(continuação da parte I)
Créditos das fotografias:
1ª fotografia: autor O Caminheiro de Sintra
2ª fotografia: autor O Caminheiro de Sintra
3ª fotografia: autora Moira Greig e Aberdeenshire Archeology Service
4ª fotografia: autora Moira Greig e Aberdeenshire Archeology Service
PARTE 2
”Sucedia em grande parte dos casos, ainda mesmo que se tratasse de verdadeiras siglas, isto é, de marcas alfabéticas, ficarem invertidas as pedras justamente na construção, porque o assentador as colocava conforme lhe convinha, contanto que ficasse visível a face marcada; de outro modo, tornava-se inútil o sinal gravado.”
Félix Alves, para além do supracitado, dá ainda um exemplo de uma pedra naigreja de São Martinho que aparece invertida devido ao posicionamento da sua “letra”. Em outros exemplos - e como por exemplo é mostrado em outro post - os símbolos maçônicos utilizados como assinaturas, não eram feitos do mesmo modo, e não aparenta que fossem talhados pelas mesmas mãos. Ainda sobre a última citação de Félix Alves: caso um assentador colocasse as pedras como mais lhe conviesse, seria por essas ainda terem de ser trabalhadas; caso assim fosse, o símbolo supostamente já existente teria uma grande probabilidade de desaparecer com o trabalhar da pedra.
Igreja de São Martinho em Sintra, Aprendiz Maçon |
”…em primeiro lugar, conhece-se que a pedra está invertida, porque a marca é uma sigla, isto é, letra; em segundo lugar, trata-se de deslocações de silhares, visto que a igreja é, na sua maior extensão, reconstruída com materiais que osismo de 1755 desmoronou.”
A propósito da última citação, não existe modo de comprovar que as marcas são anteriores ao terramoto de 1755, ou se resultam das suas obras de recuperação. Certo é que as figuras utilizadas nas assinaturas ou símbolos maçónicos, reflectem que a mesma entidade (grupo de indivíduos ou indivíduo) deixou a mesma marca na igreja de São Martinho e na ala Manuelina do Paço Real de Sintra (Palácio da Vila ou Palácio Nacional de Sintra). Isso mesmo poderá significar com alguma preponderância, de que na mesma época foram realizados trabalhos de construção nos dois monumentos; assim sendo, o início do século XVI com os trabalhos de D. Manuel I e o pós-terramoto de 1755 em que os dois monumentos foram abalados, são duas fortes hipóteses.
Como adenda à primeira hipótese, um importante facto há a apresentar: no Palácio da Pena encontram-se também algumas assinaturas ou símbolos da mesma espécie, e o peso maior que isso tem, é que esses encontram-se na parte do Palácio da Pena que advém do século XVI, também mandada construir por D. Manuel I, que era o Mosteiro dos Jerónimos, ou o Mosteiro da Pena à volta do qual surgiu o Palácio que hoje em dia se vê, e que de certa forma engoliu o velho Mosteiro da Pena. Sobre estes últimos, é de grande dificuldade a obtenção de imagens, visto que actualmente a empresa Parques de Sintra Monte da Lua não permite a obtenção de qualquer fotografia nessa zona do Palácio da Pena em determinadas alturas do ano.
A favor da hipótese pós 1755 - e embora ainda mais inconsistente do que qualquer outra - existe o facto da certeza da presença do Marquês de Pombalpor terras da Serra de Sintra, nomeadamente na possessão de propriedades. Essas propriedades estão hoje bem divididas e com as suas delimitações sendo diferentes das delimitações do século XVIII (visto que antes e durante mais do que uma possessão, foram pertença de um só proprietário sem necessidade de marcos que definissem divisórias) mas apresentam marcas do passado, que se podem ter relacionado directamente com o Marquês de Pombal e o seu suposto maçonismo não-operativo (mas que podia os maçons-operativos suportar, ou até ter a ver com esses só em denominação - aqui tudo é possível), ou que podem ter aparecido posteriormente, por essas mesmas terras terem desse sido pertença. Sobre este tema do Marquês de Pombal em Sintra e a presença de símbolos maçónicos nas suas propriedades, existe um post disponível.
De qualquer dos modos, não existem ligações concretas, específicas, ou inegáveis, que possam fazer com que esses símbolos supostamente maçónicos possam ser compreendidos, para além das inferências que da história que os rodeia - evolução de monumentos, acontecimentos, datas - se possam tirar.
Assinatura de Canteiro na Igreja de São Martinho em Sintra |
Estas marcas ou supostos símbolos maçónicos - ou apenas das pessoas, dos indivíduos que trabalharam os monumentos há vários séculos - são assim um testemunho de mais uma enriquecedora presença na história de Sintra, e porque não, enriquecedor também para a história da Maçonaria, o ter Sintra a si associada.
As Assinaturas de Canteiro começam por fim a ser estudadas quer por investigadores privados, quer por arqueólogos. Os mais inesperados factos aparecem, como as Assinaturas de Canteiro na Roménia, República Checa, Alemanha e Itália, registadas pelo esloveno Gorazd Žagar no seu site medieval, na parte das Assinaturas de Canteiro no estrangeiro.
Assinatura de Canteiro no Castelo de Glamis, Escócia - Cortesia da Aqueóloga Moira Greig |
Também na Escócia, e numa via mais académica, investigações encontram-se a ser realizadas pelo Aberdeenshire Archaeology Service, como se pode verificar no artigo do site Culture 24, através da secção arqueológica no artigo Scottish Masons' Mysterious Signatures In Stone To Be Recorded. Desse departamento escocês, Moira Greig e o Caminheiro de Sintra trocaram impressões que podem ser apreciadas em marcas semelhantes entre as encontradas em Sintra, e aquelas encontradas no Glamis Castle, em Angus, como se pode ver pelas fotos gentilmente cedidas pela arqueóloga Moira Greig.
Glamis Castle, Escócia - Assinatura de Canteiro - Cortesia da Arqueóloga Moira Greig |
Muito há para se investigar no que toca às Assinaturas de Canteiro e aos Símbolos Maçónicos, mas o mais importante do caminho, os passos, encontram-se a serem dados.
O Caminheiro de Sintra
Créditos das fotografias:
1ª fotografia: autor O Caminheiro de Sintra
2ª fotografia: autor O Caminheiro de Sintra
3ª fotografia: autora Moira Greig e Aberdeenshire Archeology Service
4ª fotografia: autora Moira Greig e Aberdeenshire Archeology Service
PARTE 2
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