Mais uma vez estamos assistindo o “filme” de novas eleições. Os donos do poder no Brasil acionam a lógica política eleitoreira para manter seus feudos e principados. A população não consegue entender ou faz de conta que não entende. A memória do povo continua sendo apagada por promessas e vantagens que raramente são cumpridas por muitos candidatos.
Vivemos um regime patrimonialista, em que o país é propriedade de algumas pessoas e não de todos. Um sistema paternalista, em que candidatos conseguem votos usando como moeda de troca cestas básicas ou promessas assemelhadas. A ilusão publicitária faz com que palavras “mágicas” e sedutoras induzam os eleitores a achar que algum salva-pátria finalmente surgiu. O candidato será bom ou não, dependendo do publicitário que tem, nunca de um plano de trabalho. Assim, está sendo destruída a ordem social brasileira, sabotando-se as bases do país e a estrutura que mantém de pé os privilégios que alguns “príncipes” têm sobre o resto da população.
Se quem paga a conta é quem manda, então quem pagará a conta do candidato é que vai mandar e transformar o político em seu cabresto na hora de votar um projeto ou de exercer a administração do país. Essa lógica mantém o privilégio dos poderosos acima da lei. As elites do país demonstram seguir a lógica do domínio do poder privado sobre a coisa pública.
O mais difícil de tudo isso é que essa lógica maquiavélica não está apenas restrita ao ambiente secular, mas já contaminou e invadiu o meio religioso. Igrejas, com seus poderosos “arcanjos”, líderes apostólicos que reinam no seu bispado, determinam, sob as penas celestiais, que seus “clientes” devem votar nesse ou naquele candidato. Comandando igrejas como um curral de animais selvagens que precisam de chicote e de direção. Um curral sem inteligência suficiente para analisar o programa de trabalho do candidato, apenas seduzido com a indicação desses pretensos líderes religiosos que usam a máquina eclesiástica e o temor da religião para dominar e conquistar as suas almas.
Há ainda a máxima “irmão sempre vota em irmão”. Mas isso só deve valer quando o programa do irmão-candidato é sadio para o bem da sociedade, se sua vida é coerente com os princípios do Evangelho e se tem competência para exercer o eventual mandato.
Votar é coisa séria. Se for para o governo executivo de um Estado ou mesmo o do país, será preciso levar em conta a experiência do candidato em governar, pois há candidato que é apenas rótulo e vasilhame, sem conteúdo e experiência de governo. Mas também é preciso levar em conta a sua a vida pessoal, seu exemplo de caráter, sua história de vida. Além disso, como o candidato se alinha aos ideais cristãos? Se não os princípios cristãos serão massacrados e pisoteados.
Cabe a cada um escolher ser ou não inocente útil nesse jogo.
Sugestão de olho do artigo: O domínio do poder privado sobre a coisa pública não está apenas restrito ao ambiente secular, mas já contaminou o meio religioso
Revista Eclésia, Coluna Observatório, setembro/2010.
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