Maria surgiu na história com uma missão específica: trazer o Messias ao mundo, por meio da concepção. Ela fígura não mais como um "canal" ou "meio" pelo qual o Filho veio ao mundo. Sua vida pode ser vista como exemplo de fé e devoção, mas não como um objetivo de culto.
Ao nascer, Maria não se distinguiu de nenhum ser humano; ela foi concebida em pecado e assim permaneceu até a sua morte. Ela não foi e não pode ser considerada divina, ou parte da santissima Trindade. É Jesus e não Maria quem intercede por nós diante do Pai. Amamos Maria, mas adoramos Jesus.
Epifânio, um grande apologista cristão do século IV, fez a seguinte observação:
"Não se deve honrar os santos mais do que é justo, mas deve-se honrar o Senhor dos santos. Maria, de fato, não é Deus nem recebeu seu corpo do céu, mas de uma concepção de um homem e uma mulher. Ela é digna de muita honra mas não foi dada para adoração, antes, adora aquele que nasceu de sua carne. Honre-se Maria, mas adore-se o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ninguém adore Maria".
Sempre virgem?
É um erro pensar que Maria permaneceu virgem por toda a vida, uma vez que o relato de Mateus parece não deixar dúvida.
"E José, despertando do sono, fez como o anjo lhe ordenara e recebeu sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu Filho, o primogênito..." (Mt. 1.24)
Essa passagem declara que, depois do nascimento de Jesus, José e Maria tiveram uma vida conjugal normal como qualquer outro casal. Mateus é incisivo em dizer que "José não a conheceu até que...", uma vez que tanto a palavra "conheceu" como a preposição "até", possuem um mesmo sentido no texto. Primeiro, sempre que a Bíblia emprega o termo "conheceu", ele está associado a uma relação sexual. É o que encontramos em Gêneses 4.1. "E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim..". Segundo, sabemos pelos evangelhos que Maria teve outros filhos além de Jesus.
"Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua Mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs?”
Esse texto é enfático em afirmar que Maria teve outros filhos além de Jesus, pondo por terra a teoria católica da virgindade perpétua. É fácil de perceber pelo texto que Mateus se refere mesmo a família de Jesus, porque faz referência aos pais do mestre. Logo, seria de se imaginar que os "irmãos de Jesus" eram mesmo irmãos de carne, e não "primos", como o catolicismo quer provar.
Todos pecaram
É um erro pensar que Maria foi concebida sem pecado, uma vez que a Bíblia é taxativa ao dizer: "Em iniquidade foi formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl. 51.5). Embora tais palavras tenham sido proferidas por Davi, elas se aplicam a todos os seres humanos. É o que Paulo tinha em mente quando disse: "pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm. 3.23). O pecado trouxe separação entre o homem e Deus, fazendo com que todos nascessem na iniquidade.
Com exceção de Jesus, todos os que vieram após Adão possuem a semente do pecado. Ele faz parte da natureza humana, sendo removido somente pelo sangue de Jesus. Mesmo assim, para ser redimido, o homem precisa ter um encontro com Deus. A salvação é recebida de graça, mediante a fé em Cristo. Isto é, ela resulta da graça de Deus (Jo. 1.16) e da resposta humana da fé (At. 16.31). Maria, como qualquer outra pessoa, não poderia fugir à regra. Ela não poderia alcançar a salvação por si só - ela necessitava da graça de Deus (Lc. 1.29).
Autor: Johnny T. Bernardo
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