segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sinais da Maçonaria - O Marquês de Pombal em Sintra ou a Maçonaria em Sintra - Parte IV

Humildemente escondida à vista de todos que a ignoram como apenas mais um portão, encontra-se na estrada que leva os seus viandantes da Vila de Sintra até Monserrate, uma entrada que se supõe que tenha tido a ver com a Maçonaria, e em especial, com Sebastião Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal.

Para os mais fantasiosos sendo vista como uma entrada iniciática - devido a todo o desconhecido que a Maçonaria envolve ou o que com essa se relacione para os leigos - esta entrada sita após a Quinta da Bella Vista, é hoje parte da propriedade dessa - e em 1953 o era, no registo topográfico - existindo indícios especulativos, de que no passado tenha dado acesso a terrenos mais baixios sitos a Norte onde se encontravam outras quintas.


Sinais da Maçonaria em Sintra
Essa especulação tem como base o fato de que mais abaixo nessa colina, se encontra um lugar conhecido como São Bento e se encontrava a Quinta de São Bento, também conhecida como Quinta do Bosque, de origens que remontam ao século XVII. A razão da especulação chega mais tardiamente, quando em 1780 a quinta é cedida ao Marquês de Pombal como forma de saldar dívidas, depois de esse já ter adquirido propriedades no lugar da Boiça e também de São Bento, e depois do rei D. José ter doado a Sebastião Carvalho e Melo, dois bosques “para aformosear a Quinta do Bosque” - citação que pressupõe que o Marquês de Pombal já usufruia da quinta, antes de 1780.

Assim, e de acordo com o mito que o Marquês de Pombal era maçon, se faz a ligação especulativa, da entrada que se encontra na estrada que liga a Vila de Sintra a Monserrate correspondia aos terrenos que esse possuia naquela zona da Serra de Sintra, e nos quais se incluia a Quinta de Pombal - denominação que suplantou os termos Quinta de São Bento e Quinta do Bosque, por ter sido posse dos Marqueses de Pombal até 1867.

Antiga Quinta do Marquês de Pombal em Sintra

Este conjunto de ligações poderá no entanto ser falacioso, uma vez que não existe modo de comprovar em absoluto, o raciocínio apresentado; contudo, a especulação feita, tem bases mais do que plausíveis para o mesmo raciocínio se dar. No entanto, e caso existisse maneira de tornar essa inferência inválida, existiria sempre a associação da Quinta do Pombal, símbolo do Marquês de Pombal em Sintra - carregando em seu nome o espectro da Maçonaria - à referida entrada na estrada de Monserrate.

Poder-se-ia justificar o erro do raciocínio ao dizer que a
data de construção da mesma é incerta, e que poderá muito bem ser recente. Sem dúvida que o que se questionaria era mais do que válido, mas, o traçado da construção fala por si, referindo que é anterior ao início do século XX - algumas décadas antes de os Marqueses de Pombal terem vendido as propriedades que ali possuiam - nomeadamente a argola para amarro do cavalo, à esquerda da entrada, assim como as semi-esferas embutidas no chão junto à entrada, possivelmente as colunas originais que ficariam sitas em frente à entrada do portão.

Mina de Água da Quinta de Pombal (Marquês de Pombal) em Sintra
Daquilo que supostamente associa esta construção ao tema da Maçonaria, são os símbolos nela presente em seus dois pilares. Em um encontramos a Roseta no topo superior da coluna, e o Pentagrama na parte inferior; em outra encontramos o Coração (presente também como símbolo maçônico ou “assinatura de canteiro” em outras construções em Sintra) no topo superior da coluna, e a Chave na parte inferior. Estes são símbolos utilizados pelas várias Lojas Maçônicas, bem como são associados à Maçonaria - como aliás é bem patente na referida “assinatura de canteiro” - o que coloca longe de ser falacioso, o raciocínio aqui apresentado, entre Sebastião Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, e a referida entrada na estrada que parte de Sintra e leva a Monserrate.


O Caminheiro de Sintra

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