Liberado. Ex-deputado Colbert Martins deixa a prisão, onde estava detido desde terça-feira
SECRETÁRIO-EXECUTIVO DO MINISTÉRIO DO TURISMO É LIBERTADO
SÃO PAULO (Reuters) - O secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Costa e Silva, preso na última terça-feira durante operação da Polícia Federal que investiga desvio de milhões na pasta, foi solto no final da noite de sexta-feira, segundo uma fonte do governo federal.
Ele estava preso em Macapá (Amapá) e foi libertado após o juiz federal Guilherme Mendonça, do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1), ter concedido um habeas corpus, de acordo com a Agência Brasil, que informou ainda que o juiz determinou o pagamento de uma fiança 109 mil reais para a liberação de Costa.
Também foi solto após conseguir um habeas corpus o secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins, segundo a fonte do governo que preferiu ficar no anonimato.
Mais de 30 pessoas foram detidas na operação da Polícia Federal na última terça-feira. Do total de detidos, 18 já haviam sido libertados na quarta-feira, segundo a Agência Brasil.
A Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal (PF), investiga o desvio de recursos públicos destinados ao Ministério do Turismo por meio de emendas parlamentares. A operação contou com a participação de 200 policiais federais.
A investigação sobre o esquema de corrupção de verbas do Ministério do Turismo começou em abril, depois que um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) detectou irregularidades no contrato firmado entre o ministério e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi).
O valor do convênio fraudado é de 4,4 milhões de reais, segundo a Agência Brasil.
(Por Roberto Samora)
Leandro Colon ENVIADO ESPECIAL / MACAPÁ e Felipe Recondo / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Uma contabilidade paralela foi montada pelas empresas envolvidas na fraude com recursos do Ministério do Turismo para mascarar o real destino do dinheiro de convênios com o Estado do Amapá e facilitar, segundo as investigações, o trânsito do dinheiro: a conta da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). Em depoimentos prestados ao Ministério Público e entrevistas ao Estado, acusados de envolvimento no esquema revelaram detalhes da operação e afirmaram que a deputada pode ter recebido mais de R$ 1,5 milhão.
Uma contabilidade paralela foi montada pelas empresas envolvidas na fraude com recursos do Ministério do Turismo para mascarar o real destino do dinheiro de convênios com o Estado do Amapá e facilitar, segundo as investigações, o trânsito do dinheiro: a conta da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). Em depoimentos prestados ao Ministério Público e entrevistas ao Estado, acusados de envolvimento no esquema revelaram detalhes da operação e afirmaram que a deputada pode ter recebido mais de R$ 1,5 milhão.
Nessa estratégia de disfarçar o destino do dinheiro desviado, um dos suspeitos revela ter assinado 60 cheques em branco em nome da Conectur, cooperativa fantasma subcontratada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), pivô do esquema, que se beneficiava dos recursos do Ministério do Turismo.
"Eu cheguei a assinar 60 cheques em branco de uma vez só", revelou ao Estado David Lorrann Silva Teixeira. "Eu assinava porque era o tesoureiro (da Conectur). Tinha que assinar", acrescentou. "Ele (Wladimir Furtado, dono da Conectur) me falava uma coisa e o que acontecida por trás era totalmente outra. Nunca imaginei que essa empresa teria essa fraude todinha."
As operações, incluindo seus detalhes, eram do conhecimento da deputada, conforme revelam conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Em uma gravação, Maria Helena Necchi, diretora técnica do Ibrasi, diz que viajaria para Brasília para se reunir com Fátima. "Falei com ela que eu tô (sic) indo para falar com a deputada a história do convênio 2", afirmou Maria Helena, em ligação de 1.º de maio. Na conversa com uma filha, Maria Helena afirma que não contaria para a outra filha que o Tribunal de Contas da União (TCU) já estava investigando esses convênios. "(Ela) sabe também que a deputada, por conta dessa história da Veja, está preocupada em dar continuidade."
Sarney. O convênio 2 a que se refere na conversa seria o projeto que, segundo a PF, seria do interesse do senador José Sarney (PMDB-AP). Pelas investigações, R$ 3 milhões foram destinados pelo governo para o projeto, que nunca saiu do papel.
Em outra conversa com a filha, Maria Helena afirma que não iniciara a execução desse convênio com o ministério porque Luiz Gustavo Machado, diretor executivo do Ibrasi, e a deputada não permitiram. No telefonema, Maria Helena diz que precisa "inventar desculpas" para o TCU como forma de justificar o atraso na execução do convênio. "Eu devia dizer (que foi) porque o Luiz e a deputada não deixaram, e encerrava o assunto."
Em entrevista ao Estado, o tesoureiro da Conectur afirmou que a deputada ficava com cerca de R$ 500 mil do dinheiro liberado. A Conectur só ficaria com 10% do dinheiro destinado pelo Ministério. "Ela, Fátima Pelaes, ficaria com o restante, segundo o Wladimir (Silva Furtado, dono da Conectur) me falou", afirmou David Lorrann.
A mesma informação foi confirmada ao Ministério Público pela secretária da Conectur, Merian Guedes de Oliveira. Do total referente ao primeiro repasse feito à empresa pelo ministério, no valor de R$ 2,5 milhão, a maior parte ficaria com a parlamentar. "Na divisão do dinheiro, a deputada Fátima Pelaes ficou com a maior parte do dinheiro destinado à empresa", disse Merian em depoimento - as acusações que foram depois confirmadas ao Estado. Os repasses seguintes, completando R$ 4 milhões do convênio, também ficariam com a deputada.
Fátima Pelaes, por meio de sua assessoria de imprensa, já havia negado a participação no esquema e colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônicos estariam à disposição dos investigadores. Ela é autora das emendas que favoreceram o Ibrasi. A Operação Voucher, da PF, levou 35 pessoas à prisão.
FONTE: ESTADÃO
FONTE: ESTADÃO
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