Pr. Geremias do Couto
É contraditório que líderes evangélicos,
alguns deles midiáticos, combatam com veemência a mordaça gay, representada
pela insistência de alguns parlamentares em aprovar o PLC 122/06, enquanto, no
âmbito executivo, admitem não haver qualquer dificuldade em dar apoio a
candidatos que apóiem a Marcha do Orgulho Gay desde que apóiem também a Marcha
Para Jesus ou eventos religiosos de qualquer outra natureza.
Este posicionamento ficou bem claro na
fala do pastor Silas Malafaia, em seu programa do dia sete de abril, quando
mostrou a incoerência do Ministério Público Federal em pedir-lhe
esclarecimentos por certas expressões, que não passaram de metáforas, para
sermos justos, empregadas em seu discurso ano passado, na Marcha Para Jesus em
São Paulo, contra o uso de símbolos católicos na Marcha do Orgulho Gay para
vilipendiar a fé católica.
Mostrou em sua defesa o discurso do
Senador Magno Malta no plenário do Senado, que recebeu aparte do senador
Lindberg Farias favorável ao pastor Silas Malafaia, sob os protestos do setor
LGBT do PT, já que o programa do partido é muito claro nessas questões.
Deputados já foram punidos por infringirem essas normas. Mas para quem não
sabe, conforme informa o blog Holofote Net,
Lindberg, o defensor de Malafaia, assinou o pedido de desarquivamento do PLC
122/06 e, como deputado federal, votou contra a PEC 25/95 que proibia o aborto
em qualquer situação. No entanto, como tem pretensões políticas em 2014,
provavelmente como candidato a Governador do Estado do Rio, nada como dar uma
aliviada para atrair setores evangélicos para a sua candidatura.
Mas o ponto a destacar aqui é a
contradição entre atacar a mordaça gay e ao mesmo tempo apoiar candidatos a
cargos majoritários, como o de prefeito, por exemplo, que sejam condescendentes
com os evangélicos, mesmo que, do modo como a causa gay se insinua no Congresso
Nacional, façam dela um dos pontos fortes de sua administração, tema este
também já tratado no Holofote Net e
no blog do Júlio Severo.
Sobre o assunto, que já começa a pipocar
nas redes sociais, houve quem defendesse tal contradição com a tese de que o
executivo governa para todos, e não para um grupo em particular, razão pela
qual temos de aceitar, digamos, essas ambiguidades. É óbvio que a tese é válida
nos termos para os quais o candidato é eleito, qual seja o de administrar a
cidade, o estado ou o país e garantir que todos tenham do Estado aquilo que
lhes é de pleno direito.
Este não é o caso da Marcha do Orgulho
Gay e da Marcha Para Jesus, a primeira de caráter reivindicatório, embora
transvestida de manifestação cultural; a segunda, olhada primariamente em suas
raízes, com a finalidade de proclamar a Cristo numa sociedade secularizada. Foi
assim que surgiu na Europa, embora hoje possa ter outras conotações. No
entanto, em ambos os eventos não cabe qualquer patrocínio do Estado, a não ser
aquilo que lhe compete, como, entre outras coisas básicas, ter um plano de
operação em que conste prestar segurança, cuidar do trânsito e disponibilizar
socorro médico. Quanto a isso, sou coerente com o que escrevi neste blog sobre
a proposta do Senador Crivella, em 2007, que incluía as igrejas evangélicas como
beneficiárias da Lei Rouanet de incentivo à cultura. Veja aqui. Defendo
a separação total entre a Igreja e o Estado.
Todavia, no Rio de Janeiro, o prefeito
Eduardo Paes vai muito além disso por estar comprometido até a medula com o
movimento gay. Como estamos em ano eleitoral, com o intuito de amenizar tal
comprometimento e angariar simpatia entre os evangélicos, chegou a dizer há
cerca de dois meses, em Encontro do Conselho de Pastores do Rio, que a cidade
terá a maior Marcha Para Jesus de todos os tempos. Ora, a fala do prefeito
casa-se de maneira perfeita com a fala do pastor Silas Malafaia, que pode ter
usado o argumento já mencionado acima para preparar o terreno com vistas a
apoios futuros.
A prova que Eduardo Paes tem fortes
compromissos com o movimento gay está no vídeo abaixo, preparado pela Riotur,
empresa administrada pelo município, para atrair turistas homossexuais do
exterior. Isso fica claro em matéria do jornal britânico, The Guardian, como
citado no Holofote Net, o qual diz que as políticas implementadas por Paes tem
por fim tornar o Rio a maior referência aos homossexuais. O vídeo apresenta o
Rio de Janeiro como a cidade da diversidade sexual, com cenas chocantes,
beirando à pornografia, e infringe a própria legislação brasileira. Quem viaja
com frequência, já viu nos aeroportos do país dezenas de cartazes que combatem
o turismo sexual como crime, sem tipificar a forma da sexualidade.
Ora, o que faz o vídeo de Eduardo Paes,
senão estimular o turismo sexual? Por outro lado, uma lei aprovada pela
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e sancionada pela então Governadora,
Rosinha Garotinho, proíbe a venda de cartões postais que exponham mulheres em
trajes sumários e estimulem, com isso, o turismo sexual. Mas o vídeo de Eduardo
Paes, com suas imagens sensuais homoafetivas, infringe, por analogia, a própria
lei estadual.
Por último, caso você não se sinta
constrangido pelas imagens que aparecerão na tela, sugiro que assista ao vídeo
antes que o retirem do ar e possa você mesmo tirar as conclusões.
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