Por Filipe Luiz C. Machado
Pelo
termo heresias, quero enfatizar todo ensinamento contrário à sã doutrina, à
reta verdade ensinada na Bíblia Sagrada. Um problema, porém, surge: o que é a
Verdade? Como cristãos, precisamos saber o que a Bíblia fala sobre todos os
assuntos, de maneira a poder andar como Cristo andou, afinal, "Aquele
que diz que está nele, também deve andar como ele andou" (1Jo
2.6).
O
primeiro ponto para se refutar heresias é, portanto, conhecer a Verdade - e
isto advém de duas maneiras concomitantes: estudo diligente da Palavra e
oração. Esqueça qualquer "método" que fuja a esta parceria, pois
firmemente somos informados de que a mera intelectualidade, para nada serve se
não estiver em Cristo,"porque sem mim nada podeis fazer" (Jo
15.5).
Se
o querido leitor não conhece a Verdade e não estudou suficientemente bem, com o
devido respeito, digo: não tente refutar heresias, quer dizer, acautele-se
quanto à debates e discussões teológicas. Estude primeiro (e muito), para
depois intentar defender suas bases. Triste coisa é conversarmos com certos
crentes que, mesmo tendo lido e estudado muito parcamente, creem que seus
"achismos" conseguem convencer a todos acerca de suas posições.
O
segundo ponto para se refutar heresias, diz respeito a, em vez de se atacar a
forma com que a heresia de afigura como um todo (afirmativa, negativa,
imperativo...), compreender qual o ponto fraco e por onde se pode começar a
desmanchar a farsa. Explico com um exemplo real.
Algo
infelizmente comum nos círculos pentecostais é o dizer de que piercings, a
depender de onde são postos, atraem demônios ou quando menos, abrem
"brechas" na vida espiritual, isto é, se a joia for posta na língua,
a "brecha" será no falar; se for na sobrancelha, a "brecha"
será no olhar, se for na orelha, a "brecha" será para o inimigo
sussurrar... e por aí segue. Embora este motivo dado para se ser contra o
piercing seja ridículo, muitos acabam não colocando tais joias, não por causa
dos motivos bíblicos, mas temendo abrirem "brechas" em suas vidas,
com medo de que inimigo poderá se apoderar se seus sentidos. Como refutar,
então, isto? A resposta é bastante simples, rápida e efetuada em seis passos.
1.
Peça a base bíblica para tal proibição com base em "brechas". Aquele
que estiver condenando o piercing por estes motivos acima, precisa,
necessariamente, indicar na Escritura de onde está tirando a ideia de que
objetos em certos lugares dão "brechas", afinal, se "Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir,
para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3.16), então a
proibição deve ser pautada pela Bíblia.
Mas
vamos conjecturar, apenas, que tal pessoa possua alguns versículos bíblicos que
deem, em princípio, ensejo a tais "brechas". Se isso acontecer, siga
o segundo passo.
2.
Pergunte sobre qual é o contexto em que o versículo está inserido, ou seja,
questione para quem, quando e como aquela carta foi escrita, de modo que não se
tire o texto para pretexto.
Se
tal pessoa souber informar o contexto e parecer que tal versículo de fato dá
margem para se interpretar tais "brechas", vá para o terceiro passo.
3.
Indague sobre como foi que tal pessoa descobriu que piercings abrem tais
brechas, quer dizer, por que é válido somente para piercings e não para um
corte de cabelo, por exemplo?
Este
escritor, certa vez, ouviu a seguinte resposta para a pergunta acima: "o
piercing, em certas regiões, é usado para invocar demônios, de modo que não
podemos os limitar". Esta resposta é comum, geralmente circundando a
questão com base em alguma religião afastada ou numa localidade remota, onde
certas pessoas têm determinadas práticas e se utilizam deste objetos.
Se
isto acontecer com você, siga o quarto passo.
4.
Uma vez que a base para tal pessoa proibir o uso do piercing é a prática de um
povo remoto, a questione da seguinte forma: "não existem povos que usam
panelas de barro para cozinhar oferendas a ídolos e outras pessoas que usam
tambores para 'invocar demônios'? Isso significa que panelas de barro e
tambores seja coisas proibidas para os cristãos?"
Creio
que o desfecho seja óbvio. Entretanto, se tal pessoa ainda conseguir ter uma
resposta para estas perguntas, temos o penúltimo passo.
5.
Questione tal pessoa assim: "a Escritura nos afirma que podemos comer
carnes sacrificadas a ídolos, certo (1Co 10.25-31)? Se posso comer carnes que,
sabidamente foram oferecidas a ídolos, afinal, 'sabemos que o ídolo
nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só'(1Co 8.4), ou seja,
mesmo que alguém, em algum lugar, se utilize de carnes para rituais contrários
à Bíblia Sagrada, eu posso fazer bom uso, como pode ser que, somente devido ao
fato de certo povos usarem piercings para outros fins ilegítimos, isto tornar o
objeto mal por si mesmo?"
Se
ainda assim tal pessoa tiver uma resposta, coisa que duvido acontecer, resta um
"trunfo".
6.
Faça a seguinte observação: "tendo em vista que, segundo você diz, não
podemos usar nada que, alguém, em algum lugar ou algum povo utilize para
práticas não cristãs, quais são os objetos que podemos utilizar? Isto é, existe
alguma coisa que podemos usar? Ademais, tal pensamento não nos levaria a crer
que maldições se 'grudam' em objetos, sendo que a Bíblia é clara em dizer que
isto não acontece?"
Desta
forma, querido leitor, se percebe que, para refutar uma heresia, basta a
dividir em partes, desconstruindo aos poucos o erro, a fim de melhor debater
sobre cada pormenor. Não procure refutar tudo de uma vez só, pois além de
causar confusão, certamente você esquecerá de algo.
Cristo
seja convosco.
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