Robert C. Linthicum
A CIDADE É O LOCAL DE UMA GRANDE E CONTÍNUA BATALHA ENTRE O DEUS DE
ISRAEL E OU A IGREJA, CONTRA O DEUS DESTE MUNDO.
No Velho Testamento o Deus de Israel pode ser chamado “Javé”, no Novo Testamento, “O Deus de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. No Velho Testamento o deus do mundo pode ser chamado “Baal”; no Novo Testamento, “Satanás”. Mas, quer Deus seja Javé ou O Pai de Jesus Cristo, quer aquele
que é o mal seja chamado Baal ou Satanás a mensagem fundamental é a mesma. Este mundo é um campo de batalha. A maior de todas as batalhas é travada dentro de nossas cidades: a
batalha entre Deus e Satanás.
Um lugar na Escritura onde este continuado tema vem à tona é em Jeremias 9:11-14.
O Senhor Javé diz através do profeta,
“E farei de Jerusalém montões
de pedras, morada de dragões, e das cidades de Judá farei uma assolação de
sorte que fiquem desabitadas.
Quem é o homem sábio, que
entenda isto? E a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por
que razão pereceu a terra, e se queimou como deserto, de sorte que ninguém
passa por ela?
E disse o Senhor: Porque
deixaram a minha lei, que publiquei perante a sua face, e não deram ouvidos à
minha voz, nem andaram nela. Antes andaram após o propósito do seu coração, e
após os baalins, que lhes ensinaram os seus pais.”
E por que motivo? “Porque eles abandonaram a minha lei...eles seguiram os baalins.” Em essência Jeremias está dizendo, “Israel
poderia ter se tornado Jerusalém a cidade de Javé; ao invés disso o povo
permitiu que sua cidade se tornasse a cidade de Baal.”
A batalha contínua entre Deus e Satanás pelo controle de uma cidade
é expressa através de toda a Escritura. Mas há aqui dois modos particularmente
intrigantes pelos quais esta batalha se manifesta: a comparação estabelecida entre as cidades
de Babilônia e Jerusalém, e até mesmo o próprio nome que os israelitas escolheram
para sua cidade idealizada Jerusalém.
OLHANDO BABILÔNIA E JERUSALÉM
Babilônia simbolizava através das Escrituras a cidade completamente
dominada por Satanás. A cidade é citada pela primeira vez em Gênesis 11 na
decisão humana de construir a Torre de Babel (a planície de Sinar mencionada no
texto como a cidade de Zigurate, foi mais tarde onde se localizou a cidade de
Babilônia). Deus confundiu suas línguas porque o povo declarou, “Eia, edifiquemo-nos uma cidade e uma torre
cujo cume toque os céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados
sobre a face de toda a terra.” (Gn 11.4)
Babilônia recebe atenção final em Apocalipse
16 a 18, onde ela é apresentada como síntese do mal, uma cidade totalmente rendida ao mal e àquele que é o mal. “...a grande Babilônia, a mãe das
prostituições e abominações da terra” (Ap. 17.5) é o epitáfio da cidade enquanto cada detalhe da mesma é removido da face da terra.
Entre o primeiro e o último livro da Bíblia, a cidade de Babilônia é sinônimo para tudo que é escuro e mal na cidade. Babilônia é descrita na Bíblia
como um sistema social burocrático, voltado para
o interesse próprio, desumanizante, com a
economia dirigida para o benefício de seus privilegiados e a exploração de seus pobres, com políticas de opressão e com uma religião que ignora a aliança com Deus e deifica o poder e a riqueza (Is. 14.5-21; Jr. 50.2-17;
51.6-16; Dn. 3:1-7, Ap. 17.1-6; 18.2-19,24). A maior
parte daquilo que é escuridão e mal na
Babilônia é repetido nas cidades (mesmo Jerusalém) através de toda a história bíblica.
Em contraste, Jerusalém é vista em sua forma ideal como a cidade de Deus. Ela,
também, é introduzida em Gênesis (14.17-24) na figura de Melquisedeque, rei de
Salém (Salém é um antigo nome de Jerusalém). O drama bíblico completo termina
nos últimos capítulos do livro de Apocalipse com a visão da cidade Santa, “... a nova Jerusalém, que de Deus descia do
céu...” (Ap. 21.2)
Em toda a Bíblia, a Jerusalém idealizada é comemorada como uma cidade que deveria
ser uma cidade pertencente a Deus. Como um sistema social, ela é chamada a ser testemunha do Shalom de
Deus (Sl. 122.6-9; 147.2). Como entidade econômica, ela deve praticar distribuição
equitativa, e em sua política, uma existência comum justa (Ex 25.40; 1 Sm 8.4-20 entre outras passagens. A passagem de 1 Samuel é um exemplo de ação comunitária que rejeitou a Deus).
Jerusalém é retratada como centro
espiritual do mundo, uma cidade modelo vivendo em verdade e fé sob o senhorio de Deus (Is 8.18, Mq
4.1; Dt 17.14-20).
A Jerusalém idealizada (a qual, certamente, nunca existiu) e a
escura e má Babilônia são tipos, cidades pressionadas a seus extremos lógicos como lembrança
contínua ao leitor bíblico que cada cidade inclui ambos os
elementos. Cada cidade contém tanto Jerusalém quanto Babilônia em si mesma, porque cada uma
delas é o campo de batalha entre o deus da Babilônia (Baal, Satanás) e o Deus
de Jerusalém (Javé, o Senhor) lutando por seu domínio e controle.
FONTE: Linthicum, Robert C. - Cidade de Deus, cidade de Satanás, Missão Editora 1993
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