Na denúncia encaminhada no último dia 4 de setembro ao Tribunal
de Justiça do Amapá - TJAP, seis pessoas, entre deputados estaduais, assessores
e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá - ALAP, Jorge Amanajás são
acusadas de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e
ausência de procedimento licitatório.
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A conclusão do Inquérito Civil Público
047/2012, conduzido pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Público
de Macapá – PRODEMAP, revela desvio de R$ 820 mil no Poder Legislativo.
De acordo com o promotor de Justiça, Afonso Guimarães, entre os
dias 21 e 25 de janeiro de 2011, últimos dias do mandato de Jorge Amanajás como
presidente da ALAP, e do deputado Eider Pena, como primeiro secretário da mesa
diretora, foi efetuado um pagamento no
valor de R$ 820 mil para a empresa MFX Ltda. - ME, inscrita na Junta Comercial
do Amapá – JUCAP no ramo da construção civil.
Os pagamentos efetuados em cinco cheques foram depositados na
conta pessoal da denunciada Ana Margarida Marques Fascio, que não possuiu
nenhuma relação aparente ou formal com a empresa MFX, conforme consta nas peças
extraídas do Inquérito Civil Público. A movimentação de sua conta bancária
informa que logo após os depósitos, Ana Margarida realizou vários saques e
transferências de elevadas quantias. “Isso deixa claro que os depósitos
realizados na sua conta não passaram de tentativa de tornar lícito o ativo
financeiro desviado da Assembléia Legislativa”, afirma o promotor Afonso
Guimarães.
Ao ser ouvido pelo MP-AP, durante a apuração, o ex-deputado
Jorge Amanajás disse não se recordar do objeto da contratação realizada
com a empresa MFX, mesmo tendo autorizado o pagamento de R$820 mil nos últimos
dias de sua gestão, e sem a realização de processo licitatório. “Não houve
qualquer serviço prestado à Casa de Leis, e tudo não passou de uma operação
simulada com o fim de desviar e lavar o dinheiro público”, assegura o promotor.
O Esquema
A empresa MFX foi registrada na JUCAP no nome de Ary Guedes da
Silva, que detém 90% das ações e Eliet de Lima Bacelar, na época sua esposa,
que detinha os 10% restante da composição societária. O endereço indicado como
sede da empresa é, na verdade, a residência da denunciada Eliet Bacelar, onde
não funciona nenhum empreendimento comercial.
As investigações alcançam o deputado estadual Moisés Souza ao
constatar que o parlamentar utilizou, reiteradas vezes, notas fiscais da
empresa MFX em seus pedidos de ressarcimento da chamada verba indenizatória.
Além disso, consta nas peças da apuração, uma procuração em que Antônio Armando
Barrau Fascio Terceiro, irmão de Margarida Marques Fascio, ambos assessores de
Moisés Souza na ALAP, foi nomeado procurador da referida empresa 2008, logo
após sua constituição. Só foi substituído anos depois por Edielson Pereira
Nogueira
O denunciado Edielson Pereira, esposo de Ana Margarida, teve
participação decisiva neste esquema criminoso, pois endossou os cheques pagos
pela ALAP, entre os dias 21 e 25 de janeiro de 2011, mesmo sem poderes para
tanto, pois somente em 18 de fevereiro de 2011, seria nomeado procurador.
O denunciado Ary Guedes, que atuava como “laranja” ao emprestar
o próprio nome no registro da
empresa, mantém relação pessoal há vários anos com o deputado Moisés Souza,
comprovado através de documentos apreendidos durante a “Operação Eclésia”, e
chegou a ocupar cargo em comissão na Assembleia Legislativa em 2010.
A íntima relação de Moisés Souza com os operadores da empresa
MFX é reforçada com a nomeação de Mário Antônio Marques Fascio (irmão de Ana
Margarida e Antônio Armando), como seu procurador, inclusive com poderes para
representá-lo junto às instituições bancárias.
Para o Ministério Público, Moisés Souza teria sido diretamente
beneficiado com o pagamento efetuado nos últimos dias da gestão de Jorge
Amanajás, sobretudo, após depoimento prestado por Wilson Nunes de Moraes, que
na ocasião ocupava o cargo de secretário de Finanças da ALAP, e disse ter
certeza que as notas para o pagamento de R$ 820 mil à empresa MFX foram levadas
por assessores de Moisés.
Os saques de elevadas somas realizados por Ana Margarida Fascio,
sua assessora, logo após os depósitos dos cheques dados pela ALAP também
indicam que Moisés Souza teria sido um dos beneficiados da operação. “Em crimes
dessa natureza, exigir que a propina seja entregue mediante testemunhas ou
registros fotográficos é ignorar a realidade do mundo da corrupção e aplicar um
rigorismo processual que não atende ao interesse republicano”, conclui o
promotor Afonso Guimarães.
Os denunciados
1 - Jorge Emanoel Amanajás Cardoso, ex – presidente da
Assembleia Legislativa, responsável direto pelo pagamento de R$ 820 mil em
favor da empresa MFX.
Acusação: Formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e
ausência de procedimento licitatório (Art. 89 da Lei. 8.666/93).
2 - Eider Pena Pestana, deputado estadual, ex-primeiro
secretário da mesa diretora na gestão de Jorge Amanajás, um dos responsáveis
diretos pelo pagamento efetuado à empresa MFX.
Acusação: Peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
e ausência de procedimento licitatório (Art. 89 da Lei. 8.666/93).
3 – Moisés Reategui de Sousa, deputado estadual, presidente
afastado da Assembleia Legislativa. Mantém estreita relação com os
operadores da empresa MFX e teria sido diretamente beneficiado com o pagamento
efetuado pouco dias antes de assumir a presidência da Casa.
Acusação: Formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
4 - Ana Margarida Marques Fascio, advogada, antiga assessora no
gabinete do deputado Moisés Souza, figurou até fevereiro de 2011 na folha de
pagamento da ALAP.
Acusação: Peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
5 - Edielson Pereira Nogueira, esposo de Ana Margarida, endossou
os cheques como procurador da empresa MFX.
Acusação: Peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
6 - Ary Guedes da Silva, vigilante, emprestou o nome para o
registro da empresa MFX e é acusado de formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro.
SERVIÇO:
Assessoria de Comunicação do
Ministério Público do Estado do Amapá
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