Sasha Laxton foi introduzido como "gênero neutro" por seus pais, que por muito tempo manteve seu sexo um segredo muito bem guardado.
Um movimento contrário aos padrões de gênero vem ganhando espaço. O
grupo proclama a não distinção de sexo, enxergando apenas uma criança, ou
seja, um ser de gênero neutro (o ‘gender neutral parenting’). A “criação de gênero neutro”, em tradução livre, não faz distinção entre meninos e meninas.
O movimento acredita ser saudável permitir às crianças
vivências ligadas ao gênero oposto, como meninos dançarem balé e meninas
brincarem de luta. A filosofia de gênero neutro recomenda que nem sequer se
faça referências sobre o sexo da criança mesmo a parentes e amigos próximos, a
fim de impedir que ela seja tratada dentro dos padrões convencionais.
Os pais adeptos da criação de gênero neutro
garantem que pretendem, assim, ampliar as experiências de vida dos filhos e
permitir que eles escolham, na hora certa, como querem levar a vida.
Para os críticos, entretanto, a falta de
modelos definidos causa uma grande confusão na cabeça das crianças e pode ter
efeitos maléficos posteriormente.
Um dos casos mais famosos foi o de Sasha Laxton. Durante cinco anos, seus pais se recusaram a revelar o sexo da criança. No início deste ano, próximo ao início do ingresso na
escola, o casal resolveu que Sasha é um menino.
Os pais sempre o incentivaram a brincar
com o que quisesse, fossem bonecas, caminhões ou peças de encaixar. Eles também
dizem que nunca bloquearam ou forçaram qualquer desejo do menino ao escolher
roupas, cortes de cabelo e outros artigos do cotidiano. Garantem, enfim, que Sasha sabe que é um menino, mas tem toda liberdade para ser como
quiser.
No espectro oposto, Shiloh Jolie-Pitt, a filha de 6 anos de
Brad Pitt e Angelina Jolie, só se veste como menino.
"Ela quer ser um garoto, então tivemos que cortar o cabelo dela",
declarou Jolie à
revista Vanity Fair em 2010. A atriz acrescentou ainda não estar preocupada.
"Eu era como ela quando pequena", completou.
De acordo com publicação Delas iG, o
psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de
Identidade, de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas, em São
Paulo, comenta que proporcionar opções à criança é válido, mas o exagero não é
saudável.
“Permitir experiências de meninas e
meninos ‘no campo do outro’ é saudável, mas forçar 100% uma situação de gênero
neutro é irreal. Isso pode causar o efeito completamente contrário e gerar um
adolescente e um adulto muito confuso, que culpa os pais por isso”, explica
ele.
“Muitas pessoas ainda acham que a
questão do gênero é cultural, mas hoje sabemos que, a rigor, a identidade é
algo fisiológico também”, completa.
A psicopedagoga Irene Maluf concorda.
“Nossos hormônios também são responsáveis por nos fazer procurar nossos desejos
e nossos iguais”, diz. “Crianças na faixa dos 2 ou 3 anos já começam a se
separar em grupos de meninos e meninas por muitos motivos, desde o
comportamento até a impostação de voz”.
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