Em 3 de março de 2011, o pastor — alguns o
chamam de apóstolo — Abe Huber, líder do MDA (Modelo de Discipulado
Apostólico), declarou, no Congresso de Células da Igreja Batista da Lagoinha,
em Belo Horizonte-MG: “Aponta suas mãos em direção à sua casa, ao seu bairro, à
sua rua. E fala: ‘Eu decreto salvação, perdão de pecados aos meus vizinhos’.
Diga assim: ‘Belo Horizonte já é do Senhor Jesus’. [...] Vai decretando perdão
de pecados sobre seus vizinhos, sobre seus parentes. [...] Eles já estão
salvos. Eu vejo a maioria de Belo Horizonte, mais de 50% salva”.
À luz do Novo Testamento, o dom de
profecia é dado pelo Espírito Santo à Igreja para edificação, exortação e
consolação (1 Co 14.3); e para o que for útil (12.7). Por meio desse dom, o
Senhor fala conosco como e quando quer (12.11; At 13.1-4), e não quando uma
pessoa resolve, por conta própria, “decretar”, “determinar”, “declarar” ou
mandar alguém fazer isso. Há alguns anos, inclusive, uma famosa profetisa
“decretou”, em um megaevento, o fechamento de todos os bares e casas de shows
do Rio de Janeiro! Ela disse que todos eles seriam transformados em igrejas em
pouco tempo... Isso aconteceu?
Penso que todos os cristãos que se prezam
deveriam rejeitar essa prática descabida e herética de “decretar” salvação,
visto que à Igreja do Senhor cabe apenas a pregação do Evangelho. Ele é quem
salva, segundo a sua graça. E sabemos que a prática de “decretar” salvação,
além de não ter o abono da Palavra do Senhor, não muda em nada as
circunstâncias. Deus pode mudar a situação de um país ou de um governo por meio
de intercessão e influência do seu povo, e não mediante palavras de ordem (1 Tm
2.1-3; 2 Cr 7.14,15).
Muitos evangélicos, enganados, pensam que
é assim que o Brasil vai mudar: mediante “decreto”. Mas, hoje, os crentes não
incomodam nem influenciam ninguém! Boa parte da igreja evangélica brasileira
está misturada com o mundo, envolvida em assuntos que não são de sua
competência, e ainda prega um falso evangelho, “contextualizado”, que agrada as
pessoas do mundo, atraindo-as para dentro dos templos, mas afastando-as da
verdade.
É comum, em grandes eventos, ouvirmos
crentes dizendo: “Eu estou aqui para decretar que esta cidade é do Senhor
Jesus”. Como os pregadores do evangelho antropocêntrico — boa parte deles faz
parte dos movimentos G12, M12 e MDA — acreditam que são “a boca de Deus” na
terra e que as suas palavras abrem e fecham portas, “decretar” que uma cidade é
do Senhor Jesus determinará que, de fato, ela será dEle. Mas, se não houver
compromisso com o Evangelho, as coisas continuarão exatamente como estão! Não
seria mais eficaz pregar o Evangelho com verdade?
Não só Belo Horizonte e o Brasil, e sim o
planeta Terra e todo o Universo pertencem àquEle que criou todas as coisas (Sl
24.1; Hb 11.3). Entretanto, o mundo precisa ouvir as boas novas de salvação (Mc
16.15; Mt 28.19). Quantos pregadores e líderes já não “decretaram” que nosso
país é do Senhor Jesus?! A despeito disso, a nossa nação continua cheia de
violência, imoralidade, corrupção, injustiça...
Quantos já não “decretaram” que as cidades
do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Belo Horizonte, de Vitória, de Curitiba, de
Fortaleza, de Brasília, de Manaus, etc. pertencem a Cristo?! Mas elas continuam
indo de mal a pior em matéria de segurança pública, educação, moralidade,
civilidade... O Brasil precisa ser conquistado pelo Evangelho, e não
politicamente. O Reino de Cristo é espiritual (Jo 18.36; Rm 14.17).
Precisamos abandonar essa ambição de
“conquistar o Brasil na marra”, por meio de “decreto”, na base do grito!
Devemos orar pela nossa nação e pregar a verdadeira mensagem do Evangelho! Mas,
quando fizermos isso, de fato, estejamos preparados para as perseguições (1 Co
16.9). Se o mundo nos trata bem e nos vê com bons olhos, devemos ficar
preocupados (Jo 15.18,19). Lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus:
“bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós, por minha causa” (Mt 5.11).
Ciro Sanches Zibordi
FONTE: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2014/02/o-mda-e-falaciosa-salvacao-por-decreto.html
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