser membros da Igreja gloriosa celeste,podem ser admitidos na Igreja terrena! Aqueles que são lavados com o sangue de Cristo podem, certamente, ser lavados com a água do batismo. Aqueles que podem ser batizados no Espírito Santo, por certo, podem ser batizados nas águas! Que essas coisas sejam pensadas calmamente. Tenho visto muitos argumentos contra o batismo infantil, mas o traçar lógico dos argumentos acabam por serem contrários, inclusive à salvação infantil e conseqüentemente condena todas as crianças à ruína eterna!

Encerro essa parte do assunto aqui. Tenho quase vergonha de ter dito muito sobre isso, mas os tempos em que vivemos são o meu argumento e justificativa para tal demora. Não escrevo muito para convencer os batistas acerca de como estabelecer e confirmar clérigos. Muitas vezes tenho me surpreendido com a ignorância de alguns clérigos, sendo esse um dos motivos pelo qual o batismo infantil deve ser defendido. Se eu tiver feito alguma coisa para mostrar aos clérigos a força de sua posição, então sinto que não escrevi em vão.

IV. Por último, vamos considerar a posição que o batismo deve manter em nossa religião.

Este é um ponto de grande importância. A opinião humana está sempre suscetível a entrar em extremos e em nada essa tendência demonstra ser tão forte quanto nessa matéria da religião. Em nenhuma parte da religião o homem corre tanto perigo de errar, pela esquerda ou pela direita, como quanto aos sacramentos. A fim de se chegar a um julgamento correto, devemos tomar cuidado com o erro de defeito e erro de excesso.

Devemos tomar cuidado com uma coisa, com o desprezo do batismo. Esse é o erro de defeito. Muitos nos dias de hoje parecem considerá-lo com total indiferença. Eles passam sem dar-lhe qualquer lugar ou posição em sua religião. Porque, em muitos casos, parece que o batismo não confere nenhum benefício, então eles concluem prontamente de que não pode conferir nenhum benefício. Não se importam se o batismo nunca é nomeado ou citado em um sermão. Eles não gostam de tê-lo administrados publicamente na congregação. Em resumo, eles parecem considerar todo o assunto concernente ao batismo como uma questão problemática e sobre a qual eles não estão determinados falar. Eles não estão satisfeitos com o batismo.

Agora, eu apenas peço que as pessoas considerem seriamente se a sua atitude mental é justificada pelas Escrituras. Lembrem-se das ordens distintas e precisas do Senhor para “batizar” que Ele deu aos seus discípulos ao deixá-los sozinhos no mundo. Lembrem-se da prática invariável dos apóstolos onde quer que eles fossem pregar o Evangelho. Há uma linguagem marcante acerca do batismo em vários lugares nas epístolas.  Agora, talvez isso seja agradável para a razão e para o senso comum do pensamento de que o batismo possa ser seguramente considerado um assunto descartável e discretamente possa ser colocado na prateleira? Certamente, essas perguntas só podem receber uma resposta.

É, simplesmente, incoerente acreditar que o Cabeça da Igreja traria sobre seu povo, cristãos de todas as idades e eras, uma carga vazia de significado, impotente, uma instituição sem qualquer valor. É ridículo supor que seus apóstolos iriam falar sobre o batismo, como fizeram, se em nenhuma circunstância poderia ser de qualquer uso ou ajuda à alma do homem. Que essas coisas sejam pensadas calmamente. Tomemos cuidado para não entrar em superstições cegas, de outro modo podemos ser igualmente cegados e acabar por derramar desprezo sobre uma ordenança de Cristo.

Devemos tomar outro cuidado, a saber, não tornar o batismo em um ídolo. Esse é o erro do excesso. Muitos, atualmente, elevam o batismo a uma posição que nada nas Escrituras pode justificar. Se eles mantêm o batismo infantil, afirmarão que a graça do Espírito Santo invariavelmente acompanha a administração da ordenança e, que em todos os casos, uma semente de vida divina é implantada no coração dela para que toda sua movimentação religiosa seja rastreada e que todas crianças batizadas, de forma natural, são nascidas de novo e se tornaram participantes do Espírito Santo! Por outro lado, se eles não consideram o batismo infantil, dirão para você que baixar às águas em profissão de fé e arrependimento é um momento decisivo na religião de um homem, que enquanto não cairmos na água nada somos e que quando e que quando nós caímos na água, damos o primeiro passo em direção ao céu! É notório que muitos dos altos clérigos e batistas mantenham essa opinião, embora não sejam todos. E eu digo que, embora eles não digam isso, eles estão praticamente fazendo a partir do batismo um ídolo.

Peço a todos que detém esse extremamente alto e sublime ponto de vista acerca do batismo que considerem seriamente se a Bíblia garante suas opiniões. Citar textos nos quais os maiores privilégios e bênçãos estão conectados ao batismo não é o suficiente. O que nós queremos são textos simples que mostrem que tais bênçãos e privilégios são sempre e invariavelmente conferidos por meio do batismoA pergunta que se instala não é se uma criança pode nascer de novo e receber a graça do batismo, mas se todas as crianças nascem de novo e recebem a graça quando são batizadas. A questão não é se um adulto pode “ser posto em Cristo” quando submerge em água, mas sim se todos fazem como sendo uma coisa natural. Certamente, tais coisas necessitam de consideração séria e calma! É positivamente cansativo ler as afirmações radicais e ilógicas que muitas vezes são feitas sobre o assunto. Dizer, por exemplo, que as famosas palavras de nosso Senhor para Nicodemos (Jo 3:5) ensinam algo mais do que a necessidade geral de “nascer da água e do Espírito” é um insulto ao bom senso. Se todos os batizados são “nascidos da água e do Espírito” é uma questão completamente distinta e que o texto não faz referência. Afirmar que isso é ensinado no texto é tão ilógico quanto a afirmação comum dos batistas quando estes afirmam que, porque Jesus disse “aquele que crê e for batizado será salvo”, deduz-se então ninguém dever ser batizado até que creia.

A posição correta que o batismo deve ocupar só pode ser decidida por meio de uma observação cuidadosa das Escrituras sobre o assunto. Deixe um homem ler o Novo Testamento de forma honesta e imparcial. Que este homem venha para a leitura com uma mente aberta, justa e imparcial. Que ele não traga idéias pré-concebidas ou uma reverência cega para com a opinião de escritos, de qualquer homem, sem inspiração ou de qualquer conjunto de homens. Deixe-os simplesmente fazer a pergunta: “O que as Escrituras ensinam sobre o batismo? Qual seu lugar na teologia cristã?” E eu tenho pouca dúvida quanto a conclusão que ele chegará a ter. Ele não atropelará o batismo sob seus pés e nem o exaltará acima da própria cabeça.

(a) Ele encontrará que o batismo é mencionado freqüentemente e, ainda assim, não tão freqüentemente para nos fazer pensar que tenha a primazia ou esteja acima de todas as coisas no cristianismo. Em 14 das 21 epístolas, o Batismo sequer é mencionado. Em cinco das sete restantes, é mencionado uma única vez. Em um dos dois restantes, só é mencionado duas vezes. Nas duas epístolas pastorais a Timóteo, tal assunto não é mencionado. Há, em suma, apenas uma epístola, primeira carta aos coríntios, em que o batismo é citado em mais de duas ocasiões. E, de forma singular e suficiente, esta é a epístola no qual S. Paulo diz: “Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei” e “porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar” (I Co 1:14,17)

(b) Ele verá que o batismo é falado com profunda reverência e em estreita ligação com os maiores privilégios e bênçãos. A Bíblia diz que os batizados são “sepultados com Cristo”, “depositados em Cristo”, para serem “ressuscitados” com Cristo e até mesmo (por esforço, um texto duvidoso) para ter a “lavagem da regeneração”. Mas ele também descobrirá que Judas Iscariotes, Ananias e Safira, Simão o Mago, dentre outros, foram batizados e não deram provas de terem nascido de novo. Ele também verá na primeira epístola de João acerca das pessoas “nascidas de Deus” e quais as características que muitas pessoas batizadas nunca possuíram em qualquer período de suas vidas (I Jo 2:29; 3:9; v. 1,4,18). E não menos importante, encontrará S. Pedro declarando que o batismo que salva “não é o despojamento da imundícia da carne”, a simples lavagem do corpo, mas a “resposta de uma boa consciência” (I Pe 3:21)

(c) Finalmente, ele descobrirá que enquanto o batismo é freqüentemente mencionado no Novo Testamento, há outros temas que com muita maior freqüência são falados. Fé, esperança, caridade, a graça de Deus, ofícios de Cristo, a obra do Espírito Santo, a redenção, a justificação, a natureza da santidade cristã. Acerca de todos esses assuntos, ele encontrará muito mais do que sobre o batismo. Acima de tudo, ele vai encontrar nas Escrituras a marca do sacramento da circuncisão no Antigo Testamento e que o valor das ordenanças de Deus depende inteiramente do espírito com o qual são recebidas e o coração do receptor “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gl 6:15); “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.”(Rm 2:28,29)

Resta-me agora dizer algumas palavras em forma de conclusão prática para toda essa parte do assunto. A natureza forma indivíduos e a posição do batismo são considerados de forma solidária. Permita-me mostrar ao leitor as lições especiais para as quais creio que a atenção deva ser dirigida.

(1) Em primeiro lugar, gostaria de exortar a todos os que estudam o tão disputado assunto “batismo” a importância dos pontos de vista simples acerca deste sacramento. Pensamentos nebulosos, palavras arrogantes são muitas vezes utilizadas por escritores ao falar acerca do batismo tem sido fontes frutíferas para a existência de estranhos pontos de vista e ordenanças anti-bíblicas. Poetas e compositores de hinos e teólogos romanistas tem inundado o mundo com a linguagem muita alta e rapsódica[12] a ponto de fazerem com que a mente de muitos fossem inundadas e confundidas. Milhares de pessoas já absorveram noções poéticas acerca do batismo sem, no entanto, poderem mostrar qualquer mandado na Palavra de Deus que confirme a visão deles.  O Paraíso Perdido[13], de Milton, é o único progenitor de um número incontável de pontos de vista de um homem acerca do batismo nos dias atuais[14].

De uma vez por todas, deixe-me suplicar a cada leitor deste artigo para não aderir a nenhuma doutrina sobre o batismo que não seja claramente ensinada na Palavra de Deus. Não devemos cuidar de manter nenhuma teoria que não possa ser apoiada pelas Escrituras. Na religião, não importa em nada o que é dito ou quão bem algo diz acerca de algo, pois o único questionamento que devemos fazer é: “Está escrito na Bíblia? o que diz o Senhor sobre isso?”

(2) Por outro lado, gostaria de exortar a muitos dos meus colegas clérigos que considerem a tendência perigosa da visão extravagante acerca da eficácia do batismo. Não tenho nenhum desejo de esconder o meu pensamento sobre isso. Refiro-me aos homens da Igreja que defendem que, sempre, o Batismo será acompanhado pela Graça e que todos os bebês batizados são, de fato, nascidos de novo. Peço a esses homens, com toda a cortesia e bondade fraternal que considerem seriamente a tendência perigosa de suas opiniões e as consequências lógicas que delas resultam.

Eles me parecem, e para muitos outros também, uma santa ordenança de Cristo convertendo-a em um simples encanto, isto é, ao agir mecanicamente, tal como um medicamento que age no corpo sem que se faça necessário os movimentos do coração de um homem. Certamente, isso é perigoso!

Eles incentivam o ideal de que não importa o estado de espírito das pessoas que levam seus filhos para serem batizados. Nada significa se eles vêem com fé, oração, sentimentos solenes ou se vêem descuidados, sem oração, sem Deus, e ignorantes como se fossem pagãos! O efeito - dizem eles - é sempre o mesmo, em todos os casos! Em todos os casos, nós dizemos que as crianças são nascidas de novo no momento em que são batizadas, mas não têm todos os direitos inerentes ao batismo, exceto quando filhos de pais cristãos. Certamente, isso é perigoso.

Eles ajudam a transmitir a ilusão perigosa à alma, alegando que um homem pode ter graça em seu coração, mesmo quando esta não pode ser vista em sua vida. Multidões de nossos adoradores não têm uma centelha de vida religiosa ou a graça sobre eles. E ainda nos dizem que estes adoradores devem ser tratados como regenerados ou possuidores de graça, afinal foram estes batizados! Certamente, isso é perigoso.

Creio firmemente que centenas de clérigos excelentes nunca pararam para considerar os pontos que acabo de antecipar. Peço-lhes que assim o façam. Para a honra do Espírito Santo, para a honra dos santos sacramentos de Cristo, convido-os a considerarem seriamente a tendência de vossas opiniões. Claro que estou há apenas um chão seguro para que possa afirmar acerca dos efeitos do batismo e esse antigo chão é indicado pela nossa carga (Lc 6:44) “Toda árvore é conhecida pelo seu fruto”. Quando o batismo é usado profana e descuidadosamente, não temos direito de esperar uma benção que o siga além daquelas que seguem a um participante descuidado da ceia do Senhor. Quando a Graça não pode ser vista na vida de um homem não temos o direito de dizer que ele é regenerado ou que recebeu a Graça no batismo.

(3) Por outro lado, gostaria de exortar a todos os batistas que porventura venham a ler este artigo do dever de serem moderados ao afirmarem os seus pontos de vista acerca do batismo e daqueles que discordam deles. Digo isso com tristeza. Eu respeito a muitos membros da comunidade batista e eu acredito que eles são homens e mulheres com quem nos reuniremos no céu. Mas quando eu vejo a linguagem extravagante e violenta que alguns batistas usam contra o batismo infantil, não posso deixar de sentir que ele podem ser solicitados, de forma justa, a julgar de forma mais moderada as coisas de que eles discordam.

Será que o batista quer dizer que suas visões peculiares do batismo são necessárias para a salvação e que nenhum dos defensores do batismo de crianças será salvo? Eu não posso pensar que qualquer batista inteligente e em perfeito estado de sentidos afirmaria tal coisa. Nesse ritmo, toda a Igreja da Inglaterra, Metodistas, todos os presbiterianos e todos os independentes seriam trancados do lado de fora do céu! Neste ritmo, Cranmer, Ridley, Latimer, Lutero, Calvino, Knox, Baxter, Owen, Wesley, Whitefield e Chalmers[15] estão perdidos todos! Todos eles mantiveram firmemente o batismo infantil e, portanto, estão no inferno! Eu não posso crer que qualquer batista diria algo tão monstruoso e absurdo.

Será que os batistas querem dizer que suas visões peculiares acerca do batismo são necessárias para que se alcance um alto grau de graça e de santidade? Será que eles se comprometem a afirmar que os batistas sempre foram os mais eminentes do mundo e que o são nesses dias? Se eles fizerem tal afirmação, eles poderão ser muito solicitados a dar provas a esse respeito, mas eles não podem fazê-lo. Eles podem nos mostrar, sem dúvida, muitos excelentes cristãos batistas, mas vai ser difícil nos provar que são um pouco melhores do que alguns dos episcopais, presbiterianos, independentes e metodistas, todos esses que consideram que os bebês devam ser batizados.

Agora, certamente, se os pareceres peculiares dos batistas não são necessários para a salvação e nem para que se alcance alto nível de santidade, podemos razoavelmente pedir aos batistas que sejam moderados em seu falar com aqueles que discordam deles. Deixe-os, de todo modo, manterem suas próprias visões peculiares se acreditam ter encontrado “um caminho mais excelente”. Deixe-os usar sua liberdade e que estejam totalmente seguros em suas próprias mentes. O caminho estreito para o céu é grande o suficiente para os crentes de todos os nomes e denominações. Mas para o bem da paz e do amor, rogo aos Batistas que ajam com moderação no julgamento feito em relação aos demais.

(4) Em último lugar, gostaria de exortar a todos os cristãos a imensa importância de se conferir, a cada parte do cristianismo sua proporção e valor adequado e nada mais além disso. Vamos tomar cuidado para não retirarmos as coisas de seus lugares e colocarmos aquilo que é em segundo no lugar do primeiro ou colocar aquilo que é secundário como prioritário. Vamos dar toda a honra devida ao batismo e à ceia do Senhor como sacramentos instituídos pelo próprio Cristo, mas não nos esqueçamos de que assim como toda ordenação exterior, seu benefício depende inteiramente da maneira pela qual são recebidos. Acima de tudo, não nos esqueçamos de que um homem pode ser batizado, como Judas, e nunca ser salvo e que um homem pode não ser batizado, como o ladrão arrependido, e ser salvo. As coisas necessárias para a salvação são um interesse pelo sangue expiatório de Cristo e a presença do Espírito Santo na vida e no coração do individuo. Aquele que está enganado sobre esses dois pontos, nenhum benefício terá a partir de seu Batismo, independentemente de ter sido batizado quando criança ou quando adulto. Ele descobrirá no último dia que ele estava errado, errado para sempre.
Original em inglês: BAPTISM, quinto capitulo do livro “KNOTS UNTIED”, edição de 1900.
Tradução: Renan Almeida
Revisão: Fábio Farias e Natan Cerqueira
Diagramação, prova e edição: Armando Marcos e Eduardo Henrique Chagas
Capa: Beatriz Rustiguel

Bispo J.C.Ryle – Anunciando a verdade evangélica
Projeto de tradução de sermões, tratados e livros do bispo anglicano John Charles Ryle, mais conhecido como J.C.Ryle, para glória de Deus em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, para edificação da Igreja e salvação e conversão de incrédulos de seus pecados.
http://twitter.com/JCRyle

ACESSE o blog dos tradutores/revisores Renan e Fábio (o qual o blog “Bispo J.C. Ryle apóia: www.pelasescrituras.blogspot.com

FONTES DAS NOTAS: Wikipédia, de varias línguas, e sites achados em pesquisas em buscas. ( especificados, nas notas)







[1] Alta Igreja era o grupo da Igreja Anglicana que apoiava praticas e ideias católicas-romanas, movimento chamado Anglocatólico: a Baixa Igreja eram grupos que defendia a centralização da teologia e prática nas Escrituras, a simplicidade do culto sem as ideias católicas romanas, a conversão pessoal e a proclamação Evangélica: J.C.Ryle era um dos maiores expoentes dessa ala da Igreja  (de: Wikipédia e do Revisor)
[2] Eduardo VI Tudor (1537 - 1553) foi Rei de Inglaterra e da Irlanda. Foi o único herdeiro homem de Henrique VIII de Inglaterra a sobreviver à infância e nasceu do seu terceiro casamento com Joana Seymour. Foi coroado aos nove anos de idade e é considerado o primeiro monarca Protestante da Inglaterra. Foi no seu reinado que se conformou a independência da Igreja Anglicana da Santa Sé e quando foi publicado pela primeira vez o Livro de Oração Comum. (de: Wikipédia)
[3] Martin Bucer (1491-1551) foi um reformador protestante em Estrasburgo, que influenciou luterana, calvinista, anglicana e doutrinas e práticas: ao ser exilado na Inglaterra, teve influência nesse país. (de: Wikipédia)
[4] Sessão do Livro de Oração Comum Anglicano que delineia os aspectos “culto de batismo” (baptism service) como a sequencia do culto, os votos e promessas, os símbolos e ações da cerimônia, o papel dos padrinhos e o culto de ação de graças.(Nota do Revisor)
[5] Talves seja uma referência a esse texto: "Então o Sacerdote tomará cada pessoa a ser batizada pela mão direita e, colocando-o convenientemente à fonte, segundo seu entendimento, perguntará aos Padrinhos e Madrinhas por seu nome, e então os mergulhará na água, ou derramará água sobre eles, dizendo: "Eu te batizo em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém." Que consta da parte do LOC que diz do batismo para pessoas já capazes de decidirem-se por si mesmas.(tradução do Loc, de www.eskimo.com)
[6] O Livro de Oração Comum (LOC) (Book of Common Prayer, em inglês) é o livro de preces da Igreja da Inglaterra e também o nome de livros similares de outras igrejas Comunhão Anglicana. Passou por várias revisões durante os últimos séculos e contém a ordem a ser seguida nos serviços religiosos. (de: Wikipédia)
[7] Provável referência a nações do Oriente Médio e Ásia (N.R)
[8] O termo BATISMO é a transliteração do grego "βαπτισμω" (baptismō) para o latim (baptismus), conforme se vê na Vulgata em Colossenses 2:12. Este substantivo também se apresenta como "βαπτισμα" (baptisma) e "βαπτισμός" (baptismós), sendo derivado do verbo "βαπτίζω" (baptizō), o qual pode ser traduzido por "batizar", "imergir", "banhar", "lavar", "derramar", "cobrir" ou "tingir", conforme utilizado no Novo Testamento e na Septuaginta. O Verbo pode, conforme cita o Bispo, ser usado de divesas forma de acordo com o contexto. (de Wikipédia)
[9] Hermann Witsius (1636 - 1708) foi um teólogo holandês: sua principal obra foiA Economia dos Pactos entre Deus eo Homem (talvez seja essa que Ryle cita nessa ocasião, pelas iniciais) sua área era teologia sistemática: tentou conciliar a teologia do pacto com a ortodoxia alemã, sem muito sucesso em sua época. (de: Wikipédia)
[10] O LOC na seção do serviço batismal recomenda os padrinhos e patrocinadores ao que são batizados (N.R)
[11] Joseph Barber Lightfoot (1828 –1889) foi um teólogo inglês, capelão do príncipe consorte e capelão honorário da Rainha Vitória: em 1866, ele se tornou um pregador e, em 1871, um cânon da Catedral de São Paulo. Em 1879, asumiu o bispado de Durham. Foi defensor da autenticidade do cannon do Novo Testamento e desenvolveu novas formas de exegese: foi contra a teologia que defendia que o cristianismo se desenvolveu por conflitos de Pedro versus Paulo. (de: Wikipédia)
[12] Rapsódicas: referente a Rapsódias, nome dado a certas composições musicais e poéticas. Essas obras são geralmente bastante emocionais e de forma livre. Na Grécia antiga, dava-se o nome de rapsódia a um poema épico para ser recitado. .  (de Dicio)
[13] Paraíso Perdido é uma obra poética do século XVII, escrita por John Milton, originalmente publicada em 1667 em dez cantos: O poema descreve a história cristã da "queda do homem", através da tentação de Adão e Eva por Satanás e a sua expulsão do Jardim do Éden.  (de: Wikipédia)
[14] Uma referência achada ao Batismo em “O Paraiso Perdido” que pode ser a que Ryle se refere seria essa:
Depois de ressurgido, o Nume-Filho: Aos discípulos caros aparece/ Que sempre em sua vida o acompanharam;/ O encargo lhes impõe que aos povos todos/ Ensinem tudo que aprenderam dele,/Assegurando-os que obterão de certo/A salvação se nela acreditarem/Recebendo o batismo de água pura, —/Cerimônia que os limpa do pecado,/Dispõem-nos para venturosa vida/E para desprezar da morte os golpes. (de http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/paraisoperdido.html)

[15] Thomas Chalmers (1780 - 1847)Escocês, foi matemático, economista político e um líder da Igreja Livre da Escócia, uma dissidência da Igreja da Escócia (as duas de governo eclesiástico Presbiteriano) (Wikipédia)
FONTE: BISPO RYLE

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