quarta-feira, 11 de junho de 2014

UMA RESPOSTA CARISMÁTICA Á "CRISE CRESCENTE POR TRÁS DA HISTÓRIA DE SUCESSO EVANGÉLICO NO BRASIL"

Julio Severo trata de conceitos e alvos errados em artigo de teólogo presbiteriano brasileiro
Julio Severo
Em seu blog no “The Gospel Coalition,” o teólogo calvinista brasileiro Augustus Nicodemus Gomes Lopes disse: “Quando Paulo Romeiro escreveu ‘Evangélicos em Crise’ em meados da década de 1990, um livro que se tornou best-seller entre evangélicos brasileiros, ele tratou apenas de um dos muitos modos pelos quais o evangelicalismo está se desmoronando no Brasil: sua incapacidade de deter a propagação da teologia da prosperidade.” (Link:http://archive.is/hjNXb)
Ele menciona “Teologia da Prosperidade” três vezes. Estranhamente, a Teologia da Libertação e sua versão protestante, a Teologia da Missão Integral, estão ausentes do seu texto.
Ainda que a Teologia da Missão Integral seja um problema predominante entre calvinistas brasileiros, Nicodemus foca nominalmente apenas na Teologia da Prosperidade, que é seguida de forma geral por igrejas neopentecostais.
De forma simplista, a Teologia da Missão Integral, que é adotada por teólogos e líderes em grande parte de opulentas igrejas reformadas, é o método que os líderes empregam para ensinar os pobres a buscar o Estado como o provedor de suas necessidades materiais. Em contraste, a Teologia da Prosperidade é de modo geral seguida e praticada nas igrejas neopentecostais brasileiras, onde os pobres são ensinados a buscar a Deus como o provedor de suas necessidades materiais e espirituais.
Basicamente, ambas as teologias vieram dos Estados Unidos. Na década de 1950, o Rev. Richard Schaull, um forte adepto do Evangelho Social dos EUA e mais tarde professor na Universidade Presbiteriana Princeton, nos EUA, ensinava no maior seminário da Igreja Presbiteriana do Brasil — a mesma denominação de Nicodemus.
Sua influência, primeiramente na Igreja Presbiteriana do Brasil, foi impactante e ele foi um precursor da Teologia da Libertação. Seu discípulo, o então teólogo presbiteriano Rubem Alves, contribuiu muito para o nascimento da Teologia da Libertação no Brasil, na década de 1960.
As igrejas neopentecostais começaram a aparecer no Brasil principalmente no final da década de 1970, quando as audiências evangélicas eram, majoritariamente, influenciadas pelos televangelistas Pat Robertson e Rex Humbard e seus programas famosos “Clube 700” e “Alguém Ama Você.” Além disso, muitos se converteram a Cristo por meio desses programas.
Em meados da década de 1980, líderes protestantes, inclusive Caio Fábio, preocupavam-se que a Teologia da Prosperidade das igrejas neopentecostais porque ela estava enfraquecendo o avanço da Teologia da Missão Integral em toda a Igreja Brasileira. Você pode encontrar mais informações em meu e-book gratuito: http://bit.ly/141G7JH
Caio Fábio, que era o líder mais proeminente na Igreja Presbiteriana do Brasil, acabou caindo por graves escândalos sexuais e financeiros no final da década de 1990, depois de seu sórdido trabalho de ajudar o ex-presidente Lula e seu partido socialista, o PT, a atrair os evangélicos.
Os principais inimigos do neopentecostalismo, e sua Teologia da Prosperidade, têm sido protestantes esquerdistas. Ainda que não seja esquerdista, Augustus Nicodemus acha mais fácil atacar nominalmente a Teologia da Prosperidade do que a Teologia da Missão Integral. Quando era chanceler na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, ele permitia que professores de teologia adeptos da Teologia da Missão Integral ali dessem aulas, mas não admitia nenhum adepto da Teologia da Prosperidade.
Por que o neopentecostalismo, não a marxista Teologia da Missão Integral, tem sido a grande preocupação dele? Por causa da teologia dele, que tem estado em conflito especial com a vasta maioria evangélica do Brasil. Nicodemus é a principal voz cessacionista no Brasil. O cessacionismo prega que profecia e outros dons sobrenaturais do Espírito Santo cessaram 2000 anos atrás.
Ele tem tido muita dificuldade para entender como as igrejas pentecostais, renovadas e neopentecostais (inclusive católicos carismáticos) vivem um crescimento fenomenal. Nicodemus diz: “De acordo com o recenseamento oficial mais recente, os evangélicos representam quase um quarto da população total do Brasil (22,5 por cento). É um crescimento fenomenal, já que apenas 40 anos atrás eles eram apenas 2,5 por cento.”
O que ele não revelou é que esse crescimento em massa tem tudo a ver com dons sobrenaturais e o Espírito Santo. De acordo com o “The New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements: Revised and Expanded Edition” (Novo Dicionário Internacional de Movimentos Pentecostais e Carismáticos, Zondervan 2010), o Brasil tem o seguinte perfil evangélico:
Pentecostais 24.810.921 (31%)
Carismáticos* 33.970.683 (42%)
Neopentecostais 21.168.395 (26%)
Total de renovados: 79.949.999
*Carismáticos abrangem, majoritariamente, católicos renovados e, minoritariamente, protestantes renovados de igrejas históricas como presbiteriana, luterana, metodista, etc.
De acordo com a Wikipédia, a denominação presbiteriana de Nicodemus no Brasil tem 980.000 membros. Essa estatística não significa que todos os presbiterianos brasileiros são cessacionistas. Muitos deles são renovados.
O cessacionismo de Nicodemus traz outro problema: se profecia e outros dons sobrenaturais hoje entre os cristãos brasileiros não são de Deus, quem está provocando o crescimento pentecostal, carismático e neopentecostal no Brasil? Quem está realizando milagres entre eles? Satanás?
O Brasil é a maior nação espírita do mundo. A feitiçaria, principalmente de origem africana, é abundante. A colisão entre os poderes das trevas dessas religiões ocultistas e as igrejas pentecostais, carismáticas e neopentecostais e seus dons espirituais tem resultado em conversões em massa a Cristo.
Essa colisão é necessária. Como o teólogo calvinista Vincent Cheung disse: “A resposta ao poder sobrenatural demoníaco é maior poder sobrenatural divino. A Bíblia descreve muitos encontros de poder, onde o poder miraculoso de Deus esmagou o poder de Satanás. Considere o confronto entre Moisés e os mágicos, entre Elias e os falsos profetas, entre Jesus e os possessos de demônios, entre Felipe e Simão, entre Paulo e Elimas, e entre Paulo e essa jovem com o espírito maligno no texto que estamos lendo. Paulo expulsou o espírito de adivinhação, e a moça perdeu sua capacidade. Essa é a resposta bíblica aos milagres de Satanás. A solução não é negação, mas discernimento e controle.” (Sermonettes, Volume 7, Capítulo Sete.)
Como cessacionista, Nicodemus prefere a negação e vê muitos problemas no explosivo crescimento pentecostal, carismático e neopentecostal. Ele diz: “Como o evangelicalismo chegou a esse ponto de sucesso e crise simultânea no Brasil? Até mesmo entre igrejas reformadas, nunca se conheceu nem se adotou plenamente a teologia e a prática reformada em nosso país.” Por isso, a crise evangélica se origina do fato de que, como disse ele, as igrejas não “conheceram as doutrinas da Reforma em sua plenitude e poder.”
Mas o que é necessário para prevalecer nas colisões entre os poderes espirituais das trevas e o poder de Deus? Ser cheio das tradições da Reforma ou ser cheio do poder do Espírito Santo?
Nicodemus também afirma: “Ao desdenharem séculos de tradição e interpretação teológica, os evangélicos se acharam vulneráveis a qualquer interpretação, tal como teísmo aberto, teologia da prosperidade, uma nova perspectiva sobre Paulo, e assim por diante.” Nenhuma menção à ameaça mais importante entre as igrejas reformadas do Brasil: a Teologia da Libertação e sua irmã protestante, a Teologia da Missão Integral.
O principal defensor da Teologia da Missão Integral no Brasil é o Pr. Ariovaldo Ramos, pastor da Comunidade Cristã Reformada. Recentemente, ele louvou Hugo Chavez como um herói dos fracos e pobres. Suas proeminentes atividades esquerdistas não têm sido contestadas por Nicodemus e outros líderes reformados.
Na melhor das hipóteses, Ariovaldo permanece em silêncio diante das tentativas do governo socialista do Brasil de legalizar o aborto e aprovar o PLC 122, um projeto de lei que criminaliza a crítica bíblica aos atos homossexuais. Ele apoiou a eleição desse governo. Em contraste, Marco Feliciano, deputado federal e pastor da Assembleia de Deus, tem se expressado publicamente contra o aborto e contra o PLC 122.
Feliciano também apoiou a eleição desse governo. Mas quando surgiu uma colisão entre valores e o governo do PT, ele escolheu valores. Por causa de suas posturas morais públicas, ele tem sido sistematicamente atacado pela Esquerda secular e religiosa, inclusive Ariovaldo.
Num contraste mais sombrio, Nicodemus é membro da ANAJURE, uma organização cristã criada para defender os cristãos e seus direitos civis, cujo presidente deu declarações públicas contra Feliciano. Além disso, em 2010, depois que os ativistas gays protestaram contra um manifesto público contra o PLC 122 no site de sua universidade, Nicodemus ordenou sua remoção, virtualmente se prostrando às exigências gays.
Ao que tudo indica, nada disso tem sido uma preocupação para ele.
Como cessacionista, ele está preocupado apenas com os pentecostais, principalmente com a falta de direção teológica deles. Até mesmo entre as igrejas neopentecostais que praticam a Teologia da Prosperidade a diversidade de interpretação e práticas é gigantesca. Por exemplo, a denominação neopentecostal mais agressiva do Brasil, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), é cessacionista, crê em milagres apenas por confissão positiva e oração e rejeita profecia e outros dons sobrenaturais do Espírito Santo hoje. A IURD prega que as manifestações desses dons hoje são demoníacas — uma postura que não difere da postura das igrejas reformadas cessacionistas. O bispo Edir Macedo, fundador da IURD, tem apoiado abertamente o aborto. Mas nesses dois pontos — cessacionismo e aborto —, a IURD tem sido exceção entre as igrejas neopentecostais do Brasil.
Essas diferenças imensas têm uma explicação. De acordo com o Novo Dicionário Internacional de Movimentos Pentecostais e Carismáticos: “A diversidade do pentecostalismo global torna impossível falar de uma teologia pentecostal, principalmente já que uma teologia completamente madura da fé cristã a partir de uma perspectiva pentecostal clássica ainda não foi escrita.” Esse é especialmente o caso do Brasil.
Pelo fato de que pensa basicamente em termos teológicos, Nicodemus provavelmente vê pouca esperança para tais igrejas sem teologia. Aliás, para ele isso é uma “crise.” Ele disse: “Não existe saída fácil dessa crise. Contudo, há alguns sinais animadores de mudança que não posso deixar de mencionar. Um deles é o crescimento surpreendente da fé reformada entre pentecostais. Há exemplos inumeráveis de pastores pentecostais se voltando para a compreensão reformada das Escrituras. Às vezes até mesmo igrejas pentecostais inteiras têm passado por essa mudança. Cito aqui um email que recebi algumas semanas atrás de um pastor que era pentecostal: Seu livro Adoração Espiritual [primeiramente publicado em 1998 e agora na sua 5ª edição] fez a nossa igreja inteira parar de falar em línguas e mudou nossa liturgia toda. Até tivemos de mudar a placa de nosso templo de ‘Assembleia de Deus’ para ‘Igreja Reformada.’”
Uma igreja Assembleia de Deus parou de falar em línguas (e possivelmente parou as profecias também), e o cessacionismo ganhou no nome da Reforma. Mas será que isso é vitória espiritual?
Eis a realidade brasileira: Milhões de almas perdidas estão perecendo. O espiritismo é generalizado. A Teologia da Libertação está desenfreada na Igreja Católica. A Teologia da Missão Integral está desenfreada nas igrejas reformadas. E um teólogo reformado está interessado em igrejas abandonando experiências carismáticas e se tornando reformadas?
Essa é uma preocupação frívola e irresponsável.
Durante décadas, a Teologia da Missão Integral — sem mencionar a maçonaria — tem sido um grande problema entre as igrejas reformadas, e a grande preocupação de Nicodemus é o crescimento das igrejas pentecostais, renovadas e neopentecostais?
Recentemente, meu blog expôs o cessacionismo de Nicodemus, e um de seus fãs comentou que se a preocupação dos cristãos opostos ao cessacionismo é cura, visão e profecia, eles deveriam visitar centros espíritas para ver tudo isso. Assim, a falsa doutrina de Nicodemus e outros teólogos reformados tem inevitavelmente levado seus seguidores a ver apenas “espiritismo” nas igrejas pentecostais, renovadas e neopentecostais do Brasil.
Essa é uma descrição grosseira e enganosa não só do poder de Deus, mas também de seu papel essencial no crescimento fenomenal da Igreja Evangélica Brasileira.
Faria sentido você estar vivendo na França se o problema mais importante que você vê nessa nação é sua língua?
Por que você viveria na França se você não gosta de francês? Você tentaria converter as pessoas que falam francês em pessoas que falam português? O Brasil não é a França, mas sua população evangélica é vastamente pentecostal, e Nicodemus quer transformá-los em reformados e, assim espera ele, em cessacionistas.
Igrejas pentecostais se transformando em igrejas reformadas acarreta ciladas reformadas.
Sim, o contato reformado poderia ser útil para os pentecostais no Brasil, mas primeiro os líderes reformados precisam renunciar, denunciar e lutar contra a Teologia da Missão Integral que predomina entre eles. Caso contrário, maior contato reformado para os pentecostais só trará mais da mesma crise e confusão com as quais as igrejas pentecostais, renovadas e neopentecostais começaram a se contaminar no final da década de 1990 por literatura e conferências de Caio Fábio, Ariovaldo Ramos e outros líderes reformados defensores da irmã protestante da Teologia da Libertação.
Entre as igrejas reformadas (presbiterianas, calvinistas), a contaminação começou na década de 1950! Há uma crise esquerdista empesteando as igrejas reformadas do Brasil, mas Nicodemus e outros líderes que têm treinamento teológico se recusam a lidar com isso de forma direta. O Brasil é um berço da Teologia da Libertação. Mesmo assim, Nicodemus nunca a mencionou em seu artigo elaborado para apontar apenas a crise por causa do pentecostalismo.
Na década de 1990, frequentei uma igreja presbiteriana, da mesma denominação de Nicodemus. Eles se preocupavam muito com a Teologia da Prosperidade. Para se protegerem, todas as igrejas presbiterianas da região incentivavam assinaturas coletivas da revista Ultimato — a principal voz presbiteriana do Brasil em favor da Teologia da Missão Integral.
Durante anos, tenho denunciado a Ultimato — que tem sistematicamente atacado os conservadores. Mas Nicodemus e seus camaradas cessacionistas nunca a denunciaram do jeito que denunciam os neopentecostais.
Há uma crise reformada na Europa e nos Estados Unidos, onde as grandes denominações estão ordenando pastores gays e liderando boicotes contra Israel. O liberalismo e o esquerdismo têm se introduzido lentamente em grande parte sem oposição, e o resultado é apostasia generalizada. E desde o seu início no Brasil, o movimento de Teologia de Missão Integral tem proeminentes líderes reformados.
Se o cessacionismo é uma venda nos olhos, isso explica por que até mesmo líderes reformados não esquerdistas como Nicodemus são incapazes de combater a Teologia da Missão Integral do jeito que eles sistematicamente combatem a Teologia da Prosperidade e outras práticas pentecostais, inclusive a Marcha para Jesus, que é liderada por neopentecostais opostos ao aborto e ao PLC 122. A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) tem um evento semelhante no Rio de Janeiro, chamado “Caminhada Presbiteriana pela Cidadania.” Essa marcha tem como sua missão oficial aumentar a visibilidade da IPB e da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A “Caminhada Presbiteriana pela Cidadania” tem tido uma parceria com espiritas e religiões afro-brasileiras. Seu líder, o Rev. Marcos Amaral, expressou publicamente seu desejo de vida longa para Hugo Chavez e um derrame para Marco Feliciano. Ele fez isso porque o pastor pentecostal é odiado pelos esquerdistas seculares e protestantes por causa das posturas conservadoras dele acerca do aborto e homossexualidade. Aliás, o Rev. Amaral chegou até a se unir a proeminentes esquerdistas seculares para protestar contra Feliciano. Nicodemus tem um artigo criticando pesadamente a Marcha para Jesus, mas nenhum artigo contra a marcha presbiteriana liderada pelo Rev. Amaral.
Os pentecostais de fato precisam de ajuda, principalmente porque estão sob ataques pesados de calvinistas e secularistas esquerdistas. No entanto, os líderes reformados realmente têm a resposta certa e completa?
E quanto à cegueira cessacionista e a Teologia da Missão Integral?
Há libertação dessas ciladas reformadas no Brasil? Sim — ser cheio do poder e conhecimento do Espírito Santo.
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