Julio Severo
Numa campanha de pressão sobre os
deputados e senadores, cada um deles recebeu, nesta primeira semana de julho de
2014, um email contendo manifesto assinado por diversos pastores e líderes
evangélicos conhecidos. O manifesto, que tem a intenção de representar a
vontade da maioria dos evangélicos do Brasil, dá apoio total ao Decreto
8.243/2014, assinado pela presidente Dilma Rousseff e que foi classificado pelo
colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo como um golpe que
extingue a democracia no Brasil.
Apesar da grave ameaça, o decreto de
Dilma está sendo apoiado pelo manifesto evangélico que foi assinado por
Ariovaldo Ramos e representantes de várias entidades evangélicas, inclusive
Visão Mundial, CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), Igreja
Presbiteriana do Brasil, Editora Ultimato, RENAS, Aliança Bíblica Universitária
do Brasil, Rede FALE, Rede Social de Negras e Negros Cristãos e outros. Os
nomes completos dos assinantes encontram-se no final deste artigo.
Pelo que indicou o sitedo
jornalista esquerdista Luís Nassif, membros desse grupo estiveram com o
ministro Gilberto Carvalho em 24 de junho, para dar apoio ao decreto ditatorial
de Dilma. O texto deles acabou virando o manifesto que foi enviado a todo o Congresso
Nacional em nome dos evangélicos.
Gilberto Carvalho
|
De acordo com denúncia do Dep. Arolde de
Oliveira, o decreto ditatorial é um projeto sob o comando de Gilberto Carvalho,
que conta até mesmo com a assessoria direta de um teólogo presbiteriano da
linha da Teologia da Missão Integral. O teólogo, Alexandre Brasil, é
responsável por aproximar as igrejas evangélicas dos objetivos estratégicos do
PT.
Numa nota pública que mencionou que o
decreto foi assinado na surdina pela presidente Dilma, o Dep. Arolde disse:
“Isso ameaça a democracia. É o começo de
uma ditadura. Essa medida foi feita de maneira similar na Rússia, conhecido
como os Conselhos Soviets, em Cuba, na China e também na Venezuela… Cria os
conselhos populares usurpando dos representantes legítimos do povo o direito de
legislar. É complicado e perigoso. É o grande projeto do PT para amordaçar a
Nação, comandado pelo segundo homem mais forte do partido, depois do Lula, que
é o Gilberto Carvalho, comunista de carteirinha.”
Ariovaldo Ramos assina o manifesto como
representante do EPJ (Evangélicos Pela Justiça), que de forma prática
substitui o MEP (Movimento Evangélico Progressista), fundado pelo bispo
marxista Robinson Cavalcanti.
Não é de estranhar que Ariovaldo
encabece um manifesto reivindicando uma ditadura socialista. Ele já chegou
a declarar que por causa do ditador socialista Hugo Chávez, “o mundo ficou
melhor.” Ele agora quer para o Brasil a mesma “melhora” que Chávez deu na
Venezuela?
Muitos dos que assinaram com ele,
inclusive a revista Ultimato, também haviam se juntado num manifesto
semelhante um ano atrás contra a presença do Dep. Marco Feliciano na
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados,
por causa das posturas dele contra o aborto e a agenda gay. A linha desses
líderes evangélicos, que seguem a Teologia da Missão Integral, é fazer oposição
a evangélicos com posturas conservadoras e dar ao PT e outros partidos
esquerdistas apoio evangélico para suas metas ditatoriais.
Aliás, o CONIC, que também endossa o
atual decreto ditatorial de Dilma, chegou ao cúmulo de fazer um manifesto
a favor do infame PLC 122 no ano passado.
Todo esse esforço de Ariovaldo Ramos
& Cia. apoiando ou fazendo vista grossa a ditaduras socialistas ou
campanhas para implantá-las é movido pela Teologia da Missão Integral, que
supostamente tem mais preocupação com os pobres do que o próprio Evangelho de
Jesus Cristo.
Abaixo, transcrevo, conforme me foi
enviado hoje oficialmente pela Frente Parlamentar Evangélica, o manifesto
mandado a todos os parlamentares do Congresso Nacional.
De: Particição Social Manifesto
[mailto:manifesto.pnps@gmail.com]
Enviada em: terça-feira, 1 de julho de
2014 16:27
Assunto: EVANGÉLICOS DIVULGAM CARTA DE
APOIO Á POLÍTICA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Prezados deputados e deputadas,
Durante o evento Arena de Participação
Social, de 21 a 23 de maio, a Presidência da República lançou a Política
Nacional de Participação Social (PNPS), através do Decreto 8.243/2014. Causou
estranheza a muitos de nós que temos participado de espaços formais de participação
há décadas as tantas manifestações contrárias à PNPS que foram verbalizadas por
alguns senadores desta casa. Pastores e lideranças evangélicas comprometidas
com as diferentes formas de participação social viemos nos manifestar
publicamente sobre tal decreto.
Sem Participação Não Há Democracia!
A capacidade do homem para praticar a
justiça torna a democracia possível; mas a inclinação do homem para a injustiça
torna a democracia necessária. Reinhold Niebuhr
Nós, membros de diferentes igrejas e organizações
cristãs que temos participado de diversos espaços de participação social nas
últimas décadas, nos posicionamos em favor do Decreto 8.243/2014 que
regulamenta a Política Nacional de Participação Social (PNPS). Consideramos
esta regulamentação um importante passo no sentido de institucionalizar a
participação social como procedimento de governo. Acreditamos que a democracia
brasileira é aperfeiçoada com a garantia da utilização dos mecanismos de
participação da sociedade civil na construção de políticas públicas em toda a
administração pública federal, conforme define o decreto, proporcionando assim
a permanente interação e diálogo entre o poder público e a cidadania tanto na
definição das prioridades e critérios na elaboração das políticas como na sua
prestação de contas.
É preciso lembrar que a democratização
do processo de construção das políticas públicas no Brasil não é nova, e que se
constituiu através das demandas da própria sociedade brasileira nas suas lutas
democráticas. A Constituição de 1988 veio, por sua vez, consagrar instrumentos
de democracia participativa que garante aos cidadãos e cidadãs brasileiros a
possibilidade de participação direta.
Nos últimos anos vimos o uso mais
regular e sistematizado de diferentes mecanismos de participação social como as
conferências e conselhos, além de audiências e mais recentemente as plataformas
online, o que corrobora que a sociedade brasileira se apropria cada vez mais
dos processos de formulação de políticas públicas no período pós-redemocratização.
Em consonância com esta participação nos
mecanismos institucionais, a sociedade brasileira vem demonstrando também
recentemente, como nas Jornadas de Junho, que deseja mudanças reais e profundas
que levem nosso país a superar problemas estruturais como a desigualdade, a
falta de ética na política e transparência na gestão pública, o acesso a
serviços sociais básicos etc.
Por isso, surpreende-nos que alguns
setores da sociedade brasileira, incluindo lideranças evangélicas, não percebam
que a Política Nacional de Participação Social (PNPS) amplia a capacidade da
sociedade de incidir para garantir políticas públicas que sejam efetivas.
Afirmamos que a democracia se faz e se
constrói no dia a dia com a participação da sociedade civil. Como cristãos e
cristãs de diferentes igrejas e organizações que têm contribuído para o
fortalecimento de nossa democracia através de diferentes formas de participação
social, nos comprometemos e declaramos que não vamos abrir mão dessa
prerrogativa assim como continuaremos lutando para que o Estado brasileiro seja
cada vez mais democratizado para que atenda aos ideais de dignidade humana,
justiça, liberdade e solidariedade, valores evangélicos que decidimos encarnar.
Assinam:
Pr. Ariovaldo Ramos dos Santos, EPJ-
Evangélicos Pela Justiça, CONSEA - Conselho de Segurança Alimentar e
Nutricional.
Pr. Welinton Pereira da Silva,
secretário nacional do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente,
Visão Mundial.
Pra. Romi Márcia Bencke, CONIC, Comitê
Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa.
Pr. Christian Gillis, Igreja Batista -
Belo Horizonte.
Pra. Lusmarina Campos Garcia, Conselho
de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeir - CONIC-Rio.
Rev. Helio Sales Rios, IPB e SINPRO-ABC,
CONTEE.
Klênia César Fassoni, Editora Ultimato,
Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente.
Daniela Frozi, RENAS, Conselho de
Segurança Alimentar e Nutricional.
Márcia Brandão Rodrigues Aguilar,
Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Conselho Nacional de Juventude
(2009-2011).
Flávio Conrado, Visão Mundial, Diálogos
Sociais sobre Rio+20 e Agenda Pós-2015.
Caio Marçal, Rede FALE e Igreja Batista
da Redenção (MG), Conselho Nacional de Juventude (2008).
Hiranildes Valentina Lobo, PIB em Santo
Hilário, Conferencia Municipal de Mulheres.
Tábata Mori, Igreja Presbiteriana,
Conferência de PP de Juventude.
Maria do Carmo Barros de Carvalho,
Comunidade Evangélica Vale da Benção em São Roque, CMAS e 3 conferências do
mesmo.
Aldo Cardoso, EPJ - Evangélicos pela
Justiça, CONSOCIAL.
Ana Maria F. S. de G. Santos, Federação
Brasileira de Direitos Humanos, 13º Congresso da ONU sobre Prevenção do Crime e
Justiça Criminal.
Gerhard Fuchs, RENAS - Rede Evangélica
Nacional de Ação Social, CEDECA-PR.
Emerson Meira da Silva, SINPRO-ABC,
CONAE – 2014.
David Fehrmann, Tree of Life, REPAS.
Sueli Catarina de Carvalho, Visão
Mundial, Fórum Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de
Janeiro.
Mauri de Carvalho Braga, ISJB/CESAM MG.
Pr. Clemir Fernandes, RENAS.
Rafael Simões Vaillant, Igreja Batista
em Guarapari, Conferência Municipal de Educação.
Pr. Reinaldo Vieira Lima Junior,
Primeira Igreja Batista em São Paulo, Conferência do Estado de São Paulo sobre
Políticas Públicas de Juventude.
Alexandre de Oliveira Demidoff, AGU.
Hernani Francisco da Silva, Afrokut -
Rede Social de Negras e Negros Cristãos, Direitos Humanos.
Renan Porto, Rede FALE, 4ª Conferência
Municipal de Juventude de Uberaba-MG.
Anivaldo Padilha, Koinonia.
José Carlos Oliveira Costa, Sinpro-ABC.
Luciney Coutinho Luz, Igreja Batista da
Graça, Assistência Social.
Ana Elizabete Barreira Machado, Aliança
Bíblica Universitária do Brasil, Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE.
Luiz Claudio Oliveira dos Santos, PIB
Ponto Chic, Conferência de juventudes.
André Luiz da Silva, Cívico, Conferência
de Transparência e Controle Social.
Bruno de Souza Ferreira, Igreja
Presbiteriana do Brasil.
Fonte: www.juliosevero.com
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