Recentemente, o tele-pastor Silas Malafaia veio a público desafiar os "blogueiros,
críticos de meia-tigela e sites de bandidos travestidos de evangélicos... quem
planta notícia em
internet, invejosos, caluniadores..." [1], a mostrar biblicamente
onde é que se encontram as falhas teológicas de sua pregação sobre a teologia
da prosperidade, que “ele prega e crê” [2]. Como era o discurso do pastor Silas Malafaia antes de se "converter" a teologia da prosperidade! Veja aqui:
Continue lendo o artigo!
Talvez o título dessa postagem fosse mais conveniente com a frase:
Ensinando Silas Malafaia a deixar a colher e comer de garfo! Seria uma resposta
a própria afirmação dele de que, quem o critica “come de colher e quer
ensiná-lo a comer de garfo”. Porém, não posso deixar de lado o que a Bíblia
diz em 1 Pedro 3.14-17:
“Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes
zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem
aventurados sois, Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem
fiqueis alarmados, Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,
estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pede razão da
esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor,
com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros,
fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque,
se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do
que praticando o mal.” (negrito meu)
É de conhecimento de todos que, há alguns anos o tele-pastor
desvirtuou-se de sua posição clássica contrária aos modismos e heresias,
inclusive que ele mesmo criticava e condenava [3], para aderir à perniciosa
teologia da prosperidade. Com isso, o mesmo vem promovendo uma série de
distorções bíblicas e heresias gravíssimas, além de abrir a porta para
pregadores heréticos da tal teologia mercantilista vindos de outros países.
Basta pesquisar aqui no blog para constatar que existem inúmeros artigos de
refutação e denúncias das práticas anti-bíblicas de Silas. Inclusive, destaco
um ótimo resumo crítico que foi publicado recentemente no Púlpito Cristão, no
qual você pode ver aqui!
Embora Silas Malafaia tenha feito o desafio com um tom ofensivo de
deboche e covardia, eu farei a refutação de sua palavra supra-citada não pelo
desafio em si, mas pelo dever em
defender o evangelho, aja visto ter detectado em sua pregação várias distorções
bíblicas e conclusões errôneas feitas pelo tele-pastor, referentes ao que ele
defende. Portanto, para ser mais direto e categórico, vou me conter em refutar
somente a pregação do Silas Malafaia neste programa específico, onde ele
desafia os blogueiros (dos quais incluo-me).
A primeira parte de sua pregação - com base na teologia da prosperidade
- denominada “uma vida de prosperidade”, foi ao ar no último sábado, dia 2 de
maio de 2012. Veja abaixo:
Em
sua pregação, para começar ele cita três pontos que serão abordados: o que é a
oferta, características de um ofertante e o resultado na vida do ofertante.
Silas utiliza 2 Co 9.1-15 de uma maneira desconexa e fragmentada, utilizando
somente de alguns versículos desta passagem para fazer a sua defesa da teologia
da prosperidade, algo normal de uma pessoa que prega tal conceito, pois não há
o costume de utilizar uma pregação expositiva equilibrada. Ele ainda afirma que
esta passagem é o “melhor compêndio no Novo Testamento sobre o
assunto".
Porém, ao sair do círculo fechado e fragmentado que Silas arma em torno
da Segunda epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 9.1-15, afirmando a prosperidade financeira como recompensa para todos
os crentes que ofertam, não tem como ignorar todo o contexto bíblico que trata
de dinheiro,
principalmente as passagens que afirmam o contrário do que Silas defende. Como
harmonizar, por exemplo, a sementeira e a colheita da Segunda epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 9com esta outra
passagem que diz “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e
perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”
(1 Tm 6.8-10, ARA) ?
O que dizer então das palavras do Mestre Jesus Cristo: “Não acumuleis para vós
outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões
escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem
ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o
teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo.
Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus
olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que
em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a
um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt
6.19-24, ARA ) ?
Enquanto uma passagem supostamente afirma (segundo
Silas) que podemos ofertar com a promessa de prosperidade financeira plena,
outras afirmam exatamente o contrário, que não devemos enfatizar a prosperidade
financeira! Tem alguma coisa errada aí! Será que Silas Malafaia está pregando
algo correto à luz do contexto bíblico? Será que Deus ficaria preso na condição
de obrigação em recompensar financeiramente quem oferta?
A Segunda epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 9.1-15pode ser o “melhor compêndio” sobre o
assunto conforme ele afirma, porém não é o único, principalmente no Novo
Testamento! Não se pode interpretar uma passagem isolada de outras que tratam
do mesmo assunto (regra básica de hermenêutica).
Quando desfragmentamos os versículos isolados que
Silas utiliza e analisamos a luz do contexto imediato desta passagem, veremos
facilmente que o foco de Paulo não é a prosperidade financeira para os crentes
em resposta ao ato de ofertar, mas sim a necessidade de ajudar financeiramente
- com alegria e deliberadamente - os irmãos mais pobres. Paulo usa como exemplo
aos Coríntios (uma igreja com membros financeiramente estáveis) de como os
irmãos macedônios foram generosos nas ofertas enviadas à igreja de Jerusalém.
Mesmo com sérias limitações financeiras (profunda pobreza,
Segunda epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 8 verso 2) eles
tiveram alegria em ajudar os irmãos pobres. Este exemplo deve ser aplicado a
nós nos dias de hoje com total significância. Porém, não com o objetivo de
barganhar com Deus, esperando algo em troca.
Uma pergunta que devemos fazer: será que as ofertas
e desafios financeiros que, tanto Silas Malafaia, quanto os demais
tele-pastores fazem em seus programas são destinados aos pobres da Igreja? Não,
pois eles categoricamente afirmam qual é o destino do dinheiro doado em suas
coletas: sustentar os programas de TV (valores milionários), viagens nacionais
e internacionais, mega-cruzadas caríssimas, jatinho particular etc. Posso estar
errado, mas eu nunca vi Silas fazendo um desafio financeiro para ajudar os
pobres da Igreja.
Continuando a análise ao vídeo, Silas comete outro
erro grave: ao citar 2Co 9.4, ele afirma que “a oferta tem sólida base no
mundo espiritual”. Para chegar a esta conclusão, ele utiliza a tradução
bíblica Almeida Corrigida Fiel onde diz na parte final “...firme fundamento
de glória”[4]. Porém, ao analisar melhor outras traduções da bíblia
(inclusive o grego original), bem como o contexto direto (vs 1 a 4), veremos
exatamente o que Paulo afirma: “Não tenho necessidade de escrever-lhes a
respeito dessa assistência aos santos. Reconheço a sua disposição em ajudar e
já mostrei aos macedônios o orgulho que tenho de vocês, dizendo-lhes que, desde
o ano passado, vocês da Acaia estavam prontos a contribuir; e a dedicação de
vocês motivou a muitos. Contudo, estou enviando os irmãos para que o orgulho
que temos de vocês a esse respeito não seja em vão, mas que vocês estejam
preparados, como eu disse que estariam, a fim de que, se alguns macedônios
forem comigo e os encontrarem despreparados, nós, para não mencionar vocês,não
fiquemos envergonhadospor
tanta confiança que tivemos.”(NVI, grifo meu)
Portanto, concluímos facilmente duas coisas:
primeiro, que não se deve fazer uma exegese profunda em um texto bíblico
considerando somente uma tradução da bíblia; segundo, que a passagem em si não
há, absolutamente, nada de super sobrenatural como Silas afirma, mas a passagem
narra a demonstração de confiança e orgulho que Paulo tinha pelos crentes de
Corinto, na certeza dos mesmos ajudarem através das ofertas os irmãos pobres da
Judéia, conforme fizeram os irmãos da Macedônia.
Mais um erro teológico de Silas: Ele cita,
estranhamente de forma fragmentada parte de 2Co 9.5, onde diz “...e
preparassem de antemãoa vossa bênção” [negrito meu], afirmando que a
palavra “benção” nesta passagem significa “um meio de receber favor
Divino e meio de felicidade”. Ou seja, segundo Silas, em resposta a oferta
haverá uma ação direta de Deus em abençoar os ofertantes! Isto é uma distorção
forçada do texto, pois no contexto direto a palavrabençãoestá direcionada a uma ação direta dos ofertantes aos
que receberiam as ofertas! Embora reconheça que Deus pode, segundo a vontade
Dele, abençoar a vida financeira de quem ajuda, não é o que este versículo em
si afirma. Os “abençoados” são os que recebem as ofertas e não os que ofertam!
Veja a mesma passagem em outra tradução: “...concluam
os preparativos paraa contribuição que vocês prometeram. Entãoela
estará prontacomo oferta
generosa, e não como algo dado com
avareza.” (NVI, negrito meu) No
original grego, a palavra utilizada éeulogia (benção),empregada neste contexto como"generosidade"[5].Lembrando
que o significado da palavra “benção” é variável, no caso desta passagem
se enquadra na definição de “expressão ou gesto com que se abençoa.
Benefício, favor especial.” [6]
Continuando, Silas cita 2Co 9.10 “Ora, aquele
que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também multiplicará a vossa
sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça”, afirmando que Deus nos
dá a semente para ofertar. Está correto! Afinal, Deus é o provedor de tudo, o
homem não dá do que é propriamente seu, e sim daquilo que Deus lhe tem dado
(veja At 17.25). Mas, para quê serve esta semente que Deus nos dá? Para
sustentar ministérios milionários de tele-pastores que cada vez mais ficam ricos
para esbanjar “prosperidade”, em troca de uma suposta benção financeira
sobrenatural? Não!
A semente que provém de Deus é para ajudar os
pobres da igreja para que todos sejam abençoados e Deus seja glorificado! Veja
o contexto direto no versículo 9: “Como está escrito:Distribuiu,
deu aos pobres, a sua justiça
permanece para sempre” (ACF, negrito meu), uma citação que Paulo faz de
Salmos 112.9 para mostrar que a generosidade à quem precisa é característica de
todo Cristão. Deus abençoa a nossa vida para “aumentar os frutos da nossa
justiça”(vs9), para “toda a generosidade”(vs11) e para “suprir as
necessidades dos santos” (vs10). Ou seja, Deus pode, segundo a vontade
Dele, prover em nossas vidas quando ajudamos os pobres da Igreja,
principalmente para aumentar a possibilidade desta ajuda continuar cada vez
mais: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos
dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e
vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode
permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16-17, ARA)
Mais um erro de Silas: Ele cita parte do VS 12 “...porque
a administração deste serviço”, para afirmar que a oferta é um serviço para
Deus. Logo em seguida, ele cita 1Co 15.58 que diz “que o nosso trabalho não
é em vão” para afirmar que, se é um trabalho, Deus vai recompensar. Ainda
cita Jr 21.14 que diz “o Senhor recompensará a cada um segundo o fruto das
tuas ações”. E termina afirmando que: “se a oferta é um serviço para Deus,
Ele vai nos recompensar da mesma forma que alguém trabalha e tem que receber salário.”
Errado Pr. Silas! O contexto de 1Co 15.58 em nenhum
momento é formalizado um contrato de trabalho entre nós e Deus com promessa de
honorários financeiros, muito pelo contrário, fala da esperança que os
Coríntios deveriam ter no dia da ressurreição para continuarem perseverando na
fé, mesmo sob ensinos falsos e várias tentações, sabendo que os esforços para o
serviço à Deus nunca será em vão (veja Is 65:17-25).
Segue o contexto direto da passagem em questão: “Isto
afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a
corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos
dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de
olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista
da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que
está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua
vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por
intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede
firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que,no Senhor,
o vosso trabalho não é vão.” [1Co 15.50-58, ACF, negrito
meu].
E sobre Jeremias 21.14, veja o que diz: “Eu vos
castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o SENHOR; e acenderei o fogo
no seu bosque, que consumirá a tudo o que está em redor dela.” (ACF) O
texto fala de castigo e não de recompensa financeira! Que distorção bíblica
grosseira Pastor Silas!
Dando continuidade na análise do vídeo, Silas agora
discorre para os resultados na vida de um ofertante. Logo de cara ele afirma
que “Deus trabalha com a lei da recompensa”. Para tal afirmativa, ainda divide
esta lei em “5 leis que funcionam na vida de um ofertante”. Chamo a atenção
para algo gravíssimo: colocar a condição de lei para Deus é neutralizar a
onisciência Dele! É afirmar que Deus trabalha somente em troca do nosso
dinheiro! Afinal, se temos que cumprir esta lei, Deus também tem o dever de
cumpri-la. Estaria Deus amarrado em uma condição humana?
Para a 1ª lei, Silas utiliza 2Co 9.6 afirmando a
“lei da semeadura”: “E digo isto: o que semeia pouco, pouco também ceifará;
e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” Esta passagem
está em conexão com todo o contexto direto, no qual já tratamos nesse artigo
(veja explicação acima sobre os versos 9 e 10).
Se esta suposta lei da semeadura financeira
funcionasse como Silas afirma, porque existem cristãos pobres que precisam de
ajuda da própria Igreja? Falta de fé para ofertar o que não tem? Porque então
Paulo organizou esta coleta de ofertas aos Pobres da Judeia, ao invés de fazer
um desafio financeiro para eles serem abençoados com a lei da semeadura?
Inclusive o próprio Paulo passou por muitas necessidades ( Fp 4.10-20, 2Co
11.27). Porque Jesus se fez pobre durante seu ministério na terra (2 Co 8.9)
não tendo sequer aonde reclinar a cabeça (Mt 8.20)? Porque Jesus também disse
que dificilmente entraria um rico no reino dos Céus (Mt 19.23-24), e ainda
disse para não juntar tesouros na terra, mas no Céu (Mt 6.19-24)? Estaria Paulo
pregando uma teologia contrária à Bíblia e entrando em contradição consigo
próprio? Claro que não! A teologia contrária a Bíblia é a que Silas Malafaia
tenta defender sem êxito.
Paulo cita esta metáfora baseada na vida agrícola
para mostrar que, aquilo que é doado nunca se perde, é semeado. Embora Deus, às
vezes, proveja uma colheita generosa no terreno físico, principalmente para
aumentar as possibilidades de ajuda aos pobres da Igreja, esse não é o padrão e
nem é a promessa do Novo Testamento, muito pelo contrário, veja: 2 Co 8:9,
11:27, Lc 6:20-21, 24:25, Tg 2:5.
Tentando justificar a demora na “colheita” de
muitos, Silas ainda faz uma analogia entre o tempo de cumprimento da “lei da
semeadura” com as sementes de frutas naturais. Dentre várias frutas, ele cita
tamarindo, uma fruta que demora até 60 anos para começar a dar frutos. Com
isso, ele justifica que pode demorar muito para alguém receber o pagamento da
tal “lei da semeadura”. Ou seja, o que você ofertar, talvez nem receba de Deus
nesta vida. Na verdade, trata-se da famosa "desculpa espiritual" dos
adeptos da teologia da prosperidade para os que não receberam a sua colheita,
mesmo depois de ofertar. Engraçado que na hora dos desafios televisivos é
exaustivamente enfatizado que Deus vai nos abençoar, que vamos colher cem vezes
mais, que vamos ter uma vida próspera, que vamos pagar nossas contas e ter
prosperidade em abundância etc.
Na 2ª lei, Silas cita 2 Co9.7 onde diz “...porque
Deus ama a quem dá com alegria”, o que seria a “lei do amor de Deus sobre o
ofertante”. Logo após, solta uma pérola histórica: “você não vê Deus usando
essa palavra de amor pra salvação” E ainda pede para avisá-lo se alguém souber
de outra passagem bíblica que utiliza esta expressão de amor de Deus, pois ele
não sabe de tudo da Bíblia.
Sinceramente, alguém que faz tal afirmação deixa-me
mais desconfiado ainda do quanto a pessoa é desprovida de conhecimento Bíblico,
veja: Jo 3.16 “PorqueDeus amou o mundode tal maneira
que deu o seu filho unigênitopara
que todo que Nele crênão
pereça, mastenha a vida eterna”. (negrito meu) Leia também 1Jo
4.9 e Rm 5.8.
A 3ª lei, segundo Silas, consta no versículo 8,
onde diz: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo
sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra,”(ARA) o
que seria a “lei total do favor de Deus, a graça”. Silas afirma – corretamente
– que a graça é o favor imerecido, benevolente e amoroso de Deus para o homem.
Mas comete um erro gravíssimo afirmando que “a oferta chama a graça de Deus
para nós”. Ora, se a graça é um favor imerecido, como pode ser merecido ao
mesmo tempo?
Para piorar, segundo este pensamento Silas afirma
que através da oferta nós podemos obter soluções de problemas emocionais, curas
e soluções de problemas financeiros. Enfim, erros gravíssimos e infantis que
nem um aluno novo de Escola Bíblica dominical confunde.
O versículo em questão não dá margem para esta
interpretação incorreta. No verso 8 diz que Deus pode nos abençoar para sermos
um instrumento de sua graça, fazendo que tenhamos o suficiente para continuar
ajudando os pobres. Quando os santos carentes recebem uma generosa doação de
outros crentes, eles reconhecem que Deus é a fonte da generosidade,
reconhecendo o dom inefável de Deus (vs 15). E assim eles respondem com ações
de graças e louvor a Deus por Sua graça em suas vidas (v. 11). E isto acontece
segundo a vontade Dele e não por nosso merecimento. Nós não merecemos e nunca
vamos merecer a graça Dele, é Ele quem nos ama e nos concede a sua graça,
segundo o Seu querer.
A 4ª lei que Silas cita, segundo 2Co 9.9 é a “lei
da multiplicação”, que na verdade é o mesmo que a “lei da semeadura”. Ou seja,
a refutação para a 1ª lei serve para esta 4ª lei também.
Enfim, a 5ª lei. Silas cita o verso 11 que diz “para
que tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem
graças a Deus”, para fundamentar a “lei da abundância”. Com isso, Silas
afirma que Deus é um Deus de sobra, sem mesquinharia.
Obviamente, ele utiliza este argumento para
justificar a suposta abundância da teologia da prosperidade. Mas, ao contrário
que ele afirma, o que esta passagem mostra é que, quando Deus nos dá uma
provisão financeira, mesmo sendo com sobras, não é para o proveito próprio, e
sim para ser usada em generosidade aos necessitados, para a glória de Deus. O
versículo é claro quando afirma “...para toda a beneficência”(ACF), “para
toda generosidade”(ARA). Veja como viviam os convertidos naquela época: “Todos
os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha
necessidade.” (At 2.44-45, ARA) Este conceito de abundância financeira é,
de fato, o mais claro sinal de avareza na vida de alguém: “Tende cuidado e
guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste
na abundância dos bens que ele possui” (Mt 12.15, ARA)
Silas ainda cita exemplos do que aconteceu com Adão
e Eva no jardim do Éden e a prosperidade de Abraão para afirmar que Deus fará o
mesmo com quem ofertar. Isto é um absurdo! Afinal, estes são casos isolados em
que Deus agiu com um propósito específico e exclusivo para cumprir os seus
planos! Por exemplo: não é porque Deus sustentou o povo no deserto enviando o
maná dos céus (Ex 16:35) que ele fará o mesmo hoje da mesma forma conosco. Vai
deixar de trabalhar esperando o maná para ver o que acontece!
Para terminar, mostro na Bíblia a verdadeira
prosperidade para o Cristão:
"Também,
irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia;
porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de
alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua
generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo
acima delas, se mostraram voluntários". (2Co 8.1-3).
Antigamente, Silas Malafaia concordava que esta
passagem nos mostra a verdadeira prosperidade bíblica, veja o que ele disse
muitos anos atrás:"Os
pobres da Macedônia dividiram o pouco que tinham com os pobres da Judeia. Isto
é prosperidade. Prosperidade é você compartilhar com o outro... é viver bem com
aquilo que Deus tem te dado... é mesmo você tendo pouco, você ainda tem forças
e capacidade de ajudar alguém que está pior do que você."[7]
Fico na esperança de que esse artigo sirva de
alerta para todos aqueles que ainda acreditam na teologia da prosperidade, onde
infelizmente nos últimos anos muita gente se corrompeu, contaminando-se nas
heresias importadas da teologia de Mamon.
Espero de coração que Silas Malafaia se arrependa
verdadeiramente, voltando ao evangelho puro e verdadeiro. Não existe nada mais
nobre para um Cristão do que assumir sua condição de pecador e humildemente
reconhecer os seus erros para nunca mais praticá-los.
1
– Vídeo onde Silas Malafaia faz o desafio aos blogueiros e sites de notícias
com palavras ofensivas: Clique aqui p/ ver!
2
– Idem.
3
– Como a teologia de Malafaia mudou radicalmente em alguns anos: Clique aqui p/ ver!
4
– A Almeida Corrigida e Fiel é baseada no Textus Receptus (ou
texto majoritário), onde a interpretação bíblica segue o método de equivalência
formal (literal-gramatical-histórico) das palavras nos originais da Bíblia.
Sendo assim, há muitas palavras de difícil entendimento devido à literalidade
da tradução. Neste caso, é necessária a análise do contexto direto para um
claro entendimento, bem como a leitura de outras versões da bíblia em paralelo.
Para mais informações, veja aqui.
5
- GINGRICH, F. W.; DANKER, F. W. Léxico do N.T. grego/português. São Paulo:
Vida Nova, 2003. pág. 88.
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LIBERDADE DE EXPRESSÃO
É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal.
Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX).
Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença".
Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias.
Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.
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