Julio Severo
Um leitor me avisou pelo Twitter ontem que
Ana Paula Valadão estava falando ao vivo num culto na Igreja Batista da
Lagoinha. Fui conferir, mas como minha internet é fraca, a conexão só me
permitiu assistir durante 1 minuto. Nada mais.
Nesse 1 minuto, Ana falou sobre sua
visita, juntamente com outras cantoras gospel, à presidente Dilma Rousseff. Ela
disse que oraram. E agradeceu por essa porta aberta.
Ana
Paula Valadão: Dilma precisa de profetas
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O que me chamou a atenção neste culto foi
quando Ana pediu a Deus “para que as portas permaneçam abertas, para que os
profetas do Senhor entrem.” Em seguida, minha conexão de internet caiu
totalmente.
Talvez essa frase fosse o que Deus queria
que eu ouvisse.
Deus quer que os profetas entrem na
presença de Dilma? Claro que sim.
Há na Bíblia vários exemplos de profetas
diante de estadistas. Eles iam, não somente para orar, mas também para levar
importantes recados de Deus.
O quadro hoje teria de ser diferente? Não.
(Creio que Deus fala
profeticamente hoje, mas nos termos do Novo Testamento.) Além disso,
o cenário é muito parecido. Dilma está cercada de “profetas” — isto é, homens e
mulheres de várias igrejas e interesses. Ela tem, perto de si, católicos mais
chegados, que lhe dão conselhos. E tem também evangélicos, inclusive um
“secretário” evangélico para assuntos evangélicos.
Seria absurdo dizer que há falta de
católicos e evangélicos na presença de Dilma. Em grande parte, ou talvez
totalmente, são cristãos alinhados com a esquerda. Esquerdistas, quer sejam
ateus ou religiosos, são “irmãos” e sempre vivem juntos. Gilberto Carvalho,
ex-seminarista católico, é chegadíssimo a Dilma e sabe mexer os pauzinhos para
aproximar Dilma de cristãos peões.
A oração de Ana Paula Valadão, então, só
vai engrossar a presença de evangélicos diante de Dilma? É o que parece. Pelo
seu interesse em reeleição, Dilma irá se aproximar de mais evangélicos e outros
grupos religiosos.
Ana pode ter boas intenções no coração, mas
a função do profeta é muito mais do que orar ou mostrar presença “evangélica”
diante de Dilma. Muitos outros já cumprem esse papel — muito mal, pelo visto.
A função do profeta é ouvir de Deus e
entregar os recados decisivos para momentos decisivos.
Dilma quer aproximação por causa de sua
preocupação com sua reeleição. Mas é essa a preocupação de Deus?
Deus enviou ao rei Acabe, que reinava em
Israel no Antigo Testamento, profetas, inclusive Elias e Micaías. Acabe havia
transformado o culto a Baal em
obrigação nacional. O deus Baal era servido por sacerdotes homossexuais e
exigia o sacrifício de bebês. Bem parecido com o baalismo petista, não, que
exige homossexualismo e aborto?
Os recados divinos de Elias e Micaías eram
duros e não estimulavam o governante a chamar o profeta para outros encontros.
Afinal, depois de ser repreendido, você vai querer convidar o repreensor de
novo?
Se você quer manter as portas abertas
diante de estadistas, a última coisa que você vai querer dizer é uma palavra
que desagrade. Pobre Elias! Suas palavras só ofendiam o rei! Pobre Micaías!
Acabe detestava as mensagens divinas dele.
Se Ana quer de fato manter as portas
abertas, não imite Elias nem Micaías. A chave para a continuidade de encontros
com Dilma é não desagradá-la. E um jeito fatal de fazer isso é continuando a
fazer exatamente o que as cantoras gospel fizeram: não incomodaram Dilma sobre
a lei de aborto que ela está para sancionar. Nada de dar uma de Elias e Micaías
diante da presidente. Confira meu artigo sobre Micaías: Onde está Micaías?
Dilma e seus quatrocentes conselheiros
Desagradar Dilma na
questão do aborto é algo que nem o papa faria. Mas no caso do papa,
haveria uma desculpa: ele é um estadista.
Manter as portas abertas diante de um
estadista pró-aborto é um pedido difícil se você pretende dar um recado de
Deus. Mas se for apenas para orar, dar um tapinha nas costas, fazer um elogio e
sorrir, as portas estão sempre abertas. Na última reunião das cantoras gospel,
Dilma sorriu e gostou.
A versão das cantoras é que elas foram só
para orar por Dilma. Mas a versão de
Dilma conta, oficialmente no Blog do Planalto, que elas estavam lá para “uma
demonstração de apoio e solidariedade.”
Dilma sorriu porque ela pôde aproveitar
para vantagem dela, assim como ela faz com muitos outros grupos evangélicos e
cristãos.
Mas se Ana ou um verdadeiro profeta tivesse
orado e depois dito “Dilma, vejo sangue em suas mãos!”, haveria uma imediata
porta aberta para um recado profético. Curiosa e assustada, Dilma perguntaria:
“O que é isso, sangue em minhas mãos?”
O profeta diria: “É o sangue de crianças
abortadas por leis de iniquidade que seu governo quer impor no Brasil.”
Ela poderia reagir se arrependendo ou
enxotando ou mandando prender o profeta. Mas nossa missão não é mudar o coração
dos estadistas. Apenas lhes dar as mensagens de Deus. O resto é com Deus.
Espero que Ana compreenda a
responsabilidade e seriedade da oração que ela fez pedindo a Deus permanentes
portas para profetas visitarem Dilma. Que sejam profetas como Micaías, que não
se limitava à oração e tapinhas nas costas. De evangélicos e católicos de
tapinhas nas costas e elogios, Dilma já os tem em abundância em sua presença.
Agora ela precisa é encontrar um verdadeiro profeta, para falar o que ela
precisa ouvir, mesmo não gostando.
Fonte: www.juliosevero.com
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