sábado, 18 de janeiro de 2014

DILMA PRECISA DE PROFETAS

Julio Severo
Um leitor me avisou pelo Twitter ontem que Ana Paula Valadão estava falando ao vivo num culto na Igreja Batista da Lagoinha. Fui conferir, mas como minha internet é fraca, a conexão só me permitiu assistir durante 1 minuto. Nada mais.
Ana Paula Valadão: Dilma precisa de profetas
O que me chamou a atenção neste culto foi quando Ana pediu a Deus “para que as portas permaneçam abertas, para que os profetas do Senhor entrem.” Em seguida, minha conexão de internet caiu totalmente.
Talvez essa frase fosse o que Deus queria que eu ouvisse.
Deus quer que os profetas entrem na presença de Dilma? Claro que sim.
Há na Bíblia vários exemplos de profetas diante de estadistas. Eles iam, não somente para orar, mas também para levar importantes recados de Deus.
O quadro hoje teria de ser diferente? Não. (Creio que Deus fala profeticamente hoje, mas nos termos do Novo Testamento.) Além disso, o cenário é muito parecido. Dilma está cercada de “profetas” — isto é, homens e mulheres de várias igrejas e interesses. Ela tem, perto de si, católicos mais chegados, que lhe dão conselhos. E tem também evangélicos, inclusive um “secretário” evangélico para assuntos evangélicos.
Seria absurdo dizer que há falta de católicos e evangélicos na presença de Dilma. Em grande parte, ou talvez totalmente, são cristãos alinhados com a esquerda. Esquerdistas, quer sejam ateus ou religiosos, são “irmãos” e sempre vivem juntos. Gilberto Carvalho, ex-seminarista católico, é chegadíssimo a Dilma e sabe mexer os pauzinhos para aproximar Dilma de cristãos peões.
A oração de Ana Paula Valadão, então, só vai engrossar a presença de evangélicos diante de Dilma? É o que parece. Pelo seu interesse em reeleição, Dilma irá se aproximar de mais evangélicos e outros grupos religiosos.
Ana pode ter boas intenções no coração, mas a função do profeta é muito mais do que orar ou mostrar presença “evangélica” diante de Dilma. Muitos outros já cumprem esse papel — muito mal, pelo visto.
A função do profeta é ouvir de Deus e entregar os recados decisivos para momentos decisivos.
Dilma quer aproximação por causa de sua preocupação com sua reeleição. Mas é essa a preocupação de Deus?
Deus enviou ao rei Acabe, que reinava em Israel no Antigo Testamento, profetas, inclusive Elias e Micaías. Acabe havia transformado o culto a Baal em obrigação nacional. O deus Baal era servido por sacerdotes homossexuais e exigia o sacrifício de bebês. Bem parecido com o baalismo petista, não, que exige homossexualismo e aborto?
Os recados divinos de Elias e Micaías eram duros e não estimulavam o governante a chamar o profeta para outros encontros. Afinal, depois de ser repreendido, você vai querer convidar o repreensor de novo?
Se você quer manter as portas abertas diante de estadistas, a última coisa que você vai querer dizer é uma palavra que desagrade. Pobre Elias! Suas palavras só ofendiam o rei! Pobre Micaías! Acabe detestava as mensagens divinas dele.
Se Ana quer de fato manter as portas abertas, não imite Elias nem Micaías. A chave para a continuidade de encontros com Dilma é não desagradá-la. E um jeito fatal de fazer isso é continuando a fazer exatamente o que as cantoras gospel fizeram: não incomodaram Dilma sobre a lei de aborto que ela está para sancionar. Nada de dar uma de Elias e Micaías diante da presidente. Confira meu artigo sobre Micaías: Onde está Micaías? Dilma e seus quatrocentes conselheiros
Desagradar Dilma na questão do aborto é algo que nem o papa faria. Mas no caso do papa, haveria uma desculpa: ele é um estadista.
Manter as portas abertas diante de um estadista pró-aborto é um pedido difícil se você pretende dar um recado de Deus. Mas se for apenas para orar, dar um tapinha nas costas, fazer um elogio e sorrir, as portas estão sempre abertas. Na última reunião das cantoras gospel, Dilma sorriu e gostou.
Dilma sorriu porque ela pôde aproveitar para vantagem dela, assim como ela faz com muitos outros grupos evangélicos e cristãos.
Mas se Ana ou um verdadeiro profeta tivesse orado e depois dito “Dilma, vejo sangue em suas mãos!”, haveria uma imediata porta aberta para um recado profético. Curiosa e assustada, Dilma perguntaria: “O que é isso, sangue em minhas mãos?”
O profeta diria: “É o sangue de crianças abortadas por leis de iniquidade que seu governo quer impor no Brasil.”
Ela poderia reagir se arrependendo ou enxotando ou mandando prender o profeta. Mas nossa missão não é mudar o coração dos estadistas. Apenas lhes dar as mensagens de Deus. O resto é com Deus.
Espero que Ana compreenda a responsabilidade e seriedade da oração que ela fez pedindo a Deus permanentes portas para profetas visitarem Dilma. Que sejam profetas como Micaías, que não se limitava à oração e tapinhas nas costas. De evangélicos e católicos de tapinhas nas costas e elogios, Dilma já os tem em abundância em sua presença. Agora ela precisa é encontrar um verdadeiro profeta, para falar o que ela precisa ouvir, mesmo não gostando.
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