Começo este artigo citando o escritor e acadêmico português
Mendo Castro Henriques:
“Revolução não é apenas a
conquista violenta do poder. Revolução é toda a aceleração política que arrasta
um povo para um processo que não domina nem compreende. E a força das
revoluções provém menos da violência, que do caos e da opacidade que as acompanham,
e que faz perder o sentido dos valores e das proporções, instaurando a
desorientação e dispondo a população a aceitar, em nome da segurança, quaisquer
exigências dos novos poderes.” (Em ‘Revolução’,
Euronotícias, 27/04/2001. Reproduzido no site de Olavo de Carvalho).
Quando Marta Suplicy criticou a atuação
da Igreja Católica, que, apoiada por delegações de diversos outros países,
obteve êxito ao excluir termos como “direitos reprodutivos” e “saúde
reprodutiva” (leia-se aborto, na novilíngua do globalismo ocidental) do texto
final da Rio +20,
a última pessoa que imaginei que poderia abrir a boca para se opor à posição
sempre abortista, sempre gayzista, sempre feminista e sempre errada da senadora
petista foi Marina Silva. Acertei. Nada! Como diz minha amiga jornalista Graça
Salgueiro, “de onde menos se espera, é que não sai nada mesmo”.
Ainda assim, o fato diz muito, pois
Marina Silva criticou tudo o que pode na Rio +20, com muito apoio, prestígio e
visibilidade midiática. Sua trajetória política, quando analisada com mais
atenção, revela muito sobre a revolução pela qual passa o Brasil. Ela é
evangélica. Da Assembléia de Deus. Denominação conhecida pelo fervor
pentecostal, já folclórico, pela afirmação constante da inerrância das
Escrituras Sagradas, e pelo zelo em buscar testemunhar, até mesmo na forma como
se vestem, a obra que Cristo fez em suas vidas. Ainda assim, quase tudo na
atuação política de Marina Silva é contrário às prescrições da cosmovisão
cristã, e está sempre alinhado – e daí o prestígio da ex-ministra do Meio
Ambiente no governo dos mensaleiros – à mundana ideologia socialista, numa de
suas vertentes mais traiçoeiras: a do ecofascismo globalista. E só o total sucesso de
uma revolução cultural prescrita pelos teóricos revolucionários da Escola de
Frankfurt, por Antônio Gramsci e pelo homicida Louis Althusser, programada e
empreendida por mais de quatro décadas no Brasil, pode explicar o carinho e os
quase 20 milhões de votos que esta senhora obteve no primeiro turno das últimas
eleições presidenciais.
No grande festerê
do liberalismo teológico e do ecumenismo religioso pró-governo mundial, a
“Cúpula dos Povos”, ali, próximo à “Casa de Gaia”, Marina Silva foi ovacionada.
Entre os manipulados do movimento das “Igrejas Eco-cidadãs”, lá esteve ela, bem
como Walter Altman, um dos líderes do Conselho Mundial de Igrejas, instituição comunista e teologicamente liberal desde os
primórdios, e com um histórico de apoio ao terrorismo. Sobre isso,
vale a leitura do opúsculo The
World Council of Churches: A Fraudulent Gospel, de Bernard Smith.
Marina Silva também reclamou do
documento final da Rio +20, considerando-o uma “pá de cal” nos esforços dos
ecofascistas, no que foi apoiada por todos os líderes da imensa rede de ONG’s e
movimentos financiados pela cúpula globalista anticristã. (Para se perceber
melhor como é que circula esta grana toda, vale a pena checar os sites www.discoverthenetworks.org ewww.activistcash.com.) Mas sobre o ímpeto abortista da
ONU, nada disse. Nem sobre a sistemática promoção, por parte das Nações Unidas,
em de uma nova religiosidade artificial, por meio de sua agência United
Religions Initiative, a URI, cuja história, doutrina e atividades estão bem
documentadas na obra de Lee Penn, False Dawn.
Eu nem esperaria nada diferente de quem,
em plena campanha, na busca do voto cristão, fincou o pé nas teses
ambientalistas e, quando perguntada sobre “casamento” gay e aborto, deslizou:
“Deixa para um plebiscito”. Pelo que se vê, o versículo “não seguirás a
multidão para fazeres o mal” (Ex. 23: 2) não significa muito para Marina Silva, que teve entre seus mentores Leonardo Boff,
arquiduque da “teologia” da “libertação” marxista (em seus tempos de católica),
e Caio Fábio, um dos barões da “teologia” da “Missão Integral”, a versão “de
crente” da “teologia” da “libertação”. O curioso é que Boff, atualmente, dá declarações
mais caras ao panteísmo do que a qualquer outra religião. E Caio Fábio também
já deslizou no panteísmo, em pleno Congresso Nacional, em 2004:
“Para mim, esse universo é
sagrado. Eu poderia simplesmente dizer que ele é descriado, que ele existe por
si só, que ele é o que é, que a única coisa que existe é ele, que ele é Deus
por existir em si mesmo, por ser a causa de si próprio. É um Deus inconsciente
de si mesmo.”
A atuação
política, o prestígio entre as elites globais, as afinidades para lá de
suspeitas e a omissão constante em defender sua fé tornam Marina Silva um
símbolo do que tem se tornado a igreja brasileira em tempos de revolução cultural
comunista concluída, com a conseqüente modelagem das instituições e nos meios
de obtenção de prestígio e ascensão social.
Deixa-se o
Evangelho em casa, na gaveta, e vai-se às ruas gritar “por um mundo melhor”.
Perdeu-se o interesse pelo reino que não é deste mundo, pela Nova Jerusalém que
descerá dos céus, e pelo alinhamento de todas as áreas da vida aos princípios
que Deus estabeleceu para sua igreja, para que ela pudesse influenciar a
sociedade e a cultura de forma justa, amorosa, mas apresentando a verdade, o
sagrado contraponto ao que os “réprobos quanto à fé” querem impor à força e por
meio do engodo a toda população mundial. Perdeu-se de vista o que tanto se
falava antigamente, ainda que com outras palavras, mas que ficou bem
sintetizado numa frase de Russel Kirk: “Problemas políticos, no fundo, são
problemas religiosos e morais”.
Repleta de
admiradores de Boff, “Frei” Betto, Caio Fábio, Robinson Cavalcanti, e até mesmo
de notórios meliantes como Lula e José Dirceu, não é de se admirar que a igreja
brasileira cresce em tamanho, mas não em influência, incha, mas nada retém,
pois parece mais fascinada pela ampla rede de desinformação revolucionária e
modelagem comportamental das grandes redes de comunicação de massa, do que
pelas profundas, abrangentes e eternas verdades do Evangelho.
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