Julio Severo
Pela primeira vez na história dos EUA, um
papa falará no Congresso, convidado pelo republicano John Boehner e pela
democrata Nancy Pelosi.
Quando falar aos legisladores americanos em
24 de setembro, o Papa Francisco se dirigirá a um Congresso que é 31 por cento
católico, bem acima dos 22 por cento de toda a população americana, de acordo
com uma pesquisa divulgada no mês passado pela entidade apartidária Centro de
Pesquisas Pew. Boehner e Pelosi são ambos católicos.
“Sentimo-nos honrados que o Santo Padre
tenha aceitado nosso convite e certamente esperamos receber a mensagem dele em
favor do povo americano,” disse Boehner, o republicano mais poderoso na Câmara
dos Deputados dos EUA.
“Vamos ouvi-lo nos desafiar a viver nossos
valores, a proteger os pobres e os necessitados e a promover a paz,” disse
Pelosi, a democrata mais poderosa na Câmara dos Deputados dos EUA.
Francisco, um jesuíta argentino e o
primeiro papa no Hemisfério Ocidental, tem feito com que o principal alicerce
de seu papado seja exortar as nações ricas a “ajudar os pobres.”
De acordo com a Associated Press, ele
planeja usar sua viagem aos EUA para incentivar os líderes mundiais a adotar
medidas ousadas para refrear o aquecimento global. Ele também planeja lançar
uma encíclica sobre mudança climática, que ele diz é em grande parte provocada
pelo homem.
“Ele tem um histórico de desafiar as
pessoas,” disse Mathew Schmalz, um professor de estudos religiosos na Faculdade
da Santa Cruz em Worcester, Massachusetts.
Ainda que muitos republicanos não vão
gostar do que Francisco dirá sobre aquecimento global, é certo que muitos
democratas não gostarão de algumas das opiniões de Francisco também.
Ele condena o aborto e o uso da
contracepção artificial, e chama o casamento entre um homem e uma mulher como
“coluna fundamental” da sociedade. Contudo, diferente do Papa João Paulo 2º,
ele não tem dado destaque a essas questões. Seu foco tem sido combater a
pobreza.
Obama disse que está ansioso para dar as
boas-vindas ao papa nos EUA.
“Como muitas pessoas no mundo inteiro, eu
tenho sido tocado pela chamada dele de dar ajuda aos que sofrem, e mostrar
justiça, misericórdia e compaixão aos mais vulneráveis,” disse Obama.
A sinceridade de Obama é um problema. Seu
governo e vida política estão cheios de ativismo pró-aborto — uma ameaça séria
aos mais vulneráveis dos vulneráveis.
Os EUA precisam de líderes cristãos para
desafiá-los diretamente a se arrepender e abandonar seus maus caminhos.
Francisco estará à altura dessa responsabilidade? Não é impossível fazer isso.
No Café-da-Manhã de Oração Nacional de 1994
com o presidente Bill Clinton, Madre Teresa sem rodeios condenou o aborto legal
nos EUA e tratou suas vítimas inocentes como as mais indefesas e vulneráveis na
sociedade americana.
Ela desafiou Clinton e as autoridades
americanas a protegerem essas vítimas.
Esse foi o último café-da-manhã dela com
Clinton.
É duvidoso que o Papa Francisco imitará o
corajoso discurso pró-vida dela. Numa visita papal de 2013 ao Brasil, quando a
presidente socialista Dilma Rousseff estava considerando legalizar o aborto — o
que ela fez —, Francisco nunca mencionou os termos
aborto e matança de crianças para ela.
O Papa João Paulo 2º, um verdadeiro
apóstolo pró-vida, teria merecido a honra de falar no Congresso dos EUA.
Certamente, ele focaria em questões pró-vida, como fez Madre Teresa.
Mas o que esperar de Francisco? Os meios de
comunicação dos EUA têm certeza, e estão contentes, que ele focará no
aquecimento global e “combate à pobreza.” Aliás, ele e Obama estão agora numa aliança
contra o aquecimento global.
O que esperar dos católicos americanos que
convidaram Francisco? As posturas socialistas de Nancy Pelosi representam bem
os democratas, inclusive Obama: pró-aborto, pró-homossexualidade, pró-cultura
da morte.
O que esperar de John Boehner? De acordo
como o jornal Daily Beast, Boehner disse: “Não lutaremos contra o casamento
gay.” Basicamente, ele teria dito que o Partido Republicano não mais obstruirá
o avanço do “casamento” gay.
Que oposição “bonita”! Os democratas e
outros socialistas avançam seus males socialistas, e os republicanos “corteses”
os deixam ir em frente.
A cortesia católica mútua deles está agora
trazendo Francisco, um papa que não é proeminente (como eram João Paulo 2º e
Madre Teresa) nas questões pró-vida, mas muito proeminente e louvado, inclusive por revistas homossexuais,
por sua “tolerância” — até mesmo pelo islamismo. No ano passado ele disse que
“é errado igualar o islamismo com violência.”
Seja como for, a cortesia de Boehner para
com o “casamento” homossexual é preocupante.
De acordo com Scott Lively,
“A antiga tradição rabínica sustenta que a homossexualidade, mais
especificamente o casamento homossexual, foi o ‘insulto final’ a Deus que fez
com que Ele trouxesse aquele Grande Dilúvio do qual só Noé e sua família
sobreviveram.” Então, se os republicanos não têm disposição de combater o
“casamento” homossexual, para que serve seu partido?
Até mesmo a Rússia, criticada e condenada
por democratas e republicanos, por ativistas homossexuais e
direitistas, por Pelosi e
Boehner, por Obama e McCain, tem conseguido resistir ao “casamento” homossexual
e a outros males socialistas. Se o Partido Republicano é incapaz de fazer isso,
para que serve?
Alguns católicos no Brasil estão se
regozijando que os EUA são “mais católicos” hoje. Pelo menos o Congresso é mais
católico do que toda a população americana
Eles se regozijam que pela primeira vez na
história dos EUA, um papa falará no Congresso dos EUA, convidado por dois
católicos proeminentes: John Boehner e Nancy Pelosi.
Se um número mais elevado de católicos é
motivo suficiente para um senso de vitória, eles deveriam se regozijar com o
Supremo Tribunal dos EUA, que começou 200 anos atrás com protestantes, mas hoje
todos os seus membros cristãos são católicos. O Supremo Tribunal não é mais
protestante, mas é mais pró-aborto e pró-sodomia do que nunca.
Então, existe razão para se regozijar pela
democrata Pelosi e sua obsessão pró-aborto e pró-homossexualidade?
Existe razão para se regozijar pelo
republicano Boehner e sua indisposição de combater o “casamento” homossexual e
outros males socialistas?
Existe razão para se regozijar por um papa
focado no aquecimento global e muito louvado pelos esquerdistas do mundo
inteiro?
O catolicismo deles salvará os EUA?
Se um número mais elevado de católicos
fosse sinal de esperança, o Brasil, a maior nação católica do mundo, seria o
país mais conservador e antimarxista do mundo. Não. A Teologia da Libertação
marxista tem quase onipresença entre os católicos brasileiros, como é quase
onipresença entre os católicos da América Latina.
De acordo com uma reportagem recente da BBC
em espanhol e português de
Jaime Gonzalez, os conservadores americanos veem Francisco como marxista e
ambientalista radical. Nenhuma surpresa: ele é da América Latina. O fato é que
a reportagem da BBC estava defendendo-o contra os conservadores dos EUA!
O catolicismo socialista do papa não é
diferente do catolicismo brasileiro. Então, é bem natural que Pelosi, uma
socialista católica, o convidasse. Entretanto, se os conservadores americanos o
veem como marxista, por que Boehner, o mais poderoso republicano na Câmara
dos Deputados, o quer falando no Congresso? Isso só faz sentido se entendermos
que o republicano católico não quer lutar contra o “casamento” homossexual.
Será que ele, junto com Pelosi e o papa, está considerando lutar contra o
aquecimento global também?
A propósito, nunca me regozijei que Obama,
Clinton e outros presidentes esquerdistas americanos fossem protestantes.
O protestantismo esquerdista deles é parte
dos problemas que os EUA têm hoje assim como o catolicismo esquerdista é parte
dos problemas do Brasil.
Que os olhos do Papa Francisco e do
Congresso dos EUA algum dia sejam abertos para enxergar esses problemas.
Com informações da Associated Press e The
Daily Beast.
Versão em inglês deste artigo: Landmark Event:
Pope Will Address U.S. Congress
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