domingo, 2 de fevereiro de 2014

ATOS 19:11 a 12 APÓIA O ATO PROFÉTICO?

Por Leonardo Dâmaso


O ato profético é uma espécie de ritual ou prática que faz parte do sistema doutrinário e litúrgico de muitas igrejas/seitas, especificamente as neopentecostais e pentecostais, onde as quais adotaram tal sistema como uma influência mesclada do judaísmo do AT e suas implicações simbólicas [ainda que inconsciente ou por ignorância por parte dos pastores e cristãos], das religiões afro trazidas pelos africanos para o Brasil, pelo espiritismo e pela umbanda. Todavia, o meu objetivo neste artigo não é analisar as várias passagens no AT e nem os elementos utilizados como uma espécie de “ato profético ou fé no trabalho que é feito” nas religiões pagãs que descrevi. Limitei-me apenas no texto de Atos 19.11-12 por falta de espaço e porque este é o principal texto utilizado pelos adeptos como base para o ato profético. Desse modo, vejamos, então, este texto [dentre tantos no AT] utilizado como respaldo para tal prática pelos adeptos e defensores do ato profético, a saber – Atos 19.11-12.  

Atos 19.11-12 – "E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam." ARA

No texto a lume, Lucas relata ou não que pedaços da roupa de Paulo quando colocados sobre os doentes eles eram curados? Claro que sim! Entretanto, precisamos entender primeiro todo o contexto desta passagem e de outros livros ou cartas do AT e NT que abordam este assunto, ainda que implicitamente para chegarmos à conclusão correta.

Não obstante, o lugar no qual ocorreu este fato, ou seja – das pessoas pegarem pedaços da roupa de Paulo para colocar sobre os doentes foi na cidade de Éfeso, onde Paulo empreendeu sua terceira viagem missionária (At 19), permanecendo lá cerca de três anos (AT 19.31). Se analisarmos meticulosamente todo contexto da cidade de Éfeso e o contexto em geral das Escrituras, conforme salientei acima, iremos perceber que Éfeso era uma cidade mística e supersticiosa, onde imperava a idolatria e o culto a Diana dos Efésios (At 19.24-28; 18-19). Havia um templo nesta cidade onde esta falsa divindade era cultuada. Contudo, doravante ao misticismo que predominava em Éfeso, muitos ali, ainda não cristãos e até alguns que já haviam se convertido ao evangelho de Cristo Jesus através da pregação de (Priscila e Àquila, possíveis fundadores da igreja de Éfeso), não tinham quase conhecimento algum da Escritura. Estes novos convertidos eram pessoas leigas e incautas em relação às Escrituras, os quais tomavam pedaços das roupas de Paulo e colocavam sobre os enfermos, onde, mesmo assim [por ignorância], Deus curou várias pessoas conforme é descrito em (At 19.11-12).

Por outro lado, embora Deus tenha curado inúmeras pessoas através dos pedaços de roupa de Paulo, conforme é mencionado no capítulo 19 de Atos, porém, em todo o Novo Testamento não encontramos nenhuma permissão ou ordem de nenhum apóstolo ou até do próprio Senhor Jesus nos evangelhos “ensinando ou orientando a prática de atos proféticos”. Podemos procurar que sequer vamos encontrar uma passagem sobre isto! Deus, em Atos 19 fazia maravilhas pelas mãos de Paulo, porém, ELE PERMITIU PELA SUA MISERICÓRDIA QUE AS PESSOAS FOSSEM CURADAS PELAS ROUPAS DO APÓSTOLO assim como a sombra de Pedro curava (At 5.15).

Deus não leva em conta os equívocos cometidos por muitos cristãos sinceros e nascidos de novo no início da conversão em pregações e no serviço prestado a Ele por falta de maturidade e conhecimento das Escrituras. Contudo, em toda a passagem de Atos 19 Deus “não diz que devemos fazer isto hoje ou que ele aprovava tal atitude dos Efésios”. É importante destacar também que os sinais e prodígios operados pelos apóstolos e por outros cristãos que não eram apóstolos, como Estevão, por exemplo, eram necessários nesta época “singular” em que o Cristianismo estava sendo expandido às nações para:

1 - Apontar para a pessoa de Cristo como o filho de Deus, Deus e a sua obra redentora (Mc 2.1-12; At 2.1-38; 3.1-26). 2 - Atestar que a mensagem que o apóstolo anunciava e o próprio apóstolo vinha da parte de Deus (At 2.14-41; 5.12-16; 10.34-48). 3 - Fortalecer a fé dos cristãos (Jo 20.30-31; At 14.1-3).

Por fim, os Efésios eram pessoas místicas, supersticiosas, idólatras e pessoas sem entendimento ou com pouco conhecimento das Escrituras, no caso dos novos convertidos. Sendo assim, não devemos imitar ou adotar o ato profético hoje como um sistema doutrinário para igreja. Não há apoio em toda a Escritura para isto!


***
Fonte: Bereianos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é importante! Através dele terei oportunidade de aprender mais! Muito obrigado!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Visitas dos lugares mais distantes

Minha lista de blogs

Aborto diga não!

Aborto diga não!
1999 - Um fotógrafo que fez a cobertura de uma intervenção cirúrgica para corrigir um problema de espinha bífida realizada no interior do útero materno num feto de apenas 21 semanas de gestação, numa autêntica proeza médica, nunca imaginou que a sua máquina fotográfica registaria talvez o mais eloquente grito a favor da vida conhecido até hoje.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal.

Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX).

Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença".

Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias.

Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

Fonte:www.apocalink.blogspot.com