A Comissão Exploradora do Planalto Central, composta por 21 pessoas e chefiada pelo astrônomo e geógrafo belga Louis Ferdinand Cruls – conhecida como Missão Cruls –, demarcou uma área de 14.400 Km², considerada adequada para a futura capital, que ficou conhecida como “Quadrilátero Cruls”. A partir daí, a construção de Brasília foi ganhando corpo em diversos momentos históricos, culminando com sua inauguração, pelo presidente Juscelino Kubitschek, até ser tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio histórico e cultural da humanidade, em 1987.
A equipe de Cruls era composta por pesquisadores, geólogos, geógrafos, botânicos, naturalistas, engenheiros e médicos, entre outros, e realizou estudos científicos até então inéditos na região, mapeando aspectos climáticos e topográficos, além de estudar a fauna, a flora, os cursos de rios e modo de vida dos habitantes.
Posteriormente, em 1955, outra comissão, chefiada pelo marechal José Pessoa, realizou estudos e fez nova demarcação para o local, cuja área foi fixada em 52 mil Km², aprovada pelo presidente Café Filho. Em 1955, no famoso comício realizado na cidade de Jataí (GO), como candidato à presidência da República, Juscelino prometeu transferir a capital do país para o Planalto Central, caso fosse eleito.
Promessa cumprida, apesar de resistências de setores políticos que queriam manter a capital no Rio de Janeiro, Juscelino construiu a cidade e a inaugurou em 1960, concretizando um sonho de dois séculos. O nome Brasília, adotado por Juscelino, havia sido sugerido em 1823, durante a Constituinte do Império, por José Bonifácio.
Abaixo, a cronologia sobre acontecimentos que precederam a construção da capital federal e os ocorridos após sua inauguração:
1750 – O cartógrafo genovês Francisco Tossi Colombina elaborou a chamada Carta de Goiás, sugerindo a mudança da capital do Brasil para essa região. Há ainda registros históricos atribuídos ao Marquês de Pombal, segundo os quais o estadista português defendia a mudança da sede do governo para o vale do Amazonas.
1763 – O Brasil passou a ter nova capital: o Rio de Janeiro (RJ), que sucedeu Salvador (BA).
1810 – Já existia a proposta de fixar a sede do governo no interior do país, longe dos portos, por questões estratégicas de segurança, o que dificultaria ataques de conquistadores.
1823 – Ano da Constituinte do Império, quando José Bonifácio – conhecido pelo epíteto de “Patriarca da Independência” – apresentou projeto para mudar a capital do país, sugerindo o nome “Brasília” para a nova cidade.
1852 - O parlamentar pernambucano Holanda Cavalcanti apresentou projeto ao Senado, dando continuidade à proposta de José Bonifácio.
1853 – O senador piauiense João Lustosa da Cunha Paranaguá – segundo Marquês de Paranaguá – também apresentou projeto sobre o tema. Na ocasião, discursou defendendo a mudança da capital.
1877 – Francisco Adolfo de Varnhagen, o visconde de Porto Seguro, militar, diplomata e historiador brasileiro, fez a primeira viagem ao Planalto Central para localizar a futura capital. Oficializada pelo Ministério da Agricultura, a aventura, feita em lombo de burro, era para indicar regiões propícias à colonização europeia no Brasil. Varnhagen sugeria o nome de Imperatória para a nova capital, que seria a sede do Império.
1883 – Ano do famoso sonho de São João Bosco – Dom Bosco –, italiano fundador da Congregação dos Salesianos. Em seu sonho, ele viu o surgimento de uma nova civilização, entre os paralelos 15° e 20° do hemisfério sul, numa região onde se formava um lago. Brasília está localizada no mesmo espaço geográfico delimitado pelo sonho, erguida às margens do Lago Paranoá – por esse motivo, Dom Bosco é o padroeiro da cidade, ao lado de Nossa Senhora Aparecida.
1891 – A primeira Constituição da República estabelece, em seu artigo 3º, a área de 14 mil Km² no planalto central, a ser demarcada para a transferência da futura capital.
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