O ex-policial militar Florisvaldo de
Oliveira, o Cabo Bruno, de 53 anos, foi executado na noite da última
quarta-feira (26), em Pindamonhangaba,
no interior de São
Paulo. O crime ocorreu por volta das 23h45, no bairro Quadra Coberta,
quando ele chegava em casa, após participar de um culto na cidade de Aparecida
(SP).
Cabo Bruno estava
solto havia 35 dias depois de cumprir 27 anos de prisão e ser beneficiado, no
dia 23 de agosto, pela lei
do indulto pleno. Ex-policial militar, ele era suspeito de cometer mais
de 50 assassinatos na década de 80 na capital paulista como chefe do esquadrão
da morte e chegou a ser condenado a 120 anos de prisão, segundo o Tribunal de
Justiça. Ao longo dos anos, a pena estava sendo reduzida de forma
progressiva conforme os trabalhos e bom comportamento que tinha na cadeia.
De acordo com a
Polícia Militar, Florisvaldo estava acompanhado de parentes quando voltava para
casa, que fica na rua Álvaro Leme Celidônio, quando dois homens chegaram - um
de cada lado da rua - e efetuaram cerca de 20 disparos contra o
ex-policial, que morreu na hora. A maior parte dos tiros atingiu o rosto e o
abdômen. Nada foi levado e
mais ninguém ficou ferido.
Segundo o tenente da PM, Mario Tonini,
os tiros partiram de pistolas calibre ponto 45 e 380. "Foram vários
disparos só contra ele e tudo indica que foi uma execução, mas ainda depende da
investigação da Polícia Civil", disse ao G1.
Os parentes estão abalados e relataram à reportagem desconhecer os autores dos
disparos. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de
Pindamonhangaba, onde permanece até a manhã desta quinta-feira (27).
INDULTO PLENO
Cabo Bruno cumpria desde 2002 a pena na penitenciária Doutor José Augusto César
Salgado, a P2 de Tremembé,
onde atuava como pastor. Em 2009, o advogado de defesa pediu a progressão da
pena - do regime fechado para o semiaberto. Os exames criminológicos apontaram
bom comportamento do preso.
Em 14 de agosto de 2012, o promotor
Paulo José de Palma, responsável pelo processo do Cabo Bruno, encaminhou um parecer
favorável ao indulto para a decisão final da Vara Criminal.
Junto com o
parecer do promotor, baseado em lei que prevê a liberdade definitiva para
presos com bom comportamento e com mais de 20 anos de prisão cumpridos, estão documentos com elogios de funcionários e da própria direção da P2
quanto à conduta de Florisvaldo na unidade.
Em agosto, na saída temporária dos presos no Dia dos Pais, o cabo deixou a
penitenciária pela primeira vez. A saída foi comemorada por amigos no site de
relacionamento da mulher dele, uma cantora evangélica que se casou com
Florisvaldo dentro da penitenciária.
ESQUADRÃO DA MORTE, PRISÕES E FUGAS
Cabo Bruno foi preso pela primeira vez
em 1983 e levado para o presídio militar Romão Gomes, na capital. Entre 1983 e
1990, o ex-pm fugiu três vezes da unidade, uma delas inclusive depois de fazer
funcionários reféns. Em maio de 1991 foi recapturado pela quarta vez, e nunca
mais saiu.
Em junho de 1991
Florisvaldo foi levado para a Casa de Custódia de Taubaté, onde
ficou até 1996. Dentro do piranhão da Custódia, unidade onde nasceu uma das
principais facções criminosas do Estado, o ex-policial permaneceu os mais de
cinco anos em uma cela isolado 24 horas dos demais presos.
Em 1996,
Florisvaldo foi levado para o Centro de Observação Criminológica, onde ficou
até 2002, quando foi transferido para a P2 de Tremembé. Em 2009 ele passou do
pavilhão do regime fechado da P2 para o semiaberto, dentro da mesma unidade,
separados apenas por uma muralha.
Em 2012, ele teve o benefício da saída temporária do Dia dos Pais, ganhando o
indulto pleno e sendo liberado no dia 23 de agosto.
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