sábado, 18 de outubro de 2014

OS ANTICONCEPCIONAIS ESTÃO CONTAMINANDO AS PESSOAS?


Embora os ambientalistas geralmente coloquem a boca no trombone acerca de tudo o que eles sentem ser ameaça, desde os pesticidas até o aquecimento global, eles ficam em silêncio quando o assunto tem a ver com uma ameaça que já está prejudicando o abastecimento de água: os hormônios das pílulas anticoncepcionais.
De acordo com o jornal National Catholic Register, cientistas da Universidade do Colorado financiados pela Agência de Proteção Ambiental (APA) dos EUA estudaram peixes de um rio de montanha perto da cidade de Boulder, no Colorado, dois anos atrás.
Quando pescaram 123 trutas e outros peixes na parte do rio que passava pelo sistema de esgoto da cidade, eles encontraram 101 fêmeas, 12 machos e 10 estranhos peixes “intersexuais” com características de fêmea e macho.

É “a primeira coisa que já vi, como cientista, que realmente me deixou assustado”, declarou ao jornal Denver Post o biólogo universitário John Woodling.
Descobriu-se que os principais culpados são os estrógenos e outros hormônios esteróides das pílulas e drogas anticoncepcionais que acabam terminando no rio depois de excretados na urina para o sistema de esgoto da cidade.
Register diz que Woodling, juntamente com David Norris (professor de fisiologia da Universidade do Colorado) e a equipe da APA estavam entre os primeiros cientistas dos EUA a constatar que um coquetel de hormônios, antibióticos, cafeína e esteróides está fluindo nos rios do país, ameaçando os peixes e contaminando a água de beber.
“Ninguém está se preocupando com esse problema”, disse Norris. “Não faz absolutamente nenhum sentido para mim que as pessoas não se preocupem mais”.
O problema não se limita apenas à cidade de Boulder. Casos semelhantes estão sendo registrados de costa a costa nos EUA.
Na região oeste do Estado de Washington, especialistas descobriram que o estrógeno sintético — que normalmente se acha nos anticoncepcionais orais — está reduzindo drasticamente a fertilidade dos machos das trutas rainbow.
Doug Myers, especialista em regiões úmidas e habitat do Puget Sound Action Team do Estado de Washington, disse ao jornal Seattle Post-Intelligencer que nas rãs, lontras dos rios e peixes, os cientistas estão “descobrindo que a presença de hormônios femininos está tornando os machos das espécies menos masculinos”.
Dois anos depois das descobertas feitas em Boulder, não houve nenhuma iniciativa entre os ambientalistas de deter a poluição de estrógeno do rio Boulder.
Dave Georgis, diretor da Rede de Ação de Engenharia Genética do Colorado que pôs a boca no trombone na questão das safras geneticamente modificadas, disse: “Há tantas coisas aí no mundo com que se preocupar que não dá para focalizar nesse problema específico”.
Ele declarou ao jornal Boulder Weekly que ninguém precisava cogitar de diminuir o uso dos métodos de controle da natalidade por amor ao rio.
“Não dá para ter um impacto zero, e esse é um dos muitos, muitos impactos que há no meio ambiente diariamente”, disse Georgis. “Ninguém é culpado disso, e eu não tenho uma solução”.
George Harden, membro da diretoria da Sociedade de Cientistas Sociais Católicos, com sede em Steubenville, Ohio, EUA, diz que as pessoas não deveriam ter a expectativa de que os ambientalistas tomarão alguma medida.
“Se matarem mosquitos para salvar as pessoas do vírus West Nile, os ambientalistas seculares se deitarão no chão em frente do caminhão pulverizador, invocando como alegação algum efeito colateral potencial que a pulverização poderia provocar”, Harden afirmou para o Register. “Mas se o controle da natalidade [das mulheres] deforma os peixes — e um estudo da APA traz provas desse fato — e ameaça o abastecimento de água, a resposta será puro silêncio”.
Em Nova Jérsei, vestígios de hormônios de controle da natalidade e medicamentos foram encontrados na água do abastecimento municipal em 2003, e os cientistas só estavam começando a examinar a questão do impacto no corpo humano.
Rebecca Goldburg, bióloga de Nova Jérsei que trabalha na Defesa Ambiental, contou ao jornal North Jersey News: “[Com a vida sexual que minha filha leva] Estou em dúvida se devo querer níveis ainda menores de pílulas de controle da natalidade na água de beber de minha filha”.
Betty Ball do Centro de Paz e Justiça da Montanha Rochosa indica que as pessoas comem alimentos orgânicos, mas diz que lhes pedir que parem de poluir as águas com hormônios é uma questão que “invade a privacidade do quarto de dormir”.
“Eu não vou me meter nessa questão”, declarou Ball. “Isso envolve a vida particular das pessoas, questões de criação de filhos, vidas sexuais e escolhas pessoais. Talvez as pessoas estejam dizendo: ‘Meu Deus, o que é que vamos fazer sobre isso?’ A apatia é o medo de começar a agir, por medo de que sua ação mudará sua vida. Às vezes uma mudança positiva realmente exige uma mudança de estilo de vida”.
Essa questão está começando a ser discutida em alguns blogs.
No blog ThePolitic.com, Shane Edwards escreve: “Dar publicidade a esse problema colocaria a natureza em confronto com as conseqüências do sexo livre, e ninguém vai querer fazer isso. Mas o que me preocupa nessa questão muito mais do que o impacto ambiental (e a realidade de que esse problema JAMAIS será tratado, por causa de suas implicações políticas) é o que isso está nos fazendo. O que quero dizer é que se esses efeitos estão ocorrendo com peixes e rãs, o que está acontecendo conosco?”
Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.brwww.juliosevero.com

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