Mais uma
eleição se avizinha e duas opiniões antagônicas e radicais têm sido adotadas
por muitos cristãos. Dois extremos que precisam ser evitados para que a
igreja não caia no fosso entre a alienação e o comprometimento.
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De um lado
estão os que se envolvem no processo, apoiando candidatos indicados pela
liderança da igreja. Qualquer que ouse questionar é reputado por rebelde.
Do outro
lado estão os que defendem o distanciamento da igreja do processo político
eleitoral.
Há que se
buscar o ponto de equilíbrio. A igreja, enquanto instituição, deve manter-se
isenta, permitindo que seus membros exerçam cabalmente sua cidadania. Porém
isso não lhe tira a responsabilidade de orientá-los quanto ao uso consciente do
direito de votar.
Não
confundamos isenção com alienação, nem engajamento com comprometimento.
Uma igreja
pode engajar-se no processo de conscientização, desempenhando o papel de agente
politizador. Mas jamais deve comprometer-se com qualquer que seja a ideologia,
partido ou candidatura, sob pena do prejuízo de seu papel profético.
Cada
membro deve ser estimulado a pensar por si mesmo, e fazer suas próprias
escolhas. Portanto, a função da igreja é pedagógica, não ideológica.
A despeito
disso, um número cada vez mais expressivo de cristãos tem se engajado
em campanhas políticas. Uns até movidos por ideais (ainda que
ingenuamente), outros por interesses pessoais.
Aproveitando-se
disso, candidatos ávidos pelos votos dos fiéis assediam sistematicamente as
igrejas durante a época de eleições.
O que para
alguns líderes pode ser traduzido como provisão de Deus em tempo de crise, para
outros menos ingênuos, tal assédio revela o caráter oportunista e desonesto de
nossa classe política, e por isso, deve ser rechaçado.
Para fazer
a ponte entre pastores e políticos surge a figura do pulpiteiro,
geralmente alguém pertencente ao meio evangélico ou egresso dele, e que domina
o evangeliquês. Num País de 46 milhões de evangélicos, o pulpiteiro pode
pesar mais para uma candidatura do que o marketeiro profissional.
Mesmo
alguns líderes tidos como referência ética no meio, acabam cedendo ao assédio
do pulpiteiro. A lógica é simples: se a maioria se beneficia disso, por que
ficar de fora? Que mal haveria em aceitar uma oferta generosa para apoiar
publicamente um candidato?
Ademais,
parece mais simples (e conveniente) apontar um candidato, do que ensinar o povo
a votar com consciência.
Não é
debalde que durante esta época muitas igrejas concluem suas obras, adquirem
equipamento novo de som, ou aquela tão sonhada propriedade para a construção do
novo templo. É também nesta época que muitos líderes eclesiásticos desfilam de
carro novo, ou anunciam à igreja que depois de tanto tempo de trabalho ininterruptos,
finalmente sairá em férias com a família logo após os festejos de fim de ano.
O que está em jogo, afinal?
Não é
apenas a postura ética que escorre pelo ralo da conveniência. Um candidato
capaz de oferecer propina (este é o nome correto) em troca de votos, do que
será capaz depois de eleito?
E mais: de
onde ele consegue tanto dinheiro para
bancar esta compra de votos no atacado? Que grupos estariam por trás de sua
candidatura? Que interesses têm?
Portanto,
líderes que se rendem (ou se vendem) às propostas destes políticos estão
cometendo traição. Traem seu povo, sua consciência, seus votos ministeriais, e
o pior, seu Deus.
Deveriam
ler atentamente a advertência proferida pelos lábios do profeta Isaías:
“Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles
ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não
chega perante eles a causa das viúvas”. Isaías
1:23
Está na
hora de darmos um basta nesta famigerada prática. Púlpito não é palanque, e
igreja não é curral eleitoral, mas aprisco das ovelhas de Cristo.
Pastores,
preparem-se para prestar contas ao dono da Igreja. Deus não os terá por
inocentes. Portanto, “apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós,
tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância,
mas de boa vontade, não como dominadores dos que vos foram confiados, mas
servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor,
recebereis a imarcescível coroa de glória” (1 Pe. 5:2-4).
Embora
reconheçamos a postura antiética e vexatória de muitos líderes no que tange à
política, não podemos nos afastar do processo político, mas nos engajar no afã
de produzir entre as ovelhas de Cristo uma consciência política sadia e
honrosa.
Cidadania
celestial e cidadania terrena não são necessariamente excludentes. Como
cristãos comprometidos com o futuro da humanidade, precisamos encarnar os
valores e princípios do reino de Deus e expressá-los através de nossa conduta
no processo político/eleitoral.
Movido
exclusivamente por este interesse, resolvemos assumir a responsabilidade pela
produção de uma pequena cartilha para os cristãos. Chamamo-la de Cartilha
Reinista pelo Voto Consciente, pois não está vinculada a qualquer
denominação, e sim aos ideais do Reino de Deus e a sua justiça.
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