Por C. Peter Wagner
Uma tentativa para ver o mundo à nossa volta como ele realmente é, e não como parece ser.
Essa é a descrição clássica do mapeamento espiritual.
Um importante pressuposto por detrás do mapeamento espiritual é que a realidade é mais do que nos parece à superfície.
As coisas visíveis de nossa vida diária: árvores, pessoas, cidades, estrelas, governos,animais, profissões, artes, padrões de comportamento são coisas comuns, e podemos aceitá-las como são.
Entretanto, por detrás de muitos dos aspectos visíveis do mundo ao nosso redor pode haver forças espirituais, áreas invisíveis da realidade que podem ter maior significação final do que as realidades visíveis.
O apóstolo Paulo deixou isso fortemente entendido quando escreveu: "...não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas" (2 Co 4.18).
Paulo ensinou que, ao reconhecermos a diferença entre o que é visível e o que é invisível, somos resguardados e "não desfalecemos" (ver 2 Co 4.16).
Mas desanimar quanto a quê?
Ele mencionou novamente o desânimo "não desfalecemos" no primeiro versículo do quarto capítulo, para então lamentar-se de que os seus esforços evangelísticos não surtiam tanto efeito quanto ele desejava que surtissem.
"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto", escreveu ele.
Por quê? Porque "o deus deste século" cegou as mentes dos incrédulos (ver 2 Co 4.3, 4).
Entendo que a mensagem paulina significa que devemos reconhecer que a batalha essencial pela evangelização do mundo é uma batalha espiritual, e que as armas dessa guerra não são carnais, e, sim, espirituais.
E também cumpre-nos reconhecer que Deus nos deu um mandato para podermos desfechar uma guerra espiritual que seja inteligente e agressiva.
Se pudermos entender isso, o processo de evangelização do mundo será acelerado.
Compreender as diferenças que há entre o visível e o invisível é um dos mais importantes componentes do plano geral de batalha, capaz de quebrar o domínio exercido pelo inimigo sobre as almas perdidas, que estão perecendo.
INFLAMANDO A IRA DE DEUS
A principal passagem bíblica que nos mostra a distinção entre o que é visível e o que é invisível, o primeiro capítulo da epístola aos Romanos, também é o grande trecho sobre a ira de Deus.
É compreensível que a ira de Deus não seja um de nossos temas favoritos, pelo que não há muitos livros escritos sobre ela, e nem se ouve muitos sermões a esse respeito.
Todavia, a ira é um atributo de Deus.
Isso significa que não é apenas algum humor passageiro, que vem e que vai, e, sim, uma parte da própria natureza divina.
Deus é Deus de ira.
Ele também é Deus de justiça, Deus de amor, Deus de misericórdia e Deus de santidade.
Essa lista poderia prosseguir, mas Romanos 1.18-31 é trecho que trata do Deus da ira.
Escreveu Paulo: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça" (Rm 1.18).
Essa enlouquecida injustiça tem tudo diretamente a ver com o visível e com o invisível.
Permita-me o leitor que eu explique.
Deus criou o mundo a fim de manifestar a sua glória. Todo ser humano foi criado para glória de Deus. Os seres humanos ocupam uma posição superior à de outros objetos da criação, porque somos os únicos que foram criados à imagem de Deus.
Por que Deus criou o mundo?
Ele criou o mundo a fim de manifestar a sua glória.
Paulo esclareceu que, através das "coisas que estão criadas", ou seja, dos aspectos visíveis da criação, "as suas coisas invisíveis... se entendem, e claramente se vêem".
Tudo quanto vemos na criação de Deus, sem qualquer exceção, foi originalmente criado para revelar "o seu eterno poder" e "a sua divindade" (ver Rm 1.19,20).
Que significa isso para nós?
Para começo de conversa, significa que todo ser humano foi criado para glorificar a Deus.
Os seres humanos ocupam um nível superior ao de outros objetos da criação, porquanto somos os únicos seres que foram criados à imagem de Deus.
Todo ser angelical também foi criado para que glorificasse a Deus.
E outro tanto deve ser dito acerca de todo animal, planta, corpo celeste, montanha, iceberg, vulcão, urânio, para mencionarmos apenas algumas coisas.
A cultura humana também faz parte da criação divina, tendo por desígnio glorificar a Deus.
Abordarei a questão da cultura humana, com algum detalhe, conforme for avançando neste capítulo.
CORROMPENDO A CRIAÇÃO DE DEUS
A verdade da questão é que no nosso mundo nem todos os aspectos da criação glorificam a Deus.
Certos seres humanos têm tomado coisas criadas e as têm corrompido, de tal maneira que tais coisas não mais revelam a glória de Deus.
Pois eles modificaram a glória de Deus, reduzindo-a à "semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis" (Rm 1.23).
Deus fica literalmente furioso quando vê que aquilo que foi criado para redundar em sua glória foi transferido, especificamente, para seres humanos, aves, mamíferos e répteis.
Quando esses objetos visíveis da criação são manipulados para representarem os poderes sobrenaturais, isso libera a ira de Deus.
Se acompanharmos na Bíblia as referências à ira de Deus, fica claro que coisa alguma desperta tanto a ira de Deus como adorar e servir "mais à criatura do que ao Criador" (Rm 1.25).
E Deus abomina tal coisa, sobretudo quando os seres humanos usam o que é visível para glorificar a Satanás e a outros seres demoníacos.
A mera leitura dos capítulos primeiro a décimo nono do livro de Jeremias infunde temor no coração de qualquer um que ouse fazer tão horrenda coisa, conforme o povo de Judá inclinava-se por fazer, a despeito das advertências de Jeremias.
Eles estavam dizendo à mera madeira "Tu és meu pai"; e à pedra: "Tu me geraste" (Jr 2.27).
Isso magoa tanto a Deus que ele considera tal atitude como se fosse adultério:
"Ora, tu te maculaste com muitos amantes" (Jr 3.1).
E disse também o Senhor: "(Israel) adulterou com a pedra e com o pau" (Jr 3.9).
Não penso que a ordem de apresentação dos Dez Mandamentos tenha surgido por mero acaso.
Deus abomina o homicídio, o furto, a imoralidade, a violação do descanso e a cobiça.
Mas todos esses mandamentos aparecem depois do primeiro e do segundo mandamentos:
"Não terás outros deuses diante de mim".
E também: "Não farás para ti imagem de escultura..." (Êx 20.3 e 4).
O primeiro mandamento tem a ver com o que é invisível; e o segundo, com o que é visível.
Penso que é seguro afirmar que nenhum pecado é pior do que usar o visível para dar honra e glória aos principados demoníacos.
Nenhuma outra coisa provoca tanto a Deus ao ciúme e à ira.
FONTE: Destruindo Fortalezas, Cap. 2 – C. Peter Wagner
muito bom! A idolatria é mais profunda do que imaginamos e tão demoníaca que é capaz de destruir nações... interessante esse assunto estar junto com a prática de imoralidade sexual em romanos 1. Idolatrar o prazer, o outro, o sexo... isso é abominação ao Senhor!
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