Por: Rafael Gabas Thomé de Souza
1. “ONDE ESTÁ SEU
CORAÇÃO, ALI ESTÁ O SEU TESOURO.”
Este “versículo” é tão usado pelos
presbíteros, e citado pelos cristãos em geral, que é difícil encontrar alguém que
identifique sua falsidade. De forma que podemos considerá-lo até como um
“aspirante a versículo”. Na verdade, a maioria dos evangélicos acredita que,
tão certo quanto o fato de Deus ser composto por três Pessoas, estas palavras
são da própria Bíblia. A confecção deste texto inverídico deve ter sido feita
após uma leitura desatenta do Sermão da Montanha, especificamente na parte em
que o Mestre prega sobre o ajuntamento ilícito de riquezas na terra. Repare a
diferença entre o trecho original e o texto distorcido pelos homens:
“Porque, onde está o teu tesouro, aí
estará também o teu coração.”
(Mt 6.21)
Os descuidados invertem o dito do Senhor
Jesus: colocam “coração” onde está escrito “tesouro” e põe “tesouro” onde está
escrito “coração”. Isso para que dê a aparência de que Cristo ensinava que não
importa a quantidade de bens materiais que a pessoa possua: bastaria ela
colocar o coração em Deus que estaria tudo resolvido.
O que Jesus disse, realmente, é que nós
podemos saber onde está o coração de uma pessoa observando onde ela ajunta suas
riquezas: no céu ou na terra.
Vale lembrar que isso não condena o enriquecimento material,
defendido como uma bênção divina em toda a Bíblia (Ec 5.19; 1Tm 6.17). O
Messias estava apenas usando um recurso semítico de linguagem, comum na Bíblia,
onde o lado natural era enfraquecido para enfatizar o lado espiritual. Por
exemplo:
a) "Trabalhai, não pela comida que
perece, mas pela que subsiste para a vida eterna..." (Jo 6.27)
Será que Jesus estava condenando o hábito de trabalhar pelo sustento
material, ou Ele queria apenas dar importância ao ato de buscar as coisas de
Deus? Outro exemplo do recurso semítico usado por Jesus é encontrado no Antigo
Testamento, onde José diz:
b) "...não fostes vós que me
enviastes para cá, e, sim, Deus…" (Gn 45.8)
Assim, poderíamos concluir que os irmãos
de José não o mandaram para Egito. Mas, quatro versículos antes, ele havia
dito: "Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito." (vs.
4)
Pregando sobre a forma de amar aos
semelhantes, o apóstolo João declara:
c) "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de
verdade." (1Jo 3.18)
Fica claro que João não desejava proibir
o uso de palavras no exercício do amor, mas somente afirmar que o amor não pode
se limitar ao uso delas. De qualquer forma, não devemos e não podemos criar
textos bíblicos para defender o ajuntamento de riquezas terrenas, pois a
própria se encarrega de fazer tal defesa em inúmeras outras porções.
2. “A FÉ VEM PELO
OUVIR, E OUVIR A PALAVRA DE DEUS.”
Igual ao versículo anterior, esta frase
é corriqueiramente declarada aqui e ali, sempre que
o assunto tocado é fé. Ele é tão engenhosamente elaborado que muitos homens e
mulheres de Deus o “soltam” de vez em quando, crendo piamente de que estão
proferindo a Palavra de Deus. Na verdade, o que a Bíblia ensina é:
“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus.”
(Rm 10.17) [ARC]
O apóstolo dos gentios está afirmando
que o “ouvir” é produzido pela Palavra de Deus, e que é por esse “ouvir” que
vêm a fé. É bem diferente do que os descuidados fazem a Bíblia parecer ensinar,
pois, conforme a “pérola” pseudo-escriturística que eles criaram, é o ouvir do
homem que gera a fé. Para entender melhor a diferença entre as versões de Rm
10.17, veja o que diz a Revista e Atualizada:
“E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo.”
A palavra “ouvir”, empregada em várias
traduções, tem o sentido de “entender”, “compreender” a mensagem do evangelho,
por meio da pregação expositiva, e não ao mero ato de escutar.
3. “OS ANJOS
QUERIAM PREGAR O EVANGELHO, MAS DEUS RESERVOU ESTA TAREFA AOS HOMENS.”
É difícil entender de onde se originou
esta tese teológica. Ela é tão espalhada pelas igrejas que se tornou quase um
“adendo” popular à Bíblia, um versículo extraído da cartola mágica cada vez que
se fala sobre a necessidade de levar as boas-novas aos perdidos. Apesar da raiz
desta árvore infrutuosa não ser de tão fácil identificação, podemos sugerir que
ela se encontra nas palavras de Pedro, o apóstolo dos judeus:
“A eles foi revelado que, não para si
mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram
anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o
evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar.” (1Pe 1.12)
Talvez alguém que não conhece o sentido
do termo “perscrutar” tenha lido o texto e daí tirado uma falsa conclusão,
imaginando que o pescador de homens teria escrito que as “coisas” que os anjos
anelam perscrutar é a atividade da pregação, e que perscrutar significa
“fazer”. Embora seja essencial conhecer o sentido dos termos usados na Bíblia,
o indivíduo que fez o versículo “abíblico”, que estamos desmascarando, vir à
luz, não precisava recorrer ao dicionário para interpretar adequadamente o
escrito de Pedro.
Veja o que diz a Revista e Corrigida:
“..para as quais coisas os anjos desejam
bem atentar.”
A tradução dos monges de Maredsous reza:
“Revelações estas, que os próprios anjos
desejam contemplar.”
O que os seres celestiais desejam
receber são as revelações proféticas de Deus, e não o encargo de levar o
evangelho aos pecadores.
4. “E VI UMA TAÇA
DE OURO NO CÉU. E PERGUNTEI: QUE É ISSO, MEU SENHOR? E ME RESPONDEU: LÁGRIMAS
DE SANTOS.”
Diferentemente das revelações divinas
que os anjos queriam conhecer, as invenções humanas que vimos até aqui são
pérolas baratas, recolhidas nas águas rasas do relaxo para com a Palavra de
Deus. O pseudo-versículo transcrito acima foi citado duas ou três vezes por um
querido pastor, a quem considero como grande pregador, e que possui uma igreja
de tamanho médio, o que prova que ninguém está livre de soltar das suas
“furadas” de vez em quando.
Este presbítero afirmou, com uma certeza
tão segura quanto sua fé na auto-existência de Deus, que o diálogo acima foi
tecido durante uma visão do apóstolo João, no livro de Apocalipse. Por incrível
que pareça, ele não se preocupou em procurar este texto na Bíblia, quer antes
de citá-lo, quer após, na repetição de seu erro. O mais próximo que lemos no
livro das revelações ao que o referido pastor disse é o que segue:
“E, quando tomou o livro, os quatro
seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos.” (Ap 5.8)
“Um dos anciãos tomou a palavra,
dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, que são e donde vieram?
Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São os que vêm da
grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro
(...) E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.” (Ap 7.13,14,17)
A junção desalinhada destes versículos deve ter resultado naquela prole híbrida
que, infelizmente, foi apresentada no púlpito daquela congregação ao povo que
ali estava, como sendo a Palavra de Deus. Resta saber quem foi o pai da
criança, o qual não apareceu na apresentação da bastarda.
5. “FICAI EM JERUSALÉM ATÉ QUE SEJA GLORIFICADO
DO ALTO”.
Igual ao versículo anterior, esta “muamba” é o resultado da fusão de dois textos
inspirados. O que o torna mais abominável que todos os outros é que tem, em sua genealogia, um problema
semelhante ao visto na distorção de 1 Pe
1.12: a falta de compreensão acerca de uma
determinada palavra.
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de águas
vivas. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que
nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus
não havia sido ainda glorificado.” (Jo
3.37-39)
“E, comendo com eles, determinou-lhes
que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a
qual, disse ele, de mim ouvistes” (At
1.4)
Durante um estudo bíblico que ocorria em
uma célula um certo rapaz, a quem estimo e tenho como um servo de Deus, disse
que havia uma parte da Bíblia em que Jesus aconselhava seus apóstolos a ficarem
em Jerusalém até que Ele fosse glorificado, ocasião em que o Espírito Santo
desceria sobre eles. De acordo com aquele jovem, isso significava que Cristo
ficou esperando que os discípulos o louvassem, glorificando-o, a fim de que o
batismo no Espírito Santo fosse concedido a eles. Na realidade, o apóstolo do
amor, em sua biografia de Jesus, não empregou a palavra “glorificado” com o
sentido de “elogiado” ou “louvado”. Eles quis dizer que Jesus, como homem,
ainda não havia sido “engrandecido”, ou “exaltado”, o que só ocorreria quando
fosse levado à presença de Deus, a fim de se sentar ao lado do trono e ser
reconhecido como Deus por Sua criação (Fp 2.9-11; cf. Is 45.23).
Confira o que a Bíblia na Linguagem de
Hoje verte em Jo 7.39:
“Jesus estava falando a respeito do
Espírito Santo, que aqueles que criam nele iriam receber. Essas pessoas não
tinham recebido o Espírito porque Jesus ainda não havia voltado para a presença
gloriosa de Deus.”
O apóstolo Pedro confirmou que Cristo
foi glorificado por Deus, na ocasião de sua assunção e exaltação divina:
“Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.
(...) Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este
Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (At 2.33,36)
6. “TODA A TERRA SE
ENCHERÁ DA GLÓRIA DO SENHOR, COMO AS ÁGUAS COBREM O MAR.”
Esta passagem fictícia é muito bonita –
existe até uma canção que entoamos sobre ela em minha igreja – mas não faz
parte dos escritos inspirados. Na realidade, o que a Bíblia afirma é:
“Não se fará mal nem dano algum em todo
o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as
águas cobrem o mar.” (Is 11.9)
“Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor,
como as águas cobrem o mar.” (Hc
2.14)
Como se vê, em momento algum se afirma
que a terra se encherá da glória do Senhor. E isso para o desgosto dos que, mesmo com dezenas de anos de Evangelho
nos ombros, tinham a frase supra-citada como sendo uma autêntica profecia divina.
7. “E MOISÉS DISSE: QUE HEI DE FAZER, SENHOR?
POIS EIS QUE OS EGÍPCIOS SE REÚNEM CONTRA MIM E CONTRA ESTE POVO, A QUEM
ESCOLHESTE. E O SENHOR DISSE A MOISÉS: TOCA NA ÁGUAS.”
Deus não ordenou que Moisés tocasse no
mar, e, realmente, não foi isso o que este profeta fez. Leia o relato singelo
que se contrasta com a idéia exposta acima:
“Disse o Senhor a Moisés: Por que clamas
a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta o teu bordão,
estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel passem pelo
meio do mar seco.(...) Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor,
por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar,
que se tornou terra seca, e as águas foram divididas.” (Êx 14.15,16,21)
Para quem possui dúvidas, basta atentar
em que Moisés dividiu o mar não pelo toque de seu bordão na água do mar, mas
pelo fato de estendê-lo sobre a água, fazendo com que um vento leste soprasse
por toda a noite até dividir aquela massa líquida, que teria se juntado ao
sangue hebreu caso Deus não houvesse intervindo com tal milagre (que,
repetindo, não envolveu nenhum toque de vara).
Parece que há pessoas que não gostam do
legislador de Israel, pois, como se não bastasse ele haver tocado na pedra para
dela extrair água – desobedecendo à ordem de Deus para somente falar à pedra –,
ainda querem fazê-lo incorrer em um delito de igual gravidade. Deste jeito, não
era nem preciso esperar chegar nos limites de Canaã: nem mesmo da terra do
Egito o escolhido de Deus teria passado. Tsc, tsc, tsc...
8. “JOVENS, VÓS
SOIS A FORÇA DA IGREJA.”
A fim de defender a importância dos
cristãos jovens, um querido e dedicado líder de igreja tinha por costume citar
este “versículo”, a fim de dizer que eles seriam o motor do Corpo de Cristo.
Isso é uma distorção grosseira e irresponsável da Palavra de Deus, que afirma
algo muito diferente, porém também honroso acerca dos jovens convertidos do 1º
século:
“Jovens, eu vos escrevi, porque sois
fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.” (1Jo 2.14c)
Oremos fervorosamente para que os jovens
da Igreja Contemporânea também exibam estas três características, removendo e
enterrando o que é velho (cf. At 5.5,6) para dar lugar às coisas novas do
Senhor, uma nova porção do Espírito que caia como vinho fresco sobre a Igreja
(Lc 5.37-39; Ef 5.18), abundando em conhecimento da Palavra (Mt 13.51,52; 1Jo
2.20,27), para que esta venha a ter cumprimento: “...e os jovens terão visões”
(At 2.17).
9. “E,
ACONTECEU QUE, SUBINDO A ARCA DO SENHOR A JERUSALÉM, AO SOM DA HARPA, DO ALAÚDE
E DA CÍTARA, DAVI DANÇAVA NO
ESPÍRITO, COM TODAS AS SUAS FORÇAS.”
Hoje em dia, há pessoas que não aceitam
o que a Bíblia ensina, em sua totalidade, acerca do louvor a Deus. Apesar de
tão espirituais, elas são atingidas por uma “micalite aguda” (cf. 2Sm 6.20), que soa como um gongo pseudo-moralista toda vez que,
numa reunião de culto, um crente se coloca a expressar sua gratidão e alegria
ao Senhor usando todo o seu corpo, além dos lábios e das mãos. Para disfarçar
essa mentalidade carnal, alguns afirmam que Davi – e também a profetiza Miriã –, dançou tomado pelo Espírito Santo, em uma
ocasião única e inigualável, ignorando outras porções escriturísticas (Jz
21.19,20; Sl 149.3; 150.4; At 3.8).
É certo que o rei hebreu dançou mesmo no Espírito. Afinal, tudo o que os servos de Deus
fazem é sob a direção Dele.
“Se vivemos em Espírito, andemos também
em Espírito.” (Gl 5.25)
Se a dança davídica não fosse espiritual, o Senhor não teria se agradado dela,
da mesma forma que Ele não se agrada quando alguém lhe entoa um cântico “na
carne”, sem meios de render-lhe sacrifícios de louvor com os lábios (Hb 13.15).
Mas afirmar que o rei foi possuído por Deus enquanto levava a arca, dançando em
estado de êxtase, é forçar o que está escrito e ir além da
verdade – embora estas experiências fossem
comuns entre os profetas daquele tempo.
10. “TOCAVA DAVI
SUA HARPA NO PALÁCIO DE SAUL. E HAVIA QUE, SUBINDO SUA ADORAÇÃO AO SENHOR, O REI ERA LIBERTO DO ESPÍRITO QUE O
ATORMENTAVA.”
Esse é um dos maiores mitos disseminados
entre os evangélicos. As Escrituras não afirmam que Davi louvava a Deus perante
o rei Saul, e tampouco que o demônio saía deste em razão da sua “adoração
ungida”. Na verdade, os toques do jovem israelita, dedilhando as cordas de seu
instrumento, acalmava a mente perturbada do monarca, causando-lhe um efeito
terapêutico. Isso era meramente paliativo, pois o espírito voltava a atacar
periodicamente, necessitando que Davi tocasse novamente para reverter o estado
frenético em que o rei d’Israel ficava ao ser controlado por aquele demônio de
loucura.
“E sucedia que, quando o espírito
maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava;
então, Saul sentia alivio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava
dele.” (1Sm 16.23)
Isso revela que, muitas vezes, métodos
humanos podem surtir efeitos benéficos sobre vítimas de espíritos de cegueira,
epilepsia, mudez, transtornos mentais, e outros.
11. “CRISTO VIRÁ,
E OS MORTOS RESSUSCITARÃO; NUM INSTANTE, NUM ABRIR E FECHAR DE OLHOS, NÓS
SUBIREMOS A ELE, E PARA SEMPRE ESTAREMOS COM O SENHOR.”
Creio que este seja um dos dez
principais contrabandos, vendidos nas igrejas evangélicas, como autênticos
versículos bíblicos. É de uma natureza tão torpe, que é triste averiguar a
imensa popularidade que conquistou em todas as camadas, dos novos convertidos
até os maiores mestres da Palavra. Veja por si mesmo o que ensina a Palavra
divina:
“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade,
nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e
fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” (1Co 15.51,52)
O que o ministro dos gentios está
dizendo? Que o arrebatamento será tão rápido como um piscar d’olhos, ou que a transformação dos nossos corpos – de mortais a incorruptíveis – será assim? É claro
que a segunda opção é correta.
Esta história de Jesus voltar e os
cristãos serem transformados e transladados, num milésimo de segundo, conseguiu se entremear nas páginas bíblicas
em razão da aceitação do dispensacionalismo, um sistema escatológico que ensina
que a Igreja não passará pela Grande
Tribulação. Como os crentes poderiam ser
arrebatados sem que o mundo os visse subindo até o Senhor? A resposta está
neste texto pseudo-escriturístico.
12. “NÃO VOS
EMBRIAGUEIS COM VINHO, NO QUAL HÁ DISSOLUÇÃO; ANTES, EMBRIAGAI-VOS COM O ESPÍRITO SANTO.”
Esse é usado para defender as experiências de êxtase,
nas quais os crentes balançam, caem, riem e fazem outras coisas mais. É uma
tolice recorrer a uma invencionice tão descarada para embasar estas coisas. Há
textos verídicos que abrem espaço para crermos que o Espírito Santo pode fazer
as pessoas ficarem como ébrias. Para saber mais sobre isso, consulte o estudo
“As Escrituras e os Êxtases Espirituais".
13. “EM VERDADE,
EM VERDADE VOS DIGO: O DIABO VEM PARA MATAR, ROUBAR E DESTRUIR. MAS EU VIM
PARA TENHAIS VIDA, E VIDA EM ABUNDÂNCIA.”
“O ladrão não vem senão para roubar,
matar e destruir. Mas eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância.” (Jo 10.10)
Quem é o ladrão que mata, rouba e
destrói? O contexto clarifica a identidade de tal personagem:
“Todos
quantos vieram antes de mim são ladrões e
salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” (vs. 8)
No vs. 10, Cristo não está especificando uma pessoa
em particular como “ladrão supremo”, que seria Satanás, mas afirmando um conceito genérico:
uma pessoa que recebe o título de “ladrão” tem por ocupação a apropriação total
do bem alheio, mesmo que isso inclua roubar, destruir e matar aos outros.
Contrariamente a isso, Jesus não é ladrão, pois Sua obra é o oposto disso:
trazer a vida abundante, que é a vida eterna, espiritual. Em momento algum o
Mestre cita a existência ou atuação do diabo.
14. “Buscai, em primeiro lugar, o reino de
Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.”
15. “Vós escolhestes a Saul sobre vós e vossos
filhos, mas eu, o Senhor, não o escolhi; eis agora a Davi, homem segundo o meu
coração, a quem tirei do aprisco de seu pai para reinar em Israel.”
16. “Irmãos, não desfaleçais; pois nos últimos
dias virá o enganador, transfigurado em anjo de luz, o diabo e Satanás, que
seduzirá a terra inteira. Ele surgirá como homem, falando e enganando a muitos,
mas os escolhidos não lhe darão crédito.”
17. “E Sansão crescia em força e graça diante
do povo de Israel; e era o varão mais forte de toda a terra, pois ninguém se
igualava a ele entre os hebreus, os filisteus, os egípcios ou dos do lado da
banda do oriente.”
18. “Aproveitando o sono de seu marido, Dalila
foi e cortou-lhe as madeixas da cabeça, nas quais não passara navalha desde o
nascimento; pelo que perdeu ele suas forças.”
19. “E, após os apóstolos terem visto o Senhor
manifestado, chegou Tomé ao lugar em que estavam reunidos; contando-lhe os
discípulos que o Senhor ressuscitara, e que havia aparecido a eles, não creu
ele, pois era incrédulo, e duro de coração.”
20. “Vigiando em todo o tempo acerca do vosso
falar e do vosso trato com os outros, pois Satanás anda em derredor, anotando
nossas palavras; vede, portanto, que vossos dizeres não sejam usados para
condenação, mas para glória no Dia do Senhor Jesus.”
21. “Acautelai-vos, pois Satanás, vosso
inimigo, aguarda o momento de vosso desânimo para vos arrastar para o inferno,
onde há pranto e ranger de dentes.”
22. “O diabo marca toda palavra que falamos.”
23. “E aconteceu que, com a pregação de Pedro,
mais de três mil almas se converteram no dia de Pentecostes.”
Com certeza, muitos outros versículos
“falseados” tem aparecido pelo mundo afora. Estes são os que conheci até hoje,
sem contar as conclusões totalmente infundadas que alguns têm feito sobre
textos bíblicos, tais como:
a) Pregar
que Jesus levou nossas doenças físicas, baseando-se em Is 53.4,5, que é uma
profecia do Antigo Testamento, que deveria ser interpretada à luz do Novo
Testamento, em Mt 8.16,17 e 1Pe 2.24;
b) Ensinar
que a prosperidade é um direito dos cristãos, com base nas promessas de Dt
28.1-14, enquanto as instruções sobre as guerras aos cananeus são
espiritualizadas;
c) Declarar que a Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação,
construindo um castelo de areia sobre 1Ts 5.9, em vez de ler este versículo à
luz de Ap 14.10;
d) Isolar
o texto de Dt 6.4 para negar a pluralidade de Pessoas na unidade de Deus,
enquanto o Novo Testamento ensina que essa unicidade é formada por “o Pai, a
Palavra e o Espírito Santo” (1Jo 5.7, Almeida), sendo que o próprio Antigo
Testamento já deixa isso implícito (Gn 1.26 c.c. Is 44.24).
Além disso, ouvimos também as frases
engraçadas, que são facilmente identificadas por qualquer conhecedor mediano
das Escrituras:
“Se ajude, e Eu te ajudarei”.
“Quem pariu Mateus que o cuide”.
E por aí vai.
Autor: Rafael Gabas Thomé de Souza
O autor é é estudante e ex-atirador do
TG 02-010 em Araçatuba (SP)
Fonte: [ Militar
Cristão ]
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