O novo filme do diretor Tarsem Singh (A Cela, A Queda) é um conto épico de vingança, traição e destino. Imortais, que estréia HOJE em todo o Brasil, é uma aventura de ação visualmente espetacular.
É a história do brutal e sanguinário rei Hipérion (Mickey Rourke) e seu exército de assassinos na busca, por toda a Grécia, de um artefato mítico de guerra. Com esse arco invencível, o rei será capaz de derrubar os deuses do Olimpo e se tornar o mestre supremo de seu mundo.
Com eficiência impiedosa, Hipérion e suas legiões destoem tudo em seu caminho. Aldeia após aldeia são destruídas até que um pedreiro chamado Teseu (Henry Cavill) jura vingar a sua mãe, que foi morta em um dos ataques brutais.
Quando Teseu encontra a sacerdotisa do Oráculo, Fedra (Freida Pinto), suas visões perturbadoras sobre o futuro do jovem a convencem que ele é a chave para parar a destruição.
Com sua ajuda, Teseu reúne um pequeno grupo de seguidores e desesperado, tenta salvar para o futuro da humanidade.
Para quem gosta de filmes de guerra em cenários históricos, como 300 ou Guerra de Titãs, é uma boa pedida. Em suma,é violência e sangue dominando a tela quase o tempo todo. Mas o que chama atenção na história de Teseu é que se trata de um conto de vingança bastante simples. O rei Hipérion quer vingar-se dos deuses e Teseu quer vingar-se do rei que matou a sua mãe. A raiva que guia ambos os personagens é o fio condutor da história.
Rourke dá ao rei Hipérion a seriedade cruel de um humano impulsionado por raiva, tristeza e decepção. Cavill retrata um herói que quer vingança, mas também não quer perder-se no caminho, pois seu obejtivo maior é fazer justiça. É a disputa clássica de luz e trevas, mas com um resultado brutal.
O conflito marca outros personagens, como Zeus (Luke Evans) que aprosiona os Titãs no Monte Tártato ao mesmo tempo que deseja libertar os humanos na sua luta contra o mal.
Os nome do filme remete aos deuses pagãos da Grécia Antiga. A questão da fé e da descrença fica bem clara no roteiro. Tanto Teseu quanto Hipérion compartilham o sentimento de que os deuses são caprichosos e não merecem sua confiança, especialmente quando parecem alheios às suas necessidade. A humanidade sempre parece ser rápida em ficar zangada com o divino, seja ele quem for.
A sociedade moderna continua fazendo isso em relação ao Deus bíblico, dizendo que devemos confiar em nós mesmos e não naquele que não podemos ver nem entender. Uma das raízes dessa crença em geral vem de algum tipo de decepção. Especialmente quando Deus não corresponde às nossas expectativas ou não atende nossos pedidos.
Nossa dor, frustração ou decepção são culpa dele e por isso vamos de uma forma ou outra, voltarnos contra ele.
Trata-se do dilema de Jó e seus amigos, que lutaram contra isso até finalmente descobrirem a verdade. Se crermos que Deus raramente faz jus às nossas expectativas, o motivo é simples: nossas expectativas são egoístas e limitadas. Portanto, colocamos nossa confiança mais em nós mesmos do que em um Deus que é poderoso, justo, amoroso e bom. Mas que atua de maneiras muito além de nossa compreensão.
Em Imortais, Teseu acaba aprendendo a ver as coisas em uma perspectiva diferente, enquanto Hipérion não muda. Um deles é destruído, o outro prevalece. Como na vida real, não é difícil saber os motivos para que isso aconteça.
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