Todo cristão deveria ter voz profética. Mas todo cristão deveria ser
cabo-eleitoral?
Julio Severo
Um homem estava esbravejando as más
qualidades do candidato adversário na eleição, apontando seu envolvimento com a
promoção do homossexualismo. Mas ele ignorou completamente que o seu próprio
candidato não estava isento de tal envolvimento. Sua meta era óbvia: ajudar seu
candidato escolhido a ganhar. Ele foi, assumindo esse rótulo ou não, um
cabo-eleitoral.
Há algo de errado com esse quadro?
Do ponto-de-vista secularista e
oportunista, nada.
Mas do ponto-de-vista cristão, há
incoerência, pois o seguidor de Jesus Cristo tem o chamado de espelhar na terra
seu Senhor e sua justiça. E na justiça de Deus não cabe iniquidade, seja a
promoção do homossexualismo ou outro pecado grave em qualquer grau que seja.
Onde o pecado predomina, a voz do
cristão precisa ser profética e denunciá-lo. Se dois candidatos numa eleição
são pró-aborto e pró-homossexualismo, em qualquer grau que seja, a
responsabilidade do cristão não é ser cabo-eleitoral de um deles, mas voz
profética contra os dois.
Os líderes cristãos que têm mais
proeminência têm a responsabilidade, diante de dois candidatos iníquos, não de
serem grandes cabo-eleitorais, mas de levar o povo de Deus às ruas e defender
em alto e bom som a família e a vida.
Eles também podem, como cidadãos,
rejeitar os maus candidatos, com o apoio de milhares do povo de Deus que
igualmente anseiam a defesa da família e da vida.
O cabo-eleitoral, seja cristão ou ateu,
só pode denunciar o candidato adversário.
Mas o profeta não tem limitações. Ele
denuncia todos os candidatos anti-família. Apoiou o aborto? Apoiou o
homossexualismo? A voz do profeta não se intimida, mas denuncia.
Claro que se houver um candidato que
realmente defenda a família, o cidadão cristão tem a responsabilidade de votar
nele. Mas o quadro brasileiro não apresenta tal opção.
Se tivéssemos no Brasil um candidato que
fosse pelo menos neutro, já acharíamos uma grande bênção. Mas nem isso temos.
O que amargamente temos são candidatos
que defendem em maior ou menor grau a agenda gay e abortista. São candidatos
que não merecem voto de nenhum cristão verdadeiro.
Mas o cabo-eleitoral não olha para esse
aspecto. Sua função é pedir votos e atrair pessoas para seu candidato.
Quer seja cristão ou não, o
cabo-eleitoral só vai atrás de votos.
Em contraste, o cristão que deixa Deus
usá-lo como voz profética não pede votos, mas atrai as pessoas para Deus. E se
ele precisa se envolver com algum candidato, ele escolhe um homem
verdadeiramente pró-vida e não age por oportunismo, ganância e hipocrisia.
Na ausência de tal homem, ele mostra que
a solução é a sociedade iniqua e os candidatos iníquos se arrependerem com
sinceridade e se voltarem para Deus.
A função do líder cristão é ensinar,
seja em eleição ou não, a diferença entre o santo e o profano, o puro e o
impuro e o certo e o errado. Sua missão não é apoiar o candidato 99% infernal
contra o candidato 100% infernal. Sua missão não é ser cabo-eleitoral
de um de dois candidatos claramente iníquos.
Alguns poderiam questionar meu uso da
palavra “profeta” na defesa da família. Mas o Movimento Evangélico Progressista, fundado pelo bispo
vermelho Robinson Cavalcanti, frequentemente usava termos como “profeta”
e “profético” em referência ao esquerdismo, diante de uma Igreja Brasileira que
se mantinha calada, sem questionar nem condenar o estupro esquerdista contra as
palavras da Bíblia.
Os evangélicos progressistas
sequestraram “profeta”, “profético” e muitos outros termos bíblicos,
transformando-os em cabos-eleitorais do esquerdismo. E todos acham normal um
evangélico esquerdista usar esses termos, mas acham totalmente repugnante quando
um cristão conservador menciona “profeta” e “profético”, que parecem ter virado
monopólio da esquerda evangélica.
A Bíblia é totalmente pró-vida e
pró-família. Por isso, não faz sentido a Bíblia e os cristãos serem usados para
estar a serviço de uma ideologia assassina.
O cabo-eleitoral fala em nome de um
candidato e uma ideologia, enquanto que o profeta fala em nome de Deus.
O cabo eleitoral faz a vontade de um
candidato e uma ideologia, enquanto que o profeta faz a vontade de Deus.
Com o fim da eleição, termina o trabalho
do cabo-eleitoral. Mas a missão da voz profética não termina nunca.
Num quadro onde só há candidatos
anti-família, os cristãos não deveriam ser cabos-eleitorais, mas todos eles
deveriam ter voz profética, e a liderança cristã deveria marchar nas ruas com
milhões dessas vozes rejeitando toda agenda anti-família e seus promotores.
Precisamos de líderes cristãos que, a
semelhança de Moisés, conduzam o povo de Deus em sua cidadania mais elevada.
Veja: http://youtu.be/xcXfzOWAZhM
Quão triste é que nas eleições
brasileiras muitos líderes cristãos deixem sua voz profética no armário para
serem meros cabo-eleitorais de uma ideologia assassina ou de um promotor
anti-família, anulando assim seu chamado celestial em troca de um chamado
terreno e corruptível.
Fonte: www.juliosevero.com
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