terça-feira, 18 de setembro de 2012

MOVIMENTO POLÊMICO PROPÕE CRIAR CRIANÇAS SEM DEFINIR O GÊNERO SEXUAL


Sasha Laxton foi introduzido como "gênero neutro" por seus pais, que por muito tempo manteve seu sexo um segredo muito bem guardado.
Um movimento contrário aos padrões de gênero vem ganhando espaço. O grupo proclama a não distinção de sexo, enxergando apenas uma criança, ou seja, um ser de gênero neutro (o ‘gender neutral parenting’). A “criação de gênero neutro”, em tradução livre, não faz distinção entre meninos e meninas.
O movimento acredita ser saudável permitir às crianças vivências ligadas ao gênero oposto, como meninos dançarem balé e meninas brincarem de luta. A filosofia de gênero neutro recomenda que nem sequer se faça referências sobre o sexo da criança mesmo a parentes e amigos próximos, a fim de impedir que ela seja tratada dentro dos padrões convencionais.
Os pais adeptos da criação de gênero neutro garantem que pretendem, assim, ampliar as experiências de vida dos filhos e permitir que eles escolham, na hora certa, como querem levar a vida.
Para os críticos, entretanto, a falta de modelos definidos causa uma grande confusão na cabeça das crianças e pode ter efeitos maléficos posteriormente.
Um dos casos mais famosos foi o de Sasha Laxton. Durante cinco anos, seus pais se recusaram a revelar o sexo da criança. No início deste ano, próximo ao início do ingresso na escola, o casal resolveu que Sasha é um menino.
Os pais sempre o incentivaram a brincar com o que quisesse, fossem bonecas, caminhões ou peças de encaixar. Eles também dizem que nunca bloquearam ou forçaram qualquer desejo do menino ao escolher roupas, cortes de cabelo e outros artigos do cotidiano. Garantem, enfim, que Sasha sabe que é um menino, mas tem toda liberdade para ser como quiser.
No espectro oposto, Shiloh Jolie-Pitt, a filha de 6 anos de Brad Pitt e Angelina Jolie, só se veste como menino.
"Ela quer ser um garoto, então tivemos que cortar o cabelo dela", declarou Jolie à revista Vanity Fair em 2010. A atriz acrescentou ainda não estar preocupada. "Eu era como ela quando pequena", completou.
De acordo com publicação Delas iG, o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade, de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas, em São Paulo, comenta que proporcionar opções à criança é válido, mas o exagero não é saudável.
Permitir experiências de meninas e meninos ‘no campo do outro’ é saudável, mas forçar 100% uma situação de gênero neutro é irreal. Isso pode causar o efeito completamente contrário e gerar um adolescente e um adulto muito confuso, que culpa os pais por isso”, explica ele.
Muitas pessoas ainda acham que a questão do gênero é cultural, mas hoje sabemos que, a rigor, a identidade é algo fisiológico também”, completa.
A psicopedagoga Irene Maluf concorda. “Nossos hormônios também são responsáveis por nos fazer procurar nossos desejos e nossos iguais”, diz. “Crianças na faixa dos 2 ou 3 anos já começam a se separar em grupos de meninos e meninas por muitos motivos, desde o comportamento até a impostação de voz”.

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